O papel do governo

Day 581, 20:25 Published in Portugal Portugal by Arbus

(Se as muralhas se medissem pelos metros de texto, ePortugal seria invencível)

Esta é uma reflexão sobre qual deve ser o papel do governo e de como isso influencia a sociedade. Vem no seguimento de vários artigos que lamentam a apatia e procuram soluções que o governo deveria adoptar para as corrigir. Escrevo este artigo enquanto cidadão, naquele que para mim deve ser o papel do governo e que consequentemente aplico na presidência.

A primeira observação é quanto às regras do jogo. O presidente pode propor:
- Alterar a mensagem de introdução aos novos cidadãos
- Comprar hospitais e sistemas de defesa
- Alianças
- Declarar guerra
- Embargos

Isto é o governo que o erepublik prevê, mas naturalmente todos os países foram percebendo que era útil ter alguém que ajudasse o presidente nas questões diplomáticas, que era interessante ter umas forças armadas organizadas e que dava jeito ter empresas controladas pelo estado. Os vários países adoptaram sistemas diferentes, mas sempre apoiados na lógica do mundo real, como ministérios e secretários, atribuindo também à equipa seleccionada pelo presidente tratar da educação e informação dos cidadãos, entre muitas outras coisas que só estão limitadas pela imaginação.

No entanto, além dos 5 poderes iniciais conferidos pelo jogo, o presidente não tem nenhum poder, a sua autoridade é moral, as forças armadas existem enquanto as pessoas acreditarem que servem para alguma coisa, as ordens são cumpridas enquanto as pessoas concordarem, mesmo a diplomacia não funciona se os cidadãos de um país se comportarem de forma contrária. A existência de empresas ao serviço do estado, à responsabilidade do presidente, é uma invenção nossa, garantida através de um contrato.

Um governo, uma presidência, a liderança de um país, precisa de estabelecer relações diplomáticas com outros países, precisa de uma forças armadas que organizem a população no apoio a essa política diplomática, e precisa de uma economia capaz de gerar recursos suficientes para manter umas forças armadas eficazes. Estas são as funções base de qualquer governo, e é a elas que se deve restringir. Porquê?

Porque deve um presidente escolher quem fica responsável por todas as actividades de relevo num país? Porque deve ser o presidente a escolher quem trata de tudo, desde a wiki, aos artigos de apoio, à divulgação, aos estudos económicos? É que parece-me mais eFeudalismo do que eRepublik, em que o ePresidente desempenha funções de eRei, e isso não faz sentido, é uma perversão do sistema.

“A sociedade” é uma coisa muito abstracta, mas significa que o governo não tem de meter o nariz onde não é chamado e isso é um bom princípio! A sociedade são todos e cada um, significa que toda a gente pode e deve fazer alguma coisa, as pessoas têm que ter iniciativa, têm que assumir a liderança de projectos próprios, não podem estar eternamente à espera do alvará do eRei, ou que pela graça divina este se lembre de os nomear para um suposto “cargo” que só existe na imaginação de cada um!

Penso que esta dependência possa ser uma das causas da inactividade, (isso e estarmos no verão), porque existe já um hábito, um "velho costume" como nos belos tempos do feudalismo, de ficar à espera do selo real para se poder começar o quer que seja. Por outro lado, o hábito de ter um governo a tratar de coisas como a informação é péssimo, cria uma preguiça na sociedade que não é nada saudável, nunca ouviram que se formos honestos 9 vezes podemos roubar à décima? Quem diz isto diz tudo, quando o presidente toma para si todas as iniciativas da sociedade, cria-se uma dependência do “poder”, que afasta o controlo que a sociedade exerce. A oposição seria composta não por ideias diferentes, mas apenas por aqueles que não se encaixaram em nenhum dos cargos que o presidente/rei inventou.

No entanto, hoje ao olhar para este marasmo político e social em que Portugal se encontra, só posso concluir que estava terrivelmente errado.

Há coisas que toda a gente pode fazer, com toda a liberdade, um mundo de oportunidades que as pessoas têm para destacar as suas capacidades de liderança, as suas competências, a sua organização, a sua vontade de ajudar o pais, e no entanto ninguém as faz, porquê? Será que se fossem nomeados “ministros” o fariam? Qual é a diferença? Sentido de responsabilidade? Orgulho? Não será muito maior o orgulho e a responsabilidade em desenvolver uma iniciativa própria do princípio ao fim e ser reconhecido por isso? Não percebo.

Se têm uma boa ideia, ponham em prática. Se vos falta informação, perguntem e divulguem, o jornalismo é isso mesmo, se quiserem organizar um concurso e precisam de dinheiro para os prémios, falem com o presidente, tenho a certeza que à parte da forretiçe vos dará todo o apoio, de resto não precisam do governo para nada.

Os dois cliques diários do erepublik são vistos como um grande mal, qual é o interesse de um jogo que em si não tem nada para fazer? Mas esse é um argumento de publicidade dos admins “um jogo que pode ser jogado em 2 minutos!” e eu concordo, isso é bom! Quem quer jogar 2 minutos, joga dois minutos, quem quer passar cá a vida, passa cá a vida. Cada pessoa encontra o seu caminho, é isso que torna o jogo interessante, a liberdade, as possibilidades, a criatividade e o grande problema é tanta gente desistir antes de perceber isto.

A questão é a seguinte, se ninguém toma a iniciativa de fazer alguma coisa, o presidente seja ele qual for, nunca poderá avaliar as suas capacidades. A partir do momento em que alguém toma a iniciativa e desenvolve um projecto, não precisa que o presidente o nomeie para uma tarefa que já tem.

A grande maioria das coisas neste jogo não passa, não tem que passar, nem deve passar pelo presidente, é democrático que assim seja, permite que seja a sociedade toda a escolher quais são os melhores artigos, os melhores concursos, os melhores projectos e dar destaque a essas pessoas.

O governo tem uma função muito especifica que é proteger a soberania nacional, e se na diplomacia, forças armadas e economia precisamos de uma decisão centralizada para sermos coerentes, isso não impede que se desenvolvam projectos paralelos como escrever artigos de jornalismo internacional ou estudos económicos independentes do governo como é saudável e bonito que sejam. No que respeita a todas as iniciativas sociais, cabe a cada um desenvolver os seus projectos, porque é muito mais interessante estar à frente de uma ideia própria, do que ser técnico de uma organização pensada por outros, o melhor que o governo pode fazer é deixar fazer.

Toda a gente tem ideias de como seria fantástico se alguém "do governo" fizesse isto ou aquilo, mas poucos são os que se chegam à frente para começar a fazer. É que nem sequer me parece bonito escolher alguém para realizar um tarefa para depois poder dizer "o meu governo fez isto!", porque de facto quem fez foi essa pessoa e eu só me limitei dar uma sugestão ou outra. Sejam egoístas, queiram ter o mérito todo só para vocês e façam!

Bem isto foi só um desabafo. Por um lado acho um mau principio o governo andar a decidir quem é bom e quem não presta, andar a acumular e a distribuir tarefas que em última instância dependem de uma só pessoa, mas por outro a sociedade cai num marasmo quando lhe falta um patrão a conceder títulos honoríficos. Vou manter-me fiel à primeira ideia, quero acreditar que a espontaneidade de cada um é a melhor forma de tornar o jogo interessante.

A propósito de iniciativas, escrevi uma espécie de manual do empresário v2.0, que vale pelo que vale, não é nada oficial, apenas a experiência e a opinião de um cidadão que quer ajudar portugal. O simulador empresarial também já vai na 5ª edição e vale a pena dar uma vista de olhos nem que seja 4 teh lulz Está tudo no forum:
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