O Brasil e a Democracia: Um debate provocador

Day 1,813, 17:48 Published in Brazil Brazil by Varnhagen
Meus caros amigos,

Há, de fato, democracia no eRepublik ou, mais especificamente, o eBrasil é um país democrático? Nossa democracia é "real"? O que caracterizaria, em última instancia, nosso modelo político como democrático ou, ao contrário, o que o definiria como um arremedo de democracia?

Essa questão foi levantada, ainda que de forma tímida, no intenso debate que se seguiu à acusação do e😜residente Vigon acerca de supostas ameaças e/ou intimidações impetradas por Bonna, uma das lideranças da mílica CAT, contra o também e😜residente Levilll (atual Mr. Levi, acho), no forum. Esse artigo, é mister ressaltar, não se propõe analisar a acusação ou o contraditório oferecido pela parte acusada, mas tão somente a questão levantada por um dos posts, acerca da democracia no jogo e sua validade. É esse o tema que o Minarete propõe aos leitores, mais escassos que nota de cem em fim de baile.

O eRepublik, como o próprio nome sugere, é um jogo onde o módulo político tem como modelo um sistema republicano, presidencialista, representativo, com duas esferas “administradas” pelos jogadores (Legislativo e Executivo) e uma, no caso o Judiciário, pelos Administradores do jogo, auxiliados por determinados jogadores, escolhidos pelos mesmos através de critérios não explicitados: os ditos “moderadores”.

Há, e seria ingenuidade não perceber isso, interesses divergentes no jogo, seja do ponto de vista militar, político ou econômico. Teoricamente essas divergências e o debate em cima delas nortearia a composição dos partidos políticos que são ou deveriam ser os legítimos porta-vozes desses interesses dissonantes. Nesse sentido, o natural é que existam partidos que defendam determinadas proposições e projetos e que, por conseguinte, atraiam para sua esfera cidadãos afinados com essa visão de mundo ou de país. E, naturalmente, que afastem cidadãos que não comungam da mesma convicção política.

Também, teoricamente, os partidos programaticamente definidos disputariam o voto dos eleitores em cima dessas visões de mundo, programa e atuação concreta através dos mecanismos políticos oferecidos pelo jogo. Nesse cenário, os eleitores escolheriam, através do voto, qual política tarifária considerariam mais adequada, qual política externa mais acertada, qual política alfandegária a ser adotada, qual modelo de gerenciamento militar, quais as políticas sociais a serem implementadas e por aí vai, tal e coisa, coisa e tal. Seria bom que fosse assim.

Partidos programaticamente definidos, ampla liberdade de expressão (o que aqui significaria uma mídia mais consistente, disposta a levar à população os grandes debates nacionais), formação de alianças naturais e não “artificiais” sem vínculo programático, participação política assegurada a todos os cidadãos (em consonância com as regras do eRepublik, no que tange à “maioridade”), ausência de interferência estrangeira nos partidos e pleitos, fiscalização constante e cruzada das ações do Executivo e do Legislativo, pelos seus membros e pela população, são traços inequívocos de uma democracia plena. Acrescentemos a isso um “Judiciário” isento e não tendencioso, acima de interesses partidários ou pressões midiáticas ou de qualquer outra natureza. Considero inclusive um tanto quanto "complicado" jogadores assumirem funções de moderação no jogo, por mais honestos e bem intencionados que sejam. Mas isso é um assunto para outra pauta.

E estamos longe disso, próximo disso ou no meio do caminho? No meu entendimento, o eBrasil é sim um país democrático mas que, no entanto, não alcançou ainda o que chamamos de democracia plena. Nossas instituições políticas carecem de maior robustez, nosso legislativo precisa entender seu real papel e não apenas atuar de forma tímida, muita das vezes atrelada aos interesses do executivo e, também muita das vezes, sem condições "materiais" de apreciar o que está em votação de forma objetiva e clara. O sistema de escolha proporcionado pelas listas também deve ser aprimorado, de modo que, também dentro dos partidos, a democracia floresça de forma efetiva, impedindo que esses mesmos partidos se tornem feudos inexpugnáveis de fulano, beltrano ou sicrano. Nesse sentido, somos democráticos mas nossa democracia é, ainda, “defeituosa”, eivada de vícios que precisam ser corrigidos e sanados.

Um abraço, ex cordis,
Varnhagen, aka Mahdi