O Princípio da Caridade: A importância de usar argumentos construtivos.
CZERNOBOG.
Pondo de maneira simples, O Princípio da Caridade é a ideia de quando for criticar o argumento de alguém, você deverá criticar com a melhor interpretação possível. No artigo a seguir, você vai aprender sobre o princípio com maior profundidade e ver algumas instruções que o ajudarão bastante a implementá-lo na prática.
O que é o Princípio da Caridade?
Embora o conceito por trás do Princípio da Caridade sempre tenha existido de alguma forma, ela iniciou-se e teve seu nome dado em 1959 por Neil Wilson.
Essencialmente, o Princípio da Caridade incorpora a ideia de quando você interpreta o que outra pessoa diz, você deve selecionar a melhor interpretação possível das afirmações. Isso significa que, sempre que possível, você não deverá atribuir falácias lógicas, falsidades ou irracionalidade para o argumento de outra pessoa, quando há um alternativa racional para o argumento.
Você pode estender esse princípio, no caso de haver um claro problema com o argumento do outro, devendo assumir que foi não intencional da parte dele, desde que seja razoável fazê-lo. Isso significa que, sempre que possível, você deve atribuir a falha argumentativa do seu oponente como um desconhecimento da parte dele, em vez de qual intencionalmente malicioso.
Como implementar o Princípio da Caridade
Como falado anteriormente, o conceito básico para você implementar o Princípio da Caridade é atribuir a melhor interpretação possível do argumento do seu oponente.
Mais especificamente, o filósofo Daniel Dennett listou quarto passos para implementar este princípio, na qual ele atribuiu que estas regras foram inicialmente concebidas pelo famoso psicólogo Anatol Rapoport:
Como compor um comentário crítico bem-sucedido:
Você deve tentar expor a posição do oponente de maneira clara, vívida e justa para que seu oponente diga: "Obrigado, eu gostaria de ter colocado dessa maneira".
Você deve listar qualquer ponto de concordância (Principalmente se eles não são assuntos que todos concordam).
Você deve mencionar tudo que eventualmente aprender com seu oponente.
Apenas depois de fazer os passos anteriores é permitido fazer a refutação ou crítica.
Fazendo isso, você está essencialmente usando o steel man argument, que é você atacar a melhor versão possível do argumento do seu oponente, mesmo que desenvolva um melhor o argumento para ele. Isto é a oposição da falácia do espantalho, que envolve distorcer a visão do oponente para tornar mais fácil de atacar seus argumentos.
No geral, você implementa o Princípio da Caridade interpretando o argumento do seu oponente como sendo racional e coerente. Como levar isto consigo: Você pode ignorar problemas menores na lógica de argumentação do seu oponente para focar na ideia central de suas afirmações ou você tenta ao máximo possível melhorar os argumentos de seu oponente.
Suas escolhas vão variar em diferentes circunstâncias. O foco principal é manter-se ciente do princípio, não imediatamente tentar desvirtuar o argumento do seu oponente na primeira oportunidade, especialmente se você está tentado pôr seu ponto de vista em jogo.
Os benefícios de implementar o Princípio da Caridade
Você optar por respeitar o Princípio da Caridade porque ele é o certo a se fazer, e implementá-lo também pode trazer alguns benefícios práticos.
O primeiro benefício de implementar o princípio é que força você a melhorar suas habilidades de construir seu próprio argumento. Isso ocorre porque, embora seja importante reconhecer e combater as falácias lógicas e inconsistências do seu oponente, focar só nelas pode tornar você preguiçoso, o que impede você de olhar a validade de seus próprios argumentos. Assegurando que você não foque apenas nestes problemas, você se ajuda a melhor e desenvolver o seu processo de raciocínio.
O segundo importante benefício de implementar esta teoria atribuindo o melhor argumento possível ao seu oponente, você diminui o risco do backfire effect*** Esse efeito faz com que as pessoas fortaleçam o seu apoio as suas crenças preexistentes, mesmo que seja evidente que estão errados. Já que as pessoas são altamente afetadas e sentem-se defendendo seu ponto. Respeitando o Princípio da Caridade e apresentando seus argumentos de maneira não-conflituosa, reconhecendo a posição da outra pessoa, é uma das formas mais efetivas de evitar este efeito e torna as pessoas mais suscetíveis a ouvir o que você tem a dizer.
Comments
V+++
voootado
Gostei da frase "Nunca atribua à malícia/maldade o que pode ser adequadamente explicado pela estupidez"
Nunca concordei com o filosofo Daniel Dannett, ainda mais com o seu maior apoiador da "Falácia do Espantalho" de todos os tempos o seu amigo doutor Richard Dawkins. É engraçado ler um texto como esse.
Discordo com o conceito da estupidez, como isentasse as pessoas das responsabilidades dos seus atos, por serem "estúpidas", pela falta de inteligência ou falta de Conhecimento.
Se fosse assim, os políticos não roubariam por Conhecimento e consequências de suas ações. (Todos nós sabemos que é o contrário.)
É maldade, sim! É desejo de Poder e opressão contra os desfavorecidos.
Não há Caridade nos canalhas, até alguns estúpidos são caridosos, mas no maldoso, nunca.
Está votado o artigo, mas fico surpreso que usem a palavra "Caridade" por alguém que costuma cobrar verdadeiras fortunas em suas palestras... (Por exemplo, o próprio Richard Dawkins).
Entendo seu ponto contra os autores da teoria, mas a aplicabilidade dela não é de tudo invalido. Muitas vezes se vê sim, principalmente no campo politico/financeiro pessoas "bostejando" verdades sem terem o devido embasamento teórico, pelo simples fato de que hoje se permite ter "argumentos" a partir de ideias e suposições. Nem sempre a ideia geral dessas pessoas esta errada, e nem sempre suas intenções são equivocadas, mas muitas vezes seus argumentos são baseados em informações distorcidas as quais elas tiveram acesso (isso acontece muito na RL com defensores de partidos políticos, grande maioria bosteja sem ter o minimo e conhecimento, mas essa mesma grande maioria tem no coração o desejo de um pais melhor, então mesmo que suas visões de melhoria sejam diferentes, e seus argumentos fundamentados em proposições errôneas, eles erram pela ignorância, e não pelo desejo de ferir o próximo.).
Então, concordar cegamente com o que a teoria diz, e sempre assumir que o outro não tem todas as informações pode sim ser errado, mas refutá-la totalmente, e assumir que todos agem pelos piores motivos e com o único objetivo de lesar os demais, nos desvia do nosso caminho como seres humanos. Devemos aplicar à teoria seus próprios princípios, e entender que dentro de seu texto existem sim falhas cuja a origem é a ignorância de seus autores, mas também existe a possibilidade de uma falha gerada intencionalmente para garantir a venda de seus livros e palestras. Como a grande maioria das teorias que se baseiam em comportamento humano, a sua aplicabilidade se dá não somente pelo texto dela, mas pela adaptação dela ao contexto histórico-cultural do povo a ser avaliado por ela.
Espero ter me feito claro, e estou aberto a possíveis discussões sobre o assunto.
Ótimo artigo. Como já deixei claro na resposta que deixei ao comentário do Podoto, acredito que se os brasileiros aplicassem essa teoria em seus "textões de facebook" e realmente pensassem mais no próximo como a grande maioria diz, teríamos um pais melhor, tanto aqui quanto em RL. Aquele que realmente se doa o faz por amor, e não por reconhecimento.
" Aquele que realmente se doa o faz por amor, e não por reconhecimento."
É isso que penso a respeito da Caridade.
Obrigado por sua opinião. 😁b