PrenĂșncio de um Novo Tempo

Day 3,611, 18:33 Published in Brazil Norway by Ashavard





חַד גַּדְיָא, חַד גַּדְיָא
דְּזַבִּין אַבָּא בִּתְרֵי זוּזֵי





O agradecimento que ofereço a cada um daqueles que acreditaram em minha proposta deve ocupar, necessariamente, as primeiras linhas deste artigo. Foram incríveis noventa e seis votos dentro de um total de 264, mesmo com toda a traição que sofremos e outras circunstâncias que você pode conferir aqui. Noventa e seis indivíduos que acreditaram na chance de abrirmos, juntos, uma porta que, já há muito, se encontra fechada.

A derrota numérica impediu que abríssemos, de uma só vez, esse novo caminho. Mas isso é o de menor importância. A diferença numérica é algo transitório. Quantidades são instáveis. Mas a qualidade do ato prolonga-se no tempo e abraça a própria natureza: o que fizemos foi, precisamente, quebrar um ciclo, ainda que isso permaneça invisível na vista de muitos.

Rompo a confortável rotina diária para oferecer palavras do passado, do presente e do futuro, tal como faziam as Nornas (entidades da mitologia nórdica que teciam o destino dos deuses e dos homens), e, assim, o nome deste jornal torna-se mais claro e luminoso.



Há não muito tempo, saímos, ao menos oficialmente, de uma ditadura controlada por um grupo fechado formado com base na segregação preconceituosa e repugnante. Mas, curiosamente, alguns padrões repetem-se com ou sem uma ditadura oficialmente estabelecida. Afinal, a derrubada da ditadura foi, antes de tudo, uma investida privada motivada pela recíproca ganância dos grupos envolvidos, conforme nos conta o relato. Não houve interesse real algum no povo/comunidade, o qual não foi sequer convidado a tomar parte nos acontecimentos. De todo modo, é claro que tudo isso nos aproveitou e muito. Todavia, não é por podermos ser beneficiados por algo que devemos esquecer da natureza dos acontecimentos.

Agora, estamos todos mais ou menos livres (não totalmente ainda, infelizmente) para moldarmos o nosso rumo. Algumas pedras põem-se no caminho, como já fiz observar em entrevista recente. Mas isso não é motivo algum para desistir. Ao contrário, disse, em meu artigo de candidatura, que acredito no ilimitado potencial dos indivíduos. Pois bem, asseguro que nunca estive mais certo disso. Fizemos juntos uma campanha exemplar, onde o respeito coroou a nossa chapa e todos nossos nobres apoiadores até o último momento. Em nenhum lugar do artigo da chapa opositora se vê qualquer ofensa dos nossos a eles. Nenhuma! Velhas ofensas cessaram. E estamos orgulhosos disso.

Jogadores que possuem enormes diferenças com o meu partido (ARENA) superaram as rivalidades e passaram a se tratar com respeito e brandura durante e até depois da campanha. Tive o apoio de jogadores de grandíssima integridade e experiência contra os quais nenhum dos lados poderia levantar um só dedo para acusar de coisa alguma. Preconceitos foram dispersos na luz da união, marcando o maior número de votos que um candidato originário do ARENA conseguiu desde o começo do ano, com o apoio ainda que não-oficial dos caros colegas do Partido Militar. Nossa campanha aprendeu a evitar generalizações partidárias. Ver essas coisas acontecer é muito mais gratificante que uma medalha, cargos, fama ou um punhado grande de gold. A conquista que tivemos foi tão sublime que, nas alturas em que ela se encontra, não pode ser acessível aqueles que teimam em distorcer o jogo como se fosse um mero tabuleiro de guerra. Em suas mentes, ecoa como mantra a palavra “dano” e nenhuma luz pode entrar num lugar tão escuro e fechado à semelhança dessas mentes.

O que conseguimos mostrar, meus caros, foi o verdadeiro rosto da união, a única coisa que poderá alavancar este ePaís. Eu fui apenas um dos participantes disso, junto a todos que se dispuseram a acreditar não num projeto de poder, como já tem aos montes, mas num projeto de governo integrado com a comunidade.



Podemos, sem dúvida alguma, nos chamar de vitoriosos. E essa vitória há de crescer mais que nós mesmos e nos servir de sombra tranqüila a nos proteger do calor sufocante do cinismo e da ganância. Para tanto, devemos continuar em frente e sempre em frente! Depois de mim virão outros e eles precisarão encontrar aquela porta aberta, para que todos passemos por ela. Não a abrimos de todo, mas, com a vitória que tivemos nas eleições deste outubro de 2017, a destrancamos e a deixamos quase que entreaberta, de modo que, pela fresta da porta, já se pode ver a beleza escondida do outro lado a ser compartilhada com todos!

Infelizmente, o mesmo comportamento respeitoso que tivemos não foi observado por um número significativo dos nossos opositores, os quais nos insultaram nos murais de mensagem, no Discord e mesmo no meu artigo de candidatura, como podem conferir com seus próprios olhos. Mesmo membros que nunca apareceram para dar uma única contribuição para a comunidade apareceram nas eleições com o propósito de ofender.

Entretanto, isso já era esperado da mesma forma que se espera a dor de uma ferida ao ser medicada com o remédio adequado. Na verdade, meus caros, não se assustem, pois convulsões maiores estão por aportar neste ePaís: a ferida pútrida que está aberta no eBrasil não só apresenta resistência a ser tratada, como também precisará ser, consequentemente sem anestesia, limpada e suturada. Quando isso for feito, as convulsões serão ainda maiores. É um trabalho cuidadoso que deve ser levado a cabo, se desejam mudar para melhor o nosso cenário.

As palavras deste artigo, talvez, não sejam compreendidas de plano, mas devem ser ditas e reditas. Devem ser registradas na nossa eHistória para que, um dia, os olhos do tempo voltem-se a nós como testemunhas do que seremos ou deixaremos de ser. E, de forma nenhuma, nos intimidamos com aqueles que dizem que nossas palavras são discurso de mau perdedor. Quando o leitor tomar conhecimento de que o então Ministro dos Negócios Exteriores declarou a quem quisesse ouvir que sairia, junto com suas múltiplas contas, do eBrasil se a oposição (ARENA) ganhasse. No mesmo tom, disse o então Ministro da Defesa que doaria seiscentos mil BRLs para dar um golpe ditatorial se eu ganhasse (tendo acompanhado essa troca de mensagens/ameaças em tempo real originadas de seus ministros, no Discord, o atual presidente declarou, cinicamente, que manteria neutralidade em caso de golpe antidemocrático, favorecendo o lado ditatorial, o que contradiz a posição que ocupa, revelando como enxerga, com desprezo, o eleitorado). Depois de expor isso, fica cristalino, em meio a essa fonte de águas poluídas, quem, de fato, mau perdedor é.

Por muito tempo, os maus perdedores esforçaram-se para transformar certas coisas que o ARENA dizia em coisas exclusivas do ARENA. “Apenas um arenista fala essas bobagens”. Essa é uma forma antiga de discurso: tentar fazer que um pensamento seja exclusivo de um grupo, ridicularizando-o de tal forma, que tudo que seja dito por esse grupo não seja nem objeto de análise por outras pessoas. Essas eleições quebraram essa prisão. Não é preciso ser do ARENA ou de qualquer outro partido em particular para começar a perceber que há coisas terrivelmente erradas na nossa comunidade. Diferenças ideológicas e partidárias não afastam a constatação de fatos.

Esta realidade virtual, certamente, tem muito em comum com a vida real, como já pude constatar em outras ocasiões. Mas uma coisa é distinta. No Brasil real, o período eleitoral testemunha máscaras de todo tipo. Os candidatos só mostram a que vieram quando encerrada a disputa. No eBrasil, contudo, é o contrário: foi justamente na época eleitoral em que todas as máscaras caíram e os piores instintos tomaram forma, corpo e face. E ter conseguido expor essa aberração aos olhos de vários companheiros foi mais uma vitória. Somos, sem dúvida, vitoriosos. Não temam quando forem insultados. Quando chamam um jogador de “n00b”, em quase todas as vezes, não é porque o jogador não entende o mecanismo do jogo e sim porque não entende o fétido mecanismo que um certo grupo instituiu, com regras próprias de conduta asquerosa. Neste ePaís, o discurso “pelo eBrasil” esconde a adaga que desliza destruindo as entranhas da comunidade. Portanto, caro eCidadão, não baixe a cabeça. Não se incline! A sua mente só pode ser tomada se permitir que assim seja.

Rememorai e comemorai o quinto de outubro, quando o veneno sofreu o primeiro encontrou com o seu expurgo com a ajuda do respeito e da verdadeira união!












Atenciosamente aos caríssimos eCidadãos,

Ereschkigal.








*Ao clicar na primeira imagem do artigo, o leitor será redirecionado a uma música judaica, originalmente composta em aramaico e em hebraico (dois versos no começo do texto), chamada Had Gadya. A versão disponibilizada está em ladino, idioma dos judeus sefarditas da Península Ibérica. A música trata da sucessão de acontecimentos que confirma a justiça e como toda ação encontra uma reação.