Todas as pessoas...

Day 655, 23:56 Published in Brazil Brazil by TexMurphy





Meu falecido avô foi um grande jornalista no Estado do Rio Grande do Sul. Em sua casa, de arquitetura tradicional da primeira metade do século passado, poucas pessoas podiam entrar na pequena biblioteca/sala de redação. Ele não gostava de compartilhar aquele espaço, principalmente quando estava redigindo em sua máquina de escrever. Mas pela minha excelente conduta e desempenho no colégio - ainda nas séries iniciais - eu tinha carta branca para ingressar no local a qualquer momento. E, numa dessas oportunidades em que ele estava metralhando o teclado da velha máquina, perguntei:

- Vô, o Collor é ladrão?

Vivíamos a crise do Governo Collor na época, e eu não estava entendendo bulhufas. Por isso resolvi questioná-lo. Ele imediatamente interrompeu seu texto, olhou pra mim e com os olhos fez um sinal de que eu esperasse um pouco. Puxou uma nova folha e voltou a datilografar. Alguns segundos após me entregou a folha, na qual constava aproximadamente (memória falha) o texto abaixo:



"Fernandinho,

Todo mundo é ladrão, e todo mundo é honesto. Todo mundo é bom, e todo mundo é ruim. Todo mundo é herói, e todo mundo é bandido. Todo mundo pode ser qualquer coisa porque a vida é um filme e nós os atores. Nosso personagem depende de como enxergamos a história."




Gostaria de reverberar aqui no erepublik esta curta mensagem que recebi ainda muito jovem. Baseando-me nela, dissertarei abaixo, relacionando o tema ao e-Brasil neste momento que vivemos.

Todo mundo é potencialmente ladrão, e potencialmente honesto. Todas as pessoas são incrivelmente capazes de assumirem quaisquer personagens em sua própria vida. Todas as pessoas são honestas e desonestas em potencial. Todo mundo tem e não tem caráter, independente de ter tido pai bom em casa. Todo mundo tem virtude e tem vício como semente dentro de si. Todo mundo tem força e fraqueza na sua química íntima. Todo mundo pode ser luz no fim do túnel e trem na contramão. Depende de como enxergamos a cena. E a nossa visão da cena está intimamente ligada a quem nos lidera.

Muitos têm criticado veementemente Lucas da Silva e Andman. O primeiro por ter retirado GOLD do Partido Militar, e o segundo junto com o primeiro por terem alterado senhas de ORGs Federais sem consenso presidencial. O que poucos ou ninguém compreende é o contexto da cena. O que poucos ou ninguém entende, é que todas as pessoas são brancas e são negras em potencial.


Prezados, lhes pergunto: já liderei DIRETAMENTE a Fazenda três vezes. Por que sob meu comando nunca decorreram escândalos? Por que, prezados, jamais fui traído? Por que sequer 1 centavo foi retirado da posse pública enquanto estive supervisionando-a?

Por que Lucas da Silva não causou dano algum à gestão BETA? Por que Andman não alterou a senha da Força Gama, uma das ORG's mais ricas do país? A resposta é simples: porque são infratores e cumpridores ao mesmo tempo. Lucas é meu amigo e sabe que eu o respeito e jamais trairia minha confiança. Andman é meu amigo também, e sabe que confio nele com sinceridade. Isso forma o contexto da cena. Quando os concedi posse aos seus cargos, fiz questão de mostrar a eles o quanto eu realmente acredito que eles compreendem essa cena. Não citei Tayler aqui porque ele não é acusado de nada, mas a lógica é a mesma. Tayler é meu amigo desde a ultima vez que governei, e sabe o quanto eu deposito confiança em sua pessoa.


A cena oposta não é difícil verificar. Partido Militar maltratou Lucas da Silva ao questionar a legitimidade da sua vitória em eleições. Partido Militar escolheu a cena que desejava que Lucas atuasse neste filme. Andman foi negligenciado por Nosrial enquanto braço direito. Nosrial também escolheu a cena que desejava que Andman atuasse neste longa-metragem. Um líder que negligencia o liderado, está plantando personagem negativo.



Meus queridos e minhas queridas, atentem: não é o indivíduo que se faz, e sim o contexto. Claro que isso é uma situação que pode ser TRANSCENDIDA por todos nós, a fim de criarmos em nossa vida uma unidade constante. Mas até atingir esse estado de sabedoria, somos todos atores de um filme, cujos personagens são decididos pelo contexto. Não adianta trocar os nomes, se a liderança falha em selecionar o seu contexto.

Não estou apenas teorizando. Isso é FATO na minha própria pessoa: minhas equipes sempre funcionaram bem, mesmo contando com cidadãos questionados por outrem. Porque eu sempre dei valor à escolha do contexto e valorizei a importância de não apenas confiar mas MOSTRAR o quanto se confia. Nossos laços não apenas nos unem: nos motivam.



Critiquem o quanto quiserem, mas o problema não está nos nomes. Todas as pessoas são isso, e são aquilo.



Despedidamente,
TexMurphy.