Aconteceu naquela noite

Day 825, 18:19 Published in Brazil North Macedonia by goLdeNReborn

Estava frio, uma leve garoa caindo molhava a tropa escondida na mata e aumentava o desconforto causado pelo uniforme polonês.
Estava fria a noite do inverno francês, mesmo assim o soldado tinha suor nas mãos.
Quase 24 horas de espera, ansiedade, nervosismo, cansaço, fome, raiva.
Sentia tudo isso, mas não sentia temor algum.

T-40, faltam 40 minutos para o final, suas ordens eram para lutar em T-5, mal podia esperar.
As mãos acariciaram levemente o velho fuzil, mantido limpo e lubrificado. Sempre pronto para o combate seu fuzil era parte de seu corpo, jamais havia falhado.

Ao longe o muro, 35 k. Fácil de derrubar. As vezes um anjo da guarda sérvio lançava um ataque, em seguida um paraquedista espanhol respondia e emparelhava o dano.

T-35, leva a mão ao coturno e apalpa a faca de combate tomada de um coronel polonês na batalha pelo norte do Brasil. Não gostava de baionetas, preferia as facas para o corpo-a-corpo.

O tempo não passa, cada segundo é uma eternidade.
Ele precisa manter-se atento, focado.
A luta começa em T-5, precisa ser rápida, objetiva, nenhum tiro pode ser desperdiçado.
Aproveita para cantarolar uma canção, canção de guerreiros que aprendera com seu avô, soldado experimentado nas batalhas e revoluções do século passado.

‘Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra’

T-30, Suriat sussurra – “...vejam, tanques americanos, malditos tanques americanos.”

O soldado levanta um pouco a cabeça para olhar a infantaria dos Estados Unidos atacando o muro.

O muro levanta.40 k, 50 k, 60 k, 70 k ... e pára em T-20.

Um silêncio momentâneo toma conta da madrugada em Auvergne.

A tropa se entreolha e todos sabem qual é a pergunta. “Será que conseguiremos descer este muro ?”

Esta batalha é de responsabilidade do Brasil e da Argentina.

Foram abertas 13 guerras de resistência contra a polônia, cada uma tinha seus responsáveis. Hungria, Rússia, Indonésia, Turquia, Sérvia, etc...

Auvergne era da América do Sul, era do Brasil e da Argentina.

Nenhum tanque da Phoenix além de brasileiros e argentinos viria ajudar, todos tinham seus próprios problemas.

Alguém murmura : “Será que vai dar?” “Vale a pena tentar aqui ou vamos ajudar em outra RW?”

A voz forte do comandante brunno decide o assunto : “Silêncio, nossa batalha é aqui, nossa responsabilidade é em Auvergne”

Depois do breve momento de dúvida a tropa se cala e concentra novamente na missão.

O soldado segue cantarolando baixinho.

‘Que entre nós, reviva Atenas
para assombro dos tiranos
Sejamos gregos na glória
e na virtude, romanos’

T-15, algumas explosões no muro, mais anjos da guarda da Sérvia e combatentes nativos atacam o muro.

O tanque jankems responde, não deixa o muro descer. Ele é muito forte, 600 de dano em cada golpe.

O soldado espia o combate, ao lado de jankems ele vê Lucius Varenus, outro monstro inimigo. E tinha mais, Goldfinger, scrabman...

T-10, o soldado pergunta baixinho ao colega Reshev : “E os Argentinos ? aonde estão”

Reshev responde “Sei lá, não vi nenhum ainda.”

Jazar sussurra rosnando “Argentina ataca em T-7 e fiquem quietos, se nos descobrirem aqui podem chamar mais tanques e a missão ficará comprometida”

O soldado prossegue a canção mentalmente, mandaram ficar quieto, ele ia obedecer.

‘Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo’

T-7, está chegando a hora.

Os argentinos começam o ataque furiosamente, disparam tudo o que tem.

Os defensores parecem surpresos, disparam rajadas a esmo e o muro cai um pouco.

Tanques canadenses aparecem para ajudar a defender o muro, o combate é renhido.

O soldado não agüenta mais esperar, checa a munição, 42 cartuchos cuidadosamente guardados nos carregadores.

As espoletas pintadas com esmalte de unha para proteger da umidade, na ponta do fuzil uma camisinha transparente para proteger contra a chuva, barro e doenças sexualmente transmissíveis.

Ensinamento também recebido do avô, o velho guerreiro sabia de tudo.

2 minutos.

2 minutos que parecem 2 anos, a mente do soldado fervilha de pensamentos, lembrava dos 3 ataques covardes contra a região Norte do Brasil.

A Amazônia não foi brasileira por quase 24 horas.

24 longas horas.

Lembrava do frio que passou nos Andes peruanos para onde viajara para lutar em uma guerra de resistência como esta em Auvergne.

Lembrava dos aliados da Phoenix que viajaram para aquele fim de mundo para ajudar o Brasil e expulsar os invasores polacos.

Lembrava do Turcos, que mesmo perdendo sua capital naquele mesmo dia, mandaram tanques para ajudar.

Lembrava dos Húngaros, Russos, Argentinos, Sérvios, Búlgaros, Alemães, Slovenos e tantos outros que ajudaram a recuperar a querida e brasileira Amazônia antes que os polacos pudessem dar o golpe de misericórdia.

Seus pensamentos são interrompidos bruscamente pelo som de aviões.

Olhou para cima e pode vislumbrar na escuridão a silhueta dos transportes da FAB de onde caem fileiras e mais fileiras de paraquedistas.

T-5, Um grito corta o silêncio da madrugada em Auvergne, finalmente fora dada a ordem :

“ATACAR” bradava o comandante brunno. Os outros comandantes faziam côro e bradavam à toda força, “ATACAR, ATACAR, USEM TUDO, DERRUBEM O MURO”

O soldado salta de sua trincheira como se tivesse uma mola nas pernas, corre para uma posição favorável, encosta-se em um carvalho enorme de onde pode ver o campo de batalha.

O muro ainda resiste, 42k. Não há tempo para temer, não há tempo para hesitar. Ele levanta a alça de mira, encosta a culatra no ombro, dorme um pouco na pontaria e aperta o gatilho.

A fuzilaria é imensa, o barulho é ensurdecedor. Nuvens de paraquedistas em queda livre disparando seus fuzis contra o inimigo antes mesmo de abrir os pára-quedas.

Apesar do ruído intenso, o soldado pode ouvir um grito de guerra vindos dos céus : “Yakecan”, reconheceu a voz do amigo Buontunio do VI Pelotão de PQD´s.

Sim, o trovão rugiu em Auvergne.

Mais uma rajada, mais uma, mais uma. O cano do fuzil incandescente cuspia fogo com vontade. Não conseguia ver o muro, não sabia como estava a situação. Apenas trocava o carregador, mirava e apertava o gatilho.

À sua direita Darkvenom lançava granadas, à esquerda Olorum descarregava uma ponto.cinquenta contra o inimigo.

De repente uma explosão à sua frente, o clarão e o calor e a dor lancinante no braço direito.

Caiu encostado ao carvalho que lhe servia de apoio.

Havia sido atingido por estilhaços de um morteiro inimigo.

Tinha um corte na testa, o sangue escorria e dificultava sua visão.

Não podia mais ver direito o muro por causa do sangue, da poeira e da fumaça do combate.

T-2, restava um carregador com seis cartuchos. Juntou o fuzil com a mão esquerda, conseguiu colocar a última carga.

Levantou o fuzil como pode, com apenas uma mão apontou para onde achava que o muro estava e apertou o gatilho uma última vez.

T-0, não tinha mais nada.Sua wellness estava em 26. Nem quando era novato tinha ficado com uma wellness tão baixa.

Não podia ver direito mas vislumbrou Marco Pólo correndo atrás do inimigo com um facão enquanto gritava enlouquecido “loland cannot into space”.

Deve ter perdido a razão o coitado.

Silêncio.

Nenhum som além do barulho longínquo das lagartas dos tanques inimigos se afastando.

O que teria acontecido ? Não podia ver o muro, será que tinham conseguido?

E então um grito, “GANHAMOS !”, bradava Cavalcanti. “GANHAMOS !” repetiam brunno, jazar, Andman, macroma, Wellington, Mônica d´Arc, Kylyx, Flausino, Dinossauro, Henrique Andrade, Matheus Bauer, Fernando Sucre e todos os outros parceiros de luta.

“Ganhamos ?” Pensou o soldado. “Se ganhamos então a França existe de novo. Se ganhamos a missão foi um sucesso”

E uma sensação incrível de dever cumprido inundou sua alma.

Se morresse ali encostado no carvalho, morreria na França liberta.

Olhou no horizonte e viu o sol nascendo, iluminando solo francês.

Lembrou do começo da marselhesa : “Vamos infantes da pátria, o dia de glória chegou”

O soldado viu o sol nascer em um dia de glória.

A última coisa que lembra foi de uma enfermeira francesa correndo ao seu encontro.

Ela era linda, cabelos negros, olhos azuis e lábios carnudos e vermelhos.

Em seu uniforme estava bordado seu nome, “Desirée”, desejada.

Ela se curvou suavemente sobre ele e, antes de lhe dar um beijo, sussurrou-lhe ao ouvido enquanto depositava uma medalha em seu peito, “Vencemos, a França existe de novo. E você é nosso herói.”






Nuno Gomez
Marechal-de-Campo
VI Pelotão de Fuzileiros - Malditos
Exército Brasileiro
Herói da batalha de Auvergne


Novatos sejam bem vindos ao eRepublik.

Este é o melhor jogo de interação social que existe.

Aqui temos estratégia de guerra, política, economia e muito mais.

Trabalhe e treine todos os dias.

Aliste-se no exército.

Antes de lutar leia as ordens do Ministério da Defesa e obedeça.

Lute com armas e durma sempre com a saúde perto de 100%.