Roubo no eb?

Day 3,697, 10:29 Published in Brazil Brazil by Gustavo Brandao

Eu fui membro do Exército Brasileiro, EB, na época do "roubo" eu era Cabo da intendência e me lembro bem daquele período, muito se diz sobre aquele tempo e suas consequências, vou contar o que me lembro.

O EB era uma MU (Unidade Militar) estatal, seu patrimônio foi construido com o Ouro do Estado, cada empresa foi comprada com o Ouro vindo do governo, o Estado também pagava os salários dos funcionários, pois o EB era deficitário; Num certo momento o estado não transferiu a cota do EB, o dinheiro que era dado mensalmente, o AC (Alto Comando), decidiu pagar do próprio bolso para o EB não parar e quando fosse pago a cota pegariam esse dinheiro de volta, se cobrou o estado e nada até que o presidente da época anunciou; "não haverá mais repasses ao EB, muito dinheiro já foi investido, o EB tem que se gerir sozinho. Por coincidência ou não era o tempo que uma MU privada estava se tornando a maior do país, MU essa ligada ao então presidente (ex-membro do ARENA que é considerado um traidor por eles). O AC anunciou para a tropa a mudança, que daquele momento em diante não teríamos mais o apoio do Estado. A quantia que tinha sido investida no EB do momento que o repasse parou e a determinação não havia acontecido foi cobrada e a resposta foi: "Nenhum centavo saíra dos cofres do governo, vocês colocaram dinheiro porque quiseram, ninguém mandou, se quiseram restituição que seja feita pelo EB, a dívida é do EB e não do governo, vocês que estão gerindo, se virem". A indignação dentro do EB foi muito grande, várias soluções foram propostas, dissolver tudo, pagar a quem devia e devolver o resto para o Estado, (sim havia muito mais patrimônio do que a dívida), mas isso acabaria com a instituição mais antiga do país, quase todos foram contra, então o que poderia ser feito?
O EB se reestruturou, soldados trabalhavam com salário menor, doavam matéria prima de armas (eu mesmo criei várias indústrias de raw para isso), doávamos food (eu sempre tive produção de food as doava para quem precisava) e o EB se tornou viável.
Fomos esquecidos por um tempo nem a cadeira no AC o governo indicava, ninguém falava no EB, até que um presidente se lembrou de nós e deu um "ultimato" ridículo, bravatas, ameaças para prestação de contas num espaço ínfimo de tempo, no começo se argumentou que todos tinham vida RL, que não era assim, o idiota do presidente aumentou o tom das ameaças e foi decidido ignora-lo, não se responderia nada a ele, os governos que se seguiram novamente ignoraram o EB, os poucos que não o fizeram "abriram uma cruzada" contra a instituição.

Deixei o EB faz muito tempo, eu era Tenente Coronel, patente obtida por tudo que fiz pelo EB, em sua época mais difícil, o novo AC me rebaixou novamente para Cabo, ignorando tudo que fiz e por que, com isso deixei o EB. Não tenho motivos para proteger aqueles que me rebaixaram, pelo contrário, mas não concordar com eles, nisso e em muitas coisas não muda a verdade.

- O EB foi ignorado, depois abandonado a própria sorte pelo Estado, o Estado mandou o EB se gerir sozinho, não disse as condições, não estabeleceu regras, não pediu contrapartidas, lavou as mãos.
- Os membros se viraram, se organizaram se doaram e doaram seu patrimônio para manter a instituição, não para o Estado, já que o Governo desvinculou o EB ao Estado.
- Havia uma dívida do Estado com membros do EB, o patrimônio era maior do que a dívida, agora eu pergunto:
- Tantos anos depois como calcular essa dívida com o AC, como calcular o que cada membro doou?
- De quem é a culpa dessa confusão, do AC, do EB ou do presidente, Estado, que fez algo sem pensar, calcular, definir as regras?