Do dever de informação e inquirição

Day 1,644, 06:30 Published in Portugal Portugal by General Destroyer


Caros amigos,

Na sequência de um artigo político do Partido Portugal onde, como se recordam, instávamos o Presidente de Portugal a ser mais comunicativo com a população portuguesa, resultou uma "contra-resposta" do Capitao Falcao onde se discorria sobre "A liberdade de desafiar os órgãos de poder", a "problemática do enraizamento do poder" e a "solução para a problemática da informação".

Dos dois artigos e dos inúmeros comentários que dali resultaram, mais de 110 entre os dois textos, verifiquei a existência de diversas posições sobre a temática, algumas dos quais são verdadeiramente preocupantes pela visão que apresentam da relação entre Poder, Governantes e População.

Discorramos mais um pouco, então, sobre a temática.



Sobre a liberdade de desafiar os órgãos de poder

Não pode, em momento algum, um qualquer cidadão ver o seu direito a questionar as decisões coartado. O momento da eleição para representação da vontade popular não pode, nem deve, libertar todo e qualquer cidadão para o dever de informar aqueles que o escolheram como seu representante.

Não obstante, ditam as normas da sã convivência em democracia - e já agora da educação - que o confronto deva ser feito de modos correctos de forma a não hostilizar o inquirido.

Quer isto dizer que não deve, no mais puro dos ambientes democráticos, um cidadão dirigir-se aos congressistas ou dirigentes políticos que ajudou a eleger com a postura de quem tudo pode e quer, exigindo que seja feita a sua vontade uma vez que foi ele - e muitos outros como ele, convenhamos aqui entre nós - quem "o meteu lá", onde está o inquirido.

Tão simples como isto: Todo e qualquer cidadão pode e deve exigir explicações sobre as acções e decisões deste ou daquele elemento governativo ou do Congresso. Não pode, nem deve, procurar impor por todos os meios a sua vontade.



Problemática do enraizamento do poder

É um dos erros mais comuns - e de algum modo quase compreensível - daqueles que, mês após mês, são eleitos para cargos de relevo político. O status social e político que tal distinção lhe confere tende a, com o passar do tempo, levar a que aqueles que são eleitos se desleixem nos seus deveres para com os cidadãos que os elegem.

É aqui, nestes momentos, em que o cidadão eleitor tem o direito, e o dever, de exigir aos eleitos a prestação de informações. Toda e qualquer decisão - seja ela política, militar ou social - só será verdadeiramente compreendida se explicada aos que sobre elas têm dúvidas.

Tem por isso o eleito o dever de humildemente reconhecer que, por este ou aquele motivo, descurou a sua função de representação da população no cargo para o qual foi eleito.



Solução para a problemática da informação

A solução para a falta de comunicação passa muito, tal como sublinha o Capitao Falcao no seu artigo, pelo diálogo entre as duas partes desta relação de poder.

Cabe ao eleitor o direito de pedir explicações e apresentar propostas que, no seu entender, visam melhorar o status quo do País.
Cabe ao eleito o direito de recusar ou aceitar determinada proposta. Mas, acima de tudo, cabe-lhe o dever de esclarecer o seu eleitor para o motivo pelo qual determinada proposta foi chumbada. Cabe-lhe o dever de dar as explicações solicitadas, da forma mais clara possível, bem como de justificar por que motivo, neste ou naquele momento, as explicações não podem ser mais aprofundadas.
Ou seja, não basta dizer "não te posso dizer mais nada", fazendo-se valer da prerrogativa de que "eu tenho acesso a mais informações do que tu e se digo que é melhor assim é porque é".



Da falta de comunicação em Portugal

Um dos problemas do nosso país passa precisamente pela falta de comunicação entre as diversas faces do poder. Se por um lado os eleitores abdicam tacitamente dos seus direitos e esquecem-se de forma algo conveniente dos seus deveres, os eleitos ignoram ou esquecem-se de cumprir para com os seus deveres e fazem-se valer dos seus direitos, por vezes, consoante os seus interesses pessoais.

Esta quebra na relação entre as duas partes tende a resultar um afastamento mútuo que facilmente redunda na crítica sem nexo e nas acusações infundadas de parte a parte.

Cabe assim, a cada um de nós, diferentes faces de uma mesma comunidade, tudo fazer para melhor uma comunidade que tem tudo para ser uma das mais fortes ingame.

Haja para isso vontade.

Viva Portugal!

Bitorino

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