O papel do governo
Arbus
(Se as muralhas se medissem pelos metros de texto, ePortugal seria invencível)
Esta é uma reflexão sobre qual deve ser o papel do governo e de como isso influencia a sociedade. Vem no seguimento de vários artigos que lamentam a apatia e procuram soluções que o governo deveria adoptar para as corrigir. Escrevo este artigo enquanto cidadão, naquele que para mim deve ser o papel do governo e que consequentemente aplico na presidência.
A primeira observação é quanto às regras do jogo. O presidente pode propor:
- Alterar a mensagem de introdução aos novos cidadãos
- Comprar hospitais e sistemas de defesa
- Alianças
- Declarar guerra
- Embargos
Isto é o governo que o erepublik prevê, mas naturalmente todos os países foram percebendo que era útil ter alguém que ajudasse o presidente nas questões diplomáticas, que era interessante ter umas forças armadas organizadas e que dava jeito ter empresas controladas pelo estado. Os vários países adoptaram sistemas diferentes, mas sempre apoiados na lógica do mundo real, como ministérios e secretários, atribuindo também à equipa seleccionada pelo presidente tratar da educação e informação dos cidadãos, entre muitas outras coisas que só estão limitadas pela imaginação.
No entanto, além dos 5 poderes iniciais conferidos pelo jogo, o presidente não tem nenhum poder, a sua autoridade é moral, as forças armadas existem enquanto as pessoas acreditarem que servem para alguma coisa, as ordens são cumpridas enquanto as pessoas concordarem, mesmo a diplomacia não funciona se os cidadãos de um país se comportarem de forma contrária. A existência de empresas ao serviço do estado, à responsabilidade do presidente, é uma invenção nossa, garantida através de um contrato.
Um governo, uma presidência, a liderança de um país, precisa de estabelecer relações diplomáticas com outros países, precisa de uma forças armadas que organizem a população no apoio a essa política diplomática, e precisa de uma economia capaz de gerar recursos suficientes para manter umas forças armadas eficazes. Estas são as funções base de qualquer governo, e é a elas que se deve restringir. Porquê?
Porque deve um presidente escolher quem fica responsável por todas as actividades de relevo num país? Porque deve ser o presidente a escolher quem trata de tudo, desde a wiki, aos artigos de apoio, à divulgação, aos estudos económicos? É que parece-me mais eFeudalismo do que eRepublik, em que o ePresidente desempenha funções de eRei, e isso não faz sentido, é uma perversão do sistema.
“A sociedade” é uma coisa muito abstracta, mas significa que o governo não tem de meter o nariz onde não é chamado e isso é um bom princípio! A sociedade são todos e cada um, significa que toda a gente pode e deve fazer alguma coisa, as pessoas têm que ter iniciativa, têm que assumir a liderança de projectos próprios, não podem estar eternamente à espera do alvará do eRei, ou que pela graça divina este se lembre de os nomear para um suposto “cargo” que só existe na imaginação de cada um!
Penso que esta dependência possa ser uma das causas da inactividade, (isso e estarmos no verão), porque existe já um hábito, um "velho costume" como nos belos tempos do feudalismo, de ficar à espera do selo real para se poder começar o quer que seja. Por outro lado, o hábito de ter um governo a tratar de coisas como a informação é péssimo, cria uma preguiça na sociedade que não é nada saudável, nunca ouviram que se formos honestos 9 vezes podemos roubar à décima? Quem diz isto diz tudo, quando o presidente toma para si todas as iniciativas da sociedade, cria-se uma dependência do “poder”, que afasta o controlo que a sociedade exerce. A oposição seria composta não por ideias diferentes, mas apenas por aqueles que não se encaixaram em nenhum dos cargos que o presidente/rei inventou.
No entanto, hoje ao olhar para este marasmo político e social em que Portugal se encontra, só posso concluir que estava terrivelmente errado.
Há coisas que toda a gente pode fazer, com toda a liberdade, um mundo de oportunidades que as pessoas têm para destacar as suas capacidades de liderança, as suas competências, a sua organização, a sua vontade de ajudar o pais, e no entanto ninguém as faz, porquê? Será que se fossem nomeados “ministros” o fariam? Qual é a diferença? Sentido de responsabilidade? Orgulho? Não será muito maior o orgulho e a responsabilidade em desenvolver uma iniciativa própria do princípio ao fim e ser reconhecido por isso? Não percebo.
Se têm uma boa ideia, ponham em prática. Se vos falta informação, perguntem e divulguem, o jornalismo é isso mesmo, se quiserem organizar um concurso e precisam de dinheiro para os prémios, falem com o presidente, tenho a certeza que à parte da forretiçe vos dará todo o apoio, de resto não precisam do governo para nada.
Os dois cliques diários do erepublik são vistos como um grande mal, qual é o interesse de um jogo que em si não tem nada para fazer? Mas esse é um argumento de publicidade dos admins “um jogo que pode ser jogado em 2 minutos!” e eu concordo, isso é bom! Quem quer jogar 2 minutos, joga dois minutos, quem quer passar cá a vida, passa cá a vida. Cada pessoa encontra o seu caminho, é isso que torna o jogo interessante, a liberdade, as possibilidades, a criatividade e o grande problema é tanta gente desistir antes de perceber isto.
A questão é a seguinte, se ninguém toma a iniciativa de fazer alguma coisa, o presidente seja ele qual for, nunca poderá avaliar as suas capacidades. A partir do momento em que alguém toma a iniciativa e desenvolve um projecto, não precisa que o presidente o nomeie para uma tarefa que já tem.
A grande maioria das coisas neste jogo não passa, não tem que passar, nem deve passar pelo presidente, é democrático que assim seja, permite que seja a sociedade toda a escolher quais são os melhores artigos, os melhores concursos, os melhores projectos e dar destaque a essas pessoas.
O governo tem uma função muito especifica que é proteger a soberania nacional, e se na diplomacia, forças armadas e economia precisamos de uma decisão centralizada para sermos coerentes, isso não impede que se desenvolvam projectos paralelos como escrever artigos de jornalismo internacional ou estudos económicos independentes do governo como é saudável e bonito que sejam. No que respeita a todas as iniciativas sociais, cabe a cada um desenvolver os seus projectos, porque é muito mais interessante estar à frente de uma ideia própria, do que ser técnico de uma organização pensada por outros, o melhor que o governo pode fazer é deixar fazer.
Toda a gente tem ideias de como seria fantástico se alguém "do governo" fizesse isto ou aquilo, mas poucos são os que se chegam à frente para começar a fazer. É que nem sequer me parece bonito escolher alguém para realizar um tarefa para depois poder dizer "o meu governo fez isto!", porque de facto quem fez foi essa pessoa e eu só me limitei dar uma sugestão ou outra. Sejam egoístas, queiram ter o mérito todo só para vocês e façam!
Bem isto foi só um desabafo. Por um lado acho um mau principio o governo andar a decidir quem é bom e quem não presta, andar a acumular e a distribuir tarefas que em última instância dependem de uma só pessoa, mas por outro a sociedade cai num marasmo quando lhe falta um patrão a conceder títulos honoríficos. Vou manter-me fiel à primeira ideia, quero acreditar que a espontaneidade de cada um é a melhor forma de tornar o jogo interessante.
A propósito de iniciativas, escrevi uma espécie de manual do empresário v2.0, que vale pelo que vale, não é nada oficial, apenas a experiência e a opinião de um cidadão que quer ajudar portugal. O simulador empresarial também já vai na 5ª edição e vale a pena dar uma vista de olhos nem que seja 4 teh lulz Está tudo no forum:
http://www.erepublikpt.com/viewtopic.php?f=3&t=2898
Comments
uau...
Nao so como desabafo, mas sim como linha mestra de pensamento de cada um.
Falta-lhes o titulo sr. Presidente...o titulo.
Voted.
"O temperamento melancólico e propio do genio"
Harold Hoffding
Arbus,
eu por mim sempre defendi a participação individual, e por isso concordo inteiramente com o que dizes. Mas no campo Politico-Economico-Social julgo haver espaço para a organização partidaria potenciar essas capacidades, desenvolvendo criticos e analistas, apoiando-os e dando-lhes voz.
Quanto ao Governo em si, forma e funções, tenho as minhas discordancias em relação ao modelo actual, as quais apresentarei em breve.
eu acho que o presidente( e o governo que devem ser uma coisa só) devem unir a populçao em torno de um objectivo comum.
eu sou ministro do tutoralol. podem-me tratar por doutor júlio, título adquirido por honoris causa na Casa de Saúde S. João de Deus em Barcelos, onde pratico o meu skill literário
pelo menos o texto está bem paragrafado, senão doía-me a vista. da próxima mete gajas e o texto fica super
awesome text bro
Arbus,
De facto existe uma enorme falta de iniciativa neste país, desabafo que já foi lamentado várias vezes, por várias pessoas. Nada muda, porquê? Talvez porque nem todas as iniciativas possam ser independentes do "Governo".
No aspecto empresarial, é arriscado apostar em Portugal. Se hoje as taxas são aquelas que conhecemos, nada nos garante que amanhã o "Governo" não aplique outra taxa que castre o negócio onde o cidadão investiu. Não há confiança económica e isso priva qualquer pessoa minimamente inteligente de arriscar o seu dinheiro. Ou então fáz-lo usando os tais clones que o permitem baixar o custo médio de produção.
Já no aspecto social a iniciativa é altamente vulnerável aos comentários difamatórios. Quem tem uma ideia e a expõe, e se essa pessoa não pertencer ao grupo dos "national symbols", é imediatamente ridicularizada por todos, inclusivamente pelos membros e ex-membros do "Governo". Quem tem coragem de propor seja o que for? Porque é que os novos cidadãos limitam-se a ler-nos e raramente participam? Já disse várias vezes; Existe um clima de terror, bullying exacerbado e irracional que inibe a vontade própria e a integração de novas pessoas na sociedade. O baby boom começa por aqui. De que serve trazer novos jogadores, se depois são mal recebidos, pontapeados e enxovalhados? Acabam por desistir e o "Governo" continua a jogar sozinho.
A falta de iniciativa provem de um comportamento atípico de pressão dos mais fortes/mais antigos sobre os mais fracos ou que não fazem parte do clube. Houve-se mais respeito, mais solidariedade e mais humildade entre todos, estou certo que já eramos muitos mais e mais actividades existiam em Portugal.
"Porque deve um presidente escolher quem fica responsável por todas as actividades de relevo num país? Porque deve ser o presidente a escolher quem trata de tudo, desde a wiki, aos artigos de apoio, à divulgação, aos estudos económicos? É que parece-me mais eFeudalismo do que eRepublik, em que o ePresidente desempenha funções de eRei, e isso não faz sentido, é uma perversão do sistema"
-- Aqui ninguém diz que quem está fora do governo não o possa fazer, mas qual é o mal de ter os melhores (na visão de cada ePresidente) a tratar dos assuntos do país?
Se o ePresidente tem esses 5 pontos obrigatórios com que se preocupar, penso que não é só por eles que se é eleito, porque muita gente trataria disso. Ter a melhor equipa e mais eficiente talvez seja o que faz as pessoas votarem num certo governo.
E se queres um exemplo de como as coisas não funcionam assim tão facilmente, em que todos podem participar, basta veres artigos com qualidade, em que são apresentadas soluções, inovações, entretenimento,... e nem 10 pessoas os lêem. Tu ou outro membro do governo experiente, com outra visibilidade, experimenta fazer o mesmo artigo e até podem escrever à pitah e aximmmmm ou mesmo em árabe e irão ter o triplo da visibilidade.
"Penso que esta dependência possa ser uma das causas da inactividade, (isso e estarmos no verão), porque existe já um hábito, um "velho costume" como nos belos tempos do feudalismo, de ficar à espera do selo real para se poder começar o quer que seja."
-- Bem e não é para isso que são eleitos? Nós no geral temos por hábito ser assim, cabe a vocês tentarem alterar isso, juntamente com o resto da população activa.
E sinceramente não percebo qual o problema.
Não se gasta dinheiro, as pessoas sempre podem ter uma estadia no governo para colocar no currículo, é uma boa maneira de ver se são uma mais valia para o país, quem está de fora não fica impedido de tentar ajudar, um cargo desses não é uma medalha mas parece-me que há mais esforço se fizer as coisas por um objectivo.
Quem tenta fazer algo de bom por fora, nunca tem o mesmo apoio e atenção por parte do governo ou da população e por vezes até é gozado, só não vê isto quem não quer.
"No entanto toda a gente que hoje está no governo, neste e nos anteriores, começaram por se destacar de alguma forma, por tomar iniciativa própria sem esperar por ninguém e é isso que hoje nos falta."
-- Vocês são todos de 1ª, 2ª geração. Levantaram o país, têm muito mais experiência. A única ascenção meteórica foi o Antonio Moutinho e nem toda a gente consegue fazer o que ele fez, seja pela falta de disponibilidade, falta de tacto, falta de sorte,...
Um exemplo, um militante do PDA, que está cá desde os primórdios do jogo e desde que entrei e duvido que antes o tenha feito, nunca disse uma palavra, nunca teve iniciativas, a não ser candidatar-se ao congresso e tem conseguido esse objectivo, porque as pessoas só olham a nomes conhecidos.
E aí podia entrar o governo, dando mérito e visibilidade a quem o mereça, porque ir ao jornal dessa pessoa dizer que está bem, continua, não me parece ser o suficiente.
"Quando no mandato anterior se realizaram duas iniciativas neste sentido, dos poucos que se candidataram não voltei a ter noticias."
-- Alguém que esteja na oposição, não vai colaborar a 100% com o governo, secalhar devia fazê-lo pelo bem do país, mas não o faz.
E se amanhã a oposição for quem está hoje no governo, irá passar-se de modo igual, pois usa isso como os poucos trunfos para criticar quem está no poder.
Penso que com um cargo mais responsável, é natural haver mais iniciativa, mostrando serviço, para que no futuro seja uma alternativa viável em outros voos mais altos.
mto bom 🙂
"Penso que com um cargo mais responsável, é natural haver mais iniciativa, mostrando serviço, para que no futuro seja uma alternativa viável em outros voos mais altos."
Como disse, isso já foi feito, só que as pessoas simplesmente não aderem... Estamos sempre à procura de gente nova com vontade de trabalhar, basta aparecerem.
"está-se aqui a perpetuar a ideia de que só o governo é que contribui para a comunidade portuguesa o que de longe não é o caso."
Eu quero é precisamente combater essa ideia.
"Artigos politicos de inciativa do governo não servem so para saber o que é que o governo esta a fazer mas tambem para manter a populaçao em geral informada e interessada no jogo,fomentar a discussão e debate de ideias."
Claro que sim, e não é preciso publicar um artigo com uma duvida, podem enviar uma lista de perguntas e publicar em jeito de entrevista, é mais uma forma de incentivar a participação de todos.
Arbus
Parabéns pelo artigo,
é bom que abana-se um pouco a nossa Sociedade,
mas sabes que que em muitas circusntancias o apoio do estado é imprescindivel, no mínimo como suporte de credibilidade a essa mesma ideia,
dou-te um exemplo acho que era interessante a criação de uma eBolsa de Valores, achas viável este tipo de Projecto sem a concordância e apoio do governo?
Acho que a criação de uma bolsa é impossível com ou sem governo. Mas como já disse, se houver algum projecto que precise de alguma coisa do governo, é só uma questão de pedir apoio.
ok e porque é que achas impossivel?
Impossível não será, mas é muito complicado e o governo não tem poder nenhum quanto a isso, só depende dos contratos. Acções seriam como empréstimos divididos por várias partes, o que leva a um grande número de contratos dependentes entre si, o que pode levantar problemas. Já é difícil criar um banco, quanto mais um mercado accionista.
Arbus, são exactamente artigos deste cariz que fazem falta a ePortugal... a sua ausência é que tem suscitado a minha crítica.
mighell o moutinho não foi o único
"-- Vocês são todos de 1ª, 2ª geração. Levantaram o país, têm muito mais experiência. A única ascenção meteórica foi o Antonio Moutinho e nem toda a gente consegue fazer o que ele fez, seja pela falta de disponibilidade, falta de tacto, falta de sorte,..."
O país nunca esteve deitado. Ser de 1ª ou 2ª geração não significa mais ou menos sabedoria ou pensamento racional, se tanto a experiência e os contactos.
Os jogadores com 30 ou mais votos nos artigos são aqueles que atingiram a excelência nos campos sociais, militares, económicos e políticos e que não procuram fugir do pensamento de que trabalham menos sob a sombra dos outros.
Quem tem falta de disponibilidade, falta de tacto ou falta de sorte não pode ser o melhor neste ou noutros objectivos assentes sobre o mesmo pressuposto.
Ascenções meteóricas como o do António Moutinho posso-te enumerar mais, tais como o Arthk, o Arbus, o VaReTaS, o Raikael, o Marcelo Rodrigues ou o Luis1989 e muitos mais os quais não tenho conhecimento ou não me lembro. Não são militarmente activos, mas cada um deles é económica, social e politicamente activo.
As pessoas não podem nem devem esconder o seu brilho por causa da sombra dos outros, senão é certo que não passam dos 10 votos.
Julio de Matos:
"Quem tem falta de disponibilidade, falta de tacto ou falta de sorte não pode ser o melhor neste ou noutros objectivos assentes sobre o mesmo pressuposto"
-- Mais abaixo deste um exemplo de falta de disponibilidade mas que tem um elevado número de 'seguidores', pelo seu passado que não é assim tão recente para uma ascenção meteórica como dizes, o VaReTaS.
Um exemplo de falta de tacto e sorte (por ter sido apanhado), mas que também tinha os seus apoiantes, Traga2Whiskys.
Este último admito, juntamente com o Luis1989, cresceram bem depressa no jogo.
Quanto aos outros que enumeras, não era nascido nessa altura, mas pela idade parecem ter um crescimento normal, dai falar em 2ª geração também, onde coloco esses.
"As pessoas não podem nem devem esconder o seu brilho por causa da sombra dos outros, senão é certo que não passam dos 10 votos."
-- Concordo e é por isso que não deixo de fazer artigos, com poucos ou muitos votos, vou continuar a escrever quando achar que o deva fazer.
O meu problema não reside aí, mas sim nos artigos interessantes que se perdem, por falta de visibilidade.
Daí toda esta discussão, sobre como o governo deve ser estruturado, de qual o seu papel.
O Arbus pede-nos para ser participativos, escrever artigos sobre tudo, eu acho muito bem, mas duvido que um tutorial, uma sondagem, um estudo de mercado, um concurso, seja o que for, tenha a mesma visibilidade se for feita por alguém de fora, menos experiente, com menos pessoas a ler os seus artigos.