Economia: A partilha da riqueza e os mercados

Day 494, 11:21 Published in Portugal Portugal by Arbus

Vou lançar um conjunto de artigos informativos e de opinião em relação à economia. Já estão escritos, mas para não encher as notícias com isto, vou publicar de 2 em 2 dias. Esta é a primeira parte, apenas uma introdução a alguns conceitos básicos, que não deixam de ser importantes.


~~O que acontece à riqueza gerada pelo país?~~

De tudo o que Portugal produz, parte vai para os empresários sobre a forma de lucro, parte vai para os trabalhadores sob a forma de salários e parte vai para o estado sob a forma de impostos. Como o estado também tem empresas, as receitas incluem os lucros mais os impostos. Trivial.

O que me interessa é a partilha entre os lucros e o poder de compra. Aumentar um significa necessariamente reduzir o outro. É simples, ao aumentar os salários e diminuir os preços, está-se a aumentar o poder de compra à custa dos lucros. Os impostos, diminuem quer os lucros, quer o poder de compra. So far so good.

É fácil a partir daqui imaginar cenários. Por exemplo, impostos zero significam a maximização do poder de compra e do lucro privado. Daqui podemos partir para um cenário ultra liberal em que o estado não tem qualquer poder e o presidente só serve para atacar regiões, ou um modelo misto em que o estado participa com empresas próprias na concorrência pelos lucros do mercado. Um cenário ultra socialista, é ter os impostos ao máximo, tornando impossível qualquer iniciativa privada. Como só o estado pode transferir o dinheiro dos impostos de volta para as empresas estatais, só estas sobreviveriam. O estado poderia decidir exactamente sobre as percentagens de partilha entre lucros públicos e poder de compra, sendo que toda a riqueza gerada pelo país, reverteria para os interesses nacionais.

Actualmente, funcionamos com alguns impostos muito baixos, mercado concorrencial, empresas estatais a produzir recursos estratégicos e a treinar trabalhadores, e empresas estatais a ter lucro para compensar os impostos baixos e os prejuízos das outras.

Não estou a defender nenhum modelo, só quero explicar que existem alternativas, posições extremas e infinitas possibilidades intermédias. Daí que a discussão política possa ser muito mais rica e interessante do que tem sido. A análise de todo e qualquer modelo económico, passa necessariamente por esta partilha: lucros privados, poder de compra e lucros nacionais (= impostos + lucros das empresas estatais). A única coisa que interessa, é a partilha da riqueza gerada.

A criação de riqueza em si não tem muito que se lhe diga, passa pela aplicação das fórmulas de produtividade e sobretudo pela manutenção de um nível de poder de compra que, mantenha os trabalhadores no país com wellness elevada.


Ainda na introdução económica, mas agora sobre a perspectiva microeconomica, já que a anterior foi uma "macro":

~~que tipos de mercados e existem e quais as suas consequências?~~

Quais são as condições necessárias para a existir um mercado perfeitamente concorrencial?
- Muitos compradores e vendedores (isso é verdade para os produtos q1, já não tanto para os q2, muito menos para os q3, obviamente mentira para os q4 e absolutamente falso nos q5)
- Produtos homogéneos (food q1 é food q1, qualquer que seja a empresa ou o país, é tudo igual)
- Não existirem barreiras à entrada nem à saída (e claro que não existem, qualquer pessoa cria uma empresa e fecha quando quiser)
- Informação perfeita (ou seja, um tipo não pode vender armas q1 a dizer que são q5, toda a gente conhece a qualidade e o preço de um bem)

Posto isto, todas as condições se verificam, à excepção da primeira "muitos compradores e vendedores". Quanto mais empresas existirem a competir por determinado mercado, mais perto estaremos da concorrência perfeita.

O que é que isso interessa?

É que a concorrência perfeita é uma forma de partilha entre lucros e poder de compra favorável ao consumidor/trabalhador, enquanto os mercados mais próximos do oligopólio são mais vantajosos para os empresários. Daí que as empresas que de facto dão lucro são as q4 e q5, enquanto nas q1 e q2 é preciso calcular os custos ao milímetro e são os trabalhadores/consumidores quem beneficia com isso.

A explicação é evidente, à medida que as empresas competem por trabalhadores, oferecem salários cada vez maiores, ao mesmo tempo que competem por clientes com preços cada vez mais baixos. O ponto de equilíbrio é aquele em que as receitas cobrem integralmente os custos, ficando o empresário com lucro igual a zero. Quanto menor a concorrência, maior a disparidade entre preços/salários favorável ao empresário.


Ok, isto pode ter sido uma seca e absolutamente básico, mas por vezes é importante ter em conta mesmo estes conceitos mais simples, para não cometer erros quando se começa a complicar.