[SD] Não existem perguntas imbecis

Day 2,578, 16:23 Published in Brazil Brazil by I Junior Souza I
Fala, galera!

Que saudade de publicar um artigo! Faz um bom tempo... Bom, nesse artigo eu vou deixar mais um assunto para ser pensado. E questionado! Ou não..?



Hoje passei o dia me questionando sobre uma coisa que é escancarada para todos, mas que eu tenho observado mais por ter estado até esse ano em uma sala de aula todos os dias da semana. É uma coisa bem simples, na verdade, mas que me intriga. E, bom, me leva a questionar: Conforme envelhecemos e “amadurecemos”, para onde vai a nossa vontade de perguntar? Não digo a curiosidade em si, pois ela é inerente ao ser humano, mas digo a vontade de perguntar, propriamente dita.

O que eu quero dizer com isso? Bom, todo mundo já deve ter ouvido falar daquela famosa fase durante o nosso crescimento, a fase dos porquês. No início da nossa infância, quando começamos a aprender, despertamos o gosto pelo novo conhecimento, pela informação e pelo aprendizado. Ainda, no início da nossa carreira escolar a professora ensina como somar números simples, diz o que é verbo, e essas coisas que, hoje, nos parecem bestas demais até mesmo para ser consideradas como “conhecimento”. Mas, quando éramos crianças, mesmo para uma continha de dois mais dois nós queríamos saber o porquê do resultado; sempre questionávamos. Se não entendíamos, perguntávamos e buscávamos entender. Às vezes chegamos até a fazer uma pergunta perspicaz demais para nossa “imaturidade” e falta de conhecimento. Temos admiração pelo conhecimento.

Entretanto, passando a observar o comportamento de alunos do ensino médio, como eu mesmo era até ano passado, vejo que toda essa vontade e admiração se perderam. Como assim? Vejam, um aluno do último ano levanta a mão durante a explicação de um professor. Quantos 100% de certeza vocês têm de que ele quer ir ao banheiro ou beber água? Pois é, conforme o tempo passa parece que as pessoas, eu mesmo, nós perdemos a vontade e a disposição de fazer perguntas, levantar questionamentos e – até dói dizer– a capacidade de duvidar. Com o amadurecimento que “ganhamos” com o tempo, deveríamos desenvolver o nosso ceticismo, a vontade de saber mais (ou realmente aprender). Quando alguém nos diz algo, quando assistimos um professor explicar, quando vemos algo na televisão ou na internet. Para onde foi a vontade de perguntar?

Se vocês tiverem a oportunidade de estar à frente de uma sala de aula, vão poder observar o que vou descrever.

Em uma sala de crianças, todos olham com olhinhos brilhantes, sempre tem uma mão levantada – geralmente dúvida, não vontade de usar o banheiro – em algum lugar. E não importa o que os outros vão achar, ou se os outros já sabem ou já entenderam, as crianças sempre perguntam, sempre querem saber mais.

Já quando se está à frente de adolescentes ou adultos, a perspectiva de ensinar é bem diferente. Raros são os que olham pra quem tá falando. Uns ficam no celular, uns conversam, outros olham o pernilongo aventureiro voando por aí, alguns até olham para frente, mas sem realmente ver. Perguntas? Haha, Sério? Não, não tem. Nenhuma. Salvo raríssimas exceções.

Se observar bem, vai ver no rosto dessas pessoas a preocupação de fazerem perguntas “imbecis”.

A sala se enche de olhares de esguelha para ver, o tempo todo, se têm aprovação dos outros (mesmo de desconhecidos). Até mesmo tem a questão do orgulho, de mostrar para os outros que aprende rápido, que entende de primeira, que sabe de tudo. Essa questão eu digo por conhecimento próprio.

Mas, será mesmo que existem perguntas imbecis? Será que existem perguntas que podem ser tachadas como desnecessárias? Sinceramente, eu acho que não. Afinal, se uma pessoa pergunta, é por que para ela é algo novo; se alguém pergunta, é por que quer saber e, mesmo que você ou eu já saibamos, talvez esse alguém não saiba. O que há de mal nisso? Ninguém pode saber tudo. Nem eu. Nem você.

Obs.: Estou desconsiderando as perguntas intencionalmente idiotas. 😛



Espero que tenham gostado do artigo. Espero que o artigo os leve a pensar, a questionarem a si mesmos e a realidade em que vivem. Questionem a mim, também, por que não? Sem conformismo. E que também possa despertar em vocês ambição por aprender.

Com os melhores cumprimentos,

days of Mad
Editor do Sagittis Diurna