O mundo é composto de mudança

Day 2,380, 23:43 Published in Portugal Portugal by John Bokinski
Introdução

Escrevo este artigo por nenhuma razão em particular, que não seja a tomada de consciência que os últimos meses do erepublik refletem uma atividade militar frenética sem uma aparente ordem ou alinhamento real de blocos contra outros.

É claro que existe um conflito declarado entre a Aurora/Sirius contra a Asteria/Leto/Asgard, mas enquanto que no passado a batalha era claramente de um bloco A contra um bloco B, hoje esse alinhamento não é perfeito. A Aurora tem interesses muito próprios e concentra os seus ataques em objetivos específicos, nos quais, frequentemente tem o apoio da Sirius, mas não sempre. A Aurora não é a CoT subordinada à ONE/TWO, a Aurora é uma aliança com gestão própria e não depende da Sirius mais do que a Sirius depende da Aurora.

A Asteria/Leto/Asgard são um bloco num sentido mais tradicional do termo, mas a Asteria também apresenta caraterísticas muito particulares. A saída da Hungria e o conflito interno da Grécia são os elementos mais visíveis de uma aliança criada para deter dano elevado mas que tem dificuldade de o mobilizar de forma consistente. A Sirius sofre de problema muito semelhante, e o reflexo desta situação é a variância do sucesso dos seus elementos, que já levou à saída do Brasil e à perda de congresso por parte de Espanha.

A Aurora apesar de em dano puro, ser a aliança mais fraca, é, na minha opinião, a aliança mais bem sucedida nos últimos meses, e a explicação é simples: a Aurora tem raízes na CoT, os seus membros não têm dúvidas de quem são os seus aliados e não hesitam em dar dano pelos mesmos.

A Sirius e a Asteria são um conjunto de velhos aliados que se coligam com velhos adversários. É fácil colocar uma DO a favor da Croácia, mas é mais difícil que a comunidade polaca e espanhola lutem pela Croácia, ou vice-versa. Uma coisa é o que os líderes políticos desejam, ou mesmo a maioria da população, outra é a intensidade do dano e a vontade das Mu’s.

É provável que com o tempo, as linhas que unem os membros da Sirius e da Asteria se venham a engrossar, mas outra hipótese é que existam mais quebras, como aconteceu com o Brasil e Hungria.

E Portugal ?

Portugal terá sido dos países que mais criticaram a criação da Asteria na base em que foi criada. Penso que se os países da Asteria tivessem ligado a algumas das coisas que dissemos na altura teriam evitado alguns dos problemas que se vieram a materializar na Asteria. Mas Portugal dificilmente se teria encaixado numa aliança como a Asteria, por isso termos ficado de fora da Asteria não creio que tenha sido mau para Portugal. O mau foi a criação do bloco que incluí a Asteria/Leto & Asgard não ter sido efetuado de forma a maximizar o potencial desse bloco.

A criação da Leto, que eu pessoalmente não concordei, acabou por ser um catalisador da atividade dos elementos mais ativos no módulo militar da nossa comunidade. Eu discordei da Leto porque de alguma forma validava a Asteria, mas subestimei o poder catalisador da aliança para a aproximação a alguns outros países, com os quais tínhamos pouca ligação e para a motivação de parte da nossa comunidade. Globalmente o destaque que Portugal ganhou com a Leto por ser um dos países mais ativos da aliança, colocou-nos em maior evidência, e aumentou a nossa relevância global, se bem que sempre subordinada à nossa dimensão.

A nossa entrada na CUA (ou CUAP agora) reflete um passo na direção da integração de Portugal nas comunidades sul americanas, que para mim é um passo óbvio. Tendo em consideração que a Este temos o bloco Espanha-Polónia, com o qual considerámos aproximação e na minha opinião esgotámos totalmente essa hipótese após Novembro de 2013. Considerando que a comunidade americana sempre nos ignorou (com umas invasões pelo meio para chegar a algum lado), o único bloco óbvio que Portugal se pode alinhar é aquele que lentamente se tem formado na América do Sul.

Essa escolha é tão natural que nos últimos 2 anos a Argentina e a Colômbia têm sido constantemente os nossos aliados mais resilientes. E a nossa presença na Leto, apesar da presença da Argentina na Asteria em nada mudou isso. A entrada na CUAP consagra algo que parece ser uma tendência clara de a Asteria ter um bloco no centro da Europa liderado por pelo eixo Servia/Roménia, e um centro na América do Sul liderado pela Argentina. Na minha opinião se a Asteria tivesse sido criada como duas sub-alianças teria ganho, em muito com isso, resolvendo uma série de problemas internos existentes (provavelmente o problema entre a Hungria e Roménia e o problema grego seriam resolvidos desta forma).

A subida a “potências” da Argentina e do Chile advêm de um evento muito simples, um NAP entre 2 países que tinham passado a maior parte dos 2 anos anteriores em guerra contínua. Apesar de eu não ter tido qualquer influência no NAP, na realidade esta ideia foi muitas vezes por mim proposta nos media destes 2 países cerca de um ano antes de ele ter realmente ocorrido, ainda em plena guerra entre a TwO e a COT. Da mesma forma, defendi desde o início da ocupação argentina do Brasil, que o NAP da Argentina e Chile só poderia evoluir numa direção mais construtiva, se o Brasil fosse contemplado no mesmo. Aqui, não acertei totalmente, porque efetivamente houve evolução positiva da relação mesmo antes do NAP entre a Argentina e o Brasil, mas a realidade é que a própria Argentina compreendeu que enquanto não encontrasse uma solução para o caso brasileiro, as suas opções estratégicas estariam limitadas. O NAP reflete essa tomada de consciência.

A Argentina e o Chile criaram estabilidade na sua região para poderem ser relevantes em outros sítios, e Portugal ?

Portugal fez um pouco do mesmo. Enfrentámos ataques do México e da Venezuela e repelimos esses ataques, tendo forçado o NAP com esses 2 países em condições diferenciadas. No caso do México ocorreu só o encerramento da guerra, no caso da Venezuela que considerámos um ataque mais grave por não ter qualquer explicação “concursal”, exigimos o usufruto de duas regiões durante um mês.

Tenho consciência que aqui muita gente discorda da minha opinião, mas eu continuo a bater na mesma tecla. Os NAP que assinámos com estes 2 países, do bloco adversário, melhoraram a imagem de Portugal frente a adversários e aliados. O comportamento do México (contrariando o Chile para aceitar a TW com Portugal) e da Venezuela (não aproveitando a RW aberta pelo Chile para recuperar Guyana) são exemplos desse mesmo respeito. A recusa da Venezuela em aceitar novo NAP e em ceder as regiões está perfeitamente dentro dos direitos que lhe foram conferidos pelo NAP assinado no governo anterior e é um comportamento natural. Caso tivéssemos um NAP com Espanha nesses termos, acham que nós cederíamos as regiões ? penso que não.

É por isso que não concordo com um ataque à Venezuela. Tenho consciência que uma parte da comunidade portuguesa precisa de guerra para se manter motivada, e lutar na Leto, não chega. Mas procuremos encontrar algo que faça mais sentido e não impacte a imagem séria que temos construído nos últimos meses/anos. Pensemos também no impacto que isto pode ter no projeto de unidade da América do Sul que é do interesse de alguns dos nossos aliados.

E finalmente, pensemos que o inimigo é, e sempre será, Espanha. E se a conjuntura hoje parece favorável, também assim parecia quando invadimos a Venezuela pela primeira vez e sabemos como isso acabou. Foi divertido na primeira fase mas perdemos o congresso por muitos meses. Eu serei daqueles que liga pouco a congressos, mas acho que temos de admitir que os meses de wipe não foram bons para a comunidade.

Parece-me a mim, mais sólido concentrarmos as nossos forças no fortalecimento das nossas relações com a América do Sul de forma a fortalecer a nossa posição geo-estratégica (que é extremamente difícil como vocês sabem) e dar o passo seguinte na integração que seria promover a entrada de Portugal no “TETAS” (acho que este objetivo é consensual só baseado no nome).

Para isso existem 2 questões que têm de ser resolvidas: a nossa relação com o Chile e a nossa relação com o Brasil.

O Chile

Pessoalmente sempre tive bastante admiração pela comunidade chilena apesar de serem o principal adversário do nosso principal aliado, a Argentina. Admirava-os porque eram muito ativos nos media e com jogadores que publicavam artigos de qualidade, por terem conseguido fazer crescer a sua comunidade, criando gerações e gerações de jogadores com força bem acima da média, apesar de passarem bastante tempo em wipe ou com poucas regiões. Adicionalmente demonstraram serem aliados ferozes dos seus aliados mais antigos, não aceitando abandona-los mesmo quando lhes era pouco conveniente. A exceção a esta regra terá sido o Brasil, mas também por efeito de tensões criadas entre os 2 países que foram mal geridas.

Portugal sempre viu o Chile como um forte aliado de Espanha (relação que entretanto se deteriorou devido ao apoio espanhol em RW no Perú) e o Chile via-nos como um aliado sempre presente na ajuda à Argentina. Como nós respeitávamos o Chile por lutar pelos aliados acredito que o Chile nos respeitava por fazermos o mesmo.

No entanto, mais recentemente a rivalidade aumentou. Parte disto deve-se ao papel de Portugal nas forças móveis da LETO que enfrentam o Chile em várias regiões. Em parte por aparente troleio mútuo. Creio que a primeira situação é inevitável, faz parte das nossas posições nas alianças respetivas. O segundo acho que podemos lidar de forma mais inteligente, e evitar esses conflitos que enfraquecem a nossa posição desnecessariamente. Podemos usar a TW para atual para melhorar as nossas relações.

O Brasil

O Brasil foi o nosso aliado mais próximo durante 4 anos. Muitas vezes veio em nosso auxílio, e durante esses 4 anos várias vezes foram fundamentais para a soberania portuguesa. Mas há cerca de 2 anos tudo mudou, o Brasil iniciou uma aproximação a Espanha que foi muito mal recebida por Portugal (tínhamos as nossas razões). Rapidamente a troca de acusações levou a que a relação se quebrasse e isso foi imediatamente mau para Portugal.

Mas a aproximação a Espanha também se revelou desastrosa para o Brasil. A aproximação a Espanha representou a perca de quase todos os aliados do Brasil, e os novos aliados do bloco de Espanha que o Brasil pensou poderem sustentar a sua posição geo-estratégica, nunca os apoiaram verdadeiramente. O Brasil perdeu-se numa guerra interna e numa guerra com a Argentina criada desnecessariamente, num momento em que em que o “status quo” global mudou e deixou o Brasil sem proteção.

A guerra interna mudou o Brasil. Muitos da antiga comunidade desapareceram da vida ativa ou mesmo do jogo. A comunidade Brasileira após 7 meses em wipe aprendeu muita coisa, mudou a sua perspetiva das coisas e, sobretudo, rejuvenesceu.

A comunidade portuguesa mudou bastante menos. Muitos de nós ainda tem bem na memória o que aconteceu à 2 anos atrás. Mas não reconhecermos que o Brasil é liderado por uma nova geração, parecem estar finalmente capaz de ultrapassar muitos dos erros e enganos que cometeu no passado e está a criar uma nova história para a comunidade, seria um erro.

Este Brasil é diferente do Brasil que era nosso aliado/irmão. É um Brasil com uma relação forte com Espanha. Mas é também uma comunidade que aprendeu na pele que as relações mutuamente exclusivas não funcionam no Erepublik atual. Ter uma relação com a Espanha e com a Argentina não é impossível e como tal ter uma relação com Portugal também não o é.

Adicionalmente, existe muito que aprendemos com o NAP que realizámos com Espanha. Aprendemos com alguns dos erros que realizámos e percebemos em primeira mão os erros (alguns deles colossais) que Espanha fez. Quem melhor que Portugal para aconselhar a Argentina em como tratar o NAP com o Brasil ? ajudá-los a evitar alguns dos erros cometidos por Espanha pela sua arrogância, sendo certo que ao faze-lo também poderíamos trabalhar mais perto da comunidade brasileira.

Tudo o que somos e que sabemos demonstra quão interligada está a nossa comunidade à América do Sul.

Eu terei sido dos cidadãos portugueses mais chatos nos media brasileiros a apontar o dedo aos jogadores que mais influência tiveram na descaraterização do Brasil, mas quero ser também dos primeiros a admitir que o mundo está em mudança e o Brasil mudou. Ignorar isso seria um erro.

Bom jogo a todos