Lampião (Ano 1. Ed.2)

Day 3,224, 02:50 Published in Brazil Brazil by Volta Seca


Com muito orgulho chego a esta segunda edição, agradeço a todos que leram o artigo anterior, caso não tenha lido, confira aqui.

Esta edição apresenta talvez aquele que teve maior influência no cangaço, Virgulino Ferreira da Silva, de alcunha Lampião.



Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, nasceu em 7 de julho de 1897 na pequena fazenda dos seus pais José Ferreira da Silva e Maria Sucena da Purificação em Vila Bela, atual município de Serra Talhada, no estado de Pernambuco. Era o terceiro filho de uma família de oito irmãos. Teve uma infância e uma adolescência comum a todos os meninos de uma baixa classe média sertaneja: aprendeu a ler e a escrever, mas logo foi ajudar o pai, pastoreando seu gado. Frequentava as feiras das cidades próximas às terras da família, onde ouvia os violeiros e os poetas de cordel narrarem as aventuras dos cangaceiros, que povoavam o imaginário popular nordestino, sendo simultaneamente heróis e bandidos.
As rixas entre famílias eram frequentes no sertão, em especial quando envolviam questões acerca dos limites das propriedades e uma dessas rixas envolveu a família de José Ferreira da Silva com seu vizinho José Saturnino. Além de alguns tiroteios, o conflito terminou com a decisão de um coronel local em favor de Saturnino. Revoltado, Virgulino e dois irmãos teriam se juntado ao bando do cangaceiro Sinhô Pereira, em busca de vingança.
Corria o ano de 1920 e devido a sua capacidade de disparar consecutivamente, iluminando a noite, Virgulino ganhou o apelido de Lampião (ainda há um questionamento sobre isso). Possivelmente em função disso, a polícia cercou o sítio da família e matou seu pai a tiros resultando em que Lampião e os dois irmãos entrarem definitivamente para o cangaço.
Em 1922, Sinhô Pereira deixou o cangaço, deixando Lampião como novo líder do movimento, onde seguiu durante 20 anos a perambular pelo sertão difundindo seus ideais, foram criadas volantes, policiais mais soldados temporários, milícias armadas para tentar combater e capturar os cangaceiros, que os apelidaram de “macacos” pelo jeito que batiam em retirada, pulando.
Lampião ficou famoso pela sua disciplina, vestes impecáveis, cheias de adornamentos, coisa que todo o bando copiava, a vaidade dos cangaceiros era uma de suas marcas registradas. Lampião roubava comerciantes e fazendeiros, sempre distribuindo parte do dinheiro com os mais pobres, no entanto, seus atos de crueldade lhe valeram a alcunha de "Rei do Cangaço".



Devemos levar em conta todo o contexto histórico antes de criarmos uma interpretação, nele temos: Sertão nordestino, seca, fome, desigualdades, se o Estado é omisso hoje, quanto a questão da pobreza no nordeste, no início do Séc. XX, o povo estava abandonado a própria sorte, onde os coronéis (fazendeiros) eram a lei.
Agora vamos aos fatos, para muitos, lampião foi um herói cuja bondade era inenarrável, já para outros, era um ser cruel e só disseminava ódio por onde passava, o que é certo de se interpretar é que ele era uma pessoa que defendia os seus próprios ideais, queria dar condições igualitárias aos moradores do sertão, principalmente os menos favorecidos, já os atos que foram tidos, para que se alcançasse seu objetivo foram extremamente violentos, tendo ele se tornado mais temido do que propriamente admirado.
Ao ver sua história, nota-se que em momento algum ele planejava ser admirado, queria apenas despertar uma atenção ao qual seu povo necessitava e não lhe era dado naquele momento, seus atos foram decisivos para que uma mudança ocorresse.
Mas imaginemos a seguinte situação, que cada pessoa insatisfeita com sua condição ou situação de sua sociedade tomasse uma atitude de sair saqueando bairros ao redor, juntando um próprio capital e fazendo oposição política e militar ao Estado. Essa decisão foi tida por Lampião por ser o único recurso por ele encontrado diante da sua situação, tornou-se grande líder justamente por isso, mas nunca esqueceu o porquê de fazer suas “rebeldias”.


Retrospectiva:

- 23 de junho de 1922: Lampião faz um assalto à fazenda "Baronesa de Água Branca", da cidade de Água Branca (AL), roubando aí grande quantia em dinheiro, sendo pela primeira vez comandante de um grupo próprio.
- 12 de março de 1926: Lampião recebe a patente de capitão do Exército Patriótico de Padre Cícero em Juazeiro do Norte - CE. Lampião tinha bastante respeito e devoção ao padre e sua chegada na cidade foi com festa, sendo até entrevistado. Foi a última vez em que reuniu toda a família para tirar uma foto. Recebeu muita munição e ordens para combater a Coluna Prestes.
- Dezembro de 1930: Lampião conhece Maria Bonita, casada com o sapateiro Zé de Neném. Ela já era apaixonada pelo cangaceiro e fugiu com ele deixando uma carta para o ex-marido. Foi a primeira mulher a participar do cangaço.
- 13 de setembro de 1932: Nasceu Expedita Ferreira Nunes, filha de Lampião e Maria Bonita em Porto da Folha - SE.
- 27 de julho de 1938: Emboscada mata lampião em Angicos, situada em Sergipe.

Filmes e séries em que aparece citado:
- O Cangaceiro, direção de Lima Barreto (1953)
- O Lamparina, dirigido por Glauco Mirko Laurelli (1963)
- Corisco, o Diabo Loiro, direção de Carlos Coimbra (1969)
- Lampião e Maria Bonita, minissérie brasileira produzida pela Rede Globo (1982)
- A Luneta do Tempo, filme brasileiro dirigido e escrito por Alceu Valença (2016)
- Cordéis como:


Há muitas teorias a respeito de lampião, muitas histórias contraditórias quanto a influencia de padre Cícero sobre ele, sobre sua personalidade, sua influência sobre outros cangaceiros, até mesmo sobre sua morte, de fato ele é um personagem histórico brasileiro folclórico, até mesmo em uma pesquisa realizada, de nome "O maior brasileiro de todos os tempos", onde ficou em 74º colocado, oque demonstra sua popularidade até hoje.