Futuro dos Jornais e eJornais (Missão Jornalista 3/3)
Hediondu
Boas,
Enquanto que no eBrasil, ou mesmo aqui, em tempos, se discute, ou se discutiu, uma forma de se criar um sistema de pagamento por votos para que um determinado jornal fique no top5, e assim, mais pessoas o possam ler, assistimos, de forma mais frequente, um generalizado abandono desta forma de comunicação.
É curioso pensar que em tempos, o jornal escrito era a principal fonte de informação, onde esta era escrutinada e pensada, se podia e pode ler diversas opiniões de pessoas importantes, nos mais variantes domínios.
Mas o preocupante não é apenas aqui, no mundo do erepublik, mas também por se verificar na RL onde existe uma queda acentuada nas publicações escritas, estando algumas, como o Diário Económico (que também tem um canal) em dificuldades económicas. Noutros, como o JN e o DN ou mesmo o Publico, não fosse o capital injetado pelas suas holdings (Capital angolano no Grupo Media e a SONAE) estes títulos, alguns com quase 150 anos (DN) estaria em risco.
Depois temos os casos bizarros do Correio da Manhã, que se materializa num canal bizarro que é a CMTV, que segue o modelo britânico do "drama, o horror", o que vende!
E por fim, o caso do Observador, jornal online, que segue uma linha, assumida, de direita, distorcendo assim, algumas das notícias que dali advêm e o seu público alvo.
E já agora, o que pensas do jornal? Haverá futuro? Ou está condenado à evolução natural?
Comments
No caso do grupo DN/JN (O Jogo, TSF e outros) o capital angolano, tem-se provado, é insuficiente para colmatar as despesas. Basta ver que as sedes dos dois títulos (Av. da Liberdade no caso do DN, Gonçalo Cristóvão no caso do JN) foram vendidas para serem transformadas em hotéis (de luxo no caso do DN).
Além disso, esta estrutura está ainda a sofrer as consequências das reduções de custos com pessoal efectuadas em 2009 e 2014 cujo payback, acredito nem sequer será alcançado um dia sem recurso a receitas extraordinárias, isto é, venda do elevado património que o grupo detém.
No caso do Público a situação apenas não atingiu ainda os contornos do sucedido no DN/JN, porque os trabalhadores têm sido sujeitos a reduções salariais, além de várias rescisões ocorridas em 2012 e 2015.
As causas desta perda de leitores são várias e precisaria de uma eternidade para as explicar detalhadamente. Mas, desde logo, passa, no caso do grupo Controlinveste, pela uniformização de conteúdos em áreas chave como a Economia e o Desporto. Isto conduziu a uma duplicação de conteúdos nos títulos do grupo que levam, obviamente a uma perda de leitores por canibalização de espaços mediáticos (um leitor não compra dois jornais se o conteúdo principal for o mesmo). A isto junta-se a descaracterização ocorrida no DN entre 2004 e 2014 e a verificada no JN sobretudo desde 2010, com a tentativa, primeiro, de virar este jornal a Sul e, depois, competir directamente com o CM.
Há várias outras explicações, mas não vou gastar muito mais tempo a explicá-lo até porque isto é um jogo e não a RL 😉
Já se confirmou a venda do edificio histórico do DN? Falava-se, mas tinha a ideia que não passava disso, uma eventualidade...
E já agora, adoro o DN... Sempre que posso compro para o ler. Antes era o Publico, mas desde que passou para o formato caixinha em 2003 ou 2004, já não é a mesma coisa...
Estão ambas concretizadas desde meados de 2015, embora não seja assumido publicamente a venda do JN. Há dias o próprio DN noticiava a sua saída da Av. da Liberdade para dar lugar ao hotel de luxo.
acho que o edificio vai ser renovado mas a fachada com as letras do JN vão la ficar
"As causas desta perda de leitores são várias e precisaria de uma eternidade para as explicar detalhadamente"
Temos tempo compadre
Parece que sim mas o facto é que o Bitorino não está para grandes conversas
pronto, feito.
[removed]
o observador tem o capital muito disperso mas é sobretudo portugues (embora que algum seja de empresarios portugueses radicados noutros países) e a sua fonte de receita de publicidade é de instituições financeiras.
penso que se o jornal crescer em page views pode-se tornar auto sustentável a longo prazo
Eu acho que a internet é o substituto natural do jornal, hoje em dia é muito mais prático e barato ler na internet do que em papel. Sem falar que ha uma certa desconfiança por parte do publico em relação aos meios mais tradicionais, por achar que estes podem estar a mentir (para um ou outro lado), portanto blogs independentes soa mais bem vistos hoje em dia
A melhor das leituras é a Ata Final do Congresso de Viena, no seu Artº 105.
😉
Congresso de Viena 1815*
Só por causa das tretas não vou procurar
Defende a inclusão de Olivença de acordo com o Tratado de Utrecht
Vindo deste begueiro só podia ser Olivença :v
😛
Numa época de "fast-life" achas mesmo que o jornalismo *generalizado*, em papel, vai subsistir? Duvido muito. Os jornais internacionais que conseguem fazê-lo têm conteúdo especializado. Só isso justifica o investimento de tempo e dinheiro do leitor, dados os conteúdos de acesso público on-line.
a crise do jornalismo é uma realidade. e com ela a crise de qualquer democracia que quiser ser digna de tal nome. cada vez mais, o poder mede-se apenas a partir da quantidade de dígitos existentes em cada conta bancária. tal e como se mede o poder neste moribundo jogo.
A emissão online da RTP3 é a minha unica fonte de notícias. Como tem um layout responsive posso colocar o browser num quadradinho enquanto jogo Civ 5 ou Mount & Blade e o programa "O último apaga a luz" é um petisco. Não tem conteúdo relevante mas o lulz abunda http://prntscr.com/afb4dv
A esse nível, de sites responsives, o do Observador está muito bom também. É claro que não funciona para o que tu queres pois não podes jogar e ler ao mesmo tempo.
Para ler compro o jornal
Votado
Eu cada vez mais leio online, mas se tiver um jornal fisico dá-me sempre algum prazer folheá-lo.
Apesar de que o jornalismo online tende a ser muito básico e frequentemente com erros, dada a velocidade de notícias que têm que apresentar... Muitas cópias ou traduções de artigos estrangeiros online que muitas vezes são até mal traduzidos...
E a explicação é simples: não há tempo para cruzamento de fontes e análise cuidada. é preciso dar rapidamente antes que sejam outros a dar. São milhares de pageviews, partilhas, clicks e linkagens que se perdem.
Infelizmente o jornalismo de investigação deixou de ter o patrocínio das direções e dos editores dos jornais. Hoje em dia é tudo para consumo imediato. Não existe o investigar e procurar a melhor história. Basta encontrar um título bombástico.
é uma boa parte do problema.
Creio sinceramente e com imensa pena que o Jornalismo independente,critico,não manipulado será cada vez mais uma excepção.O Capital sabe que para triunfar precisa de manipular a opinião e criar um mundo de ilusões que as pessoas julguem real. A RL é cada vez mais uma ilusão feita á medida daqueles que querem que aceitemos o Inaceitável
Volto ao tema, em resposta ao Jules...
Ao contrário da mensagem que tem sido passada, o que está a matar o jornalismo impresso não é a internet, tal como a televisão não matou a rádio. Trata-se, essencialmente, da capacidade de adaptação ao mercado e às novas realidades.
O problema é antigo e grande parte dele remonta aos inícios deste século quando foi permitida a fusão num mesmo grupo de comunicação social de dois títulos de grande peso: o DN e o JN. Aquela que poderia ser uma estratégia interessante, acabou por se revelar um erro tremendo e as posteriores alterações legislativas que foram sendo aprovadas (à medida das empresas proprietárias de OCS) contribuíram decisivamente para o afundar do fosso.
Desde logo, a junção dos títulos no mesmo grupo contribuiu para o esmagar das receitas publicitárias. Fazendo vendas em bloco, DN e JN conseguiam baixar preços de anúncios e publicidades, seguindo a lógica do "se comprares dez oferecemos-te 1". Isto levou a que outros OCS tivessem de baixar os seus preços para poderem competir contra este "monstro". Durante muitos anos apenas o Expresso e o Público (sobretudo pela dimensão e peso do proprietário) conseguiam fazer frente a este bloco.
Com o aparecimento de novos meios de comunicação social, com a expansão do Correio da Manhã e, sobretudo, com o brutal desenvolvimento promovido pelo Público ao nível do jornalismo online, os restantes meios viram-se perdidos e sem saber muito bem para onde se virar face às novas concorrências.
No final da década de 2000 o CM começava a ganhar cada vez mais leitores a Norte, ao mesmo tempo que o JN se descaracterizava cada vez mais.
O segundo golpe rude acontece nos idos de 2004/2005 quando a PT se desliga do mundo da comunicação social e vende o grupo ao Joaquim Oliveira. (continua...)
(continuação)
Falha o assalto da Prisa ao mercado nacional (viria depois a apostar forte na TVI) e lança-se uma guerra no sector da CS em Portugal com críticas, justíssimas, ao regulador por permitir uma concentração absurda de OCS sob uma mesma propriedade. A saber: Sport TV, O Jogo, DN, JN, TSF, Tal & Qual, 24 Horas, Ocasião, Açoriano Oriental, Jornal do Fundão, revistas como a Notícias Magazine, Evasões e outras, além de uma participação significativa (25% creio) na Agência Lusa e do controlo total da Naveprinter - então a principal gráfica do país. De cabeça não tenho os dados, mas se bem me recordo, havia estudos na altura que indicavam que o universo Controlinveste detinha cerca de 50% do mercado publicitário. Imaginem como, a partir daqui, se podia "manipular" o mercado publicitário e o poder de negociação que os restantes grupos tinham.
A somar a tudo isto há ainda dois factores, um deles externo: a necessidade de controlo do DN pelo Governo. Não é por isso de admirar que entre 2004 e 2007 este jornal tenha conhecido 4 direcções diferentes e 4 projectos editoriais diferentes, incluindo um suplemento diário de Economia. Este factor acaba por conduzir a um segundo e, talvez, mais desregulador do mercado informativo em Portugal: a chegada de João Marcelino ao grupo Controlinveste e mais concretamente à direcção do DN (2007).
Uma das primeiras alterações que se verificam é a mudança da política editorial deste jornal, que passa a querer competir directamente com o CM, ao mesmo tempo que o JN decide voltar-se a Sul e procurar competir directamente com o Público. (continua)
(continuação)
Tudo isto ocorre num momento crítico e que já abordei atrás: o contributo do Público para o crescimento do jornalismo online em Portugal. O Público foi o primeiro jornal a ter uma redacção dedicada e exclusiva ao online, trabalhando 24 horas por dia (algures em 2004 se a memória não me atraiçoa) e revoluciona o mercado impresso com a criação, em 2002, de delegações dedicadas em algumas das principais capitais de distrito (e que levaria o JN, de cariz nortenho, a atacar este OCS).
Perante a explosão do jornalismo online e, sobretudo, dos blogues, a maioria dos OCS não soube enfrentar os novos desafios. Em vez de olhar para os blogues e apreender deles as mais-valias da notícias imediata e ao minuto, preferiu apostar numa estratégia louca de disponibilizar online, gratuitamente, as edições em papel. Todos, ou quase todos, os OCS o fizeram. DN e JN à cabeça.
Com a chegada da recessão económica e financeira, no início da actual década, tinhas um mercado informativo em Portugal completamente esmigalhado e descaracterizado. 24 Horas, A Capital, Comércio do Porto, Tal & Qual, Independente, entre outros, tinham desaparecido. Novos meios de comunicação a aparecer, o Cabo a ganhar força, a internet cada vez mais pujante.
Perante tudo isto para onde se viram as receitas publicitárias? Para o online. Mercado mais dinâmico, com maior alcance e, sobretudo, tendencialmente de acesso gratuito, ao contrário dos jornais impressos.
Os últimos seis anos no sector da CS têm ficado marcados por 3 factos: despedimentos e/ou reduções salariais, esmagamento das receitas publicitárias e aparecimento/desaparecimento de meios de comunicação social, onde o bloco i/Sol e Diário Económico são as mais recentes vítimas.(continua)
(continuação)
Por que é que os media tradicionais continuam a perder leitores e receitas? Porque ainda não perceberam que os leitores não vão comprar amanhã o jornal para ver as notícias que hoje já leram nos sites noticiosos ou viram na TV.
A aposta tem de passar essencialmente por conteúdos diferentes, de análise mais profunda, de investigação. Conteúdos que sejam diferentes do imediatismo noticioso e que representem uma mais-valia informativa para o leitor. Eu não quero ler no Público, amanhã, que o Orçamento de Estado foi aprovado com as alterações x, y e z. Isso eu já sei hoje. Eu quero que o DN, JN, Público e outros me expliquem o que implicam essas alterações, que medidas alternativas existiam, que impacto vão ter na minha vida.
Eu quero ler no papel a reportagem que o fulano de x foi fazer ao Alentejo profundo e onde mostra por A+B que o Henrique Raposo é um idiota chapado ou que prova que, afinal e apesar dos insultos, o homem está carregado de razão.
Se os media tradicionais não perceberem isso rapidamente sim, estão condenados a desaparecer. E o próximo grande golpe no sector da comunicação social em Portugal, podem escrever, vai ser a fusão dos títulos DN+JN. E, cheira-me, não vai tardar muito a acontecer.
Já me esquecia: há ainda um novo fenómeno que os OCS ainda não conseguem combater e que só se resolve com legislação própria: os sites pseudo-noticiosos, como o Notícias ao Minuto, Dioguinho e afins que, na prática, são meros canibalizadores dos OCS tradicionais e que geram milhões de pageviews e receitas publicitárias tremendas. O Dioguinho é, basicamente, feito por um gajo. O Notícias ao Minuto feito por um ou dois.
A isto há ainda o fenómeno noticioso do site de buscas que gera partilhas brutais de conteúdos sem qualquer tipo de compensação aos OCS e jornalistas pelo uso e abuso dos conteúdos informativos e direitos de autor.
Também isto tem de mudar, embora não seja fácil, como se viu no final de 2014 em Espanha onde a multinacional decidiu encerrar o serviço noticioso porque foi aprovada uma lei que os obrigava a pagar uma compensação financeira aos editores das respectivas notícias.
Eu votei neste artigo
Bom, não estava à espera desta análise tão exaustiva e tão elucidativa. Obrigado Bitorino pela tua análise e informação...
Ainda assim, gostava de ter 25 comentários diferentes para acabar de vez com esta missão! Ajudam-me sff?
Coloca umas raparigas que aí é mais fácil 😛
(comigo foi o que funcionou)
vou tentar dar uma ajuda shouteando no feed de amigos. 😉))
Feito. o/
25 comentários concluídos, e finalmente missão terminada. \o/
Congratz bro. 😉))
comment
Vim aqui a pedido do IDEIAS...
Mas com uma grata surpresa, me deparei com um ótimo artigo, o qual eu também queria ter feito e quem sabe ainda o faça.
Concordo plenamente com sua opinião e por isto votei e patrocinei seu artigo. Parabéns, amigo! E boa sorte na missão!
Valeu brother. 😉))
É um gosto poder contar sempre com sua ajuda. o/
Grande Abraço.
Sempre às ordens, meu caro! o>
v
Vim aqui a pedido do IDEIAS...
Thanks bro. 😉))
Um pedido do Ideias é uma ordem 😉
Votado o7
😛
Valeu amigo. 😉))
o7
o7