Análises Políticas - Das Razões de Estado e das Razões de governo no Novo Mundo I - Introdução

Day 2,975, 05:11 Published in Brazil Brazil by Cellor

Na foto, um espécime do gênero Republicanormalis sp. em sua dança de acasalamento.

Discutir as Razões que levam as ações dos Estados não é uma tarefa simples. Estados têm comportamentos erráticos, estranhos, inexplicáveis. Mas, no fim, não passam do fruto de um conjunto de pessoas. Pessoas que têm poder, que sabem que têm poder e que, em maioria, querem preservar esse poder. De certa forma, o Estado é como um organismo vivo. É como um humano. Ele tem uma cabeça (governo), braços (forças armadas, polícia, bombeiros). Tem coluna e pernas para o manter de pé (leis, tribunais e instituições em geral) e, como um ser vivo, precisa se alimentar. E aqui o Estado fica mais parecido com o Monstro de Frankenstein. Como Árion, cavalo imortal da mitologia grega, ele come ouro. Dinheiro em geral.

Entre as razões Estado, portanto, tem-se a autopreservação. O estado tentará se manter da forma como é por todos os meios possíveis. Isso se manifesta por exemplo, no Estado de Precaução que se estabeleceu no eBrasil. Não se trata de uma ditadura, pois não há a Figura do ditador. O fato de haver eleições normais, na qual o presidente eleito assume os poderes de ditador, com o aval do povo, para entregar esse poder num prazo legal para outra pessoa que conta com o aval do povo descaracteriza a figura do Ditador. Também não é um regime de exceção. O presidente não tem mais poderes legais por ser um Ditador. O Congresso funciona normalmente. Assim, temos uma ação do Estado que visa manter a normalidade institucional. Do mesmo modo, a transferência das reservas nacionais para uma instituição privada é uma ação que visa proteger o patrimônio do Estado.

Indo além, os Estados, tanto para se preservar quanto para justificar sua existência, se tornaram fundamentalmente guerreiros. Isso deixa marcas até hoje. O Chefe de Estado, por exemplo, é quase sempre Comandante em Chefe das Forças Armadas, e quase sempre, quando não exerce essa função pessoalmente, quer por motivos pessoais, quer por força da lei, tem a prerrogativa de escolher quem exercerá essa função. Isso foi extremamente importante. Principalmente depois do século XVII, quando o Estado, mais que o soberano, emergiu como usuário da força geopolítica dos países. Em um exemplo, durante o governo de Marighella Vive, o Ministério das Relações produziu uma lista de recomendações de países para potenciais pactos de proteção mútua (MPP) e não agressão (NAP). Num cenário hipotético, uma eventual vitória de Ichi nii, membro de outro partido, não teria acarretado no descarte automático dessa lista em favor de pactos privados do presidente eleito. Assim, embora seja possível que a ascensão de um ou outro grupo acarrete uma revisão da geopolítica do país, isso não decorre de forma automática, e só em casos mais extremados e, não raro, de crise internacional. Isso é o fruto do Estado ser o usuário da força geopolítica do país. Assim, o Estado, por ter sua força vinculada ao país que gere e protege, tem em intenção, o fortalecimento do país. Eis a justificativa para, por exemplo, a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), mas também está aí a justificativa para o domínio sobre territórios estrangeiros que possuem recursos não encontrados em solo pátrio. A ocupação dos Estados do Sudoeste, na Nigéria (South West States), seria irrelevante e um desperdício de esforços, dada a pequena contribuição da região para os cofres públicos e as frequentes tentativas de liberação, se a região não fosse a única no eBrasil a contar com reservas de Ferro, que garantem a produtividade dobrada de fábricas de armas nacionais. A ocupação da Venezuela seria outro desperdício de esforços, se três das quatro regiões com recursos alimentícios não fossem as três regiões que ocupamos na Venezuela. Assim, pode se argumentar que o motivo ultimo, e único que parte das razões de Estado, para a guerra é o fortalecimento econômico do país pela aquisição de reservas de recursos que não são encontrados em território nativo.

Mas, sendo que o Estado só dificilmente se altera em um curto período de tempo, por exemplo, a cada mês mudam ministros e equipes ministeriais, mas o Exército continua o mesmo, mudanças bruscas no modus operandi, que frequentemente acontecem em democracias durante a transição dos governos, só podem ser explicadas pela subordinação do Estado ao Governo. Essa subordinação se dá pois o Estado está para o corpo, assim como o governo está para o cérebro. Não deixa de ser parte do Corpo. Mas o comanda de toda forma.


Tomografia do Estado Brasileiro. Repare no desenvolvimento excepcional da caixa que protege o governo. (Sim, isso é uma piada, pode rir, eu deixo).

Assim, as razões de Governo ainda têm força sobre o Estado. Elas são frequentemente danosas ao Estado e ao país, por se basear em interesses que não são necessariamente compartilhadas pelo resto do país - o que não tira de ideologias amplamente aceitas em um país o título de razão de Governo - e crenças que frequentemente podem se demonstrar incompletas ou incapazes de oferecer soluções para determinados problemas. As razões de governo são interesses ou crenças particulares da pessoa ou grupo governante. Um exemplo das razões de Governo é referente à guerra. As razões de governo levaram a Romênia a um conflito com a Hungria em 2008 que resultaram na Primeira Guerra Mundial do novo mundo. Um conflito destrutivo que levou ao quase desaparecimento da Hungria ainda na Beta e no começo da V1 até o babyboom hungaro reverter a balança.

As razões de governo, no entanto, não são inerentemente ruins para o país. Elas permitem traçar meios para chegar aos fins. Foi uma razão de governo que motivou a ação inteligente que fez a Hungria capitalizar a vantagem do Babyboom. Como todo brasileiro deveria saber, babybooms são seguidos de deathbooms na maior parte do mundo. Por dois motivos. O primeiro é que com o babyboom vem o multiboom. Uma miríade de contas falsas para tentar levar vantagem sobre os babies. E segundo pela perda de interesse no jogo. O Brasil já chegou a espetaculares trinta, trinta e cinco mil habitantes. E a cada mês que passava pelo menos três mil morriam. Mas os húngaros conseguiram evitar, em larga medida, o deathboom se com programas educacionais que inspiraram ou anteciparam outros em todo o mundo.

Quaisquer que sejam as ações de Estado, elas serão provocadas ou por razões de Estado ou por Razões de Governo, quando não ambas. Entender o Estado, e entender o quanto as Razões de Governo tem poder sobre ele, é entender o porque ideologia é importante no Novo Mundo. E o porque não dá para escapar delas.

O Carta Nova funciona em um ciclo semanal. Nessa semana, são dois artigos por dia entre segunda e sábado, seguindo um cronograma estabelecido nos editoriais de domingo. Essa semana a discussão gira em torno de Ideologia no Novo Mundo. Não deixe de ler os outros artigos da semana: Editorial - Ideologia e Conhecimento; Análises Econômicas - Da Mecânica de Mercado no Novo Mundo e Leituras Rápidas - Crônicas de um Qualquer V - Mutações, permanências e Maquiavel