[BS] Os Riscos da Democracia
Dio Vigon
Caros leitores,
No dia 2653 do Novo Mundo (dia 24 de Fevereiro), o eRepublik recebeu uma atualização que pode ser considerada a mais polêmica de 2015: o módulo Ditatorial. Inclusão de três novas medalhinhas e três novas condecorações, um poder ainda maior nas mãos das Unidades Militares e um belo tapa na cara do módulo político tradicional.
O novo módulo ditatorial afunilou ainda mais a cadeia alimentar do eRepublik, transformando os grupos com maior potencial militar e financeiro em verdadeiros papa-países, além de potencializar as rixas internas dentro de algumas nações. Por isso, nesses quase 200 dias em que o módulo está ativo, as mudanças na composição geopolítica, diplomática e militar do jogo já são notáveis.
O primeiro grande país a sucumbir à Ditadura hostil foi a Grécia, o que intensificou a guerra civil a patamares nunca antes vistos e fez com que todos os outros países do jogo passassem a temer o risco de uma empreitada semelhante contra suas autonomias políticas. O mesmo artifício foi tentado em Portugal, com sucesso, em duas oportunidades que logo foram dissolvidas. Bem ao lado do Brasil, a Venezuela também recebeu uma Ditadura forçada e o mesmo ocorreu com vários países de pequeno e médio porte, sendo a mais recente vítima, o Canadá.
É inegável que o modelo democrático convencional, com a participação ativa do congresso nas decisões ingame, oferece uma interação social muito mais ampla para as comunidades nacionais, ainda mais as de pequenos e médios países, em que grande parte da emoção está presente nas disputas políticas. Entretanto, o módulo Ditatorial colocou todos em estado de alerta e gerou uma resposta quase imediata dos países em risco: o Auto-Golpe.
Embora não faça parte do escopo oferecido na atualização e, na prática, seja uma Ditadura convencional, com todo o poder centralizado nas mãos do Líder da MU que deu o golpe, o que nós chamamos de Auto-Golpe é uma iniciativa interna dos países, em que suas lideranças políticas (partidos, congresso) definem, em comum acordo, regras offgame para que haja um Ditador legitimamente eleito, assim se minora o risco iminente de uma Ditadura hostil, seja interna ou estrangeira.
No Brasil, essa iniciativa teve início em 11 de março de 2015, segunda semana após a atualização, em que o congresso definiu o Gunner. como Ditador e, posteriormente, em respeito às eleições presidenciais, o mesmo passou o bastão às mãos do Bozo MADLIFE, eleito naquele mês, tendo o mesmo passado a liderança aos outros eleitos nos meses seguintes (em ordem, Dio Vigon, Gunner. e Paul Lago).
Recentemente, durante a eleição do dia 5 de setembro, o presidente em exercício, Paul Lago, iniciou uma revolução e, por ser bem sucedida, o país retornou ao estado democrático original, o que reacendeu alguns debates envolvendo os prós e contras dos dois modelos (democracia e ditadura).
Há quem defenda que o modelo democrático é, como dito acima, muito melhor para a saúde da comunidade, pois oferece maior participação aos congressistas e pode dar ânimo político aos novos e velhos jogadores envolvidos nesse meio partidário. Por outro lado, os defensores da ditadura, mais especificamente, do Auto-Golpe, são taxativos ao afirmar que a permanência de um Ditador é, apesar da centralização de poder, uma ferramenta indispensável para a proteção da soberania nacional.
Em virtude desse debate constante, me propus a apresentar alguns cenários possíveis e prováveis dentro dos dois módulos disponíveis, para que o tema seja amplificado e mais jogadores possam opinar e se informar a respeito dos riscos e das vantagens de cada um.
Desde o início da V1, em meados de 2008, o módulo político sofreu pouquíssimas alterações. Antes inexistiam as Cidadanias e os jogadores tinham livre acesso aos países, o que fazia do jogo uma verdadeira terra de ninguém, com grandes e famosos Take Overs, até sua inserção, em 2009. Porém, ainda era possível entrar em outro país sem a necessidade de ter cidadania aprovada. Isso acontecia em nações sem congresso, até que o Plato resolveu impedir essa prática também (depois da invasão sérvia na Croácia wipada e a eleição presidencial mais votada de todos os tempos). Outra alteração um pouco mais recente (2011, se não me engano) foi a garantia de eleições presidenciais, que antes dependiam do país possuir regiões, assim como ocorre com a eleição do congresso. Por fim, a última mudança significativa ocorreu em setembro de 2012, com a mudança das candidaturas por região, para as listas partidárias.
Foram dois anos e meio até a próxima mudança relevante e o modelo democrático, que reinou sozinho durante toda a história do jogo, recebeu a companhia da Ditadura. Agora países como o Brasil podem ter 40 pessoas eleitas todo mês, mas que, na prática, não precisam fazer absolutamente nada.
Em um Estado democrático, os congressistas tem em suas mãos algumas responsabilidades (e vou me ater apenas ao que o jogo oferece): definição de impostos e salários, concessão de cidadanias, oferecimento de NE, além de votar em decisões como a mensagem inicial, MPPs e Alianças, ou seja, eram 40 pessoas eleitas mensalmente, com uma enorme responsabilidade em mãos. Aos jogadores que fazem carreira parlamentar ingame, é evidente a frustração que a alteração no modelo político oferece, pois os alija de qualquer participação efetiva. Não é surpresa, portanto, que exista uma parcela minoritária que insiste em promover o debate sobre a volta da democracia no fórum.
O grande problema do modelo democrático, ao meu ver, nem é a participação ou não de uma parcela maior de jogadores nas decisões do país. Como alguém que já governou durante um bom tempo nos dois módulos (6 meses na democracia e 3 meses na ditadura), posso aferir que, politicamente, cada modelo oferece vantagens e desafios bem proporcionais. O risco iminente é militar e político.
Um país democrático está mais propenso a receber um golpe hostil (estrangeiro ou não) do que um país em Auto-Golpe. E isso ocorre por dois motivos: o primeiro deles, financeiro, pois se eu quiser dar um golpe em um país democrático, só preciso de 200K BRL + dinheiro para COs. Caso eu queira fazer o mesmo em um país que permanece em Auto-Golpe, preciso investir o dobro do valor.
O segundo motivo é logístico e, ao meu ver, fundamental para obter sucesso, pois depois de iniciado o golpe, os defensores do país terão apenas 3 horas para se mobilizar. Estando em Auto-Golpe, a Revolução é iniciada depois das mesmas 3 horas, mas será necessário esperar pelo menos outros 10 dias até a abertura de um Golpe e, nesse período, o país atacado pode se mobilizar de forma muito mais efetiva e impedir o Golpe.
Há quem diga, porém, que “ninguém daria golpe em um país como o Brasil, pois não seria interessante financeiramente”. Porém, essa ótica está completamente equivocada, pois se considerarmos que alguém efetue um golpe no Brasil com gastos na beira de 500.000 BRL, assim que vencida a batalha, o Ditador pode aumentar todos os impostos aos níveis máximos e potencializar a arrecadação do país a montantes MUITO maiores do que os que temos hoje. Basta lembrar que enquanto nós tivemos regiões venezuelanos durante a ditadura húngara por lá, o ganho que recebíamos das regiões deles eram 10x maiores do que o normal. Se a proporção por aqui for a mesma, em três dias o Ditador teria retorno financeiro e poderia, caso deposto em uma breve revolução, tentar o mesmo Golpe logo em seguida.
Então dinheiro, definitivamente, não é um entrave, pois embora o aporte inicial necessário seja alto, o retorno desse montante é possível e até provável. O que deixa mais atrativos os os motivos para se dar um Golpe como esse. Imagine, mesmo que por 3 dias, controlar uma nação como a nossa? Apenas nesse curto espaço de tempo, seria possível propor MPPs com todos os inimigos, declarar aliados vizinhos como inimigo natural, propor embargos comerciais com aliados, promover a saída do país da aliança, alterar salário mínimo (e fechar com a economia dos cidadãos), limpar o caixa de todas as ORGs e até alterar todos os emails. Sério, só a hipótese de isso ocorrer já causa transtorno, imagine um país sitiado a esse ponto.
Pessoalmente, eu prefiro a Democracia, pois embora existam muitos problemas ocasionados por atuação de maus congressistas, é preferível que haja esse tipo de equilíbrio político e o congresso, apesar dos defeitos, oferece esse equilíbrio. Porém, enquanto o módulo ditatorial existir, a menos que seu país seja a Sérvia, o risco de sofrer um Golpe - e um colapso econômico, social e político - é muito grande.
Se o jogo não estivesse completamente desnivelado, a democracia seria uma opção coerente e menos arriscada. Entretanto, enquanto tivermos jogadores mais ricos do que muitas nações e grupos militares mais relevantes do que seus próprios países, o eRepublik, infelizmente, nos obriga a seguir a cartilha do Auto-Golpe. Quem sabe isso não mude futuramente.
Dio Vigon, a ovelha negra do Brasil.
in omnia paratus
Comments
Votado
Como sempre bons artigos.
Não quer dizer que concordo com tudo...
Mas muito claro a escrita.
Muito bom o7
Ótimo artigo.
Belo artigo ovelha 🙂
Olha só, a ovelha escrevendo artigos. V+
Bom, com relação a lucratividade do ditador não sei se seria tanto assim, pois todos poderiam pedir cidadania de outro país aliado e com certeza seria concedida rapidamente. Dessa forma ele poderia ficar no prejuízo sim.
Você pode falar que os dois clicks continuariam, pode ser que sim, mas tenho plena certeza que os dois cliks não tem um grande poder econômico no jogo...
Com relação ao dinheiro do governo e das orgs, ele poderia ser totalmente retirado antes que se findasse a guerra,
Ai que vc se engana. Boa parte dos dois cliques me arrisco a dizer são grandes players com dezenas de empresas e que ficam produzindo para corporações (unidades militares por exemplo) e ou para sí próprio.
Mas vale o debate.
Bom mas se fazem isso, eles tb nao ficariam 🙂
Falou e disse Hulk!
"... eu prefiro a Democracia ..."
Grande ironia por parte de quem fechou o Congresso quando se viu contestado. 😃 😃 😃
Eu prefiro a democracia, o que não significa que eu seja burro de me sujeitar aos caprichos de gente mal-intencionada que o sr, infelizmente, se afeiçoa.
Obrigado por confirmar quanto estou certo.
Um democrata ou eDemocrata sabe viver e conviver com todos. Com o fecho do Congresso ... os seus limites ficaram óbvios.
Pode voltar para a sua atividade preferida; Não fazer nada ! http://www.egov4you.info/citizen/history/2871766 ... 😛
Pessoas inteligentes discutem ideias. Pessoas limitadas discutem pessoas. Eis eu aqui, fazendo um texto sobre mecanismos do jogo, comportamento social, enquanto você só é capaz de ficar tentando me analisar a partir do seu parco campo de visão.
Desculpa, mas quando estiver interessado em diálogos construtivos, me procure. Pra sua carência eu não tenho saco. Nem preciso.
Abraço.
Ao pretender preferir a Democracia ... vc mesmo saiu da discussão de ideias ou conceitos para afirmar uma escolha, para se posicionar no debate
.
Escolha/posicionamento q vc foi incapaz de respeitar ao fechar o Congresso.
Se sofre de dupla personalidade .. força dude ... existe cura. 😃 😃 😃
Sai do armário.
Depois do chilique que você deu por minha causa, com caras que te consideram amigo, ficou claro que seu problema é recalque e para isso não tem cura.
Por Que como a Servia?
Maior potência do jogo.
Mas é vulnerável a ataques ditadori-as tanto de outros paises quanto de seus próprios membros kkk não é por que é forte que n tem doença.
v
VIGONMAXXX
v++
gostei... bem apresentado...
v
Belo artigo Vigon...
Muito bem escrito. A democracia infelizmente é frágil nesse jogo. E as revoluções drenam muito dano dos cidadãos.
Excelente artigo. De fato, consegui entender melhor a questão Ditadura x Democracia.
Parabéns!
Prefere democracia...
Acho que entendeu minhas "prolixidades" em CB rs
[removed]
Você também foi prolixo neste artigo, veja seu tamanho para chegares à conclusão sobre tua preferência de regime político 😃
LOLrenzo, tem limite de caracteres pra publicar artigo?
Viu como se perde nas prolixidades?
Acaba mal entendendo o que digo rs me obrigando a explicar e usar de prolixidades para entenderes hehe
A resposta é: Também não existe limitações de caracteres no fórum 😃
Outra resposta: Gosto de escrever e ler, logo, gosto também dos teus artigos 😃
Comédia!
Carta aberta de Heisenberg: volta ao eBrasil.
http://www.erepublik.com/br/article/carta-aberta-de-heisenberg-volta-ao-ebrasil--2550774/1/20
[removed]
Esse Vigon é como o Collor... verbaliza como ninguém... contudo...
.
Méééééééé
.
V+