Bozolation, Medo e Eleições

Day 1,841, 03:44 Published in Brazil Brazil by Varnhagen
Meus caros amigos,

Na política, o medo é uma arma “quente”. Diria mais ainda, não só na política. Niccolo Machiavelli no seu sempre atual “O Príncipe”, dizia que para o soberano mais valia ser temido que amado. Podemos dizer, de forma curta e grossa, que o chicote é mais útil que o afago, nessa linha de análise. O “princeps” somente amado está a um passo de ser traído. As paixões, ainda que avassaladoras, são efêmeras. O medo não. Quem teme não ultrapassa determinados limites, não se levanta na multidão. Trocadilhos à parte, a multidão também não se “levanta”, a não ser em situações extremas e excepcionais. Ou nem nelas, dirão os menos otimistas.

Certos medos são individuais, variam de pessoa a pessoa. A psicologia tenta dar conta de não sei quantas fobias. Nesse mundo contemporâneo, elas brotam como cogumelos depois da chuva. Outros, e são desses que tentaremos tratar aqui, são coletivos. Há, na historiografia francesa, vários e fecundos estudos sobre esse tema tão sugestivo. Sugiro “A Historia do Medo no Ocidente”, salvo engano do Delumeau. Coisa fina e acessível a todos, historiadores ou não. O Medo faz coisas. Numa única noite, por exemplo, todos os privilégios feudais foram abolidos na França. A nobreza, que nunca foi muito besta, sabia que era melhor perder os anéis e garantir um pouco de mais vida aos dedos...

No eRepublik, um medo coletivo foi sendo paulatinamente construído ao longo do tempo. Esses medos coletivos em boa parte são construções, como, aliás, tudo que é humano. O leitor, com certeza, dirá que certos medos são natos, como o da morte, por exemplo, e são coletivos. Realmente. E é interessante como o medo da morte atende por diversos nomes, como medo da perda, medo da solidão e por aí vai. Mas diria que isso faz parte de nossa condição humana e que não conta.

O jogo, ao contrário do que muita gente vem sendo levada a acreditar, é de uma simplicidade de dar gosto. Como diria o bardo cearense, simples como um beijo de novela. O que pode definir o sucesso ou o fracasso de uma gestão, por exemplo, não é a complexidade dos mecanismos do jogo mas sim a disponibilidade física dos indivíduos que gerenciam a “maquina” e dirigem as ações militares, o conhecimento desses mecanismos e a capacidade de estabelecer alianças e contatos.

O atual modulo econômico é primário, convenhamos. Temos um mercado onde o diferencial está no nível de qualidade dos produtos e na concorrência simples entre os diversos fornecedores. O que definirá o sucesso do empreendedor é a disposição de pesquisar o mercado, de contratar certo e otimizar a produção. Não são poucos os tutoriais e as planilhas que ajudam a administrar com pouca margem de erro. Se tiver capital de giro, dificilmente quebram, em condições normais.

O módulo militar, mais primário ainda. O diferencial está no número de combatentes, daí a necessidade de se ter uma população razoável, na força desses combatentes, nas armas e recursos empregados por cada indivíduo e na disciplina e disponibilidade dos soldados em espelhar as decisões tomadas no âmbito político. Não é pouca coisa, é necessário admitir, mas é primário. Quando a estratégia se resume a atacar x ou y com esse ou aquele impeto, temos um grau de complexidade pequeno.

O leitor mais impaciente ou meus críticos de plantão –que continuam não sendo poucos- objetarão: “_ E o medo?”, no que respondo de pronto: é aí que está o grande medo coletivo construído aos poucos, assunto desse artigo. O sujeito entra, todo santo dia, durante 4, 5 meses no eRepublik e é levado a acreditar que não domina ainda esses mecanismos básicos, que é inexperiente ou “noob”. Quem chancela a aptidão de fulano ou beltrano? Quem define “o que você fez pelo eBrasil?”, fala comumente repetida à exaustão por alguns dinossauros do jogo? É caso de se pensar.

Alguns dirão que determinados partidos não lançam candidatos por vários motivos: por acordos pré-estabelecidos, por falta de disponibilidade de tempo em seus quadros políticos, por entender que, como se diz em Minas, são eleições de “favas contadas”. É possível que seja mesmo. Aliás, é mais que possível que muitos não sejam lançados candidatos por esses ou outros motivos. Mas muita gente com disponibilidade não se lançou por medo, medo da suposta dificuldade de se entender ou operar os mecanismos do jogo. E muita, mas muita gente, não votaria num candidato de oposição por medo que esse não consiga administrar de forma decente a nação.

O que acontece, então? Simples, diante desse medo, cria-se um mito: somente alguns ebrasileiros tem, de fato, capacidade administrativa. Somente alguns ebrasileiros sabem operar no mercado, somente alguns ebrasileiros conhecem os misteres da guerra ou da diplomacia, somente alguns ebrasileiros podem exercer o poder decisório. E o medo alimenta o mito que alimenta o medo e assim vai, numa ciranda infinita.

Nesse dia 05, não tenhamos medo. A ARENA oferece ao eBrasil uma possibilidade de mudança, uma possibilidade nova de pensar o país num outro parâmetro, uma possibilidade de radicalização da democracia e de renovação. Não propomos um “cavalo de pau” em transatlântico nem, muito menos, a reinvenção da política ou mesmo do país. Não somos irresponsáveis e muito menos queremos redescobrir a América. Propomos, isso sim, um país mais justo, mais aberto e mais plural, que envolva as diferentes correntes políticas e os diversos atores na construção de um novo projeto de país, mais equânime, mais justo e mais fraterno. Propomos, com o Bozolation, um governo que seja feito para o povo, e não o povo para um governo, capaz de ouvir a voz das “ruas” e responder a esse eco. Esse é o eBrasil que queremos, esse é nosso diferencial.

Um abraço, ex cordis,
Varnhagen, aka Mahdi