[BS] 10 anos de um mesmo ciclo

Day 3,619, 07:15 Published in Brazil Brazil by Dio Vigon



Olá, pessoal!

Já se vão longos meses sem a minha presença diária neste jogo, período esse que, acreditem, se fez bastante útil. Depois de 7 exaustivos anos de muito esforço em prol do eBrasil, depois de tantas glórias alcançadas em todos os continentes do Novo Mundo, o jogo que prendera minha atenção por tanto tempo já não era (é) mais o mesmo e, apesar do vício, optei por assumir que a diversão já não existia.

Hoje é provável que muitos não me conheçam. Se perguntarem por mim, alguns certamente dirão que fui importante e contarão certos feitos, registrados e eternizados na história do país, outros dirão que sou o diabo encarnado e contarão fábulas, transmitidas de noob para noob ao longo dos anos. De qualquer forma, estou seguro de que contribuí de forma positiva com o país, algo que nem mesmo o esquecimento ou o revisionismo podem reverter. Porém, isso não importa no momento, graças à Dio.

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10 ANOS DE UM MESMO CICLO

Muito em breve, o eRepublik completará 10 anos de existência. Hoje são pouquíssimos os remanescentes dos tempos gloriosos dessa simulação política e militar, pouquíssimos os que aguentaram impassíveis aos mandos e desmandos de uma empresa que soube transformar seu jogo em algo rentável, mas às custas da desvirtuação de vários aspectos agradáveis do mesmo.

As grandes lendas do passado deram passagem aos heróis dos novos tempos, acostumados e adaptados às mudanças constantes do jogo, resignados por aquilo que ficou para trás. Hoje os expoentes militares e políticos são outros, as composições políticas são outras e até as pretensões dos jogadores são outras. Mudanças naturais, revolucionárias, mas ainda assim presas à essência do eRepublik: simular o relacionamento entre indivíduos, usando como pano de fundo uma dinâmica política e militar (não me atrevo a dizer econômica também, já que esse módulo sofreu eutanásia ainda em 2011 e nunca mais ressuscitou).

Curioso, porém, que mesmo com tantas mudanças ao longo desses 10 anos (7 dos quais acompanhei de perto), o eRepublik continua repetindo de forma exaustiva o mesmo ciclo.

Assim como na vida real, esta simulação também faz com que os indivíduos se dividam entre dois polos ideológicos que, na prática, não possuem grandes diferenças. Certamente, alguns dirão que existem profundas diferenças entre o grupo político A e o grupo político B, dirão que os princípios são distintos, que a visão de jogo é diferente, mas não são. O modo como se enxerga o jogo pode alterar nossos pontos de vista, mas não alteram o jogo em si.

Esse, inclusive, foi e continua sendo o erro de muitos jogadores, que ansiosos por crescer e fazer algo por si ou pelo país, não conseguem enxergar todos os quadrantes do tabuleiro e, pior que isso, não conseguem perceber suas próprias limitações. Assim como no xadrez, o bispo deve entender, desde o início, que só anda na diagonal, a torre em linhas retas e o rei de um em um. Muitos foram aqueles que falharam ou se arruinaram tentando mover-se de forma não natural. Em especial, aqueles que almejaram ser rei (presidente) sem ter noção plena das limitações e dos riscos envolvidos em ser essa peça central.

A única diferença entre o eRepublik e o xadrez, é que aqui não existe xeque-mate. Não foram poucas as vezes em que maus jogadores (tanto no aspecto administrativo, quanto no aspecto moral) estiveram a frente das decisões e isso refletiu diretamente no destino do país, mas sem jamais fazê-lo sucumbir por completo.

O ciclo é sempre o mesmo há 10 anos e continuará sendo, enquanto o eRepublik permanecer disponível na nossa barra de navegador: jogadores e partidos nascem, almejam, crescem, vencem, perdem, sofrem, brigam, somem. A única coisa indubitavelmente permanente neste jogo é o nosso país. Nesses 10 anos, já passou-se metade desse tempo em uma guerra ideológica sem fim, que já demonstrou na prática não ter qualquer relevância positiva para os resultados obtidos pelo Brasil. Pelo contrário, nossa nação continua caminhando rumo às cinzas, em uma grande pira que, mesmo inconscientemente, é alimentada e nutrida por aqueles que afirmam defender o país.

Depois de tanto tempo nesta brincadeira, já posso me considerar um velho. E como tal, prefiro apenas observar a repetição de velhos costumes pelas mãos dos jovens, que acreditam piamente poderem alterar as coisas.

Tenham certeza que todos passarão por esse mesmo ciclo e verão, daqui muito tempo, que se não é possível mudar as coisas permanentemente, pelo menos é indispensável enxergar todo o tabuleiro. O desgaste é menor, eu garanto.


Um abraço,
Dio Vigon,
a ovelha negra do eBrasil.

in omnia paratus