Compromisso, oportunismo e ideologia

Day 1,682, 20:37 Published in Brazil Cuba by Greywacke

Antes de prosseguir, leia o aviso abaixo:




Já que você resolveu não seguir a recomendação acima, espero que leia com atenção e reflita calmamente a respeito das palavras que passa a desbravar. Este é um texto difícil, árido até, tem uma boa dose de conjecturas e divagações, que as mentes mais objetivas costumam não digerir com facilidade e, se e quando o fazem, é sem muito prazer.








É claro que vamos falar de política, vivemos em um jogo onde a política é a base das relações entre as pessoas (não apenas “política” na acepção feia da palavra).

O país está dividido. Já faz algum tempo isso. Há várias divisões, na verdade, mas que, invariavelmente, se agrupam em dois lados. Oposição X Situação, Novos X Velhos, Coligação X Aliança, Panela X Frigideira, etc... O melhor seria dizer: O país É dividido.

Considero a divisão um aspecto positivo, ela reflete a existência de opiniões diferentes e opiniões diferentes são o melhor indicador de vida inteligente. Deveríamos saber lidar com as discordâncias, deveríamos crescer ao lidarmos com elas. Deveríamos até mesmo superar algumas delas, para que outras mais importantes e significativas as substituíssem.


Sempre é bom poder escolher

Muito embora até possamos assistir a pessoas que tiram proveito desses confrontos e que se modifiquem com eles, é difícil ver essas experiências pessoais passarem para a vida política, serem compartilhadas com os demais membros de seu grupo político. Desse modo, os ciclos de antagonismos políticos não parecem evoluir. As mesmas críticas, as mesmas táticas de combate, as mesmas deficiências e as mesmas qualidades são confrontadas mês após mês.

A vida política do país está refém de disputas muito antigas, que já se transformaram em questão pessoal.


Sísifo, empurrando a mesma rocha eternamente...


De certa forma, esse estado de coisas é cômodo para os que se profissionalizaram na política. Não exige deles que se adaptem, que aprendam coisas novas, e, principalmente, que separem o particular do público, as amizades do compromisso político. Grande parte dos grupamentos políticos do nosso epaís, são, em última análise grupamentos afetivos, baseados em relações de amizade e companheirismo.


Companheiros (?)

Companheirismo é muito bom em algumas situações e organizações, mas em um mundo dinâmico como o nosso em um contexto PÚBLICO, os cidadãos que deveriam ter a oportunidade de uma vida política autônoma e diversificada, não vinculada aos vícios já existentes.

Claro, claro: quem tem vícios é o outro, o meu grupo é legal, a culpa da situação é sempre dos cabeçudos do outro lado (e essa crença é um dos piores vícios daqui..).




Companheirismo ou quadrilha... depende do ponto de vista e de até onde ele vai.





RESPONSABILIDADE

Uma verdade é incontestável: assumir bem a responsabilidade pela gestão da coisa pública necessita de uma grande dose de compromisso público. Diferenciar um compromisso público de um compromisso particular ou do meu grupo restrito, às vezes é fácil, outras vezes o que é facil é maquiar um interesse restrito com um discurso bonito e consensual, complementado por um discurso mostrando os defeitos dos adversários.

É a coisa mais fácil encontrar uma afirmação do tipo: “comprometo-me a fazer o melhor pelo eBrasil” e variações sobre o tema, o problema está em dizer o que é melhor para o eBrasil. Também é muito fácil encontrar uma claque aplaudindo essa frase e outra afirmando que é mentira...

Ainda precisamos definir o que são compromissos públicos e o que não é... não creio que será possível fazer isso aqui.





OPORTUNISMO

Enfim, isso é política. Um jogo no qual as aparências são importantes. E aí surgem as manobras.

Sejamos idealistas, mas não ingênuos.

Para assumir uma responsabilidade pública, precisamos assumir um cargo público, precisamos disputar esse cargo. Logo precisamos provar (ou pelo menos convencer a maioria) de que somos melhores que nossos concorrentes.
O discurso é nossa arma, pode ser o discurso público ou o discurso dito em espaços secretos. Iremos com ele enaltecer nossos aliados e massacrar a nossos inimigos. Mais que isso iremos criar armadilhas para capturar nossos adversários em contradições e deslizes.

...

Iremos pegar cada oportunidade que tivermos para garantir nossa vantagem. Mais que as simples palavras, iremos usar as regra e falhas nas regras do jogo para tirar vantagem. Faremos coisas que na RL nos colocariam na cadeia: iremos pagar o transporte de eleitores (de outros estados e até de outros países) para que votem nos nossos candidatos (ou em nós mesmos), iremos às vezes dizer que o que vale é a força do partido e, em outras, que o mais importante é a pessoa, dependendo de nossa conveniência, iremos lançar propostas no congresso que não queremos ver aprovadas, iremos montar campanhas de mídia articuladas para divulgar as ideias que julgamos melhores, iremos fazer campanha contra as ideias que julgamos ruins.

Seremos oportunistas, pois todos serão.





IDEOLOGIA

Mas se a política é só trapaça, por que vamos nos envolver com toda essa sujeira?



Porque não há alternativa.

Porém, podemos manter um mínimo de dignidade, ou pelo menos a aparência de dignidade, se nosso discurso, nossas “trapaças” estiverem justificadas por um conjunto de ideias e de referências de comoportamento, por uma ideologia.

Ideologia é também um conceito muito vago e manipulável, mas se é clara, as pessoas sabem o que esperar de você e o que cobrar de você. Você ganha COERÊNCIA com uma ideologia de verdade.

Especialmente, para os cidadãos recém-enascidos, eles podem identificá-lo com esse conjunto de ideias.

Claro, há ideologias impraticáveis no eRepúblik, há ideologias impublicáveis, seja por questões da RL, seja por causa da óbvia indecência delas in-game.

E há, é claro, os que tem por ideologia acreditar que as ideologias não servem para nada, que, na verdade preferem agir oportunisticamente, guardando para si o papel de detentores de toda a competência e sabedoria do jogo. É muito mais fácil garantir seu direito de mentir sabendo que você não pode ser cobrado em seus ideais e ideologia se você garante que não os tem.





Unindo compromisso e ideologia:

No eRepublik sinto que faltam posicionamentos claros a respeito de alguns pontos que são deixados vagos, ou como simples questões técnicas, de propósito:

Política de alianças
Gestão de recursos públicos (especialmente a política de distribuição de recursos condicionadas)
Política fiscal
Política de aluguel de regiões
Politica de cidadanias
Auxílio à produção
Organização militar






São apenas alguns exemplos de questões que parecem ser deixadas para resolver mais tarde, ou apenas por aqueles que “merecem” debater esses assuntos.


Mais uma vez obrigado!