Texto pouco comPacto

Day 2,004, 15:33 Published in Portugal Portugal by Arthk

Ora viva estimados colegas desta espécie de jogo,


Achei propícia aqui esta minha "breve" intervenção face aos acontecimentos dos últimos meses.

Tenho me mantido em silêncio ingame sobre o polémico Pacto Ibérico por pura falta de paciência, mas cá vai a minha destilação de ideias quanto ao mesmo.

Preparem-se que a viagem vai ser grande (para o jules é a viadagem que é grande).



Começo por falar num acontecimento histórico da vida real. Eu sei que é perigoso fazer comparações da vida real com o jogo, mas vou arriscar, até porque é um factor social que está aqui em causa.

Falo-vos da era 1919 a 1924, altura em que acaba a primeira grande guerra e é assinado o polémico Tratado de Versalhes.

A Alemanha de Weimar e o seu bloco aliado sai derrotado. O modelo de Vestfalia cai e cria-se um desiquilibrio de forças na Europa, enquanto este velho continente perde influência para as forças emergentes de então, como os EUA e o Japão.

É criada a Sociedade das Nações, com o objectivo de promover a paz entre povos e o capitalismo, quer-se evitar a todo o custo que uma guerra de tal maneira desastrosa se repita.

No entanto, o tratado que marca o fim da mesma decreta que os derrotados são os culpados de tudo, causadores de todos os males e, por essa mesma razão, estão em dívida absoluta para com os vencedores. França, que era considerada a maior potência militar da época, recebe 55% das reparações de guerra mais a região da Renânia, que usa para potenciar a sua economia.

A filosofia é a de espremer a Alemanha fazendo-a pagar a sua dívida monetária e moral, e para isso vale tudo. Os rios Alemães passam a ser monopolizados por estrangeiros, ai de alguma embarcação Alemã que lá passe! A indústria local é gerida por outrém, todos os anos mais de 20% das exportações são dadas ao bloco vencedor.

Torna-se rapidamente visível a hipocrisia das relações internacionais de então, quer-se paz através da subjugação dos perdedores. Não é díficil prever que em nada contribuiu para as boas relações entre os povos Europeus.

A Alemanha, isolada do resto do mundo, vira-se para a URSS, igualmente isolada por causa da sua revolução Soviética de 1917, Itália de Benito Mussolini (que chegou ao poder em 1922) eventualmente descola-se da SdN e alia-se à Alemanha, o senado americano rejeita o tratado de Versalhes e decide não entrar na Sociedade, a Grã Bretanha começa a torcer o nariz a França com medo que esta domine a Europa através da Alemanha.

A Sociedade das Nações, fundada sob um princípio de paz e respeito cai aos bocados e torna-se inerte, impotente e inútil. Um projecto falhado. A razão? Um tratado que para promover a paz favorecia a injustiça e a humilhação da força derrotada. Algo que se queria que unisse apenas dividiu. Entretanto um jovem de nome Adolf Hitler aproveita a onda de indignação e o resto da história já a conhecem.

Pontos a retirar daqui: A subjugação não é caminho para a aproximação (a não ser que sofram do sindrome de estocolmo)


Prosseguindo agora para o jogo, e voltando uns meses atrás. Gossypt é eleito Presidente depois de um mandato desastroso de Helder "juve leo" Medeiros. Um dos pontos do seu programa foca a aproximação a Espanha e o possível desenhar de um tratado. Nada de específico no entanto, apenas essas palavras "aproximação a espanha", não se sabe bem como.

Eu nunca fui contra essa ideia, acho que não podemos descartar essa hipótese, agora a questão prende-se no "como fazer isso".


Antes de avançar permitam-me muito rapidamente relembrar-vos uma das raras situações aqui no jogo em que um país se vira para o lado de quem o conquistou. Falo-vos da Argentina.

Ainda durante a operação French Toast (invasão da Atlantis à França) o Brasil e e a Indonesia (PEACE GC) atacaram as regiões da Argentina (então membro da Atlantis). Foi uma guerra devastadora para os Argentinos, mesmo com MPP's da sua Aliança não foram capazes de fazer frente à Indonésia e ao Brasil sozinhos.

A Atlantis teve uma postura quase indiferente, o presidente americano Benn Dover mandou as suas forças lutarem pela Argentina sem armas, mesmo depois de publicamente expressar a intenção de ajudar nas batalhas com tudo.

Os Argentinos, descontentes com a sua Aliança, prontamente ameaçaram sair, no entanto iriam ficar sem aliados e sozinhos no mundo. O ponto de viragem faz-se quando Indonésia e a PEACE lhes estendem a mão. Oferecem-se para devolver todas as regiões sem qualquer contrapartida, apenas sob a perspectiva de neutralidade Argentina. No meio da confusão da guerra ainda fresca quem lhes abriu portas foram os atacantes, quem tomou uma postura pacífica foi quem conquistou. Não houve tratados, não houve fundos de confiança, nem promessas de se juntarem ao quer que fosse, apenas devolução de tudo.

Com isto, os Argentinos por sua própria vontade quiseram juntar-se à PEACE GC. Não por terem perdido a guerra mas sim por acreditarem na aliança e pela boa vontade vir da mesma. Não houve subjugação, apenas abertura de espírito.


Voltando à actualidade, quando Gossypt assinou aquele tratado cometeu 3 erros fulcrais:

1. Esconder-se atrás do seu programa para justificar tudo sem consultar a população. Um bocado como o Élderzito fez com o seu programa (e deu no que deu). As eleições em si não davam essa legitimidade, pois por "aproximação à espanha" pode-se entender muita coisa. Aceito que estávamos numa posição nada favorável, aceito que se calhar não se arranjaria melhor. No entanto, à falta de melhor a população poderia já não concordar com uma aproximação deste tipo. E nisso houve uma falha clara.

2. Condicionar o futuro da nação ao prontamente ceder os 500k. A partir daí os governos seguintes ficaram com as suas políticas restritas ao que o tratado ditava. A opinião dos mesmos poderia ser diferente, mas ou era aquilo ou nada de 500k de volta.

3 e mais importante: Dar toda a margem de manobra à TWO. O mediador é dos mais fieis aliados da Espanha e no entanto é o que tem o poder de decidir para onde vai o dinheiro. A Espanha até poderia quebrar a sua parte do contrato que em nada seria prejudicada (mesmo que a Polonia cumprisse com a sua parte... perdia o quê? nada). Pior, a Espanha poderia forçar a que Portugal não cumprisse o contrato ("oops, reconquistaram-nos o norte, que maus estes tugas!"). Seria tudo muito subjectivo e a polonia poderia (e ainda pode) ser seduzida a ficar / dar o dinheiro à Espanha por uma suposta "quebra" de contrato.

Agora que quebramos o contrato por (veja-se!) assinar uma aliança com o Canadá já perdemos 100k, e se houver RW's mais desse dinheiro será gasto. A continuar assim, de desculpa em desculpa esse dinheiro a modos que se desvanece.

Para além disso é necessário focar que, numa altura em que se prevê mudanças radicais na distribuição de forças mundiais, não se sabe qual vai ser o bloco dominante. Estamos sob esta pressão toda quando tudo pode mudar de um dia para o outro. Estamos a vender a alma sem saber se compensará.

Perdemos autonomia de tomar as nossas decisões, estamos restringidos ao nosso cantinho sem ter mais nenhum vizinho para além dos espanhois.

Sim, ganhámos algumas regiões, ganhámos congresso (que irónicamente já nos fez perder 100k lulz), ganhamos alguma margem de manobra em termos de execução orçamental... no entanto nada disto contribuiu para a tal aproximação à Espanha.

Primeiro porque quase ninguém se sente companheiro dos Espanhois. Estamos que nem a Alemanha do Pos-I Grande Guerra. Somos os culpados e somos nós que temos dar provas que seremos um bom aliado. Os espanhois bem que se podem estar a marimbar, mas ai de nós se assinarmos um MPP que eles não gostem! Não existe confiança, antes pelo contrário, existe desconfiança. E nestes termos será impossível cimentar boas relações com "nuestros hermanos", vulgo taçardos.

A não ser que Espanha de um momento para o outro dê provas claras de abertura sem pressupostos nenhuns (tal como a PEACE em relação à Argentina) nada disto mudará. Continuaremos a ver os taçardos como opressores, como fonte de humilhação, tudo por causa de um congressozito, de uns milhares de CC e meia duzia de regiões isoladas do resto do mundo.


Agora eu ponho aqui a pergunta: É isto que queremos fazer no jogo? Se for, óptimo! Aí o têm! No entanto sinto que já passámos por isto antes. O medo de perder regiões ou dinheiro supera a vontade de jogar a sério, de correr riscos. Ah, e da última vez que nos sentimos assim acabámos por fazer um ataque suicida aoos EUA e a Espanha, de proposito para levar wipe, tal era o desespero.

Mas o que está feito está feito. Cabe-nos decidir se o pedaço de terra virtual que temos compensa tudo o resto, pois não vamos ficar amiguinhos da Espanha.


A aproximação tem de ser feita com base no respeito mútuo, não na subjugação de umas das partes.

Havia muito mais a dizer, mas já estou farto e estou atrasado para o Bingo dos velhadas,

Até uma próxima malta!

-Arthk,
O gajo que esteve 2 anos sem produzir uma muralha de texto