[Jornal Feudal] Mercado Negro, Palto e os Ademires

Day 1,456, 13:44 Published in Brazil Brazil by Waxton
Boa noite leitores, agradeço aos votos e ao reconhecimento que o artigo teve ao alcançar a segunda posição no Prêmio Brasil de Jornalismo. Fique agora com mais um capítulo da saga roleplay medieval baseada em fatos ereais, segue abaixo o link dos capítulos anteriores:

Capítulo 1 – O culto da Ostra

Capítulo 2 – Quem samba como gringo samba diferente

Capítulo 3 - Possessões e eDoenças

Capítulo 4 - Mercado Negro, Palto e Ademires

Não me conformava, se tivesse me interferido talvez Oscar Alho, ou atual Kongha, não iria ser levado pela Santa Inquisição. Não falei nada sobre o assunto para ninguém na Irmandade dos Felinos,isso podia gerar questionamentos ou desgastes desnecessários entre a milícia e os nortenhos, uma guerra civil era a ultima coisa que queria em tempos de guerra com os Mouros. O assunto já estava saindo das minhas preocupações quando recebi uma carta timbrada com o símbolo Dionísta:

Caro Waxton, alguém seqüestrouseu amigo Oscar Alho (não há dúvidas que ele está no corpo de Kongha) antes que pudéssemos concluir nossos estudos. As últimas informações que recebemos é que ele possa estar na capital, mais especificamente no Mercado Negro. Por nossa fama não nos permite entrarmos lá sem sermos percebidos, peço a sua ajuda para desvendar esse mistério.
Ass. Roger Myr - InquisidorChefe

Isso era uma oportunidade de ouro, uma incursão pelo badalado Mercado Negro enriqueceria meu conhecimento sobre o reino, o berço dos malfeitores e contrabandistas é um prato cheio para aventuras e épicos. Para me auxiliarnessa empreitada convenci, com alguns punhados de moedas, meu companheiro verde Hulk que possui grande conhecimento das redondezas, ao ser indagado pelo preço do “tour” ele me respondeu sem rodeios:

- Vocês jornalistas fazem muitas perguntas, esse é o preço pelos riscos que estou passando por levar você junto comigo. Já vou avisando não sou um guia turístico, você vai lá como meu ajudantee comporte-se como tal!



Após me passar algumas instruções como não dar trela para as “choradeiras” de Dfgusmão, não tocar em nada e não dizer, em hipótese alguma, que possui ouro e está a fim de gastar que isso é que nem uma lâmpada acessa no escuro paramosquitos. Por fim ele me ofereceu uma arma pela bagatela de 20 BRLs, pois era inviável negociar preços em um mercado sem uma boa arma em mãos

Depois de uma curta caminhada adentramos na região chamada Mercado Negro e por mais que Hulk descrevesse a localidade eu não estava preparado para aquilo que estava vendo, uma multidão de pessoas circulava por uma rua estreita e uma chuva de gritos e ofertas inundava as orelhas dos compradores. Havia uma variedade de línguas impressionante, mas feições dos vendedores eram praticamente as mesmas,olhos puxados e pele amarelada, isso deixava o trabalho de diferenciá-los praticamente impossível.

- Pode zanzar por ai Waxton, mas lembre do que eu falei, certo?

Não era preciso dos avisos, andando uns 100 metros me deparo com uma figura no meio da rua falando em um tom mais alto do que o resto dos mercadores, suas roupas eram um pouco escandalosas, um colete amarelo chamativo e uma mascara verde protegendo seu nariz e boca:

- Comprem de mim!! Ei você! Porque não olhou para mim? Waxton!, é você ai? Porque nunca apareci nos seus artigos? Venha aqui! Tenho ótimas histórias para você!


Arma baratinha! Arma baratinha!

Fingindo que não estava falando comigo entrei na primeira barraca que encontrei pela frente, não sei se foi coincidência, mas algo ali dentro não cheirava bem, pois os olhares do vendedor não aspiravam confiança. Com algum tique nervoso ele me olhava com um olho e com o outro observava a rua afora. Dava para perceber que na sua mão faltava um dedo, quando ele percebeu que estava observando-o rapidamente escondeu a mão defeituosa.

- Bem vindo para a agencia de trabalhadores, sou o... Augusto8, o que o senhor precisa?

- Agencia de trabalhadores? O que seria isso? Não vejo nenhum empregado por aqui.

- Digamos que nossos empregados estão descansando em outro aposento, eles são muito obedientes, por um pequeno salário para sua alimentação trabalham certinho.

- Posso dar uma olhada neles?

- Julgo que isso não é possível.

Ao terminar essa frase uma gritaria iniciou-se pela rua, algo como “Os Ademires de Palto estão chegando!”. Ao ouvir isso Augusto8 entrou em um colapso nervoso, sem pestanejar ele saiu rua à fora. Sozinho nesse estabelecimento resolvi explorar mais detalhadamente o empreendimento. Por trás de uma cortina nos fundos do balcão adentro em uma sala mal iluminada, os archotes bruxulentos não permitiam uma visão mais clara, mas na primeira vista parecia um dormitório cheio de pessoas e estranhamente silencioso. Cutuquei o primeiro indivíduo que encontrei, ele estava deitado de costas, ao virá-lo um arrepio percorreu pelo meu corpo, ele não possuía face, nem ele, nem seu vizinho de cama, ninguém que estava ali. Não havia dúvidas, ali havia uma criação de “multis”, ou seja, escravos. Ser encontrado por Ademires junto com “Multis” era uma sentença de morte então tratei de sumir rapidamente dali.



A rua apinhada de outrora estava deserta, não era seguro ficar andando por aientão procurei o próximo estabelecimento aberto. Posso dizer que o destino estava me guiando naquele dia, a sala que adentrei se encontrava vazia, mas nos seus fundos podia-se ouvir claramente uma mulher em um clamor febril:

- Deuses de outra realidade,quantos reais pagarão por esse corpo? ele possuí terras, força e armas! Essa pessoa não vê mais razão de viver nessa realidade e procura redenção, de uma nova alma para esse pobre jogador!

Atento a essas palavras algo começou a se montar em minha cabeça, isso poderia teralguma ligação com o que teria acontecido com Oscar Alho. Ao me aproximar dosclamores da outra sala minha presença foi descoberta, uma velha de um poucomais de um metro e meio de altura sai correndo e me encara com clara desconfiança:

- O que o enxerido veio fazer emmeu estabelecimento? Sabia que é feio escutar as conversas dos outros?

- Mil perdões distinta senhora,estou atrás de um amigo meu, não sei como explicar, seu nome é Oscar Alho, mas ele se parece com alguém chamado Kongha.

- Talvez possa ter informaçõessobre ele, como você se chama senhor?

- Meu nome é Waxton, e você? aquem tenho a honra de conversar?

- Ah! Desculpe por minha falta deeducação, os Ademires andam muito vorazes ultimamente e desconfiamos de todos.Meu nome é Internet, médium, faço a ligação desse mundo com outras realidades.

- Fantástico! Sempre quis saber se realmente existiam tais pessoas com esse poder, então, sabes da localização do meu amigo?

- Claro! Ele se encontra aqui, está muito assustado depois que a Inquisição capturou ele, o primeiro lugar que ele pensou após surgir foi aqui, fui eu quem fiz a... digamos transfusão de corpos para ele. Você nem imagina as realidades que existem! Há uma vida muito melhordo que essa podridão!



Fascinado com a perspectiva, antes de cumprir minha missão, perguntei à Internet se ela poderia fazer uma ligação com outros mundos. O preço que ela me cobrou foi irrisório comparado com a experiência que estava por seguir, ela me deu algumas ervas para fumar, algo para facilitar a “viagem” e em apenas alguns segundos estava sentado saboreando uma explosão de imagens. Elas vinham muito rápido, um cavaleiro com uma coruja se aproximava, vindo de uma longe ilha chamada Creta chagava para causar grande confusão em terras brasileiras. Logo a visão mudou, 6 cidadãos estavam sendo levados pelos Ademires, consegui identificar Mazarino e MAV.



- Ei!! Waxton, acorda! Você corremuito perigo!

- Como? Oscar Alho! Como vai?

- Não tenho tempo para explicar,estou bem aqui, conte isso para os outros gatinhos. Agora Fuja, os soldados do Palto estão aproximando!

Sai correndo pela rua, me escondi em um beco por algum tempo até que a sensação de perigo passasse. Sai lentamente e vi que já havia gente na rua, eles davam passagem aos berros para soldados que levavam acorrentados 6 pessoas, um forte sentimento de Dèjà Vu tomou conta, os acorrentados eram Mazarino, MAV, Viajada,Jazar, Marc e Since. O clamor das multidões bradava por revolução


Waxton
Editor do Jornal Feudal