O Minarete: YanCurtis, uma entrevista colossal

Day 2,268, 15:51 Published in Brazil Brazil by Varnhagen
Meus caros amigos,

O Minarete brinda hoje seus leitores com uma entrevista que considero entre as melhores já lançadas por esse articulista. YanCurtis abre o jogo e diz a que veio, sem meias palavras e com muita propriedade. Sirvam-se!

Yan, gostaríamos que você falasse um pouco de você e da sua trajetória no eRepublik. Quem é YanCurtis? Como conheceu o jogo e o que nele te atraiu a ponto de permanecer, ativo, até hoje?
Na verdade, minha primeira experiência com o game ocorreu uns 4 ou 5 anos atrás, por meio da recomendação de um amigo, mas na época eu realmente achei o jogo super parado e preferi continuar nos mmorpg da vida (na época eu jogava muito Ragnarok). Só fui dar outra chance pro eRep no final de 2012, quando voltei e joguei 1 semana, caguei no desenvolvimento da conta (torrando gold e E😎 e me apaixonei pelo módulo social e político (tudo nessa sequência), o que me levou a fazer um remake de personagem - dessa vez iniciando como BHunter após ter estudado um pouco o assunto.
Esse período de ida e volta ao eBR é interessante porque mostra como o tempo acaba moldando a gente: antes eu só sabia evoluir meu personagem ao pegar itens bons e a ganhar xp derrotando monstros e talz, e, nessa métrica, o eBR é bem fraco já que só possibilita treinar, trabalhar “lutar” de uma maneira pouco empolgante... hoje vejo o cenário de outra forma: qualquer um pode ter um “personagem” de destaque no eBR desde que, na RL, o cara em si seja interessante e esforçado e tenha boas “perícias sociais” ainda que não tenha o perfil coberto de medalhas.

Uma candidatura a Presidencia é, antes de tudo, um exercício de coragem. Embora seja apenas um jogo, é um cargo que demanda muito tempo disponível e, obviamente, muitas responsabilidades. Em situações normais, já é complicado. Mais ainda quando estamos sob ocupação a longo tempo e, claro, as cobranças se tornam infinitamente maiores. O que te levou a aceitar essa indicação? Quais os fatores que mais pesaram nessa decisão?
Sempre tive essa vontade de ser CP em algum momento da minha do jogo para deixar meu legado ao nosso país, e preparei minha carreira pensando nisso ao participar de diversos ministérios diferentes e me inteirando dos diversos debates no jogo. É claro que, à principio, não me imaginava pegando um pais no estado em que ele se encontra, mas hoje acredito que a única forma de tirarmos o país da crise é trabalhando em conjunto e aceitando melhor nossas diferenças. Nesse sentido, acho que tenho algumas características pessoais que podem ser aproveitadas pelo país nesse momento.
O fato da ARENA ter acredito em mim e o fato de muitas pessoas terem acreditado no ideal da Super Chapa foram grandes impulsionadores para essa decisão que tomei, pois mostram que minhas convicções estão alinhadas com a de boa parte da população.

Yan, embora muitos de nossos leitores não tenham o conhecimento disso, a ARENA, partido no qual você milita, é um partido marcado por um profundo e às vezes “caloroso” debate interno, que precede todas as ações do grupo. Nesse sentido, podemos dizer que não é fácil o convencimento dentro do Conselho, órgão dirigente máximo do partido, mais ainda quando se tem uma visão de jogo menos, digamos, ortodoxa, do processo político. Como se deu o processo de viabilização dessa candidatura? A ARENA marcha unida nesse pleito?
Com 100% de certeza posso dizer que a ARENA está comprometida em elevar o eBR para uma condição melhor do que a atual e tenho total apoio da chapa para seguir o mandato pensando no ideal de integração proposto no programa da Super Chapa.
É claro que, num primeiro momento, realmente tenhamos tido uma série de debates para entender melhor se o momento do país favorecia ou não uma abertura política (ainda mais ao considerarmos que alguns grupos ou, melhor, alguns indivíduos tenham posições e posturas completamente contrárias ao necessário para o convívio social), mas no final entendemos que como um partido líder, tenhamos a responsabilidade em dar primeiro passo rumo à uma integração nacional (que sempre foi um dos nossos motes de luta).
Acho que apenas um caso isolado se mostrou contrário ao projeto e reagiu de uma forma explosiva, mas o mesmo já não se encontra entre nós – o que mostra que realmente o partido está comprometido em fazer as coisas acontecerem, ainda que uma ala mais radical do time tenha de ser, num primeiro momento, afastada do pleito.

Yan, como é público e notório, o eBrasil se encontra “apagado” a um bom tempo. Ainda que esforços hercúleos tenham sido feitos, colecionamos, nesses últimos tempos, derrotas sucessivas, do ponto de vista militar. Para muitos, isso é fruto de uma sucessão de erros e falhas na organização e planejamento dos últimos governos, para outros é fruto de escolhas e posicionamentos equivocados ao longo do tempo. Na sua avaliação, o que nos deixou nessa situação e quais os caminhos possíveis no momento para a reversão desse quadro?
Alguns podem até discordar, mas gosto muito de interpretar o momento atual dentro do contexto do “Efeito Borboleta”: alguns pequenos eventos no passado foram responsáveis por uma série de desdobramentos que fizeram com que o país se fragilizasse primeiro internamente, através de um racha social, que gerou um enfraquecimento da nossa imagem diplomática.
Agora não vem ao caso discutir os motivos que justificam o contexto, e sim pular direto para a solução lógica: se estamos assim porque o país rachou sua comunidade no passado, então fica claro que devemos trabalhar em iniciativas para juntar a comunidade novamente, de maneira gradativa, buscando extrair o potencial máximo da nação. É claro que, em 30 dias, não será possível reerguer o eBR, mas esse é um trabalho que está sendo apontado como tendência para a primeira metade de 2014 e que, com certeza, nos dará bons frutos.

Yan, o eBrasil é um país politicamente dividido. A polarização das forças políticas é um fato incontestável e um fator de desagregação, que acaba influindo e muito nas questões de natureza militar e diplomática. Como você vê esse quadro? Na sua opinião é possível um “pacto” entre as diversas correntes políticas nessa situação excepcional que vivenciamos hoje? É possível e, mais que isso, desejável a construção de uma nova “unidade”?
Concordo contigo que já tenhamos passado por esse momento de divisão política no jogo, mas atualmente o nosso país está passando por uma nova adequação política: temos diversos partidos quebrando ou se ausentando da política enquanto os partidos que se firmam começam a adotar o discurso da união política em algum nível (alguns prezam do discurso “meritocrata” para evitar a seleção baseada em siglas partidárias, outros preferem se posicionar “neutros” e, no meu caso, gosto de pensar no contexto de “chapa aberta – participa quem tiver disposição”). Essa tendência deve se intensificar nos próximos meses e com certeza irá ajudar o país a encontrar unidade em diversos pontos onde antes tínhamos atrito e resistência.

Sua disposição para o debate o torna um jogador diferenciado e sua paciência mais ainda. Já tive a oportunidade de disputar posições com você, dentro da ARENA, e me surpreendeu sua capacidade de ouvir e avaliar o outro lado numa discussão, algo um tanto incomum no universo do eRepublik. No caso de uma vitória no dia 05 podemos contar com essa mesma disposição, mesmo sabendo que os ataques e a natureza dos ataques terão uma proporção muito maior? Ainda que não tenhamos, mais uma vez, o Congresso e que o regime vivenciado seja a Tirania (no seu sentido clássico), como pretende tratar das oposições?
Sem dúvida que podem continuar contando com a mesma postura, pois isso não é roleplay de jogo – sou assim na RL também. Acho que essa característica conciliadora que tenho é tanto um ponto forte quando um ponto fraco meu: forte porque me ajuda a contornar algumas situações difíceis com o foco na resolução do problema em si, mas ao mesmo tempo algo muito complicado quando me coloco em situações onde sei que os outros irão agredir (no nível pessoal) a mim ou a meus colegas.
No caso do mandato, planejo deixar as portas abertas tanto para os membros que estejam na chapa quanto para a comunidade externa, mas é importante distinguir que não é porque ouvi a opinião de alguém que eu tenha que executá-la: o papel do gestor é o de tomar a melhor decisão possível com o tempo, recurso e informação que lhe são disponibilizadas, e nem sempre que está de fora tem uma noção clara dessas 3 variáveis na hora em que colocam suas sugestões em pauta.

Yan, gostaria que fizesse uma avaliação, sucinta, dos últimos governos “pós-panela”. É possível dizer que houve, de fato, uma transformação no “fazer político” ebrasileiro ou, pelo contrário, mudaram as caras mas o modelo continuou o mesmo? Na sua avaliação qual o caminho para um novo “fazer político” no eBrasil, que possa superar as dicotomias e entraves que sempre marcaram os governos ebrasileiros?
Acho que é difícil comparar os últimos governos com os governos da panela por uma questão muito básica: o fato da decisão do CP não estar colegiada à um Congresso multipartidário. Antigamente tínhamos uma régua para dizer se um CP estava sendo transparente ou não na gestão, e tínhamos uma noção da opinião dos blocos políticos em função de seus votos no congresso fechado, mas com o período de apagão instaurado, essa noção se perdeu.
A solução primária que resolveria essa questão seria a oficialização do Congresso Offline (seja lá qual fosse a melhor forma de estabelecer a métrica de cadeiras do congresso), mas a ideia já foi boicotada e trazê-la a tona, hoje, parece improvável. Na falta disso, a alternativa é simplesmente trazer a população a sensação de voz na pauta política através da reabertura de canais de comunicação com todos os grupos políticos, por meio do uso extensivo do fórum (com menos restrição na hora de compartilhar posicionamentos do governo) e dando uma maior autonomia para que órgãos não oficiais arrumem um meio de darem sua contribuição ao país sem ter que cair na bendita maquina burocrática em todas as ocasiões.
O novo mote é o “faça você mesmo”: estando no governo ou não, seja participativo, ponha a mão na massa, debata suas ideias e respeite seus compatriotas.

Yan, como você avalia o atual quadro internacional? Na sua opinião as alianças atuais se sustentarão por um bom tempo ou é possível antever um processo de desgaste nas mesmas? Qual seria, nesse contexto, o melhor caminho para o eBrasil? Qual será a orientação da diplomacia num Governo seu?
Vejo um cenário internacional extremamente desconfortante, pois a ultima guerra global terminou com a vitória da TWO e uma péssima mensagem ao mundo: DAMAGEHOOD > BROTHERHOOD. Atualmente estamos em um warm-up para um novo realinhamento global, mas nesse pós quebra da TWO continuamos temos é uma grande aversão ao risco por parte de todas as nações (onde os vencedores querem apostar na mesma fórmula do sucesso e os perdedores estão com medo de serem passados para tras novamente). Nesse momento, alguns jogadores estão classificando 3 ou 4 grandes blocos no mundo mas, em verdade, vejo apenas 2 blocos sendo formados em torno dos cabeça de chave (Polônia e Sérvia) e alguns países indecisos que ou não foram escolhidos ou ainda não escolheram claramente um lado onde querem estar, mas que mais hora ou menos hora vão acabar pendendo para algum lado da balança.
No nosso caso o cenário é ainda mais sombrio pois a Argentina está isolando-nos diplomaticamente de alguns aliados chaves que poderiam nos ajudar a contrapor sua presença (Chile evoluiu a situação de NE para um NAP e do NAP ao MPP, Espanha sempre nos defendia e agora está assinando um NAP com nosso inimigo em troca de uma menor intervenção na sua luta com os portugueses).
Dessa forma, e mediante a impossibilidade de prevermos algumas reações no cenário internacional, a política externa irá continuar mirando esforços para melhorar nossa imagem como aliado, buscará posicionar-se ativamente contra a Argentina e irá debater em conjunto com a comunidade qualquer grande passo que possamos vir a dar (não apenas por acreditarmos no discurso de abertura política do governo como também por entendermos que as decisões tomadas nesse governo deverão ser continuadas em outros mandatos para dar consistência ao planejamento da nossa política externa).

Yan, o que podemos esperar de novo num Governo seu? Qual o diferencial que pretende apresentar á população?
Podem esperar que o país evolua, de forma consistente e sustentável, através de muito dialogo com a população, de muita transparência na tomada de decisão e na entrega de diretrizes que norteiem os próximos mandatos sobre o cenário que encontramos.
Não posso prometer que o pais inteiro se una novamente, mas posso criar condições para que muitos diálogos sejam retomados da maneira correta, e que haja uma mediação entre as partes para evitar que as iniciativas se percam no meio do flamewars.
Não posso prometer que entraremos em uma das mega alianças do jogo, mas posso garantir que mapearemos todas as oportunidades diplomáticas que possam nos colocar lá dentro e isso será debatido de forma aberta com a comunidade para explicar o posicionamento do governo.
Não posso prometer congresso, mas posso garantir que faremos um estudo de viabilidade para entender nossas chances de vitória com o apoio de aliados e com uma maior coordenação interna, só nos lançando a luta com algumas garantias em mesa;

Sinta-se a vontade para discorrer sobre algum ponto que não foi contemplado nas perguntas.
Não, não, nenhum ponto que valha a pena ser citado. Achei a entrevista bem completa e, ao responder alguns questionamentos, consegui fazer um exercício para me situar melhor no contexto do país – obrigado pela oportunidade!
Deixo aqui um convite aberto para responder aos questionamentos que colocarem também nos comentários desse artigo. Mas como é sempre bom aproveitar a exposição na mídia, fica ai mais um apelo: dia 5, votem YANCURTIS!

Um abraço a todos, ex cordis,
Varnhagen, aka Mahdi