O batismo de fogo do Brasil

Day 835, 16:24 Published in Brazil Brazil by H00LIG2NS



A derrota em Gauteng levantou muitos ânimos entre os brasileiros. Alguns estão sedentos por vingança, outros transbordando de raiva, e outros tentam pormenorizar a situação através de uma análise mais racional.

O pitaco de hoje espera, passado o tradicional frenesi midiático pós-derrota, levantar uma discussão estratégica da batalha e seus significados.


A escala da batalha

A batalha de Gauteng foi, em todos os aspectos, épica. Os números envolvidos são extremamente altos para quase qualquer RW da história (talvez apenas a RW do Norte tenha superado). Devido a uma certa calmaria no cenário da Guerra Mundial, basicamente todos os países enviaram suas tropas em peso. O resultado foi mais de 3 milhões de dano em cada lado, e uma vitória com margem de 500k para a EDEN.

O planejamento da EDEN para a batalha foi impressionante. Iniciando a batalha no dia 832, alguns minutos antes da virada para o dia 833, seus soldados conseguiram um dia de luta “extra” comparado com a Phoenix. Esse tipo de tática é razoavelmente comum em batalhas de grande escalão, mas normalmente não atinge a escala que teve em Gauteng – a EDEN conseguiu mais de 600k (600 mil) de dano ANTES do dia virar, conseguindo assim uma vantagem considerável sobre a Phoenix. Como a vitória da EDEN deu-se apenas por 500k, pode-ser ver claramente que foi essa tática a responsável pela sua vitória.


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Na imagem, podemos ver a enorme concentração de dano da EDEN nos primeiros 30 minutos da batalha

Em poucas palavras, a batalha de Gauteng foi coisa de gente grande. Nada menos do que 2.862 soldados inimigos foram enviados para terras tupiniquins. Teve um planejamento cuidadoso que deve ter exigido muitos dias, talvez semanas. Foi exemplarmente executado, e envolveu gigantescos gastos financeiros. Contabilizando a abertura das RWs + gastos com Wellness Packs, a EDEN precisou de cerca de 11k gold para a operação inteira.


As deficiências brasileiras


Alguns brasileiros foram extremamente ávidos em colocar a “responsabilidade” da derrota nas regiões venezuelanas que o Brasil mantinha para ajudar nosso vizinho contra um TO (take-over, um golpe de estado de estrangeiros). A EDEN iniciou 4 guerras de resistência nessas regiões para distrair e dividir o dano brasileiro. Realmente, essas batalhas dificultaram o trabalho do Brasil e da Phoenix, mas esse tipo de distração é quase praxe em grandes guerras, e o dano desperdiçado ali não seria suficiente para inverter o quadro em Gauteng.


O dano brasileiro desperdiçado nas RWs não chega a 250k. Isso sem considerar os estrangeiros que lutaram ali apenas para conseguir medalhas, e o dano da EDEN que também foi direcionado para essas batalhas (sobretudo depois que a batalha Gauteng já havia acabado). No total, talvez poderia incluir-se 150k de dano em Gauteng caso não houvesse as “distrações” venezuelanas, e isso por si só não seria suficiente contra a vantagem final de 500k da EDEN.


Sem dúvida, as RWs na Venezuela foram um fator relevante, mas não foi a única (talvez nem a principal) razão pela qual perdemos.


Outro fator relevante foi a falta de fundos do governo brasileiro. Numa batalha da escala de Gauteng, para defesa de território brasileiro, o governo deveria ter a capacidade de “tankar” em torno de 200k de dano, o que exigiria cerca de 1500 gold. Isso não aconteceu por um motivo muito simples: o Brasil está falido, desde a desastrosa campanha da Austrália nossos cofres estão vazios e, até agora, fomos incapazes de reverter essa situação. Um grande erro foi não manter, a todo momento, um mínimo de 3k gold para situações de defesa nacional, como foi o caso agora.


Em relação a ajuda da Phoenix, creio que podemos ficar tranqüilos. O dano total em defesa do Brasil foi de 3.139.526, dos quais apenas 844.388 foi feito por brasileiros. Sendo assim, a ajuda total de estrangeiros foi de 2.295.138, quase 2,3 milhões, valor perfeitamente de acordo com a capacidade móvel da Phoenix. Não foi uma atuação espetacular, e alguns países (como a Hungria) realmente ficaram aquém do seu normal, mas isso foi compensado pela atuação excepcional de outros (como a Sérvia). Em geral, a ajuda foi boa, e é bom ver que podemos contar com nossos aliados em momentos como esse.


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Na imagem, os "top 10" defensores do Brasil


Os problemas que o Brasil enfrentou, portanto, foram dois: 1) Dano desperdiçado em batalhas de distração, e 2) Falta de reserva financeira para defesa da soberania nacional.


Vale lembrar, no entanto, que nenhum desses dois fatores, por si só, teria alterado o resultado final. Esses dois problemas "agudos" dificultaram a situação para o Brasil, sem dúvida, mas mesmo sem isso é difícil dizer se venceríamos. A preparação da EDEN foi muito boa, e a chance de vitória brasileira, apesar de existir, era pequena.


Quando todos os olhares se voltaram para o Brasil


É importante perceber que, se a EDEN quisesse, poderia ter tirado Gauteng do Brasil já há algum tempo. É uma pena se isso fere o orgulho de muitos, mas é verdade. Aqueles que se lembram das RWs de Canárias e Andalucia sabem muito bem que, em operações muito menos planejadas, a EDEN já havia, com sucesso, libertado regiões do domínio brazuca.


Entramos então no ponto principal deste artigo – de onde surgiu tudo isso? De onde veio tanta ferocidade da EDEN para recuperar Gauteng, e toda essa gigantesca operação?


Primeiramente, como muitos já disseram, o Brasil conseguiu irritar muita gente mundo afora. Graças a uma respeitável participação brasileira, a Phoenix conseguiu libertar regiões da Eslovênia, França e Áustria. Isso deixou alguns países – sobretudo Croácia e Polônia – com uma raiva feroz do Brasil, algo que antes não se via com tanta intensidade na EDEN. Além disso, a fome polaca por fontes de ferro transformou o Brasil num alvo prioritário.


Outro fator foi a expulsão da Indonésia da África. O Brasil permanecia, portanto, a única potência da Phoenix ocupando território africano, o que mobilizou os ânimos dos nativos ao máximo, especialmente depois da inesperada vitória contra a Indonésia. A África do Sul, portanto, começou uma aproximação mais profunda com a EDEN, buscando a libertação final de seu território.


Finalmente, devido a uma certa morosidade no front europeu da guerra, a EDEN buscava um novo alvo. Não havia mais fronts diretos que lhe beneficiassem no hemisfério norte, e a EDEN, então, resolveu mudar o foco, concentrando-se em libertar regiões através de RWs. Como existiam apenas 3 potências da Phoenix com colônias no estrangeiro, a escolha era entre Hungria, Sérvia e Brasil, nós sendo o “elo frágil” da equação.


Uma conjunção de fatores, portanto, que coloca o Brasil no centro do conflito mundial, e faz da batalha de Gauteng uma enorme disputa de supremacia entre EDEN e Phoenix.


O “batismo de fogo” do Brasil

A verdade é que Gauteng não tem valor econômico que compense o enorme investimento da EDEN. Diamante é um recurso raro, mas pouco procurado, e não havia mais que uma dúzia de empresas ativas na região. A EDEN, no entanto, fez questão de se preparar com todo seu poder, de forma que houvesse muita pouca chance de perder a batalha.


Pessoalmente, vejo todo o esforço da EDEN para nos tirar Gauteng como um elogio. O Brasil cresceu, está despontando como potência, nossa população se aproxima dos top 5 e nossa participação em batalhas internacionais é cada vez maior. A EDEN, portanto, precisava dar-nos algum golpe, e se prepararam com muito cuidado para isso, reconhecendo que o Brasil não seria osso fácil de roer.


Por muitos meses, o Brasil manteve Gauteng sem nenhuma tentativa de RW, simplesmente porque, sinceramente, ninguém se importava – nós incomodávamos muito pouco. Agora, no entanto, parece que o Brasil já não pode ser ignorado, e a EDEN reconheceu isso da forma mais enfática possível – organizando uma mega-operação militar e gastando 11k de gold para nos tirar uma região quase meramente simbólica.


A batalha de Gauteng foi o “batismo de fogo” do Brasil. Um marcador de águas, que confirma nossa entrada no cenário mundial dos “grandes”. O Brasil é grande demais para ser ignorado, e não poderia ser derrotado sem uma enorme organização e preparação. A EDEN mandou-nos, ontem, uma mensagem de que já somos “merecedores” de uma mobilização generalizada de mais de 10 países. Ao mesmo tempo, mandaram-nos a mensagem de que ainda não somos fortes o bastante para peitá-los dessa forma. O Brasil é o novo calouro no clube das potências, novato e despreparado o bastante para ser caçoado, que ainda deve levar algumas palmadas para aprender a “ficar na dele”.


Gauteng foi o nosso “trote”. Deixaram claro que ainda não temos o poder de fogo para nos impor, mas que já fazemos parte do clubinho.


Bem-Vindo Brasil, à mesa dos adultos. Aqui não tem café-com-leite, e as apostas são altas. Se estaremos à altura, dependerá de todos os brasileiros.