[BS] Os Riscos da Democracia

Day 2,852, 11:34 Published in Brazil Brazil by Dio Vigon



Caros leitores,

No dia 2653 do Novo Mundo (dia 24 de Fevereiro), o eRepublik recebeu uma atualização que pode ser considerada a mais polêmica de 2015: o módulo Ditatorial. Inclusão de três novas medalhinhas e três novas condecorações, um poder ainda maior nas mãos das Unidades Militares e um belo tapa na cara do módulo político tradicional.



O novo módulo ditatorial afunilou ainda mais a cadeia alimentar do eRepublik, transformando os grupos com maior potencial militar e financeiro em verdadeiros papa-países, além de potencializar as rixas internas dentro de algumas nações. Por isso, nesses quase 200 dias em que o módulo está ativo, as mudanças na composição geopolítica, diplomática e militar do jogo já são notáveis.

O primeiro grande país a sucumbir à Ditadura hostil foi a Grécia, o que intensificou a guerra civil a patamares nunca antes vistos e fez com que todos os outros países do jogo passassem a temer o risco de uma empreitada semelhante contra suas autonomias políticas. O mesmo artifício foi tentado em Portugal, com sucesso, em duas oportunidades que logo foram dissolvidas. Bem ao lado do Brasil, a Venezuela também recebeu uma Ditadura forçada e o mesmo ocorreu com vários países de pequeno e médio porte, sendo a mais recente vítima, o Canadá.



É inegável que o modelo democrático convencional, com a participação ativa do congresso nas decisões ingame, oferece uma interação social muito mais ampla para as comunidades nacionais, ainda mais as de pequenos e médios países, em que grande parte da emoção está presente nas disputas políticas. Entretanto, o módulo Ditatorial colocou todos em estado de alerta e gerou uma resposta quase imediata dos países em risco: o Auto-Golpe.



Embora não faça parte do escopo oferecido na atualização e, na prática, seja uma Ditadura convencional, com todo o poder centralizado nas mãos do Líder da MU que deu o golpe, o que nós chamamos de Auto-Golpe é uma iniciativa interna dos países, em que suas lideranças políticas (partidos, congresso) definem, em comum acordo, regras offgame para que haja um Ditador legitimamente eleito, assim se minora o risco iminente de uma Ditadura hostil, seja interna ou estrangeira.

No Brasil, essa iniciativa teve início em 11 de março de 2015, segunda semana após a atualização, em que o congresso definiu o Gunner. como Ditador e, posteriormente, em respeito às eleições presidenciais, o mesmo passou o bastão às mãos do Bozo MADLIFE, eleito naquele mês, tendo o mesmo passado a liderança aos outros eleitos nos meses seguintes (em ordem, Dio Vigon, Gunner. e Paul Lago).

Recentemente, durante a eleição do dia 5 de setembro, o presidente em exercício, Paul Lago, iniciou uma revolução e, por ser bem sucedida, o país retornou ao estado democrático original, o que reacendeu alguns debates envolvendo os prós e contras dos dois modelos (democracia e ditadura).

Há quem defenda que o modelo democrático é, como dito acima, muito melhor para a saúde da comunidade, pois oferece maior participação aos congressistas e pode dar ânimo político aos novos e velhos jogadores envolvidos nesse meio partidário. Por outro lado, os defensores da ditadura, mais especificamente, do Auto-Golpe, são taxativos ao afirmar que a permanência de um Ditador é, apesar da centralização de poder, uma ferramenta indispensável para a proteção da soberania nacional.

Em virtude desse debate constante, me propus a apresentar alguns cenários possíveis e prováveis dentro dos dois módulos disponíveis, para que o tema seja amplificado e mais jogadores possam opinar e se informar a respeito dos riscos e das vantagens de cada um.

Desde o início da V1, em meados de 2008, o módulo político sofreu pouquíssimas alterações. Antes inexistiam as Cidadanias e os jogadores tinham livre acesso aos países, o que fazia do jogo uma verdadeira terra de ninguém, com grandes e famosos Take Overs, até sua inserção, em 2009. Porém, ainda era possível entrar em outro país sem a necessidade de ter cidadania aprovada. Isso acontecia em nações sem congresso, até que o Plato resolveu impedir essa prática também (depois da invasão sérvia na Croácia wipada e a eleição presidencial mais votada de todos os tempos). Outra alteração um pouco mais recente (2011, se não me engano) foi a garantia de eleições presidenciais, que antes dependiam do país possuir regiões, assim como ocorre com a eleição do congresso. Por fim, a última mudança significativa ocorreu em setembro de 2012, com a mudança das candidaturas por região, para as listas partidárias.

Foram dois anos e meio até a próxima mudança relevante e o modelo democrático, que reinou sozinho durante toda a história do jogo, recebeu a companhia da Ditadura. Agora países como o Brasil podem ter 40 pessoas eleitas todo mês, mas que, na prática, não precisam fazer absolutamente nada.

Em um Estado democrático, os congressistas tem em suas mãos algumas responsabilidades (e vou me ater apenas ao que o jogo oferece): definição de impostos e salários, concessão de cidadanias, oferecimento de NE, além de votar em decisões como a mensagem inicial, MPPs e Alianças, ou seja, eram 40 pessoas eleitas mensalmente, com uma enorme responsabilidade em mãos. Aos jogadores que fazem carreira parlamentar ingame, é evidente a frustração que a alteração no modelo político oferece, pois os alija de qualquer participação efetiva. Não é surpresa, portanto, que exista uma parcela minoritária que insiste em promover o debate sobre a volta da democracia no fórum.

O grande problema do modelo democrático, ao meu ver, nem é a participação ou não de uma parcela maior de jogadores nas decisões do país. Como alguém que já governou durante um bom tempo nos dois módulos (6 meses na democracia e 3 meses na ditadura), posso aferir que, politicamente, cada modelo oferece vantagens e desafios bem proporcionais. O risco iminente é militar e político.

Um país democrático está mais propenso a receber um golpe hostil (estrangeiro ou não) do que um país em Auto-Golpe. E isso ocorre por dois motivos: o primeiro deles, financeiro, pois se eu quiser dar um golpe em um país democrático, só preciso de 200K BRL + dinheiro para COs. Caso eu queira fazer o mesmo em um país que permanece em Auto-Golpe, preciso investir o dobro do valor.

O segundo motivo é logístico e, ao meu ver, fundamental para obter sucesso, pois depois de iniciado o golpe, os defensores do país terão apenas 3 horas para se mobilizar. Estando em Auto-Golpe, a Revolução é iniciada depois das mesmas 3 horas, mas será necessário esperar pelo menos outros 10 dias até a abertura de um Golpe e, nesse período, o país atacado pode se mobilizar de forma muito mais efetiva e impedir o Golpe.

Há quem diga, porém, que “ninguém daria golpe em um país como o Brasil, pois não seria interessante financeiramente”. Porém, essa ótica está completamente equivocada, pois se considerarmos que alguém efetue um golpe no Brasil com gastos na beira de 500.000 BRL, assim que vencida a batalha, o Ditador pode aumentar todos os impostos aos níveis máximos e potencializar a arrecadação do país a montantes MUITO maiores do que os que temos hoje. Basta lembrar que enquanto nós tivemos regiões venezuelanos durante a ditadura húngara por lá, o ganho que recebíamos das regiões deles eram 10x maiores do que o normal. Se a proporção por aqui for a mesma, em três dias o Ditador teria retorno financeiro e poderia, caso deposto em uma breve revolução, tentar o mesmo Golpe logo em seguida.

Então dinheiro, definitivamente, não é um entrave, pois embora o aporte inicial necessário seja alto, o retorno desse montante é possível e até provável. O que deixa mais atrativos os os motivos para se dar um Golpe como esse. Imagine, mesmo que por 3 dias, controlar uma nação como a nossa? Apenas nesse curto espaço de tempo, seria possível propor MPPs com todos os inimigos, declarar aliados vizinhos como inimigo natural, propor embargos comerciais com aliados, promover a saída do país da aliança, alterar salário mínimo (e fechar com a economia dos cidadãos), limpar o caixa de todas as ORGs e até alterar todos os emails. Sério, só a hipótese de isso ocorrer já causa transtorno, imagine um país sitiado a esse ponto.



Pessoalmente, eu prefiro a Democracia, pois embora existam muitos problemas ocasionados por atuação de maus congressistas, é preferível que haja esse tipo de equilíbrio político e o congresso, apesar dos defeitos, oferece esse equilíbrio. Porém, enquanto o módulo ditatorial existir, a menos que seu país seja a Sérvia, o risco de sofrer um Golpe - e um colapso econômico, social e político - é muito grande.

Se o jogo não estivesse completamente desnivelado, a democracia seria uma opção coerente e menos arriscada. Entretanto, enquanto tivermos jogadores mais ricos do que muitas nações e grupos militares mais relevantes do que seus próprios países, o eRepublik, infelizmente, nos obriga a seguir a cartilha do Auto-Golpe. Quem sabe isso não mude futuramente.


Um grande abraço,
Dio Vigon, a ovelha negra do Brasil.

in omnia paratus