QUASE UM MÊS #12

Day 2,103, 21:49 Published in Brazil Brazil by Gustavo Brandao

Desde a ocupação colombiana no dia 2078 do novo mundo, ando escondido pelas ruas de Recife, e hoje, mais do que nos outros dias meu coração sangrou.é assim que está nosso país
Andando pela antiga Rua do Príncipe, vejo tropas de ocupação na patrulha, os cidadãos brasileiros se espremem contra a parede para deixar a calçada livre para os soldados da Colômbia, um senhor continua seu caminho pela calçada e é jogado contra a parede, leva um tapa no rosto e ouve dos invasores “viejo tonto, usted sabe que tiene que salir del camino de colombianos, se apoyan en la pared y permanecer mudo y la cabeza inclinada en señal de respeto, el miedo y la sumisión” o senhor obedece, e fica encostado na parede, cabeça baixa e em silêncio, meu coração sangra vendo essa cena, os soldados se afastam rindo, olho para o senhor de cabeça baixa que leva as mãos espalmadas ao rosto, e sai andando de cabeça ainda baixa.
Continuo meu caminho até a avenida que era chamada de Conde da Boa Vista, hoje “Av. Sinón Bolívar”, quase não a reconheço, faixas nas cores da Colombia estão por toda a parte, quase não há pessoas nas ruas, as lojas quase que na totalidade fechadas, em cada esquina um veículo militar com seus soldados colombianos fumando e bebendo, um rapaz passa com seu passo apertado e é abordado pelas forças de ocupação, com um empurrão é jogado na parede, e lhe é exigido o documento, uma carteira de identificação colombiana que está registrado; condición: colonizado,
junta de cadastramento de colonizados
Após verificar a documentação o soldado manda o rapaz mostrar a carteira, o rapaz cai no erro de perguntar por quê? Imediatamente leva um tapa no rosto, e outro e é jogado de frente para o muro, sua carteira e arrancada do seu bolso, o soldado a revista e encontra a identidade brasileira, mostra aos outros soldados, segura o rapaz pelo queixo e o vira novamente com a frente para ele, bate várias vezes a identidade no rosto do rapaz, o outro soldado acerta um golpe de cacetete na parte de trás de suas pernas o que o leva ao chão, “de quatro”, “isso, é assim que tens que ficar, como estão, de joelho de quatro perante a gloriosa Colombia” o depois de chutar o rapaz o soldado o levante pela nuca, pega um isqueiro em seu bolso e novamente bate com a identidade brasileira no rosto do rapaz, mandando-o queima-la, o rapaz olha para os lados, como esperando ajuda, leva mais um tapa no rosto e obedece, quando a identidade termina de queimar o rapaz é liberado, mas ao se virar recebe um chute na bunda, e os soldados ficam rindo. O rapaz senta-se na parada de ônibus, cotovelo apoiado nas pernas, mãos espalmadas no rosto, me parece estar chorando, vou me aproximando, e como se uma força nutrida por orgulho, raiva, indignação, patriotismo e tudo mais que poderia anima-lo parece percorrer seu corpo, ele levanta a cabeça cheio de orgulho e força, mas avista a bandeira colombiana tremulando nos mastros, em todos eles, e volta a sua posição inicial, de vergonha. Chego perto do rapaz que me olha e diz “Conde? Por que as tropas brasileiras não vem nos libertar? Por que lutam na África, lutam pelos aliados, e nos esquecem aqui? Eu sei que riquezas e recursos são importantes, mas e o orgulho do nosso povo? Não importa quantas colônias temos pelo mundo, nós estamos colonizados, aonde está o C.A.T., os Spartanos, a Supremacía Brasileira, TROLLS, F.O.D.A.C.E, FAB e todos os outros, para conseguir condecoração de MU, se organizam, e para nos libertar, por quê não?”.
Eu não soube responder só disse, “eles virão, não há mal que dure para sempre, e nosso Pavilhão Nacional voltará a tremular e “verás que um filho teu não foge a luta” e “nem teme quem te adora a própria morte” e lembrarão que fazemos parte desta “Pátria amada BRASIL”


PS: Enquanto o Jornal ainda era rodado, uma nova guerra de resistência foi iniciada, e mais uma vez as tropas não vieram.