Democracia e eBrasil: Partidos

Day 1,820, 04:04 Published in Brazil Brazil by Varnhagen
Meus caros amigos,

O amigo leitor, com sua expertise costumeira, não deve ter demorado uma semana para perceber que trazemos do mundo real todos os vícios, acertos e defeitos. Como não podia deixar de ser, simulacro que somos aqui, reproduzimos, com uma fidedignidade de assombrar mesmo quem não se assombra, nossas tibiezas, gargalos e entraves.

O interessante é que conseguimos nos adaptar às regras e engrenagens do jogo com uma competência nunca dantes vista na história do eRepublik. É possível que algum jogador mais suscetível, preso nessa imensa sala espelhada, não saiba mais discernir o que é real e o que não é. O leitor, como sempre, objetará e dirá que nem tanto, nem tanto. Talvez, meus caros, talvez. A alma humana é um abismo infindo. Hoje, convido o amigo aí para pensar um pouco a política no Brasil, mais detalhadamente os partidos no eBrasil.

Somos, é mister ressaltar já de pronto, uma nação que é ávida por grandes homens, grandes líderes. Dizia o Nelson Rodrigues que a massa transfere a responsabilidade de pensar para o Lider. E, amoral como um bichinho de avenca, é guiada com duas ou três palavras de ordem. Não precisamos mais pensar porque o Lider pensa por nós. Dirá algum leitor mais erudito que isso não é desprivilegio do eBrasil ou do Brasil, mas um lugar comum. Não da forma como isso ocorre aqui, devo insistir. Mas voltemos aos partidos.

No meu entendimento, a personalização da política acaba por limitar a construção de blocos políticos coesos, programaticamente unificados e que ofereçam, de fato, opções dentro do leque possível oferecido pelo jogo.
Com a introdução do sistema de listas, independente da percepção disso, os partidos ganharam um poder de decisão e planejamento político novo, reforçado e possibilitador de novos arranjos e configurações. Diria que é necessário, nesse novo contexto, reinventar os partidos ou, no mínimo, avançar em determinadas situações. Entre elas, a não menos importante apresentação de um projeto de país e de ação, seja no Executivo, seja no Legislativo.

Não votamos mais, e essa ficha tem que cair, em pessoas. Agora o voto é dirigido ao partido e ele é o responsável pelas ações de seus membros listados, quando ocupantes de cadeiras no Congresso. Ou seja, é o partido o dono do mandato e o partido deve ter, pelo menos, um mínimo posicionamento frente as questões que podem, dentro da mecânica do jogo, ser alteradas via ação legislativa ou executiva.

Nesse sentido, é necessário e mais que necessário que os partidos se posicionem, afinem o discurso entre seus quadros partidários e deixem claro para a nação qual projeto de país visam implementar. Para o leitor menos afeito a sutilezas: qual a política tarifária defendida pelo partido? Qual posição em relação política alfandegária pretende adotar? Qual estrutura pensa para as Forças Armadas? Como pretende gerir a relação MilíciasXEstado? Qual campo de alianças é possível? Como vê e como pretende se movimentar nas questões relativas à política externa? O partido fiscaliza as contas públicas? Publica análises referentes a isso? Como o partido se posiciona, em relação às cidadanias? O partido pretende desenvolver projetos sociais? Como? Para quem? Como é desenvolvida a discussão interna? O partido adota procedimentos democráticos para a elaboração de listas/escolha de candidatos? E por aí vai.

Somente a partir desse posicionamento é possível construir instituições políticas fortes, capazes de responder às novas demandas do eRepublik.
Partidos são mais que nomes bonitos, possibilidades de ganho individual, palcos para exercícios individualistas. Os partidos são a chave para a construção de um eBrasil mais democrático, maduro e eficiente. E mais, como se diz em Minas, é assunto para boi dormir.

Um abraço, ex cordis,
Varnhagen, aka Mahdi