O Brasil Acordou (uma fábula do mundo real)
parzewski
E o Brasil tinha acordado,
e percebido, que o sistema estava errado;
"Mas qual sistema?" que dali gritava um parvo,
enaltecido, um Brasil indignado, reclamou:
-Mas que sistema?
-Esse que está errado, qual é?
-O capitalismo ué.
E o parvo ficou pálido.
-Como assim está errado?
-Não dá para ter rico sem ter pobre, igualdade não é justiça, vamos distribuir isso dai.
-Mas, mas, mas e eu que ganho o meu dinheiro, que trabalho o ano inteiro?
-Você não tem opinião, fica em casa quando o povo vai pra rua, quer sofá invés de luta.
-Mas eu luto o tempo todo, corro aqui, corro acolá, estudando, argumentando, pro processo melhorar.
-Mas assim pontos não conta, que só os donos vão lucrar, enquanto isso falta escola, hospital, bla bla bla bla.
-Eu concordo, falta estrutura, mas a massa não ajuda, nem as regras de trânsito tão simples, tão fáceis, nem essas ela atura.
-Deixe a massa fora disso, ela segue o paradigma, quem comanda dá o exemplo e quem comanda é quem ensina.
-Quem me ensina é a tv, o que comprar e o que comer, com a tal da abertura, vou jantar na Singapura.
-Come só dos enlatados, sejam crús ou temperados, enquanto ferve o queijo bri, um nenê morre dali.
-Mas dali faltou vontade, quem quer pega, luta e invade, não assim como essa onda, estrondosa de água morna.
-Falas de vontade, mas na enxada não pegastes, não plantou, não viu morrer o trabalho que empregastes. Não me venha com falácias, de querer e ter vontade, com a barriga desnutrida e o discernimento atrofiado, não existe liberdade.
-Mas eu sou muito livre, com banda larga e cerca elétrica, só preciso me armar, pra acabar com a bandidagem.
-A bandidagem é reflexo, do seu gosto e suas vontades, você mesmo disse antes, que quem quer, luta invade.
-Mas então o que sugeres, dividir o meu trabalho, todos os bens da minha família, pra quem nunca viu uma pilha?
-Divisão e igualdade, sem Monsanto e sem a Vale, vou socar goela abaixo, todo o câmbio e pilantragem.
-Mas ai não recomendo, todo o lucro e dividendos, se morder a mão do pão, vai restar só pro sustento.
-Esqueça o luxo e os confortos, pois assim não tem pra todos, o Brasil que acordei não permite o céu pra poucos.
-Entendi, quero só ver, parece sério dessa vez, acordado ou dormindo, cai as contas todo mês.
-Espere ai não de as costas, venha ser, fazer valer, não adianta jogar pedra e depois por se a correr.
-Não, não, não vou ficar, minha parte eu já faço, vou esperar a tal mudança, entrincheirado em meu terraço.
E o Brasil ficou possesso, quadruplicou sua estatura, preparava-se pra pisar, na antiga estrutura.
E o parvo acossado, esperando o fim de olhos fechados, de repente acorda de salto, seu relógio o despertara.
Tomou banho saiu cedo, pro trabalho atordoado, só então que percebeu, que o Brasil não estava ali, ele continuava dormindo no berço do mercado.
Quem sonhou foi ele mesmo e percebeu que tinha mudado, só não percebeu o carro na outra pista e morreu por um bêbado atropelado.
Comments
Entendo que a luta não é pelo luxo, mas sim pela indignação, existe como ter um classe trabalhadora com menos sofrimentos, vide alguns exemplos no velho continente. Contos de fadas não são realidade, não vamos morar todos em mansões e ter iates, mas com o gold mais baixo, certamente teremos mais felicidade 🙂