Reflexões

Day 4,117, 12:14 Published in Portugal Portugal by Jonh Raymond

Os meus cumprimentos a todos os compatriotas portugueses e restantes camaradas estrangeiros.

Neste meu fresco regresso, confesso-vos, fiz um exercício de memória. Ou pelo menos assim o tentei. Deixei-me seduzir pelo tentador efeito da nostalgia e revi várias coisas. Falei com velhos amigos, li antigos artigos, revi informações que usava para colunas aqui na Gazeta ( como a Internacional ), enfim, regressei ao passado. E nessa jornada pela bruma da memória, devo admitir que por diversas vezes dei por mim a encarar o nada, envolvido em déjà vus e em reflexões. Decidi partilhar convosco o que me vai na mente.


Quando aqui regressei, deparei-me com a esperada confusão da qual uma pessoa que passa demasiado tempo fora de casa tem que enfrentar. Era preciso cuidar do jardim e ver quais tinham sido as mudanças. Assim o tentei fazer. Seria necessário ler muitos artigos, falar com diversas pessoas, enfim, conseguir um ponto de situação. Contudo, para isso estava eu já preparado. Para aquilo que não estava preparado era para a enorme confusão em que a nossa pequena freguesia atlântica está. Por todo o lado vejo artigos a criticarem (somente pelo prazer da crítica) determinadas figuras públicas, por todo o lado vejo um separatismo crescente, de todos os ambientes cheirei uma fragância de individualismo ou egocentrismo e recorrentemente senti uma certa tendência para a divisão da comunidade. Deparo-me com uma enorme diversidade político-partidária, o que é excelente, mas cada vez menos assisto a um engajamento real e convicto da camada política para com os seus eleitores e com a comunidade (indago-me quando é que os políticos entenderão que não se faz política dos seus gabinetes). E também senti, confesso, que não temos uma verdadeira estratégia traçada. Andamos um pouco como aqueles bravos e heróicos marinheiros portugueses de mil e quinhentos, desesperados, quando lhes faltava o vento nas velas. Remamos e remamos fortemente, mas sem direcção. E não foi por termos velas grandes que chegamos ao oposto do mundo. Foi por termos homens com visão. Teremos essa sorte aqui também?

Não aprecio a crítica somente pelo ato de criticar. Nesse aspeto, sou similar ao constitucionalismo alemão: quando se apresenta uma Moção de Censura ao actual governo, tem o grupo responsável pela mesma de apresentar de imediato uma solução governativa viável. Chama-se moção de censura construtivista. Nunca fomos muito desse género. No entanto, quero acreditar que teremos esse bom senso um dia. Poderia apontar nomes, poderia apontar votações e propostas parlamentares, poderia referir artigos, poderia repetir discursos. Não o farei. Estou cansado disso…. E pensava que a comunidade também já estava. Chega desde rilhar de dentes. Chega destes populismos mesquinhos. Chega desta demanda pela divisão da comunidade. Porque não podemos todos remar para o mesmo sitio? Veja-se que cai-se na ironia de criticar duramente alguém e posteriormente faz-se o mesmo. Que chatice esta criancice de achar que só nós é que estamos bem e que só a nossa opinião conta. Agora que estamos mais no barco, porque raios não está ele a dirigir-se a toda a polpa para o sucesso?

ePortugueses. Escreve-vos um conterrâneo desolado com a situação em que estamos. Nada mais desejo para além de um futuro próspero para todos nós. Não falo por partidos, não falo por grupos, não defendo a minha situação. Sou um mero eportuguês e aí reside a minha maior voz. Mas que raios. Temos produtores a dominarem sectores do mercado mundial. Temos militares reconhecidos por comunidades inúmeras neste emundo fora. Temos diplomatas brilhantes e exímios. Mas que raios. Deveríamos estar em diversas situações, mas não nesta. Precisamos de nos unir. Precisamos de fazer valer todas as nossas potencialidades. Nos momentos em que mais desesperamos, não foi a união que nos ajudou? O vizinho empresta uns trocos ao outro, o soldado brada a pátria ao longo do seu outro irmão camarada no campo de batalha. Chega desta desunião completa, destes botes a dividirem a grande nau que é a nação portuguesa.

Não me considero inteligente e muito menos vidente. Não me considero um hábil estratega ou um exímio lutador. Deixo esses títulos para outros. Mas considero-me um patriota, um cidadão que ama a sua pátria e que com ela sofre. Convosco desejo reflectir. Será este o rumo que desejamos? Intrigas políticas, novelas pseudo-mexicanas, uma enxurrada de críticas, verborreia em cada artigo, divisão e desunião? Desejam mesmo isso? Desejam condenar o vosso país, a vossa amada pátria, a este destino, de subversão, sempre que algum gigante assim o decidir? Mas que raios, com toda esta excelência, não tem que ser a nossa comunidade a baixar constantemente as calças. Irra. Faltam-nos líderes caristmáticos que entendam a necessidade da união. Faltam-nos líderes fortes, que definam uma estratégia ao lado do seu povo. Precisamos de foco e certeza. Chega de remarmos sem rumo… Que criancice. É necessário ser empreendedor. Ser corajoso. Ser ousado. Ser… ser português raios.

Mas, como referi anteriormente, nada mais sou do que um comum ecidadão jornalista. Tenho a certeza que os deuses no político Olimpo decidirão muito mais acertadamente do que eu. Aliás, têm uma motivação que eu não tenho. Têm uma ideologia a defender, uma máscara a manter e um interesse pessoal a defender. Vejam lá se se recordam quem é o verdadeiro inimigo, de uma feita.


Com os melhores cumprimentos,
O vosso camarada,
Jonh Raymond

Por ePortugal e com ePortugal!