Leituras Rápidas: As Crônicas de um qualquer IV - Expansões, Explicações, os Oprimidos e os quaisquer

Day 2,972, 08:19 Published in Brazil Brazil by Cellor

Há vezes em que você planeja uma coisa, e, no fim, sai outra. E, se há males que vêm para bem, também há bens que vêm para o mal. O fato é que há coisas sobre as quais não se tem nem deve ter controle. Seria injusto, incerto e inseguro. Mas vou divagando. Ontem, inaugurei a sessão de análises econômicas do jornal. Não se tratou de um passo pensado ou calculado. Eu nem tinha certeza se continuaria ou não com a seção hoje. Mas, provou-se ser muito bem sucedida em chamar a atenção, e muito bem sucedida em fazer uma análise sobre uma realidade econômica. Que não é de amplo conhecimento, ou não seria uma realidade. O fato é que grandes problemas do eRepublik são causados por uma espécie de derrotismo. Uma visão (ou falta dela) semi-Durkheimiana que escraviza a pessoa ao que a sociedade faz.
Isso, para não dizer nunca, em nenhum caso que posso puxar pela memória, resultou em algo comum. E, quando digo isso, não estou tentando me transformar na espinha dorsal de um argumento de autoridade. Um Poodle tem mais autoridade que eu, dependendo do que se chama de autoridade. É quase perguntando, você acha que eu devo repensar minhas análises? Você sabe de algum caso? Eu posso descobrir o segredo da nossa humanidade, posso provar a existência da alma, e, no fim, terei tanta certeza de estar certo quanto um agnóstico está certo da existência de Deus. E, antes de entrar sutilmente no significado de agnóstico e sua diferença para o ateu, para alguns, parar um texto só para explicar uma parte de seu conteúdo é subestimar o leitor. Não acho. Na verdade, é o exato contrário. É acreditar que o leitor terá a capacidade de, discordando ou não, ver o que você viu. E dizer que ele não tem a obrigação de saber, mas que, como autor, se tem a obrigação de contar o que sabe. Agora, voltando, ateu é, fundamentalmente um crente. Tanto quanto o fiel da Universal, ou o soldado do Estado Islâmico. O que muda é a crença. Tanto o fiel da Universal e o soldado do Estado Islâmico são crentes que Deus existe, ainda que divergem nas outras crenças. O Ateu crê que Deus não existe. Já o agnóstico é o único que não crê. Ele não é (necessariamente) cético, mas está em dúvida. A dúvida é o que preenche o lugar onde outros têm crenças.
Mas, chegando ao ponto em que isso se torna relevante, pelo menos para mim, o fato de eu não saber ou saber não me faz destoar. No fim, sou um qualquer não pejorativamente. Como um Islâmico radical, um Judeu ortodoxo e um Cristão radical, tem em comum entre si e com um islâmico moderado, um judeu liberal e um cristão liberal o fato de crerem, eu tenho em comum com todos e, por que não, tudo, o fato de existir. Pois até o que não existe, existe se houver um jeito de se referir a ele. Mesmo que o jeito seja "o que não existe". E, enquanto eu me deslumbro em ser parte disso, creio que há pessoas vendo o que vejo e se sentindo derrotadas. "Sou um qualquer".
Quando uma pessoa se sente derrotada, essa é a raiz da conformação, e a conformação é a raiz do Fato Social. Da sociedade definindo o indivíduo. Mas, no fim, "Somos quaisquer". E isso nos dá força. Isso nos dá poder de mudar a realidade. Nos dá o poder de, eventualmente, ser "o" qualquer. E nisso está a nossa opção. Nosso poder. Não deixaremos de ser definidos pela sociedade. Não enquanto formos como somos. É como um pedaço de nossa humanidade. Mas podemos influenciar a sociedade. Essa é a crença fundamental do pensamento Weberiano. E essa é a chave para as mudanças.