War

Day 2,596, 02:47 Published in Portugal Portugal by John Bokinski

Ontem (hoje quando escrevi isto) faz 6 anos da minha data de registo no jogo.

Conforme já comentei em outros artigos eu nunca vi o Erepublik como um jogo de guerra, mas como um jogo em que a guerra entre países sempre foi um dos seus traços mais relevantes. O jogo teve como bases fundamentais os 4 papéis principais que um cidadão pode ter: político, militar, económico e “informativo” e sempre achei que para o jogo valer a pena devíamos aproveitar, sempre que possível, esses papéis e não restringir a nossa acção apenas a um deles.

Creio que quem joga isto assume uma de duas posturas perante o cidadão que cria. Ou deixa que o cidadão reflita em substância muitas das que são as suas características pessoais (obviamente hiperbolizadas pelo facto de viver num mundo virtual) ou cria uma personagem que pode ser bastante diferente da pessoa real, e procura manter-se “in caracter” enquanto joga o jogo.

A larga maioria da nossa comunidade está mais próxima da primeira, do que da segunda, e é por isso que, os jogadores que assumem a segunda postura muitas vezes parecem extra-terrestres e provocam irritação nos primeiros. Provocar irritação em outros faz parte da motivação para o jogo deste tipo de jogadores, mas a intensidade de quem fica irritado também aumenta e consequentemente também permite um aumento da motivação. Sejamos claros, cada um joga isto porque nos dá algum prazer mas temos de compreender que as fontes de motivação são diferentes e aquilo que é motivante para mim pode não ser motivante para o parceiro do lado.

Outra regra que me parece aplicável é a seguinte: quão mais diversas são as fontes de motivação, mais diferentes serão as opiniões e isso tende a levar à desmobilização, o que numa comunidade pequena como a nossa é complicado de gerir porque ficamos com pouca massa crítica para fazer o que quer que seja.

Vou comentar um pouco a situação actual. Durante muito tempo, viveu-se em Portugal a ideia que a motivação da comunidade dependia da guerra. Sem guerra em que Portugal participasse na primeira pessoa, então não havia divertimento. Hoje, vivemos numa situação em que a parte da comunidade que sempre se sentiu motivada para essa guerra se encontra desiludida com a outra parte da comunidade, para a qual, a guerra não é tão importante assim, e luta por Portugal, tal como lutaria por outro aliado. Obviamente que existe também a questão de quem paga o tanking, e existem jogadores que darão muito tanking se forem financiados e lutam muito menos se não forem financiados. Mas a questão é que cada um joga como quer, não esperem que um jogador que não gasta dinheiro no jogo, passe a gastar dinheiro, só porque abriu uma guerra com Espanha.

O binómio, motivação e gasto de recursos esteve sempre ligado, e quem está motivado para algo obviamente gasta muito mais. Por isso, quem gasta mais recursos varia, de acordo com a motivação, mas existem alguns que gastam muito mais recursos que outros. E temos de reconhecer que a posição de Portugal no esquema geo-político actual muito se deve a estes jogadores. Mas existem outros caminhos a seguir que também permitem colocar Portugal numa posição interessante, com menor gasto de recursos, mas esses caminhos obrigam a uma posição diplomática mais cuidadosa e menor envolvimento em guerras.

Resumindo, existem jogadores que se sentem pouco motivados em embarcar numa guerra sem provocação, porque naturalmente se sentem tão motivados a lutar pelos seus aliados como por Portugal e que teriam um comportamento muito mais activo caso tivesse sido Espanha a atacar e não Portugal. Esses jogadores fazem uma gestão cuidadosa dos seus recursos e sabem que o momento em que realmente descarregam tudo sobre o adversário tem de ser especial, porque os recursos que estão a gastar hoje levaram 12 meses a armazenar.

Mas estes jogadores também têm de perceber que existem jogadores que necessitam de guerra mais frequente com o envolvimento de Portugal e que se esses jogadores não forem apoiados é natural que desmotivem e possamos perder elementos que são importantes na defesa da nossa comunidade.

O que vos peço é que compreendam que existem grupos que têm motivações diferentes e se não tivermos consciência dessas diferenças podemos entrar em disputas pouco produtivas. Existem acções que unem a comunidade, como é a situação de quando Espanha nos ataca, mas estas situações não dependem de nós. E sermos atacados depois de um ataque nosso, é diferente de sermos atacados.

No passado, cheguei a defender que os diversos grupos procurassem áreas centrais de acordo de forma a fomentar mais união entre a comunidade, mas hoje reconheço que será sempre difícil encontrar esses pontos comuns em todos os momentos. Haverá momentos em que uma larga maioria concorda, e momentos em que é difícil encontrar esse acordo. Mas devemos compreender, e respeitar que existindo motivações diferentes, devemos saber aceitar que há fases mais apelativas para alguns grupos da comunidade e fases mais apelativas para outros.

Finalmente, existem aqueles jogadores que a motivação é sempre procurar tirar benefícios políticos de todas as situações. Estes jogadores, são aqueles que acredito jogarem a isto como personagens, não com a sua personalidade de vida real. A escolha de dar resposta ou não ao seu comportamento depende um pouco do que a restante comunidade quiser fazer. Já sabemos que se não lhes ligarmos e se os deixarmos a falar apenas para os novos jogadores o seu comportamento ou extingue-se ou torna-se mais radical para provocar alguma reação. O problema para este grupo de jogadores é que os comportamentos mais radicais não são sustentáveis. Um novato que jogue o jogo mais dentro da sua personalidade (como a larga maioria joga) só aceita determinada retórica, quando existem algumas provas de ser aderente à realidade. Quando a retórica é disparatada os novatos cansam-se e acabam por entrar em contacto com o resto da comunidade.

Estes jogadores sentem-se particularmente motivados quando existe discórdia (mais do que ganhar eleições), especialmente se provocada por eles. É uma forma de jogar, mas normalmente provoca alguns danos colaterais na comunidade nomeadamente obriga outros grupos a manterem-se relativamente coesos, mesmo que tenham algumas ideias bastante diferentes.