Democracia: Direitos e Deveres vs Obrigações
General Destroyer
“Democracy is the worst form of government except all those other forms that have been tried from time to time.”
Winston Churchill
Caros portugueses,
Como muitos estarão recordados, há dias o Alvaro Cunhal publicou um artigo intitulado [Portugal Unido - Artigo Nº105] - União Nacional e a Democracia (disponível em http://www.erepublik.com/en/article/-portugal-unido-artigo-n-ordm-105-uni-atilde-o-nacional-e-a-democracia-2240667/1/20), onde discorre sobre o que ele considera que cada um de nós, portugueses, pode fazer para tornar melhor a nossa comunidade.
A determinada altura, partindo da questão “Então o que podemos melhorar a partir de hoje?”, o Alvaro Cunhal elenca uma série de obrigações que, na sua opinião, cada português tem de assumir se pretender melhorar a comunidade e a democracia portuguesa.
Como expliquei ao Álvaro Cunhal nos comentários, no meu entender uma boa Democracia não pode, nem deve, obrigar ninguém a nada. Pelo que a argumentação que ele apresenta no artigo não passa de pura demagogia e apenas pode contribuir para uma comunidade ainda mais fragmentada e uma democracia mais enfraquecida.
Apesar de ter elencado diversos argumentos para o que, na minha opinião, cada um pode fazer para melhorar a democracia portuguesa e promover a tão necessária união nacional, o Álvaro insiste nos argumentos, sublinhando mesmo este ponto: “Digo obrigar, porque é isso mesmo que o povo e militantes devem fazer, não o topo a obrigar a base, mas a base a obrigar o topo”.
Posto isto, e porque o tema é demasiado sério para continuar a ser debatido em comentários a comentários, decidi passar para artigo algumas das minhas opiniões sobre o tema em questão.
««Democracia: Direitos e Deveres»»
Do grego demokratía, democracia resume-se, em termos simples, ao Governo do Povo. Ou seja, na teoria, os destinos de cada nação estão sempre nas mãos do povo.
Claro que qualquer País seria ingovernável se todos os cidadãos tivessem o direito a decidir qual o rumo que, na sua opinião, o País deve seguir. Foi por isso que passaram a ser eleitos representantes do Povo, criando-se assim a democracia representativa. Onde os cidadãos eleitos em representação do povo, dos seus concidadãos, têm o dever de cumprir os programas de governança apresentados aquando das eleições.
Principais Direitos na Democracia eRepublikana
No eRepublik o conceito de Democracia é mais restrito do que na Vida Real, desde logo porque, convém nunca esquecer, este é um jogo. Existem direitos consagrados, por exemplo, na Constituição da República Portuguesa que não têm qualquer aplicabilidade no eRepublik. Como, por exemplo, o direito à vida.
Assim, e no meu entender, a nível político, entre os principais direitos na democracia do eRepublik temos os seguintes pontos:
- Direito a participar na vida política do seu país;
- Direito a eleger e ser eleito para os diversos cargos políticos do seu país (partidos políticos, congresso e Presidência da República);
- Direito a não integrar qualquer partido político ou sequer a votar nas diversas eleições existentes no jogo;
- Direito à expressão da sua própria opinião sobre o rumo do país, independentemente de participar activamente ou não na vida política do país;
- Direito à crítica aos governos, congressos e partidos políticos, independentemente da (não) filiação partidária.
Por muito que custe a alguns, cada jogador tem o DIREITO de não querer participar na vida partidária do seu país. No entanto, e ao contrário do que muitos desejam, isso não lhe retira o direito a expressar a sua opinião sobre o rumo que o país segue.
É que ao contrário do que muitos gostam de dizer, a expressão “Se não concordas candida-te [à liderança do país, ao congresso, à liderança do partido]” não tem qualquer sentido. Um jogador pode ter ideias válidas e não querer ser Presidente da República, congressista ou líder do Partido A, B ou C. O que não impede que a sua ideia possa ser posta em prática por outros membros da comunidade.
Principais Deveres na Democracia eRepublikana
Ao nível dos deveres, na vertente política, eles podem resumir-se de forma simples no:
- Dever de participar activamente nas decisões fundamentais do país, seja através do voto, seja através da expressão de ideias, divulgação de projectos, etc.;
- Dever de participar na escolha dos lideres do País, quer ao nível do congresso, quer ao nível da Presidência da República;
- Dever de apresentar alternativas viáveis de governação quando apresenta críticas às estratégias políticas seguidas por Governo e Congresso;
- Dever de exigir aos representantes do Povo o cumprimento integral dos programas apresentados a votação;
- Dever de exigir aos representantes do Povo a explicação de toda e qualquer medida que interfira de forma decisiva na vida do país e dos cidadãos.
É claro que outros deveres e direitos podiam ser aqui elencados, mas, na minha modesta opinião, estes serão os mais importantes a nível político. E aqueles que, sendo cumpridos, podem contribuir para uma melhoria da comunidade e para um reforço da tão necessária União Nacional.
««Direitos e Deveres vs Obrigações»»
Numa democracia livre cada cidadão está abrangido por todos estes direitos e deveres e deve zelar pelo seu cumprimento. Contudo, ao contrário do que alguns parecem desejar, o cidadão não está obrigado ao cumprimento dos seus deveres.
A beleza e mais-valia de uma democracia, por contraposição com outros regimentos políticos, é que cada cidadão deve empenhar-se no cumprimento dos seus deveres e no zelo pelo cumprimento dos seus direitos. Mas não pode, nem deve, ser obrigado ao que quer que seja. Sob pena de condenarmos este regime a uma qualquer transmutação que fará com que deixe de ser um governo do povo para passar a ser um governo de qualquer outra coisa que será tudo menos livre.
Debrucemo-nos sobre um ponto apenas: Como se sentiriam muitos de vós se, por exemplo, fossem obrigados a votar?
Na Antiga Grécia, e ainda em alguns países na actualidade, os cidadãos são obrigados a votar para toda e qualquer eleição, devendo apresentar justificação para não o fazerem. Em muitos destes casos, quando os cidadãos não exercem o seu voto e não apresentam qualquer justificação para tal acto podem ser sujeitos a uma pena de multa. Em muitos deles, se o voto não for exercido em várias eleições consecutivas, podem perder o seu direito de voto.
Imaginem, transpondo isso para o eRepublik, que os jogadores passavam a ser obrigados a votar sob pena de, não o fazendo, perderem, por exemplo, pontos de experiência ou serem multados com perda de gold. Ou, quando a falta se verificasse por várias eleições consecutivas, que o cidadão deixava, por exemplo, de poder combater durante um determinado período de tempo.
Como reagiriam se estas alterações fossem impostos pelos administradores?
É por isso, e pela radicalização de discurso, que o recurso do Álvaro Cunhal aos sucessivos “obrigar”, no artigo já citado, me faz imensa confusão que o Álvaro se socorra deste recurso linguístico para fazer passar as suas ideias.
Numa democracia livre, no meu entender, a evolução faz-se pelo confronto de ideias, pelo debate aberto e livre, e não pela imposição da teoria A ou B ou pela imposição da obrigação C ou D.
Só assim, creio, se poderá contribuir para um crescimento do país, da comunidade e da sua união.
Até breve.
Um abraço,
Bitorino
~~~~~~ COMENTEM/VOTEM/DIVULGUEM ~~~~~~
Democracia: Direitos e Deveres vs Obrigações
http://tinyurl.com/DtosDeveresObrigacoes
Ler também:
[Bitorino] Como podes ajudar o teu país? - Parte I/III http://tinyurl.com/ajudarpais01
[Bitorino] Como podes ajudar o teu país? - Parte II/III http://tinyurl.com/ajudarpais02
[Bitorino] Como podes ajudar o teu país? - Parte III/III http://tinyurl.com/ajudarpais03
Comments
Apoiado!!!!
Votado.
Em vez de obrigar, podemos incentivar.
A responsabilidade, a atividade partidária, o voto, a discussão.
Shouted
votado.
Pena que os teus artigos não tenham o mesmo impacto por estares fora do país...
PretenderHT só não têm pelos ranks. Quem vê os shouts, tanto vê sendo publicado na Argentina, como sendo publicado em Portugal 😉
falta o smile
Mas chega a menos gente...
Eu tenho o jornal subscrito, por isso chega cá sempre 😃
[removed]
Votado amigo!! Muy buen artículo!!
Votado
votado y suscripto hace rato amigo buen articulo!
te espero en el mio
Hago banners marcos retratos etc para los diarios
Sorteo de 2 gold para todos! y Frases Ilustradas como ``Me Toman para la joda http://bit.ly/10JgPig
votado
votado
" - Direito à expressão da sua própria opinião sobre o rumo do país, independentemente de participar activamente ou não na vida política do país;" Mas eu ao criar o artigo fiz isto mesmo.
Além de que não achei nada normal o PCP apoiar o candidato que apoiou de forma não democrática e está espelhado isso no artigo sem dizer nomes.
O problema, já tentei explicar várias vezes, mas tu ainda não percebeste isso, é que não podes resolver uma falha como essa "criando" a norma de obrigar toda a gente a tudo e mais alguma coisa. Porque, aí, estás a cair no mesmo erro.
Por isso te disse que o teu artigo era demagógico. É fácil dizer "temos de obrigar os partidos a fazer isto ou aquilo". Cai bem na maioria de uma opinião pública pouco exigente. Mais complicado é apresentar alternativas viáveis e admissíveis.
Bitorino é lógico que eu não vou obrigar ninguém.
Era bom sim, que os jogadores obriguem o topo como expliquei lá.
Estão lá as alternativas a não voltar a acontecer o que já foi feito.
Tira o Obrigar e mete lá Exortar, Motivar, Incitar e acho que serei gajo para até votar o artigo.
Obrigar não. Porque não podes - melhor, não deves - obrigar ninguém a nada. Se queres mudar alguma coisa deves procurar fazê-lo pela via do diálogo, pela promoção do debate, pela exortação à análise continuada dos vários temas em cima da mesa.
Obrigar os líderes partidários, os militantes, os congressistas ou quem quer que seja não.
Sobre a questão dos deveres da eRepublika e da República, não quero predujicar ninguem mas não tenho
- o dever de participar activamente nas decisões fundamentais do país
- nem o dever de participar na escolha dos lideres
- nem o dever de apresentar alternativas viáveis de governação
- nem o dever de exigir aos representantes do Povo o cumprimento integral dos programas
- nem o dever de exigir aos representantes do Povo a explicação de toda e qualquer medida que interfira de forma decisiva na vida do país.
Ou seja, quer política, económica e (desde os putos de '86)militarmente tenho o direito, mas não tenho o dever de nada, permanecendo assim resguardado o meu direito individual.
Ao usar ou não usar esse direito é que retiro as devidas consequências
perjudicar
pedrujicar
porra vocês percebem
Embora perceba o teu ponto de vista, e concorde que estes deveres podem também facilmente ser transformados em direitos, entendo que se pretendes ter uma democracia participativa - como o Alvaro defende no artigo dele - tens os deveres que elenco no artigo.
Para participar em algo, obviamente, deve-se participar.
Também discordo na menção de que um país governado pelos seus cidadãos (democracia directa) seja ingovernável. Não só discordo como sou opositor ávido da chamada "democracia representativa"
Os deveres do cidadão, são apenas isso, deveres. O não cumprimento de "deveres" não sendo contra a lei (e não existe modulo jurídico no eRep, apenas algumas leis que os moderadores impõem mas que estão fora do âmbito dos deveres mencionados no artigo) apenas impactam a reputação do cidadão, não têm outras penalizações.
No entanto, continuo a pensar que reputação tem o seu impacto na vivência como jogador. Por exemplo se te emprestarem gold e não o devolveres ficas com a reputação de não pagares dívidas e dificilmente alguem te emprestará no futuro. Mas as regras do jogo não te obrigam a devolver o Gold.
Mas este é um caso muito preto e branco. Quando se começa a falar de situações cuja aplicação é mais discutível, para não pegar no artigo do Álvaro, peguemos na questão das cidadanias, o que é dever ou não do cidadão torna-se mais complexo e o impacto na reputação também.
Em Portugal existe um conjunto de regras para congressistas concederem cidadanias. As regras estão escritas, mas será que toda a comunidade as aceita ? em caso de incumprimento toda a comunidade condena ?
Existem sociedades que estão culturalmente mais focalizadas em regras, por exemplo a Alemã. Existem sociedades que preferem organizar-se à volta de principios e julgam cada situação à luz desses principios. Existem outras que preferem conviver com uma ambiguidade elevada que promove a flexibilidade mas não a consistência.
Pessoalmente seria bom que chegassemos a acordo no que respeita a principios de actuação para a nossa comunidade. Que procurarmos estabelecer regras de conduta creio que perderemos muito tempo e nunca chegaremos a acordo.