A Crise Económica

Day 833, 07:09 Published in Portugal Portugal by Partizanne

Nas últimas semanas temos assistido nos media internacionais a um ruído de fundo, razoavelmente baixo, mas persistente, e a uma viragem da atenção mediática para os problemas económicos globais, esta discussão é, pelo menos para mim que não falo Húngaro nem Russo e abomino o Google Translator, mais visível nos media eAmericanos, ou do eUK.

O que se passa neste momento?

Há uma acumulação de produtos a nível mundial, principalmente Armas. Esta acumulação contínua tem provocado quebras de preços a nível global, e consequentemente, quebra geral dos salários, principalmente nos níveis baixos e médios de skill.
Os lucros dos produtores de armas caíram a pique e já há países em que toda a produção é feita deficitariamente, ou seja, com prejuízo para os produtores, que apesar do prejuízo continuam a laborar.
Existem neste momento, no World Stock 130.000 Armas Q5 e 1.206.000 Armas Q1, com os números a crescer diariamente, com importantes acumulações de stocks noutros produtos, como o Iron, os Tickets Q1, mas também, embora num processo mais lento, no último produto que deveria ser afectado, a Comida, que por ser indispensável devia ser mais resistente a uma quebra de consumo.

Porque é que isto acontece?

As causas são muitas, mas há três absolutamente fundamentais e que têm que ser postas à luz do dia:

- Overproduction - a expansão contínua da capacidade produtiva dos trabalhadores não acompanha o crescimento do consumo, um trabalhador, continuará eternamente a ver aumentar a sua capacidade de produzir, todos os dias, sem ver aumentar a sua necessidade de consumir mais produtos manufacturados.

- Lana e MPP's - a Lana come ouro. Come a uma velocidade incrível. Tem destruído os tesouros nacionais de vários países e vai continuar a destruir. O aumento do preço dos MPP's tem tido um efeito semelhante. Mas o grande problema é a nível dos cidadãos individuais, que retraem o consumo de forma a acumular e conservar o seu gold para treinar via Lana. A retracção do consumo, e as limitações que os países tiveram que assumir à capacidade de atacar regiões ou declarar guerras (a escassez de gold obriga a que qualquer iniciativa militar seja pensada a médio prazo, com preparação de reservas de gold atempadamente), provocaram uma crise de consumo, que já não consegue responder, de todo, ao crescimento da capacidade produtiva.

- Crise de Investimento - a longa espera pela V2 criou uma crise de investimento, enquanto não se souber o que vai de facto acontecer, ninguém vai fazer investimentos de monta no sector empresarial, os grandes (e piquenos e médios) empresários estão a acumular o pouco gold que conseguem das suas actuais vendas, a reduzir as suas operações, e a esperar pacientemente pela saída da V2 ou pelo menos, de informação sobre o que de facto vai ser a V2 em termos de estrutura produtiva. Logo, não reaplicam os seus lucros, o gold do sector privado está parado.

Mas a V2 vai resolver tudo não vai?

Sim e não. Ou melhor, depende.
Os novos produtos vão criar duas semanas de paraíso comercial, toda a gente vai querer comprar um Helicóptero, e experimentar com as food-packages, mas a médio prazo podemos ficar na mesma, sabemos que a Lana vai continuar, e que vai haver também formas de conseguir Happyness via gold.
Mesmo que a V2 traga uma solução para os problemas de sobreprodução (com a profunda diversificação das profissões, principalmente na manufactura), e que elimine as casas eternas, e que force a compra de comida de qualidades mais elevadas, com o fim das Hospital-Fights, o problema da drenagem de gold do sistema vai persistir.

E como é que esta crise afecta ePortugal?

Com quebras salariais, quebras de vendas, redução das margens de lucro, viragem mais rápida para o black-market, e principalmente, com a quebra, lenta mas importante, das receitas fiscais do estado.
Aquele que é provavelmente o sector mais liberalizado da Economia em ePortugal, o das Armas Q1, e que emprega uma fatia importantíssima da população, está a ver preços absurdamente baixos, e a provocar uma lenta descida salarial, à medida que os empresários tentam sobreviver mantendo as empresas a laborar. A médio prazo esta acção artificial vai levar ao fecho temporário de boa parte destas empresas, e à colocação no mercado de trabalho dos respectivos trabalhadores. Há limites para a capacidade de absorção de trabalhadores por parte do nosso mercado, e esses limites estão a tornar-se a cada dia que passa mais reais.

E o que é que se pode fazer?

O Erepublik é um jogo extremamente limitado na capacidade de intervenção estatal na Economia.
Não podemos fazer uma nova ponte sobre o Tejo, ou um TGV de forma a injectar dinheiro na economia real, nem podemos sobreinvestir estatalmente mandando o prejuízo para o déficit do estado.
Mas há medidas a tomar, e que não deviam ser adiadas até à saída da V2.
A primeira passa por aliviar a carga fiscal na importação de raws, não com uma redução para o mínimo possível, mas com uma redução parcial, para os 2-3%, aliviando o peso sobre os empresários de manufactura.
A segunda passa por uma maior intervenção estatal no mercado de emprego, com uma limpeza geral das orgPT e contratação de efectivos que de facto trabalhem e de facto tenham uma wellness elevada, com empresas sempre a trabalhar ao máximo de trabalhadores, isto acompanhado com uma colocação inteligente dos trabalhadores nas várias empresas, quem tem skill 10 não deve trabalhar numa empresa de Armas Q1.
No fundo, e em última análise, cabe ao estado numa fase de contracção do consumo, e consequente, crise económica, injectar dinheiro na economia.

O que é que se devia fazer?

A distinção não é óbvia, mas eu explico, estamos, por escolha de todos os ePortugueses, integrados num sistema de produção capitalista, e portanto sujeitos às vicissitudes do mesmo, daí a distinção entre o que se pode, e o que se deveria, fazer.
O que se deveria fazer era projectar desde já a criação de sistemas cooperativos de produção, com a intervenção gestora do estado, eliminando o factor monetário da equação, doação directa de produtos, com equivalência à capacidade produtiva apresentada. Um esforço gestor tremendo, sem dúvida, mas uma forma muito mais estável de produção e de consumo, e um muito maior respeito pelo Trabalho.
A médio-longo prazo será a única forma de manter qualquer tipo de estabilidade económica, com ou sem V2, porque as pressões sobre a Economia, suspeito, vão manter-se as mesmas.

Despeço-me,
Com amizade,

Partizanne