Sobre um pacto

Day 1,948, 04:00 Published in Portugal Portugal by John Bokinski

Em primeiro lugar gostaria de salientar que li o pacto aceite pelo governo de Portugal muito na vertical, penso que apanhei as principais condições mas não li em detalhe. Por outro lado sei que já muitos escreveram sobre este pacto, na generalidade não li o que escreveram, não por falta de interesse, mas por falta de tempo. No entanto a reflexão que gostaria de fazer prende-se pouco com detalhes e mais com tendências, espero não repetir muito a argumentação dos vários jogadores que já falaram deste assunto.

As alternativas

Seria interessante fazer uma resenha das alternativas que Portugal teve nos últimos 8 meses, dos caminhos que decidiu seguir e das implicações dessas decisões. Não vou fazer, tomaria muito tempo e temo que não acrescentaria na prática muito, excepto dar a conhecer aos jogadores mais novos os princípios que nortearam a nossa comunidade e o que nos levou à actual situação.

Se olharmos para o presente existiam basicamente 3 caminhos que poderíamos seguir:

1 – Neutralidade com apoio aos aliados tradicionais (EDEN, ex-EDEN e ex-Terra)

Era o caminho que tínhamos seguido até agora. A neutralidade permite-nos analisar as tendências do que se passa à nossa volta sem nos enfiarmos num caminho que nos possamos arrepender, mas para um país pequeno como Portugal, com vizinhos poderosos à nossa volta, não é a neutralidade que nos permitiria recuperar territórios. Esta estratégia era temporária, uma caminho que acabava num beco sem saída e que sabíamos quando chegássemos à parede teríamos de esperar até que um novo caminho.

2 – Aproximação à aliança CoT ou a uma aliança mais pequena como a CUA ou a Asgard

Este era o caminho que eu considerava mais perigoso para Portugal.
Neste momento a EDEN está em desintegração. É certo que devido à dispersão de dano entre a TwO e a CoT na Rússia, alguns países EDEN tiveram sucesso militar nas últimas semanas, mas esses países sabem que é passageiro. Tudo voltará ao normal logo que a questão Russa chegue ao fim. Os maiores países da EDEN sabem disso e actualmente já é claro que existem intensas negociações entre a TwO, e a CoT e esses países para reforçarem as suas alianças. É igualmente claro que a TwO tem uma vantagem brutal sobre a CoT nestas negociações, porque actualmente não tem uma única luta encarniçada com países EDEN/ex-EDEN enquanto a CoT tem pelo menos 3 (Chile vs Argentina; Macedónia vs Grécia e Bulgária vs Turquia). Sabendo que a Roménia tem os seus assuntos pacificados com a TwO, é claro que este bloco de países pode entrar na TwO directamente, e um mundo com este bloco de países entrem, ou mesmo apenas se alinhem com TwO será um mundo ainda mais desequilibrado do que o actual.

Uma aproximação de Portugal à CoT, mesmo que o Brasil e os USA se alinhassem nessa aliança, seria, na minha opinião, assegurar a manutenção de um wipe prolongado, enquanto a TwO ia invadindo países CoT. A CoT durante meses foi o instrumento da TwO para mover guerra à EDEN e ao não ter sido capaz de criar uma verdadeira independência da TwO no momento certo (à cerca de 3 meses atrás), colocou-se numa posição de submissão perante a TwO que provavelmente irá prejudicar os seus membros com ligações mais fracas à TwO, nomeadamente os USA, e eventualmente os países asiáticos. Portugal nesta CoT (se não lhe fosse barrada a entrada) continuaria a ser saco de pancada da Espanha, não existe qualquer hipótese de a CoT fazer frente à TwO mesmo que tivesse vontade disso.

A integração numa aliança mais pequena era menos perigoso para Portugal mas não traria resultados práticos, excepto fomentar a nossa aproximação a esses países. Não existem condições para a CUA se aproximar demasiado da TwO, neste momento, mas logo que as hostilidades entre a TwO e a CoT se tornassem óbvias, este seria um bloco naturalmente a aproximar-se da TwO, integrande a aliança ou como satélite, umas vez que as suas guerras são com a CoT. De qualquer das formas, isto não aconteceria nos próximos meses, teríamos de negociar à mesma com Espanha, e não creio que o nosso poder de negociação subisse muito.

Podemos sempre imaginar cenários que do ponto de vista emocional gostaríamos mais, como por exemplo, uma reunião de novo, de um bloco de países EDEN/ex-EDEN + Brasil e USA. Isto traria um maior equilíbrio ao mundo, eventualmente não suficiente para recuperarmos os nossos territórios mas equilibrado o suficiente para as guerras serem interessantes. Mas, na minha opinião, o timing para este cenário era depois da CTRL desaparecer. Nesse momento o Brasil e os USA tinham poder negocial para criar uma aliança própria com os países ex-Terra e EDEN da Europa ocidental e Asia aliada a uma EDEN dos Balcãs. Um bloco equilibrado para enfrentar a CoT/TwO. Mas o Brasil e os USA escolheram destruir a EDEN, e os países centrais da EDEN não esquecem isso, pelo que recriar esse bloco nos dias de hoje não é possível, esses países escolherão a TwO e não aqueles que sentem que os traíram.

Que fique claro que nenhum destes cenários nos dava reais garantias que fosse possível recuperar territórios de Portugal com base na força das armas. Nas suas diversas variantes, temos cenários de wipe continuado por nos vermos, de novo, no bloco mais fraco e cenários de negociação com Espanha, na minha opinião, com poder de negociação pouco alterado.

3 – NAP com Espanha

Este era o cenário, mais óbvio, que foi perseguido por vários CP’s portugueses e que esbarrava sempre, não na ideia, mas no facto de não haver apoio popular de condições aceitáveis por ambas as partes. Havia o risco grande para Portugal de entrarmos em guerra civil se aceitássemos as condições propostas pelos espanhóis e perdermos o enfoque.
Era um caminho penoso e humilhante, que os espanhóis poderiam facilitar, mas só se tivesses interesse nisso.

Caminho seguido

O actual governo decidiu seguir o caminho 3. Foi negociado um acordo, que de uma perspectiva emocional é bastante mau. É humilhante não só porque aceitamos a completa derrota, mas também subordinamos a nossa política externa aos humores espanhóis. É um acordo de quem queria assinar um acordo a qualquer custo para provocar alguma mudança.

Mas francamente, Portugal já passou a fase em que pode olhar para as coisas só numa perspectiva emocional, e passado vários dias de assinatura deste acordo, a sensação de enxovalho vai sendo menos dolorosa e temos de avaliar que oportunidades é ameaças este cenário nos trás.

A ameaça que vejo mais clara é a da fractura da nossa comunidade. Se cairmos num ciclo de acusação e contra-acusação sobre o que foi acordado e vantagens do acordo em si, acho que estamos a perder tempo. Na minha opinião temos de assumir que este acordo foi assinado por um governo português democraticamente eleito e concordemos ou não com ele, é uma posição oficial.

Apesar de ser uma opinião oficial, o compromisso não é superior a 1 mês, por isso, um novo governo tem a oportunidade de renegociá-lo ou cancelá-lo. Existem penalidades para isso, mas desafio os novos governos a avaliar as posições estratégicas em que se encontra e como a sua posição pode evoluir.

O factor, na minha opinião mais penalizador do acordo é obviamente a obrigação de Portugal assinar mpp’s com Espanha e países TwO/ACT e o facto de novos mpp’s terem de ser discutidos com Espanha. É isto que no acordo que me choca e onde o governo cedeu para além do que estava no seu programa de governo, mas estou certo que esta foi uma área em que a Espanha foi irredutível na negociação e que de alguma forma demonstra os objectivos dos Espanhóis (falarei disso de seguida).

No entanto, o acordo não nos obriga a lutar por Espanha, apenas nos impede (como país) de lutar contra eles. As acções das forças não governamentais, é sabido pelos Espanhóis, que o estado não pode controlar. E apenas as FAP estarão obrigadas a não lutar contra a TwO/ACT.

Esta posição não nos obriga a lutar por Espanha, essa medida só será imposta se o governo desejar, e entretanto, temos um período de tempo em que podemos manter uma certa neutralidade “bélica” à espera de ver como o mundo evolui e numa posição económica mais vantajoso se mantivermos o Congresso. Numa perspectiva formal até poderemos continuar a ajudar os nossos aliados tradicionais, com a excepção dos que estão sob o controlo da TwO. Sobretudo estamos a falar do Canadá. Outros como a França e a Holanda, já hoje têm acordos com a TwO. Claramente lutar contra a CoT não está “off limits”.

Adicionalmente, muito dos nossos aliados mais próximos (eventualmente CUA incluída) poderão se aproximar da TwO. Neste cenário alguém vai continuar a querer lutar contra Espanha ? Sim, porque existem jogadores que entraram neste jogo porque querem lutar sempre contra Espanha, mas não creio que essa fosse a opinião da maioria da comunidade.

Muito realisticamente, apesar de este acordo ser criado para fomentar condições para nos aproximar-nos de Espanha, não somos forçados a faze-lo, e se isso vier a acontecer, é porque queremos escolher o lado mais forte num conflito desequilibrado. O custo de quebrarmos este acordo não é 500k, é perdermos acesso aos fundos que termos congresso nos permite ter.

Eu estou neste jogo há muito tempo e não gosto de grande parte da comunidade espanhola. Nunca serei o melhor amigo deles, mas não acho impossível ser aliado numa situação que estrategicamente nos seja claramente favorável e não constitua uma traição aos nossos aliados mais próximos. Isto não invalida que se me pedissem para lutar por eles, eu neste momento preferia sair das FAP a lutar por eles.

A perspectiva espanhola

Acho que existem vários pontos deste acordo que me parecem interessantes e revelador da perspectiva espanhola. O primeiro é que obriga Portugal a medidas super-protectoras em relação à TwO/ACT e não exige nada em relação à CoT.

Esta visão já tinha sido clara, quando na entrevista de encerramento de mandato, o ex-CP espanhol apontou como uma das suas medidas mais fortes no mandato anterior o ter recusado um NAP com Portugal uma vez que havia o risco de Portugal entrar na CoT.

Resumindo, Espanha sabe que nesta fase do campeonato, não tem nada a temer numa perspectiva bélica de Portugal, mas não tem qualquer interesse que Portugal se junte à CoT. Portugal é um dos primeiros países ex-EDEN que a TwO faz uma jogada agressiva de assegurar que não caminha para a CoT, e poderá ser um sinal das próximas movimentações entre alianças, sobretudo numa fase pós invasão da China.

Penso que será claro para a Espanha que este acordo é algo que terão dificuldade de manter a médio prazo. Portugal não é a Venezuela, que foi salva por Espanha do controlo Português. Portugal foi invadido por Espanha e obrigado a ceder territórios sob a ameaça de colapso financeiro. Portugal nunca estará satisfeito até ter todas as suas regiões, e se os Espanhóis tentarem manter a relação de amo e vassalo, Portugal estará sempre à espera da primeira oportunidade de saltar para o outro lado da barricada e lutar pelo que é seu.

Espanha sabe que se quer manter o Norte sobre controlo com custos baixos, precisa de manter uma posição geoestratégica dominante, ou criar condições para que Portugal se torne um aliado, e nunca será com base em numa relação de domínio, que Portugal verdadeiramente se tornará aliado de Espanha.

Se pensarmos em Portugal vs Venezuela acho que poderemos encontrar uma situação semelhante. Enquanto a situação geoestratégica nos favoreceu, o nosso domínio individual face à Venezuela permitiu dominarmos o país, se tivéssemos nesse momento procurado um acordo razoável com eles, poderíamos ter colhido benefícios, a partir do momento em que quisemos manter a posição totalmente dominante, bastaria a situação geoestratégica mudar, para que perdermos esses benefícios. Quando tentámos mudar de atitude era tarde demais.

Se Espanha mantiver uma relação de amo/vassalo para com Portugal, não tenho dúvidas que voltaremos aos campos de batalha, é só esperarmos que existam condições estratégicas minimamente aceitáveis.

Se Espanha tiver como objectivo caminharmos para uma relação mais igualitária, caberá à nossa comunidade decidir se a aliança com Espanha não faz sentido.

A Comunidade portuguesa

Creio que estamos numa fase crucial da nossa história. Existem profundas divisões sob os caminhos a seguir, e se quisermos passar meses a lutar por ir numa direcção ou na oposta temos muito a perder. Podemos ficar numa situação semelhante ao Brasil.

É altura da comunidade conversar e chegar a consensos do que é negociável e do que não é negociável. Quer ao nível das principais figuras políticas, quer ao nível das lideranças de MU’s. tenho consciência que não é possível um consenso total e que inclua todos, mas temos de lutar por sermos o mais abrangentes possível.

Continua a ser importante reforçarmos a nossa comunidade e a nossa força militar. É verdade que actualmente o “pitch” não pode ser, junta-te a nós e vem bater nos Espanhóis, mas provavelmente o nosso poder militar vai ter mais influência no nosso poder negocial nos próximos meses, do que teve nos meses passados.

Não somos os maiores, mas se caminharmos caminhos separados, seremos muito pequenos

União é fundamental.