Doce Romance, por Jules deMalt

Day 3,823, 13:18 Published in Portugal Portugal by Jules deMalt

Bitorino entrava num canto duma sala iluminada por uma simples vela. Sombras dançavam romanticamente contra a parede pálida enquanto o som calmante de jazz o puxava para um transe quixotesco. Pétalas de rosa estavam espalhadas pelo chão.

Bitorino aproximou-se hesitantemente do centro habitado por uma mesa coberta com um tecido branco, onde repousava um balde de gelo com uma garrafa de champanhe, taças de morangos cobertos de chocolate e trufas - o seu favorito. Os seus olhos absorviam detalhes do ambiente. Bitorino queria gravar o momento para sempre na sua memória.

Sentindo-se observado, levantou os olhos que se cruzaram com um par de olhos castanhos brilhantes de malícia que descansavam intentamente no seu rosto.

"Aqueles olhos..." pensou para si.

Bitorino viu-o a aproximar-se. Os seus olhos estavam repletos de admiração e desejo -- tão cheios de amor -- e Bitorino sabia que eram todos para si.

Como conseguiu ter tanta sorte?

O que fez Bitorino para merecer alguém tão perfeito?

Bitorino ponderou essas perguntas quando recebeu um bouquet de flores. "Para ti", Alvaro Cunhal sussurrou amorosamente no seu ouvido. As suas palavras reberveravam nos seus tímpanos, causando pele de galinha.
Calafrios percorriam-lhe o corpo enquanto borboletas voavam nervosamente no seu estômago. O coração do Bitorino ribombava a toda a força no seu peito. Ninguém o fazia sentir como se estava a sentir. Excepto o Alvaro.

"Uma dança?" Alvaro perguntou com os seus olhos enquanto se aproximava silenciosamente. Os seus corpos encaixavam-se perfeitamente enquanto dançavam ao ritmo de Miles. Alvaro debruçou-se em bicos de pés para ficar ao mesmo nível e sentir o cheiro do seu cabelo. O cheiro era intoxicante, um aroma único emanado por recém refugiados de Auschwitz. Tão tentador.

O Bitorino consumia igualmente o cheiro a meias de 3 dias por lavar do Alvaro culminando num orgasmo olfactório impossível de resistir.

"Nunca me senti desta maneira" afirmava Bitorino enquanto passava as mãos pelo cabelo oleoso do Alvaro.

"Nem eu" respondia o Alvaro que lutava por não pisotear Bitorino com os seus sapatos medicinais de plataforma.