[Jornal do Eremita Social] Sobre riscos da ditadura e vantagens da democracia

Day 2,653, 19:44 Published in Brazil Argentina by Frade Eremita

Brasil, dia 2.653 do Novo Mundo (25 de fevereiro de 2015).

Como é de conhecimento de muitos cidadãos, a mais nova atualização do eRepublik traz a possibilidade de alterar a forma de governo de um país: a atual democracia representativa, onde elegemos Presidentes e Congressistas, pode ser substituída por uma ditadura, caso uma Unidade Militar promova um golpe.

Este panfleto pretende, antes de mais nada, informar o funcionamento desta nova ferramenta, explicar sobre os seus riscos, e convocar a todos à defesa da atual democracia representativa.


Sobre as ditaduras

Conforme é explicado no anúncio da atualização (pode ser conferido em inglês, no endereço http://www.erepublik.com/pt/main/latest-updates), os Ditadores surgem das Unidades Militares.
Para que o Comandante de uma Unidade Militar inicie um golpe, será necessário: que a Unidade Militar tenha 200.000,00 cc ou mais em sua conta; que o país tenha, ao menos, uma região; que a capital do país não esteja sob ataque estrangeiro; que não exista nenhuma Ditadura no país, durante este momento; que não tenha acontecido, com sucesso, nenhuma revolução nos últimos dez dias. Se todas estas condições forem atendidas, 200.000,00 cc serão debitados da conta da Unidade Militar e um período de suporte iniciar-se-á: durante esta fase, nas três primeiras horas, as demais Unidades Militares do país poderão escolher entre o apoio aos golpistas e o suporte ao Governo/à Democracia. A decisão de apoiar o golpe caberá ao Comandante da Unidade; caso decida por não apoiar, a Unidade constará no elenco das que apoiarão o governo e a democracia.

Depois do período de três horas de preparação para o golpe, uma campanha de “Golpe Militar” iniciar-se-á na capital do país. Haverão dois lados: o lado atacante será o dos apoiadores do Golpe Militar, composto pelos membros das Unidades Militares que decidiram setar apoio ao golpe; e o lado defensor, dos apoiadores do governo e da democracia (cidadãos com cidadania do país, e membros da Unidades Militares que não apoiaram o golpe durante o período de preparação).

Para lutar na campanha de “Golpe Militar”, os cidadãos deverão estar localizados na capital do país e estar elencados em algum dos lados. Mudanças de localização, de cidadania, e mesmo de Unidades Militares, poderão ocorrer durante a campanha de “Golpe Militar”. As campanhas correrão normalmente, necessitando que o vencedor tenha 94 pontos, ao total. Tudo volta ao normal caso o lado defensor vença; mas, a Ditadura será implantada, no caso do golpe vencer.

Os ditadores terão praticamente todo o poder no país, podendo aprovar qualquer lei sozinho, em 24 horas, com exceção de leis de mudança das mensagens aos novos cidadãos e de impeachment ao Presidente - que não poderão ser decididas pelo Ditador.

O Presidente e os Congressistas não perderão oficialmente suas posições, mas também terão seus poderes restritos porquanto o Ditador governe o país. Não poderão propôr ou votar nenhuma lei, nem distribuir cidadanias. O Presidente, também, não terá controle sobre os mecanismos de guerra do jogo; também, perderá o controle sobre as Organizações Nacionais, que será dado ao Ditador. Eleições ocorrerão normalmente durante ditaduras, mas, os vencedores não perceberão qualquer Gold por as terem vencido.

Contudo, existirá a possibilidade, também prevista na atualização do jogo, do Ditador ser derrubado por meio de uma “Revolução”. Todas as condições para a convocação de uma Revolução são idênticas às de um Golpe Militar: devem ser iniciados por uma Unidade Militar, com todas as mesmas condições (dinheiro; o país ter ao menos uma região; e a capital não estar sob ataque estrangeiro), excetuando-se que o Ditador deve ter governado por ao menos três dias, e não pode ter havido uma “Revolução” nos últimos três dias. As Unidades Militares que optarem por não apoiar a Revolução, obrigatoriamente estarão no lado defensor do Ditador; apoiarão a Revolução aqueles que tenham cidadania do país, e os membros das Unidades Militares que apoiarem a Revolução durante as três horas de preparação.

Caso o lado revolucionário vença, a democracia é restaurada: o Ditador é automaticamente derrubado e o Presidente e os Congressistas retornam ao poder.

Esta é a tradução, não-literal e com grifos próprios do editor, da página “Latest Updates” (http://www.erepublik.com/pt/main/latest-updates). Informações sobre prêmios constam apenas na página.


Dos riscos de uma ditadura

Das vantagens políticas da democracia representativa versus problemas de uma ditadura

Dizia Sir Winston Churchill, grande estadista e historiador britânico, que “a democracia é a pior forma de governo, depois de todas as outras”. A democracia representativa exclui das decisões e da participação, muitas vezes, as minorias; mas, as maiorias estão representadas. Qualquer um pode livremente manifestar-se e fazer valer, politicamente, o seu manifesto. Numa democracia, você às vezes está a mercê de governos muito ruins, mas pode estar sendo governado sob a égide de bons e compromissados políticos, também. O mais importante: nela, você faz valer a sua opinião através do voto e tem, sobretudo, a chance de fazer representar a si mesmo, seja no seu partido político, no Congresso ou no próprio governo.

Na ditadura, não existe a possibilidade de se fazer representado - exceto, é claro, quando você pertence à elite dominante da vez, e com a possibilidade de ser posto à margem da sociedade a qualquer momento. Em termos de jogo, numa ditadura, você não pode se fazer ouvido, e sua opinião - por mais acertada ou idiota que seja - pode ser descartada e não será considerada, certamente, a menos que você componha a elite militar que governe àquele tempo.

Quais são os problemais reais que uma ditadura, e sucessivos golpes militares, representariam ao Brasil?

Enfraquecimento militar do país versus união e fortalecimento

Venhamos e convenhamos: para cada golpe militar, haverá, necessariamente, uma revolução para tentar derrubá-lo. São, na melhor das hipóteses, 400.000,00 cc (não contabilizados, noves-fora, os gastos com combat orders e armamento) que poderiam ser gastos para defender o país de possíveis ataques estrangeiros, ou, gastos em campanhas militares para expandir as fronteiras nacionais. Além do aprofundamento da divisão da sociedade brasileira - que já não é muito unida - e da evasão de jogadores para outros países, que naturalmente acontecerá, encontraremos unidades militares divididas, com objetivos distintos; e, certamente, instabilidade na política externa, com alterações repentinas de aliança a qualquer momento.

Quando optamos por não nos dividirmos em bandas golpistas, revolucionárias ou legalistas, temos uma vantagem certa frente a muitos outros países do eRepublik: podemos atacar países divididos pela guerra civil, e sem muito dinheiro para gastar nas mesmas combat orders, haja vista de que torraram-nas em golpes ou revoluções. É uma grande vantagem militar manter o país unido, ao menos, em torno da democracia.

Risco de take overs versus possibilidade de dar take overs

O próprio jogo, quando abre a possibilidade do Ditador distribuir cidadanias, retirando esta prerrogativa do Congresso, torna mais que possível a implantação de ditaduras por take overs - realidades que já bem existem, como no caso da África do Sul, onde a Lazo (unidade militar grega) governa altiplana e sobranceira. É um risco real pro Brasil, também, assim como em qualquer país.

Embora não seja uma solução muito honrada, é uma hipótese, no caso de mantermo-nos unidos em torno da democracia representativa, dar take overs em outros países mais fracos e que adotem política externa divergente da nossa, ou que sejam pedras em nosso sapato. Na divergência por conta de golpes, somos caça; na união, tornamo-nos caçadores.

Impostos a serviço de uma unidade militar ou de um partido

Quando o eRepublik torna possível, a um Ditador, ter acesso ao dinheiro do Tesouro Nacional, ou às organizações de um país, os nossos impostos tornam-se nada mais do que butim de guerra. Se foi revoltante o caso de Haakon Magnusson, ministro da Fazenda que furtou centenas de milhares dos nossos cofres públicos, avalie quão ruim é ter cada centavo à disposição de um grupo seleto de pessoas, para uso próprio?

Essa se torna uma probabilidade com que teríamos de nos acostumar, no caso de se tornarem eventuais os golpes militares. O Ministério da Fazenda não poderia, por exemplo, fazer mais planejamentos econômicos a longos prazos, guardando dinheiro para futuras campanhas e investimentos, uma vez que via de regra, esse dinheiro poderia ser roubado para fins particulares pelo Ditador da vez. Vale a pena, muito mais, a união nacional em torno da democracia.


Por que fazer valer a democracia?

No momento, me sinto contemplado pelo atual governo, no qual votei e possivelmente ajudarei, a partir de amanhã, a dar suporte no Congresso. Tivesse vencido o adversário de Sir Greg, não me sentiria, certamente, representado. Outrossim, sinto que muito mais vale a pena ter um regime onde o Presidente é pressionado pelo Congresso a atender as demandas políticas de oposição (gerando uma condução plural na condução dos negócios do governo), do que um regime onde a vontade de muitos poucos (muitos outros menos, em verdade, do que hoje) é a única a ser levada em conta. Por isso, ainda que eu estivesse em plena oposição a um governo, e que eu fosse um grande player do módulo militar (o que jamais serei) - e fosse comandante de Unidade Militar - jamais apoiaria ou promoveria um golpe: a única ferramenta legítima para derrubar um Presidente deveria ser o impeachment. Assim como eu, muita gente também pensa, nesse sentido, sejam amigos, inimigos ou desconhecidos meus.

Sabemos, em verdade, que Plato não se importa com outra coisa além dos golds que temos a comprar. Compreendemos, em parte, que a incerteza que a possibilidade de Ditaduras nos traz, torna o jogo muito mais emocionante e nos força a traçar melhores estratégias políticas e militares, também. Mas, é muito mais fácil perceber que é muito melhor para o país manter a democracia a qualquer custo.

O país deve ter a consciência de que nem tudo que é permitido, tem bom conteúdo moral. Da mesma forma que prescrevemos, pelo ostracismo de quem o fez, a possibilidade de vender cidadanias, quando somos Congressistas; ou de roubar dinheiro público, quando temos acesso às organizações nacionais; devemos também prescrever da sociedade quem promove ou participa de golpes militares.

Você, cidadão, mantenha-se sempre atualizado sobre as intenções de sua Unidade Militar. Procure saber se a sua unidade é legalista ou pretende participar de golpes, e sempre se mantenha nas que puserem-se à favor da democracia. Quando sua unidade promover um golpe ou apoiá-lo, migre pra outra que não aceite apoiar esse tipo de ato.

Você, comandante de Unidade Militar, sempre se lembre: é mais vantajoso para o país tê-lo unido em torno de um regime democrático, do que dividido por golpes. Com a possibilidade de Ditaduras aberta pelo jogo, somos todos mais fortes, militarmente falando, quando temos uma democracia firme e outros países estão em plena guerra civil. Todos temos a ganhar mais, quer seja financeiramente, quer seja em objetivos militares novos a serem cumpridos.

Um abraço e um bom jogo a todos!