[BdRA] Sobre alguns mal-entendidos e outros embaraços
Rick Adams
AD RUBRICAM
Meu último antigo parece ter despertado um certo alvoroço na comunidade, razão pela qual acredito que algumas explicações sejam necessárias.
Primeiro, não estou capitaneando nenhum movimento revolucionário, nem declarando guerra a nenhum grupo político.
Segundo, durante todo o tempo que efetivamente estive no jogo, sempre me dediquei exclusivamente ao módulo social, tanto por isto estive por mais de dois anos no Ministério das Comunicações, muito embora, tenha também dedicado bastante tempo a projetos autônomos, como o Congresso em Foco, Profissão Jornalista e o Blog do Rick Adams, este último, o maior e mais importante projeto realizado no Gazeta da Tarde. Assim, qualquer um que queira saber um pouco mais sobre minha trajetória, deve acertar seu periscópio na direção do módulo jornalístico, aonde poderão, enfim, enxergar as minhas contribuições ingame.
Terceiro, parece que erroneamente adotei uma linguagem combativa na última publicação, o que pretendo não repetir, seja porque não é a linguagem que costumo utilizar em meus textos, seja porque minha postura sempre foi mais conciliatória do que propriamente sanguinária.
Finalmente, seguindo algumas recomendações, tentarei ser o mais breve possível, sem, contudo, prejudicar a integridade das reflexões propostas.
Dito isto, nobres senhores e belas damas, toquemos a carruagem.
MÓDULO SOCIAL, O QUE É ISTO?
Aos que vem acompanhando meus últimos artigos, saberão que em minha publicação mais recente, valendo-me de uma série de adereços sociológicos, propus uma análise da sociedade ebrasileira, a partir de categorias teóricas formuladas por Max Weber (Esferas Sociais) e Jürgen Habermas (Teoria da Racionalidade Comunicativa). Disto resultou uma caracterização do módulo social como uma espécie de mundo-da-vida, isto é, o espaço aonde se estabelecem as relações entre os indivíduos, alimentado por suas experiências e trocas proporcionadas pelo uso da linguagem e pelo consenso. O mundo-da-vida, ou módulo social, portanto, é o lugar aonde se expressa o cotidiano, essa parte viva e pulsante da nossa existência, seja ela real ou virtual.
SISTEMA E MUNDO-DA-VIDA
Talvez não tenha ficado muito claro, mas não há nenhum antagonismo entre sistema e mundo-da-vida, muito pelo contrário, um não existe sem o outro, são complementares, não antagonistas [1]. O mesmo vale em nossa analogia entre o módulo militar e o módulo social, não há uma maior prevalência entre um e outro, podem conviver juntos, como sistema e mundo-da-vida. Obviamente, ambos se orientam por raciocínios e leis próprias, de modo que, quando falamos em complementariedade, não estamos falando em subordinação, pois uma coisa é a interdependência, outra coisa é a vassalagem.
O RENASCER DA MÍDIA NACIONAL: OLHARES QUE MIGRAM DO PASSADO PARA O FUTURO [2]
Se minha crítica foi muito pesada e mais pareceu uma peça acusatória, que propriamente uma análise concreta do problema, permitam-me então recorrer a um antigo título, para apresentar-lhes algumas propostas.
Quando se trata do marasmo em que se encontra a mídia nacional, todos parecem concordar que vivemos tempos difíceis, em que grande parte dos jogadores andam inativos, enquanto outra significativa parcela se dedica a outras atividades, mormente no campo militar. Ora, por mais que eu seja um crítico ferrenho do modo ditatorial – e aqui as opiniões divergem -, compreendo que outros fatores contribuíram decisivamente para a derrocada da mídia, como muito bem apontado pelo Policarpo Quaresma (sendo eu um armorial [3], prefiro me reportar a ele pelo seu antigo sobrenome): as brigas político-partidária e as velhas mágoas do passado foram e ainda são as principais causas da crise que hoje vivenciamos [4].
De qualquer modo, se é o futuro que importa, olhar para trás só nos ajudaria a entender um pouco melhor o presente, mas ficar preso a ele seria tolice. Já não precisamos alimentar velhos jargões e divergências ultrapassadas, somos mais do que isso, é dizer, “já não importa o que passou; o que passou, passou, então vem”.
Vamos lá, então.
ALGUMAS TENTATIVAS FRACASSADAS
Muito embora estejamos diante de uma situação bastante crítica, não se descuida que esta não seja uma situação nova. Os problemas que envolvem a mídia antecedem o período atual, o Ryan Cullen, por exemplo, já apontava para algo similar em sua época, o que, inclusive, influiu para que ele desenvolvesse junto com outros jogadores o Centro de Desenvolvimento Jornalístico (CDJ), a época vinculado ao Ministério das Comunicações. Em síntese, o CDJ tinha como objetivo congregar numa mesma plataforma jornalística, jornalistas veteranos e novatos, bem como oferecer tutoriais para redigir uma boa matéria e também sugerir pautas para aqueles que não sabiam sobre o que escrever [5]. Esta iniciativa brilhante que funcionou durante um determinado período, acabou servindo futuramente como fundamento para outros projetos voltados ao fortalecimento da mídia e dos jornais brasileiros.
Apenas para elencar os mais importantes, recordo aqui dois projetos: a Sociedade eBrasileira de Comunicadores (SeBC) proposta pelo JESSE X e a Academia eBrasileira de Letras (ABL) proposta pelo Hugan. Sobre esta última, é verdade ela fora criada antes da sua tentativa de retorno pelo Hugan, de qualquer modo, o projeto acabou não vingando. Em relação à SeBC, mesmo depois da sua incorporação ao MdC por intermédio do Paul Lago, o máximo que alcançamos a época foi um MPchat com os jornalistas mais ativos, depois disso não houve novos planejamentos [6].
Depois eu mesmo tentei fundar o Instituto Brasileiro de Jornalismo (IBRAJ), basicamente congregando as mesmas funções da SeBC e em certa medida do CDJ, isto é, criar um grupo com jornalistas ativos e um jornal próprio, aonde pudéssemos auxiliar uns aos outros e realizarmos publicações conjuntas. Infelizmente, não deu certo.
E AGORA, JOSÉ?
Retomando aquela velha esperança, ainda que as coisas pareçam sem rumo, ainda que a tristeza e a agonia tomem conta dos nossos corpos, podemos reagir a esse cenário com criatividade e esforço. Sem querer desmerecer o trabalho de ninguém, ou encontrar culpados numa multidão cúmplices, aos poucos, creio eu, podemos tentar retomar alguns desses projetos perdidos. Não adianta simplesmente marchar, é preciso saber para onde se marcha. Por isso mesmo é necessário que os jornalistas se reúnam numa sociedade, para que possamos formular saídas de emergência, em vez de fugir do problema, tratando-o como inevitável e invencível. Lanço, portanto, esse desafio a todos nós e também ao MdC.
Carlos Drummond de Andrade
REFERÊNCIAS:
[1] FREITAG, Bárbara. Habermas e a teoria da modernidade. Caderno CRH, v. 8, n. 22, 1995, p. 141.
[2] https://www.erepublik.com/br/article/-bdra-o-renascer-da-m-dia-nacional-olhares-que-migram-do-passado-ao-futuro-2675576/1/20
[3] SUASSUNA, Ariano. O Movimento Armorial. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1974, passim.
[4] https://www.erepublik.com/br/article/-bdra-reflex-es-habermasianas-sobre-a-pol-tica-brasileira-2658041/1/20
[5] https://www.erepublik.com/br/article/centro-de-desenvolvimento-jornal-iacute-stico-apresenta-ccedil-atilde-o-1611179/1/20
[6] https://www.erepublik.com/br/article/-gzt-o-ministro-segundo-o-jornalista-2543171/1/20
Comments
[BdRA] Sobre alguns mal-entendidos e outros embaraços
https://www.erepublik.com/br/article/2712602
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eu tô mix de sensações
escrevi e apaguei várias vezes.
não sei o que comentar.
bacana ver a elevação do nível de criatividade.
"alvoroço"
(não posso mentir que dei gargalhadas)
#saudades Ryan Cullen, Hugan, Academia eBrasileira de Letras (ABL)
desde q voltei clicar aqui, só consigo 2 clicks..
votos e comentários só para artigos oficiais e..
e para algo q desperta curiosidade, criatividade.
obrigada 🙂
E já começamos bem nessa nova jornada, com um jornalista hábil nas palavras e construções de ideias.
alvoroços geralmente vem para o bem
me sinto meio burra e meia tentando refletir esses textos..
mas tbm me atiçou uma criatividade adormecida, cansada
quero comentar um monte..
esses seus textões me fazem super viajar
não quero mais comentar qqler coisa..
mas só +1 insight
+ outro
chega, carol.
desculpas qualquer coisa. #empolguei (de verdade)
Olha Carol, eu realmente acho que você é um enigma. Não sei quando está falando sério, ou quando está sob o efeitos do chá de cogumelos kkk'. De qualquer modo, muito obrigado, seus comentários e sua presença nos meus artigos em muito me agradam. Espero poder continuar encantando você com minha escrita e também provocando com minhas opiniões, as vezes ácidas, as vezes céticas, as vezes inoportunas, as vezes sem sentido, as vezes esperançosas, mas todas as vezes, sentimentais. Em tudo o que escrevemos, lá está um pouco do que nós somos. Sou aqui no jogo, o que sou fora dele. Bjs com gosto de cogumelos.
Caro Rick, lamento não conseguir te satisfazer tentando me traduzir sobre quem sou.
Já entrei em crises pesadas internas tentando responder isso.
Mas a letra de uma música (Pra Manter ou Mudar) de uma banda que adoro (Móveis Coloniais de Acaju) consegue me explicar um pouco:
https://www.youtube.com/watch?v=kQ-iEKbgjGw
Curti suas observações e destaquei pq de alguma estranha maneira tbm me descreve:
"as vezes ácidas, as vezes céticas, as vezes inoportunas, as vezes sem sentido, as vezes esperançosas, mas todas as vezes, sentimentais. Em tudo o que escrevemos, lá está um pouco do que nós somos."
tento ser aqui no jogo, o que sou fora...
e isso talvez justifique muitas coisas, minhas idas e vindas.. e talvez justifique tbm o aumento do vício aqui, quando usando o jogo como valvula de escape de uma vida real com algum desajuste
p.s: meu nick é na rl um antigo apelido de faculdade
Caro Rick, mais uma vez um texto extremamente bem redigido. Isso acaba me inspirando em tentar algo no ramo jornalístico. Sempre tive vontade de escrever, mas nunca tentei. Meus dedos estão engessados, mas coçando para começar a escrever algo do meu interesse. Por favor, continue escrevendo que terá em mim sempre um grande apoiador.
Obrigado!
Acho q todos os módulos do jogo são válidos e nenhum anula o outro. Nesse sentido, sempre apoio iniciativas de desenvolvimento social por aqui. E tem muita gente que apoia. Bora olhar pro futuro, sem as brigas de sempre. A oportunidade de uma mídia renovada e ativa está por aí.
Como falei toda ideia nova é sempre bem vinda, e se é para ajudar o BR eu sempre apoio.
Fico feliz em ver o rick ativando esse módulo maravilhoso, e melhor ainda com artigos sensacionais.
o autor é lixo que não faz nada.
Melhor escrito do que meu TCC do E.M! hahah
Tens facilidades com as palavras!
Agradeço por essas ideias conosco.