Carta aos Produtores Nacionais

Day 3,520, 12:24 Published in Brazil Norway by Ashavard


“[...] da åpnet seg mine åndelige øyne på vid vegg,
og det første jeg fikk syn på,
det var autoritetenes umåtelige dumhet”.
– En folkefiende, av Henrik Ibsen.



“[...] então abri bem meus olhos espirituais,
e a primeira coisa que eles puderam contemplar
foi a imensa estupidez das autoridades”.
– O inimigo do povo, de Henrik Ibsen.






Não é adequado vagar por caminhos curvos ao tratar de temas econômicos. Cada segundo –ou, conforme o mais afeito ao caso, clique – é elementar para tomar decisões em relação aos negócios que nutrem a eNação. Por isso, sejamos objetivos: o governo ditatorial, não apenas satisfeito em arruinar o módulo político, parece querer também a derrocada econômica do eBrasil.

Já ontem entrou em vigor a nova lei sobre imposto de trabalho, aumentando a taxa anterior estipulada em 1% para 2%, um aumento substancial de 100%. O imposto era de 2% antes da invasão portuguesa, porém isso é irrelevante para o bem-estar do ePaís, como veremos abaixo.


O referido imposto é descontado, por exemplo, quando você, caro eCidadão, realiza a opção “trabalhar como gerente” em suas fábricas. Como todos recebem, gratuitamente, fábricas desde o primeiro dia de jogo, então é um assunto de importância a tocar cada um, sem exceção.

Antes da vigência da nova lei, trabalhar como gerente, por cada fábrica, implicava no pagamento obrigatório de cerca de 2 BRLs, motivado pela invasão portuguesa, para evitar que os conquistadores tomassem maior vantagem sobre nossa coleta de impostos. Hoje, a quantia sobe ao montante de 4 BRLs por fábrica. Porém, impostos de trabalho baixos não apenas interessam em caso de conflitos bélicos.

Tome-se em consideração o válido exemplo de uma fábrica de alimentos q1 (que é recebida gratuitamente por cada jogador), cuja produção alcança, aproximadamente, 110 unidades de alimentos q1 por dia/fábrica. O valor médio de mercado da unidade de alimento q1 é 0,25 BRL, de forma que a produção total diária de uma dessas fábricas será vendida por 27,5 BRLs, dos quais serão deduzidos 4 BRLs do novo imposto, sobrando 23,5 BRLs.

Mas, é claro: para produzir certos alimentos, tal como na vida real, é preciso dispor dos ingredientes de sua composição e fabricação. Por isso o jogo entrega a cada novato 3 campos de produção de matéria-prima alimentícia, cada um produzindo cerca de 40 unidades RAW (o número de material eleva-se se comprados outros campos, a outros preços). Cada unidade RAW equivale, ao menos da indústria de alimentos, a 1 produto final. Ou seja, para produzir as 110 unidades de alimentos, é necessário o trabalho dos 3 campos de produção RAW, com o excedente de 10 materiais RAW.

Porém, como sua inteligência corretamente antecipou, caro leitor, para trabalhar em cada campo RAW é preciso também pagar o imposto de trabalho de 4 BRLs. Logo, trabalhar nos três campos renderá uma dívida de 12 BRLs, a qual não consegue ser mitigada suficientemente caso a RAW seja adquirida através do mercado pelo preço médio de 0,09 BRLs. Assim, o lucro de 23,5 BRLs reduz-se a 11,5 BRLs. Um golpe no bolso do pequeno e médio produtor. E, principalmente, a retirada dos poucos recursos e oportunidades que os novatos possuem.

Obviamente, os grandes produtores, pequeno grupo do qual os governantes fazem parte, têm capital suficiente para evadir-se dos efeitos da desastrosa medida tributária.

Alia-se a esse quadro de má administração governamental dos negócios econômicos brasileiros a taxa de importação, a qual, em todos os casos, é de 1%.

Não requer muito esforço intelectual para perceber o resultado desses dois fatores combinados: a entrega dos mercados brasileiros aos produtores internacionais e o desestímulo do crescimento nacional! Apesar das modestas porcentagens, os efeitos do aumento do imposto sobre o trabalho e da quase inexistente tributação sobre produtos importados são estruturais e serão sentidos a longo prazo, da pior maneira.

Não é por acaso que está é a visão que temos da nossa praça comercial já começa a revelar o desastre de tais medidas, com o total desequilíbrio da balança econômica brasileira:




Em contraste a isso estão várias nações européias, a exemplo da Polônia, que elevou seu imposto sobre importação das mercadorias mais comuns (alimentos e armas e suas respectivas unidades RAW) a 99%, protegendo e favorecendo seu mercado interno e "compensando" a taxa de 2% sobre trabalho. O exemplo contrário é seguido por muitas eNações da América Latina. Um quadro bastante ilustrativo para compreender seus respectivos papéis de conquistadores e conquistados.

Apesar deste jornal ser mais inclinado a posturas econômicas liberais, é preciso reconhecer as diferenças entre a aplicação dos princípios econômicos na vida real e no eRepublik: aqui, grande parte dos custos de produção é tabelado, a exemplo do upgrade da qualidade das fábricas (com exceção dos eventos extraordinários, como é o caso das promoções), não importa o quanto você invista, de modo que não é sempre saudável ao mercado adotar posturas de extrema competição e abertura comercial. Nesse caso, é de se pensar, primeiro, em uma ideologia econômica desenvolvimentista, voltada ao crescimento nacional e realizando medidas para que os eCidadãos, principalmente os novatos, multipliquem a produção nacional e abasteçam os mercados.

Em vez disso, o atual governo está mais preocupado em encher os bolsos. Para quais fins? Os mais obscuros, já que sequer prestam contas aos eCidadãos. É um genuíno escândalo de proporções nacionais. Um ato de traição contra o próprio povo. O que resta ao produtor fazer? Resistir! Através da voz, da luta e do boicote.







Atenciosamente aos caríssimos leitores,

Ereschkigal.