O DNA da Política

Day 1,873, 13:45 Published in Brazil Brazil by Varnhagen
Meus caros amigos,

Minas está fervendo, literalmente. Sob uma canícula de renguear cusco, entre um pito de palha e outro, derretemos todos aqui. E, escaldados numa aridez medonha, vamos levando a vida, comendo queijo, linguiça e política. Não sei se o amigo de outro estado haverá de entender, mas se tirarmos a política do mineiro, ele quedará numa solidão sem fim, como um Robinson Crusoé sem Sexta-Feira ou radinho de pilha. Conservadores até a medula, desconfiados como mãe de namorada em Carnaval e mais ortodoxos que Regulador Xavier ou reclame de xarope, somos conspiradores natos. Dizia o poeta que em Minas não se respira, conspira. O amigo leitor, mais escasso que bom senso em Brasilia, dirá que nem tanto, que se vive e se ama política em vários estados. Talvez. Mas diria que os paulistas, baianos, pernambucanos e mesmo os capixabas (um aparte: o Espírito Santo existe ou é uma alucinação coletiva?) não são políticos vocacionais, não tem isso impresso no DNA. O mineiro não, ou é politico ou não é mineiro.

Acabo de escrever o último parágrafo e sinto ser necessário uma emenda, uma única e escassa ressalva: os gaúchos. Mas -meus textos estão cheios de “mas” e “todavias”- mais políticos quando de mãos dadas com a mineirada. Cito como exemplo a Farroupilha ou, para ser mais atual, a Revolução de 30. Falo na Revolução de 30 e uma idéia fixa, uma obsessão me vem à cabeça: tem muita gente esperando a promessa de amarrarmos nossos cavalos imaginários num obelisco imaginário numa Rio Branco também imaginária, aqui no eBrasil. E, obvio, que desmontemos dos seus próprios cavalos uma certa oligarquia, que para muitos não existe e que para outros tantos chama-se, não panela, mas competência. Quero crer que não seja uma ilusão ou um artifício retórico. Eu creio nas bruxas e elas existem.

Hoje temos uma eleição, como sói acontecer todo mês aqui, numa profusão de dar gosto. É democracia para nenhum Péricles, para nenhum ateniense do século V a.C. por reboque. Mais sabido que maldade de vilão em novela das oito, a ARENA resolveu por manter uma distancia desse processo atual. Não lançamos candidatos e muito menos resolvemos apoiar alguma das candidaturas por entendermos que nenhuma delas fazia eco aos nossos projetos e visão de eBrasil. E, à parte, já começamos a construir alianças que sustentem uma candidatura nas próximas eleições majoritárias, com a calma e a tranquilidade que a situação exige. Nos últimos meses temos plantado mais que lavrador no verão e a os frutos desse trabalho de Sísifo já dão mostras de que estão amadurecendo e bem. A colheita se aproxima. E o obelisco da Rio Branco imaginária já nos olha com ansiedade. É hora de montarmos o cavalo. E enterrarmos as velhas efígies.

Um abraço, ex cordis,
Varnhagen, aka Mahdi
Presidente da ARENA