As Razões da Imprensa do eBrasil e o Desperdício de sua Força

Day 2,977, 03:58 Published in Brazil Brazil by Cellor


De todas as invenções da humanidade, poucas demonstraram o poder de guiar da imprensa, mesmo ela sendo anencéfala, ou melhor, policéfala. Há um poder na habilidade de divulgar sua opinião para dezenas, e, raramente, centenas de pessoas apoiado em uma pretensa autoridade. E, no fim, essa autoridade não é mais do que, de um lado, a crença do leitor no respeito, por parte do autor, pela finitude do tempo, que não pode ser gasto, e sim investido, e a inteligência do leitor; e, de outro, o poder que a Metáfora do Megafone traz.



Sobre a primeira parte, creio ser o único sem a consciência tranquila, mas posso estar errado. Tenho o receio constante de estar desperdiçando o tempo do meu leitor, ou de estar subestimando ele - o que não se pode, em hipótese nenhuma, fazer. Sobre a segunda parte, o megafone é, como o nome e o senso comum indicam, um aparelho capaz de sobrepujar a voz humana. Ele consegue calar uma multidão simplesmente por tornar um indivíduo, ou melhor, sua voz, mais forte (na física, vale destacar, o termo correto não é alto, é forte, ou intenso) que a da multidão. Assim é um jornal. As milhares de opiniões privadas, volta e meia espalhadas, mas sem perder o caráter privado, são ofuscadas pela publicidade de um artigo de jornal. Uma opinião, transmitida a poucos amigos, raramente chegará a mais de cinco pessoas. Um jornal, dificilmente ficará contido à cinco pessoas.

Mas, tendo o jornal todo esse poder de fazer ser ouvida sua opinião, independente de se ela será aceita, o Jornal precisa de algo para dizer. E é esse o grande problema para todo jornal do eRepublik. Ser neutro e imparcial funciona com notícias. Mas não há notícias que abasteçam os jornais do novo mundo sempre. Resta então deixar a neutralidade de lado. Deixar de ser jornal. E tornar-se publicação periódica, que, embora não seja neutra, tem ainda as mesmas responsabilidades para com o leitor, de se manter como um ambiente de livre debate, com respeito e democracia. Assim, com exceção dos jornais ministeriais, pode-se dizer, com uma chance de estar errado não tão alta quanto em outras generalizações, que nenhuma publicação é um jornal, e sim uma publicação periódica, que, sem abandonar a prerrogativa de noticiar, se dá ao luxo de, abertamente, ter uma opinião que não seja neutra ou imparcial.



De qualquer forma essa solução não muda a questão inicial. Sobre o que o periódico irá opinar. Ou o periódico segue uma cartilha, que, por sua vez pode ou não ter vinculação ideológico-partidária (o Carta Nova se insere no segundo caso, sendo a cartilha que é seguida de cunho filosófico) ou pula essa etapa e vai direto para a vinculação ideológico-partidária. Em todos os três casos, o periódico precisa se precaver para não se tornar o veículo vulgar de opiniões e sentimentos que não vão enriquecer, e, alguns casos, o contrário, a experiência em sociedade.

Então finalmente chega-se ao ponto em que o poder da Imprensa é efetivamente desperdiçado. De modo geral, é possível observar três grandes razões pelo qual o poder da imprensa é desperdiçado. O primeiro é quando Artigos de Imprensa são feitos sem o cuidado com o código, desmotivando a leitura da mensagem. O outro é quando a Matéria aparenta se tornar sensacionalista, charlatã, ou baseada em assunções e análises equivocadas. Isso pode ocorrer facilmente quando o editor deliberadamente ou não evita colocar fontes e provas do que diz, e, de certa forma, é agravado quando o faz por um territorialismo medievo que procura evitar que outros se apropriem da matéria. Como se isso pudesse ser feito sem se escapar das consequências.

Sobre essas razões não é produtivo discutir agora, que ou a experiência, ou o fracasso limitam o desperdício. Mas há a terceira razão, que é quando usam da Imprensa para resolver questões pessoais. E quando misturam desavenças e discordâncias à política. Tivessem resolvido suas questões pessoais do modo que tem que ser, em privado, os brasileiros teriam sido poupados de ouvir as mesmas histórias repetidas vezes, e o Brasil poderia seguir em frente de muitos vexames, mas insistem em atirar o país na mesma lama de outros tropeços. E não percebem que acabam ocupando o espaço de quem realmente tem algo a dizer.



Há uma quarta razão, que não se constitui verdadeiramente um simples motivo pelo qual o poder de imprensa é desperdiçado, mas também uma consequência disso. É a falta de destaque para novos talentos. A supersaturação de algumas seções com discussões que são ou irrelevantes ou que estão mal colocadas tira o enfoque que alguns jogadores novos precisam. De qualquer forma, aos formadores de opinião e donos de veículos de imprensa é dado um poder de efetivamente melhorar o eBrasil. Assim como os - raros - eleitores, e os políticos. E todos são desperdiçados em maior ou menor escala.



O Carta Nova funciona em um ciclo semanal. Nessa semana são dois artigos por dia entre segunda e sábado, seguindo um cronograma estabelecido nos editoriais de domingo. Essa semana a discussão gira em torno de Ideologia no Novo Mundo. Não deixe de ler os outros artigos da semana:

Editorial - Ideologia e Conhecimento;
Análises Econômicas - Da Mecânica de Mercado no Novo Mundo,
Leituras Rápidas - Crônicas de um Qualquer V - Mutações, permanências e Maquiavel,
Análises Políticas - Das Razões de Estado e das Razões de governo no Novo Mundo I - Introdução,
Ensaio sobre a Educação,
Análises políticas - Ideologia e Eleições e
Leituras Rápidas: Reflexões eRepublikanas - As Leituras Rápidas