A minha visão sobre a ADC
S. Santos
Foi necessário analisar com muita calma e paciencia antes de escrever este artigo a actual situação da Associação Democrática do Cidadão (ADC), investigando desde logo os príncipios e a mecânica que envolvem a constituição e a evolução do partido, até ao ponto a que chegou de quase dormência.
Os principios
Agora que estou mais refreado e com mais experiencia de jogo, entendo que um dos motivos pelos quais o ADC pode nunca ter descolado foi o de que partiu de uma premissa base (incluida no manifesto) de que não pretendia ser um partido. Ora se o partido nasceu sem querer ser partido, dificil seria alguma vez o ser.
Pretendia-se demolir e desmascarar os actuais problemas sociais da eRepublika, como o clientelismo e a fachada que escondem os principais partidos de que os mesmos controlam tudo.
Tinham por base 3 principios:
1- Princípio da Dinâmica Estatal Interna (DEI) - Este primeiro principio seria de todo um bom inicio para uma sociedade mais justa, mas claramente iria contra a
própria definição de principio... era mais um fim que um principio.
2- Princípio da Dinâmica Estatal Externa (DEE) - Este segundo principio não deve ser da responsabilidade de um partido nem tão pouco um principio do mesmo. Deve ser uma função do estado que pode e deve assegurar a ajuda aos novatos.
3- Princípio da Dinâmica Social (DS) - O terceiro principio não é mais do que os anteriores somados.
Terminamos o nosso manifesto indicando que não pedimos lealdade... coisa que quebra essencialmente a raiz do proprio conceito de partido (grupo organizado de pessoas leais a uma ideologia ou direcção).
Tivemos mais tarde, da iniciativa da ADC uma série de bons projectos que acabaram por trazer alguns militantes como o Guia dos Media Portugueses.
Cometeram-se erros e tentaram-se iniciativas que nunca deviam ser iniciadas por um partido, como os debates. Também não foram benéficas as trabalhadas "Boris Karpov".
Na sua génese a ADC é um projecto de um homem só, a que uns quantos loucos (eu inclusive) deram crédito e alento.
Parece-me hoje que a ADC dificilmente terá lugar na politica ePortuguesa e que necessita drasticamente de uma "refundação" (acho que esta palavra é capaz de cair mal).
Deverá hoje ser mais do que uma mudança de imagem, mas também de valores e de créditos. Existe a necessidade de ter projectos continuos, dinamicos e que sejam esses projectos a demonstrar aos cidadãos que merecemos o apoio deles e não apresentando mais uma lengalenga eleitoralista de que somos a solução para o mal do ePais e da ePolitica.
Aprendi isto depois da reflexão do que correu mal e do que errei no PRE. E essa reflexão levou-me a acreditar que a melhor maneira de ajudar a ADC era realmente contestar as suas origens e voltar a semear para que possamos colher mais tarde...
No final deste artigo, devem já estar a pensar (pelo menos os criticos e judas do costume) que se o raio do cão era contra tudo isto porque se juntou à ADC?
Porque acredito nas pessoas, e essencialmente na vontade que tem de fazer algo diferente. Lá porque o palavra não é a certa, não quer dizer que abandonemos quem sempre apresentou as mãos para trabalhar...
Comments
Interessante. Boa sorte!
Votado só pq criaram uma associação democrática para mim.
S😒antos, em primeiro lugar agradeço a tua preocupação com o partido. Estou disponível para debater a tal "refundação" mas parece-me que cometes-te alguns erros ao interpretar o manifesto:
1- O princípio da Dinâmica estatal externa chama-se estatal precisamente porque deve ser aplicado a nível do estado. Eu nunca insinuei que um partido enquanto instituição deveria assegurar ajuda aos cidadãos, sou completamente contra isso.
De um partido devem surgir apenas ideias e projectos e tal nunca e tal nunca esteve em causa dentro da ADC.
2- O princípio da dinâmica social difere dos outros na medida em que deve ser aplicado pela sociedade em geral e não apenas pelo estado. Os primeiros 2 princípios referem-se ao papel do estado na construção de uma sociedade mais justa e o terceiro refere-se ao papel de toda a sociedade para o mesmo fim.
3- Quando dizemos que não pedimos lealdade não nos referimos à lealdade a uma ideologia mas sim à lealdade a um líder. As ideologias dificilmente abrangem todas as questões a ser debatidas na sociedade. Quando surge um assunto sobre o qual a ideologia não implica uma posição os miliatntes de um partido vêem-se muitas vezes forçados a tomar a posição dos seus líderes. Isso é uma coisa que eu quero evitar na ADC.
Os militantes da ADC deverão ter o direito de assumir qualquer posição que desejem desde que a posição não vá contra os ideais do partido.
Continua a dar a tua opinião e com muito debate isto há de bater certo.
@Joao97, estou ainda em reflexao sobre qual o caminho a seguir a nivel politico, mas foi exactamente por conhecer a liberdade de tomar posição que escrevi o artigo, porque seja qual for o caminho a seguir a melhor maneira de ajudar é dar a opinião de forma sustentada.
Acho muito bem que tenhas escrito o artigo e não disse o contrário. Eu limitei-me a apontar alguns erros de interpretação do manifesto.
O último comentário é a continuação do ponto 3.