Cadernos de Domingo: Reflexões e Goteiras

Day 1,209, 06:20 Published in Brazil Brazil by Mahdi Cleitus
Meus caros amigos,

Engraçado como as coisas são. De repente, uma multidão ou algo mais ou menos assim, irrompe em protestos pelas nossas avenidas e praças virtuais, promovendo algo que, com muita boa vontade, poderemos chamar de “desobediência civil”. O acontecimento, em escala global, diga-se de passagem, tinha um intuito claro, óbvio como um flerte de colégio.

Os Administradores, como é moeda corrente, responderam com uma nova leva de missões, com prêmios mais palpáveis que os anteriores. Eu tinha um tio, militar condecorado na presepada de 64, que dizia que “contra o poder não há resistência”. Mas para alguma coisa deve ter servido, pois acarretou, pelo menos algumas concessões. Ainda que não tivessem cara de concessões.

Mudando de assunto, dia desses li num comentário de um jornal que realmente não me lembro qual nesse momento, falando das similaridades entre oposição e governo, de acordo com o cargo ou a ausência deste. Lembrou-me, de imediato, uma metáfora sublime do velho bruxo, o Machado de Assis, em seu “Esau e Jacó”. Gêmeos, nasceram opostos. No ponto que nos interessa: um era liberal, republicano e o outro conservador, monarquista. Coisas do destino. Mas tinham a mesma cara, o mesmo jeito, a mesma fleuma.

Outro escritor, esse mais debochado, dizia que “no Brasil a direita de quem vem é a esquerda de quem vai”. Ou melhor ainda, menos sutil e mais no alvo: “nada mais parecido com um liberal do que um conservador, quando na oposição. E nada mais conservador do que um liberal, quando no governo”. Coisas do Império. Mas atuais ainda.

Falta-nos, no eRepublik, instituições políticas mais fortes. Minto. Falta-nos isso não só aqui, mas também no mundo real, no osso duro de cada dia. Aí, infelizmente, não conseguimos estabelecer um jogo político mais claro, menos enevoado e movediço. Somos cordiais, como o velho Buarque (engraçado, agora todos os buarques que conheço são velhos...) já havia apontado. E cordialidade aqui no sentido de passionalidade, que fique registrado. Mais a mais, sem isso, tudo são quase jogos de espelho. E o resto é resto, como costumava dizer o papai aqui.

Levo fé que esse governo vá se destacar positivamente. Basta fazer, como dizia a cartilha do FMI, quando esse nos incomodava, o “dever de casa”. Falhas, todos temos, alguns em maior outros em menor grau, o que é óbvio. No entanto, é preciso ressaltar que só os gênios conseguem enxergar o óbvio. O importante é percebê-las e corrigi-las, pois é isso que diferencia um bom governo de outro nem tanto. Ou bem menos. O mais é ter um bom quadro, capaz de responder às demandas do momento e cumprir, à risca, os planos de governo. E ter a serenidade que faltou a tantos.

Um abraço fraterno,
Mahdi Cleitus