Apenas um ato

Day 3,773, 22:17 Published in Brazil Brazil by King Stefano o Padre
Um ato pode mudar todo o rumo

Ninguém nasce racista, nenhum bebê abre os olhos e é um suprematista branco, nenhuma criança nasce com identidade étnica, é preciso ensinar alguém a ser preconceituoso através de um currículo formal direto ou do exemplo direto. Para formar um cafajeste eu preciso do exemplo de outros, para formar um mal motorista, eu preciso que na cadeirinha o filho veja o pai ultrapassar o sinal vermelho. E desde a cadeirinha ele vai absorvendo por osmose esse modelo, ele vai esquecer tudo que aprendeu na escola, mas infelizmente esse exemplo prático e diário ele não esquecerá nunca. 

Isso é cultural e é transmitido cada vez mais imperceptível através das gerações, um exemplo disso é que: Certa vez, hospedado em um hotel no Rio Grande do Norte, quando presenciei uma cena, comum, mas não gostaria que a fosse. Mas ainda comum, e que muitas das vezes passam desapercebido. No hotel, perto a Orla, estava eu sentado quando entra um rapaz, com certa idade branco e bem trajado, o que ele deixou mais claro mais tarde, ser filhos de imigrantes alemães. Quando o homem que estava na portaria começou a falar com ele em inglês. 

O Porteiro diz: “Hi” no qual o homem retorna “Hi”. O porteiro educadamente pergunta: “Where are you from?” No qual o suposto estrangeiro responde “São Paulo. Do you know?”, era um professor da Unicamp, descendente de imigrantes alemães e brasileiro. Atrás dele havia um Senhor negro, ao qual o porteiro ainda educadamente diz: “O Senhor espera um pouquinho que eu já vou atende-lo”, o senhor negro era americano e não falava português, logo não compreendeu um só fonema que aquele porteiro disse.

Esse julgamento pela melanina é uma tradição de 388 anos no Brasil, é uma tradição forte e sólida, é uma tradição difícil. E é preciso que todos nós estejamos atentos a esses pequenos discursos camuflados e escondidos. Outros tipos de preconceitos ainda mais antigo que este e contundente e ainda mais forte, a misoginia – a desconfiança da capacidade feminina. Cem anos de pensamento feminista é preciso combater cinco mil anos de história, esse é o preconceito, talvez, mais tradicional.

A minha esperança final é que, se eu formei um preconceituoso eu posso “disforma-lo”, se eu ensinei uma pessoa a ser preconceituosa eu posso “desensinar”. Por que este é um aprendizado e ele é artificial, não é biológico não é natural. Pois como disse no início desse artigo, ninguém nasce preconceituoso, haja vista que o racismo não é apenas um crime, é uma ofensa ética, um sinal claro de limitação intelectual. É o maior atestado que se passa de não possui inteligência, pois defende-la é defender uma ideia que não tem nenhuma base.
Tanto no jogo quanto na RL não seja limitado intelectualmente.
Um bom jogo a todos


soul