A Hora do Medo - Bicho-Papão

Day 4,676, 17:15 Published in Brazil Brazil by Ministerio da Cultura

Ministério da Cultura - Gabinete Assombrado
eBrasil, Terça-Feira, 08 de Setembro de 2020
dia 4,676 do Novo Mundo

Aqui estou, mais um dia sob o olhar sanguinário do vigia ..



Mas não era bem isso que eu imaginava... Era pior! Chegou um conto do grande Zero Bone DeMasque que fez abalar as paredes da imaginação! Um barulho de xícara, a sombra da cortina e o próprio alarme declarando o fim do expediente foi o suficiente para achar que algo estava errado!

Fui pra casa toda me tremendo mas achando:
- Ah, não preciso ter medo!

Até que ao despertar na madrugada veio a memória tudo aquilo que o relato trouxe a mente ...


Prossiga, por sua própria conta e risco. Beijo da ministra!


I

Ingênuo, na tenra idade
em casa reina, isolado
Genitores, em festividade
de "locus", aproximado

Hora avança
A noite cai
Lazer cansa
Ao quarto vai

O sono se acerca
em berço esplêndido
Sons de cima,
animal em incêndio?

Bobagem, perda de tempo
Promulga a tese
Ramo bailando ao vento
silêncio, há quem preze?



Ruídos rasgam a sombra
Chovem chuviscos, goteira?
Da janela o céu deslumbra
Limpído, até a fronteira

Seria o Bicho-papão?
História de criança, tolice
Maravilhas e confusão?
Seu nome não era Alice

Nova chance para dormir
Cama ainda quente
Boa noite há de vir
Silencia ambiente!

O tempo marcha, inexorável
Descanso enfim? Não, assalto
Ao estado onírico, inefável
Novo embargo vindo do alto




II

Trabalhaste com porfia
Pois bem, que seja
Se é isto que queria
Conseguiste tua peleja

Atreveu-se a beber do cálice
uma mistura de coragem e ira
Ao pé da porta há cúmplice,
mais denso breu que já vira

Hesita com a visita
que envolve, sufoca
Anseia lux, uma pista,
mas a solitude, desemboca

Desjara tal privilégio
mas o enredo era cruel
Isolado em refúgio?
Inquilino de aluguel

Acaso houve omissão?
Fenestras nas ventanas?
Lacrado estava o portão?
Percepções falsas, insanas?

Faminta, a dúvida cresce
Contra o muro procura o ouro
talvez antes, uma prece
que afugente o mau agouro

Alcança o botão, petrifica
A ignorância é um presente
Iluminar mostra, desmistifica
Punição sórdida ao insolente



Retira o véu da incerteza
Esta peça sempre esteve aqui? Talvez não
Acaso uma sombra dançou na profundeza?
Ritmo ruflante, cala-te coração!

III

Meio caminho
do mórbido convite
há mais desalinho
naquele que desiste

No externo do lar
com lux em poder
busca encontrar
a penumbra e conter

Denso frio
rasga face
Fim do brio
temor nasce

Figura horrenda
forma mutante
Há quem repreenda
tal ser aberrante?

Do crepúsculo emitido
lunático sorriso ensaia
Hoje há de ser entretido
com a fartura da tocaia


Autoria: Zero Bone DeMasque



Boa Noite, Durma Bem e Divirta-se!