[BdRA] Sobre alguns mal-entendidos e outros embaraços

Day 4,463, 12:50 Published in Brazil Argentina by Rick Adams


eBrasil, 08 de Fevereiro de 2020, eDia 4462 do Novo Mundo

AD RUBRICAM

Meu último antigo parece ter despertado um certo alvoroço na comunidade, razão pela qual acredito que algumas explicações sejam necessárias.

Primeiro, não estou capitaneando nenhum movimento revolucionário, nem declarando guerra a nenhum grupo político.

Segundo, durante todo o tempo que efetivamente estive no jogo, sempre me dediquei exclusivamente ao módulo social, tanto por isto estive por mais de dois anos no Ministério das Comunicações, muito embora, tenha também dedicado bastante tempo a projetos autônomos, como o Congresso em Foco, Profissão Jornalista e o Blog do Rick Adams, este último, o maior e mais importante projeto realizado no Gazeta da Tarde. Assim, qualquer um que queira saber um pouco mais sobre minha trajetória, deve acertar seu periscópio na direção do módulo jornalístico, aonde poderão, enfim, enxergar as minhas contribuições ingame.

Terceiro, parece que erroneamente adotei uma linguagem combativa na última publicação, o que pretendo não repetir, seja porque não é a linguagem que costumo utilizar em meus textos, seja porque minha postura sempre foi mais conciliatória do que propriamente sanguinária.

Finalmente, seguindo algumas recomendações, tentarei ser o mais breve possível, sem, contudo, prejudicar a integridade das reflexões propostas.

Dito isto, nobres senhores e belas damas, toquemos a carruagem.

MÓDULO SOCIAL, O QUE É ISTO?


Aos que vem acompanhando meus últimos artigos, saberão que em minha publicação mais recente, valendo-me de uma série de adereços sociológicos, propus uma análise da sociedade ebrasileira, a partir de categorias teóricas formuladas por Max Weber (Esferas Sociais) e Jürgen Habermas (Teoria da Racionalidade Comunicativa). Disto resultou uma caracterização do módulo social como uma espécie de mundo-da-vida, isto é, o espaço aonde se estabelecem as relações entre os indivíduos, alimentado por suas experiências e trocas proporcionadas pelo uso da linguagem e pelo consenso. O mundo-da-vida, ou módulo social, portanto, é o lugar aonde se expressa o cotidiano, essa parte viva e pulsante da nossa existência, seja ela real ou virtual.

SISTEMA E MUNDO-DA-VIDA


Talvez não tenha ficado muito claro, mas não há nenhum antagonismo entre sistema e mundo-da-vida, muito pelo contrário, um não existe sem o outro, são complementares, não antagonistas [1]. O mesmo vale em nossa analogia entre o módulo militar e o módulo social, não há uma maior prevalência entre um e outro, podem conviver juntos, como sistema e mundo-da-vida. Obviamente, ambos se orientam por raciocínios e leis próprias, de modo que, quando falamos em complementariedade, não estamos falando em subordinação, pois uma coisa é a interdependência, outra coisa é a vassalagem.

O RENASCER DA MÍDIA NACIONAL: OLHARES QUE MIGRAM DO PASSADO PARA O FUTURO [2]


Se minha crítica foi muito pesada e mais pareceu uma peça acusatória, que propriamente uma análise concreta do problema, permitam-me então recorrer a um antigo título, para apresentar-lhes algumas propostas.

Quando se trata do marasmo em que se encontra a mídia nacional, todos parecem concordar que vivemos tempos difíceis, em que grande parte dos jogadores andam inativos, enquanto outra significativa parcela se dedica a outras atividades, mormente no campo militar. Ora, por mais que eu seja um crítico ferrenho do modo ditatorial – e aqui as opiniões divergem -, compreendo que outros fatores contribuíram decisivamente para a derrocada da mídia, como muito bem apontado pelo Policarpo Quaresma (sendo eu um armorial [3], prefiro me reportar a ele pelo seu antigo sobrenome): as brigas político-partidária e as velhas mágoas do passado foram e ainda são as principais causas da crise que hoje vivenciamos [4].

De qualquer modo, se é o futuro que importa, olhar para trás só nos ajudaria a entender um pouco melhor o presente, mas ficar preso a ele seria tolice. Já não precisamos alimentar velhos jargões e divergências ultrapassadas, somos mais do que isso, é dizer, “já não importa o que passou; o que passou, passou, então vem”.

Vamos lá, então.

ALGUMAS TENTATIVAS FRACASSADAS

Muito embora estejamos diante de uma situação bastante crítica, não se descuida que esta não seja uma situação nova. Os problemas que envolvem a mídia antecedem o período atual, o Ryan Cullen, por exemplo, já apontava para algo similar em sua época, o que, inclusive, influiu para que ele desenvolvesse junto com outros jogadores o Centro de Desenvolvimento Jornalístico (CDJ), a época vinculado ao Ministério das Comunicações. Em síntese, o CDJ tinha como objetivo congregar numa mesma plataforma jornalística, jornalistas veteranos e novatos, bem como oferecer tutoriais para redigir uma boa matéria e também sugerir pautas para aqueles que não sabiam sobre o que escrever [5]. Esta iniciativa brilhante que funcionou durante um determinado período, acabou servindo futuramente como fundamento para outros projetos voltados ao fortalecimento da mídia e dos jornais brasileiros.

Apenas para elencar os mais importantes, recordo aqui dois projetos: a Sociedade eBrasileira de Comunicadores (SeBC) proposta pelo JESSE X e a Academia eBrasileira de Letras (ABL) proposta pelo Hugan. Sobre esta última, é verdade ela fora criada antes da sua tentativa de retorno pelo Hugan, de qualquer modo, o projeto acabou não vingando. Em relação à SeBC, mesmo depois da sua incorporação ao MdC por intermédio do Paul Lago, o máximo que alcançamos a época foi um MPchat com os jornalistas mais ativos, depois disso não houve novos planejamentos [6].

Depois eu mesmo tentei fundar o Instituto Brasileiro de Jornalismo (IBRAJ), basicamente congregando as mesmas funções da SeBC e em certa medida do CDJ, isto é, criar um grupo com jornalistas ativos e um jornal próprio, aonde pudéssemos auxiliar uns aos outros e realizarmos publicações conjuntas. Infelizmente, não deu certo.

E AGORA, JOSÉ?

Retomando aquela velha esperança, ainda que as coisas pareçam sem rumo, ainda que a tristeza e a agonia tomem conta dos nossos corpos, podemos reagir a esse cenário com criatividade e esforço. Sem querer desmerecer o trabalho de ninguém, ou encontrar culpados numa multidão cúmplices, aos poucos, creio eu, podemos tentar retomar alguns desses projetos perdidos. Não adianta simplesmente marchar, é preciso saber para onde se marcha. Por isso mesmo é necessário que os jornalistas se reúnam numa sociedade, para que possamos formular saídas de emergência, em vez de fugir do problema, tratando-o como inevitável e invencível. Lanço, portanto, esse desafio a todos nós e também ao MdC.

“Você marcha, José! José, para onde?”
Carlos Drummond de Andrade




REFERÊNCIAS:

[1] FREITAG, Bárbara. Habermas e a teoria da modernidade. Caderno CRH, v. 8, n. 22, 1995, p. 141.

[2] https://www.erepublik.com/br/article/-bdra-o-renascer-da-m-dia-nacional-olhares-que-migram-do-passado-ao-futuro-2675576/1/20

[3] SUASSUNA, Ariano. O Movimento Armorial. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1974, passim.

[4] https://www.erepublik.com/br/article/-bdra-reflex-es-habermasianas-sobre-a-pol-tica-brasileira-2658041/1/20

[5] https://www.erepublik.com/br/article/centro-de-desenvolvimento-jornal-iacute-stico-apresenta-ccedil-atilde-o-1611179/1/20

[6] https://www.erepublik.com/br/article/-gzt-o-ministro-segundo-o-jornalista-2543171/1/20