Sobre União

Day 1,883, 03:34 Published in Portugal Portugal by John Bokinski

(Este artigo foi escrito no passado Sábado, mas o tema tem pouco a ver com o tempo em que foi escrito, na realidade acho que partes dele são muito semelhantes ao que escrevi à mais de um ano atrás nos meus primeiros artigos. Atrasei a sua publicação para evitar mistura-lo no incidente da passada 6ªFeira)

Falamos frequentemente sobre Portugal precisar de união para atingir os seus objectivos. O facto parece-me óbvio mas é sempre bom entendermos porque é que a união é necessária ?

Cada um de nós pode alegar que isto é um jogo e por isso eu vou fazer o que me apetece de forma a maximizar o meu divertimento. E não é obrigatório que a maximização do meu divertimento se adapte às barreiras colocadas pela necessidade de manter a união entre a comunidade.

Na realidade é isso que tem acontecido ao longo dos tempos. Normalmente, não numa perspectiva do indivíduo mas na perspectiva de grupo. Grupos de jogadores com menor ou maior dimensão vão fazendo o que querem e criando as suas próprias comunidades e focalizados na união dentro do seu sub-grupo. No eRepublik estes grupos materializam-se através de Partidos, MU’s ou outras formas de associação menos estruturadas.

Este fenómeno não seria mau se os diferentes sub-grupos trabalhassem tendo por objectivo o atingir de resultados. Infelizmente não tem sido isso que se tem verificado, por questões que me ultrapassam muitos dos “lideres” destes sub-grupos preferem seguir uma política de crítica constante aos outros grupos como forma de angariar de novos elementos e de manter a união dentro do seu sub-grupo. Isto cria ciclos viciosos de critica e contra-critica e poucos ciclos virtuosos de resultados.

Por certo muitos dos mais novos jogadores já notaram que se investe mais tempo a discutir temas triviais e por vezes mesquinhos, do que a tomar acções que gerem resultados, até porque essas acções quando estão a ser tomadas são pouco visíveis para a sociedade e dá ainda uma aparência mais forte que nada se faz. O que pode ser injusto para as pessoas que efectivamente estão a fazer alguma coisa.

É por isso que estou convencido que se continuarmos nesta direcção não iremos atingir os objectivos de nenhum de nós e que a união é fundamental para o futuro da nossa comunidade.

Há dias o Nuno Vieira escreveu um artigo sobre as características que ele considerava serem as ideais os futuros governantes terem e algumas estruturas que deveriam ser criadas de apoio à governação. O Nuno optou por não explicar profundamente as estruturas que falava mas estou certo que as óbvias até já existem, apesar de para muitos estarem subdimensionadas e não responderem realmente às necessidades do país.

Eu concordo com a generalidade das coisas que o Nuno diz mas acho que antes de se pensar em líderes e em estruturas temos de pensar em algo fundamental: uma missão para Portugal.

A missão é o mínimo denominador comum da união. Já no passado discutimos isto, se queríamos um Portugal imperialista, se queríamos um Portugal mais focalizado nas relações com os seus aliados, ou mais focalizados da comunidade interna. Mas eram outros tempos, hoje a nossa missão provavelmente é mais clara e fácil de encontrar um consenso mas considero que não se encontra totalmente formalizada.

Creio que existem duas questões que se misturam quando procuramos falar da missão para Portugal:

i) A primeira está claramente associada à necessidade de colocarmos Portugal no mapa de forma sustentada, não apenas algumas regiões durante uns dias. E aqui podemos discutir se Portugal são 7 regiões, 14 regiões ou se Portugal é um misto de regiões que permitem uma produção económica tão vantajosa quanto possível face às condições geo-estratégicas do momento. Ou será Portugal algo que não precisa de regiões para existir ?

ii) O segundo aspecto é os valores pelos quais Portugal tem pautado a sua conduta para com os seus aliados. Uma conduta que historicamente se tem baseado essencialmente na lealdade mas que nem sempre tem sido pragmática. Estamos dispostos a mudar de comportamento ? a nossa lealdade tem tido correspondência.

Na minha perspectiva, é na conjugação de i) e ii) que se pode verbalizar a missão de Portugal e qualquer verbalização de missão sem os 2 elementos não é suficiente.

Curiosamente esta questão da missão é um pouco aquilo que o HM tem andado a fazer com a história de Portugal são 7 regiões. Os problemas que vejo no movimento 7 regiões é que não considera as duas vertentes que falei, apenas uma nem se preocupou em encontrar um consenso e o segundo é que não parte de uma reflexão estratégica do governo, mas sim de um elemento que tem uma credibilidade baixa aos olhos de grande parte da comunidade. Por isso dou-lhe o mérito de tentar seguir um caminho que faz sentido mas não acho que seja a pessoa certa para o liderar. Ou melhor, este tipo de coisas não deve ter lideres, deve ser coordenado pelo governo e ter uma ampla participação da sociedade.

É à volta de uma missão que a união deve ser realizada, porque se todos concordamos sobre o queremos ser no futuro então é muito mais fácil estabelecer um caminho para lá chegar. E não me parece que o caminho a percorrer dure apenas 1 mandato de CP, ou a missão que nos tínhamos proposto era pouco ambiciosa.

O caminho a seguir inclui um conjunto de medidas políticas algumas de carácter mais estratégico e outras de carácter mais táctico. Criar consenso sobre as medidas a realizar para atingir a nossa missão é muito mais difícil, assim como, a pessoa escolhida para liderar a equipe responsável por implementar as acções. Esta parte é claramente a área de intervenção política e de diferenciação entre os partidos. Mas se não estabelecemos uma missão acima destas acções que seja aceite por todos vamos andar sempre a discutir na estratosfera e não o mérito (ou sua ausência) de acções específicas.

A eficiência e eficácia do governo são outros aspectos que precisamos de analisar. Mesmo em governos que a equipe de trabalho tem poucas alterações, existe sempre uma inércia inicial quando voltam a arrancar os trabalhos, quando existe alterações significativas à equipe maior é a inércia. Sendo normal a rotação da equipe de governo urge criar um conjunto de estruturas que apoiam o governo e não mudam, excepto se o jogador não quiser/poder continuar no posto. Dou exemplos disto:

- As forças armadas estatais: independentemente do nível de financiamento, deve funcionar com uma estrutura totalmente autónoma. Tem se falado muito disto e algumas coisas já estão feitas mas acho que existe um longo período a percorrer. Por exemplo, todos os CP’s pedem distribuidores e procuram definir a forma de distribuição quando o que eles devem fornecer é um orçamento, regras de reporte de gastos e os objectivos a atingir. Tudo o resto deixem com o comandante das forças armadas e a máquina nunca pára. Caso haja alteração significativa do orçamento deve ser o Comandante a propor as implicações dessas alterações. Devem ser também criados planos de sucessão dentro das FAP sem intervenção política.

- A rede de embaixadas, deve ser autónoma do governo. Os embaixadores devem continuar a trabalhar com os países em que trabalhavam independentemente do governo. Provavelmente era útil ter um embaixador júnior para acompanhar o embaixador e o substituir quando ele não quisesse continuar ou estivesse ausente. Existem países ou assuntos que pela sua importância o governo tem de tratar (aconselhado ou não pelo embaixador) mas o embaixador tem de estar no seu dia a dia em contacto com o governo do país da sua responsabilidade, etc.

Poderíamos falar de muitas outras estruturas independentes do governo, o acolhimento de novos jogadores, o MDS, o apoio ao desenvolvimento de noobs, ministério da comunicação, etc.

Estas estruturas são interessantes porque uma vez solidamente montadas é muito mais fácil envolver os novos jogadores nas mesmas, e integrá-los na comunidade. Não tenho nada contra MU’s privadas, mas canalizar a aprendizagem dos jogadores essencialmente para a área militar é redutor e faz com a principal motivação do jogador seja sempre lutar envez de uma integração mais completa na comunidade.

Acho que existem bastantes jogadores novos, que querem fazer coisas para melhorar a comunidade, mas não têm nem o conhecimento suficiente, nem enquadramento, acabam por frustrar. Estas estruturas são mais importantes do que parecem para dinamizar a comunidade.

O tema do artigo é união e eu falei quase exclusivamente sobre organização. Comecei por isto porque se conseguirmos mostrar resultados na construção de uma organização já estamos a dar passos importantes para quebrar os ciclos viciosos de crítica e passarmos a criar ciclos virtuosos de resultados.

Mas existe um passo fundamental que se prende com a natureza humana. Tem a ver na forma como nos relacionamos uns com os outros. O respeito e a confiança são coisas que evoluem aos poucos e normalmente no mesmo sentido. Existem pessoas às quais eu dou confiança para terem determinado comportamento para comigo e existem outros que não dou. Saibam respeitar a diferença.

Nem todas as ideias são boas. Os jogadores mais experientes já pensaram em muitas das ideias novas e sabem que elas não funcionam por uma ou outra razão. Mas por vezes, existem obstáculos inultrapassáveis do passado que desaparecem e um novo jogador pode desbloquear um caminho que alguns já tinham desistido.

Mas mesmo que o caminho que o jogador aponta não seja possível de seguir, apontem os defeitos de forma construtiva, trabalhem com eles para melhorar a ideia. Quando eu entrei no jogo, existiam alguns jogadores com um profundo conhecimento da mecânica do jogo, que sempre que um noob trazia uma nova ideia, os desancavam forte e feio. O resultado disto foi o fraco crescimento de uma comunidade que de inicio era relevante e que tinha alguns dos melhores jogadores do jogo. Podemos ter perdido jogadores top mas melhorámos bastante na recepção a noobs, podemos fazer mais ainda.

A comunidade não pode sobreviver sem novos jogadores. No passado falávamos de babybooms agora temos de criar estruturas para manter um constante fluxo de novos jogadores, é mais fácil reter jogadores quando todos os dias entram 80-100, do que quando de repente tens 500 a criar uma conta e ninguém que os consiga convencer a um segundo log in.
O que atrai jogadores ao eRep são coisas muito diferentes, uns gostam de trolling, então trollem, mas respeitem os outros. Outros é o módulo militar, outros a política, etc. Existe espaço para todos serem respeitados e valorizados desde que orientem as suas acções no atingir do objectivo que propomos para a comunidade.

Independentemente da forma como nos comportemos no futuro, vão subsistir velhas rivalidades e desavenças entre jogadores que à muito estão cristalizadas e eu já não tenho paciência para perder tempo com elas. Como eu, penso que estão uma maioria de jogadores que não se encontram envolvidos nessas confusões.

Se esses jogadores quiserem alterar o seu comportamento e envolver-se nas estruturas de boa fé, melhor, se não quiserem fazer isso, pelo menos não atrapalhem. Estou convencido que se a comunidade demonstrar união e capacidade de fazer obra junta, mais tarde ou mais cedo esses jogadores também contribuirão. Enquanto pensarem que a única forma de contribuir é tomando controlo das coisas, dificilmente vão a algum lado.

Neste momento as acções que podemos fazer têm um impacto muito limitado no nosso fututro. Que melhor altura para investir os nossos esforços na organização. Na segunda feira vai existir uma reunião dos principais responsáveis políticos da comunidade, porque é que não começam por ai. Criem sub-grupos com tarefas organizacionais a realizar se possível envolvendo pessoas de diferentes sensibilidades e mostrem resultados.

Bom jogo a todos