desalinhamentos

Day 2,347, 14:16 Published in Portugal Portugal by John Bokinski
NAP

Tenho notado bastante controvérsia nas discussões sobre o recente acordo entre Portugal e a Venezuela, em que alguns dos nossos cidadãos inclusivamente comentam que não voltarão a lutar por Portugal, vejo demissões no governo e confesso que fiquei surpreendido com o nível de discordância de alguns deles e essa surpresa pode passar por formas muito diferentes de viver a nossa comunidade, mas tentarei explicar a minha visão da situação.

Em primeiro lugar, para mim o acordo é apenas isto:

1 – Portugal e a Venezuela acordam cessar a guerra existente entre as duas comunidades, e a Venezuela recuperará as suas regiões todas, exceto duas, que ficarão na posse de Portugal por mais 1 mês.

Depois seguem-se um conjunto de cláusulas de garantia, caso as partes incumpram com o prometido. Em termos económicos a posse de 2 regiões de bónus adicionais e respetivos impostos (que serão poucos) durante 30 dias ou o pagamento de 50k CC que tinha sido exigido como penalidade à Venezuela anteriormente parece-me não ser pior do que propostas anteriores.

O envolvimento da Espanha no processo parece-me desnecessário, até porque o que foi acordado não é mais favorável à Venezuela do que o que já lhes tínhamos proposto. Em resumo, a Venezuela volta a subordinar-se à Espanha por vontade da sua liderança política. É assunto deles, não nosso.

É este NAP diferente do que acordámos com o México há poucas semanas atrás ? Houve igual onda de indignação nessa altura ? não me lembro.

Para quem analisa este acordo e o classifica como bom ou mau, é sempre importante perceber que motivações Portugal tinha nesta negociação, e acho que é aqui que estamos pouco alinhados.

Em primeiro lugar eu tenho a ousadia de achar que a comunidade portuguesa se norteia por princípios diferentes da generalidade das comunidades do eRepublik. O que motiva ePortugal não é ter mais bónus que os outros, é ter mais amigos de confiança. E a amizade é uma coisa difícil de conseguir e que não pode estar apenas dependente de estarmos a lutar por determinado país que somos amigos. Isso chama-se ser aliado.

A amizade é mais profunda e leva muito tempo a atingir e não desaparece por deixarmos de ser aliados. Talvez seja por isso que Portugal tenha mantido uma rede de aliados próximos bastante estável e mesmo aqueles que temporariamente se afastam de nós por questões geo-estratégicas, quando as coisas mudam, voltam a se aproximar.

Na minha visão ePortugal caracteriza-se pelos amigos que tem e não pelos inimigos. Apesar do nosso antagonismo com Espanha, no passado, esse antagonismo sempre foi um antagonismo distante, em que Espanha atacava, e normalmente tinha muito pouco sucesso porque as regras do jogo e os nossos amigos/aliados nos ajudavam. No passado mais recente o antagonismo face a Espanha mudou, primeiro porque Espanha procurou destruir a nossa comunidade, submetendo-nos a um longo período sem congresso, procurando desta forma que a comunidade dispersasse, e depois (o 5 Novembro) atacando Portugal de forma pouco ética.

Mas o ataque espanhol revelou-se um erro tremendo e em conjunto com as alterações geo-estratégicas que ocorreram pouco depois, Portugal foi capaz de recuperar o seu território quando muitos achavam improvável.

Vejo muitas vozes levantarem-se em contestação a este NAP no sentido de que muita gente gastou muitos recursos e tempo para vencer as batalhas e este NAP traí quem tanto investiu e desperdiça esse esforço. Eu não concordo.

Pelo contrário acho que este NAP mostra onde a nossa comunidade se diferencia de outras comunidades inclusive muitas que são nossas amigas. Nós e os nossos aliados vencemos a Venezuela porque tivemos melhor coordenação e maior força. Gastámos recursos, privados e coletivos.

Mas o objetivo desta guerra para nós nunca foi conquistar a Venezuela, foi vencer a guerra, mostrar à Venezuela (e à Sirius) que com os amigos que temos, somos mais fortes do que parecemos. E depois de vencer a guerra sempre dissemos que queremos uma compensação por o ataque ser despropositado e propusemos uma quantia baixa até porque sabíamos que a Venezuela não tinha muito dinheiro. Não tendo a Venezuela aceite pagar os 50k optámos por uma solução alternativa de os nossos cidadãos usufruírem de bónus adicionais por 30 dias como compensação.

Eu acho que este nosso comportamento é congruente, digno e reforça o respeito que a comunidade em geral tem por Portugal. Na minha visão esta é a recompensa que todos os que lutaram por Portugal, ePortugueses e amigos. Compreendo que outros não tenham esta visão.

É óbvio que Portugal poderia nesta fase de aparente fraqueza da Venezuela usar o potencial wipe e perda de congresso para forçar uma negociação mais favorável, e passar a pedir mais do que tínhamos pedido nas nossas negociações iniciais. Mas isso é o que Espanha nos fez, procurou arrogantemente usar a sua posição de força para exigir de nós coisas que nunca poderíamos aceitar. Mas eu não quero ser como os Espanhóis.

Provavelmente eu tenho esta visão desalinhada de outros cidadãos portugueses porque eu não vejo este jogo como um jogo de guerra. Vejo este jogo como uma simulação de sociedades em que a guerra é incentivada pela empresa que desenvolve o jogo (por motivos económicos) mas cuja dinâmica do que acontece no eMundo ainda está nas nossas mãos. E quando tenho uma visão de ePortugal como uma comunidade que procura criar amigos, não vejo essa ação apenas com o objetivo de proteção mútua, vejo também com o objetivo de troca de ideias e de vivência cultural. Procurar “matar” adversários e somar bónus é a motivação de muitas comunidades e é uma motivação incentivada pela Labs, mas na minha visão ePortugal é uma comunidade diferente. E argumentarei pelo direito a essa diferença.

Relação Portugal - Venezuela

Para quem está neste jogo há algum tempo sabe que este ataque da Venezuela não foi a primeira guerra entre os 2 países. A primeira guerra ocorreu provavelmente há 3 anos atrás e fomos nós a atacar.

Eu sou daqueles velhos do restelo que nunca fui favorável à ideia de invadir a Venezuela, tal como não era apoiante de atacar outro target que foi considerado antes da Venezuela, quem estava no governo desse tempo deve lembrar-se (é hoje um dos nossos melhores amigos/aliados). Mas quando começámos a guerra tenho de admitir que foi divertido. O nosso objetivo era apenas conquistar 2 bónus e como o jogo funciona é lógico que só acabámos a guerra com o wipe.

E depois de darmos wipe e vermos que a Venezuela tinha pouco apoio e dificuldade em recuperar qualquer território, esquecemos que só queríamos ter 2 territórios. Nessa altura podíamos ter feito algo diferente e criado uma relação com a Venezuela, lembro-me de ver alguns dos maiores tanques Venezuelanos a pedir cidadania portuguesa para poderem continuar a jogar, mas nessa altura nós estávamos um pouco cegos e convencidos da força da nossa posição.

É verdade que hoje a Venezuela é um fantoche de Espanha, mas não podemos esquecer que nós contribuímos bastante para isso.

Talvez seja por saber a história entre Portugal e a Venezuela e por não ver isto como um jogo de guerra, que não me sinto tão ofendido com o ataque Venezuelano. Talvez seja por me lembrar de como decorreram as negociações com a Venezuela da última vez que me orgulho do comportamento que tivemos perante este NAP. Lembro-me como acabou a nossa invasão, logo se verá como acaba esta guerra.

Não peço que outros tenham a minha visão, mas peço-lhes que não analisem só pela vossa perspetiva, existem outras…

Aos aliados agradeço toda a ajuda dada, hoje é dia de ajudar o Canadá, a Argentina, a Bielorrússia ou França.