The wheel is still in spin

Day 2,507, 12:52 Published in Portugal Portugal by John Bokinski
Disclaimer

Este artigo não tem por objectivo atingir 25 comentários, porque eu ainda não passei a missão dos trabalhadores nas minhas fábricas (arranjar 10 trabalhadores parece-me que dá imenso trabalho ou custa dinheiro e eu sou reconhecidamente semítico). O objectivo do artigo é alertar a opinião pública portuguesa que as coisas andam a mudar, e que alguns temas mais pequenitos que dominam os nossos media, devem ser enquadrados, e as acções futuras devem ser pensadas com ponderação, ou corre-se o risco de alguns disparates.

Chamo à atenção que os comentários que constam abaixo são baseados no meu entendimento do que se passa. Tendo em consideração que eu tenho estado muito ausente do jogo, é óbvio que não estou em condições de englobar muitos detalhes que desconheço e que podem ser relevantes. São factos, opiniões e inferências, apenas isso.

Introdução

Enquanto Portugal anda distraído com a Venezuela, ocorreram pelo menos 2 movimentos que parecem revelar muito do futuro próximo no contexto geo-estratégico:

1 – A Polónia, membro da Sirius assinou um MPP com a Hungria, país que ocupa a Ucrânia, um país Sirius, ao mesmo tempo que o presidente polaco distribuía mensagens pouco simpáticas sobre alguns dos seus aliados

2 – A Sérvia e a Espanha assinaram um NAP, através do qual a Sérvia irá devolver todas as regiões, com excepção de Navarra, depois de assegurar que se encontra implantada na América do Sul.

A primeira acção parece anunciar o fim da Sirius. Uma Sirius sem a Polónia não tem relevância militar, e mesmo para quem gasta 2 minutos com o jogo (como eu) parece inegável que o nível de beligerância entre a Polónia e a Sérvia, tem vindo a baixar nos últimos tempos, com a Polónia a recusar lançar NE à Sérvia, independentemente dos pedidos de aliados da Sirius e da Aurora. O MPP com a Hungria, aliado histórico da Sérvia deixa a imagem que a Polónia está preparada para se afastar da Sirius e se aproximar do seu antigo aliado.

A segunda acção confirma o reatamento das relações entre a Polónia e a Sérvia como parte do acordo tripartido que é o NAP entre a Sérvia e Espanha.

Primeiras considerações

A aproximação Polaca à Servia foi a base da criação da ONE e da sua sucessora, a TWO. O simples facto de estes países passarem a não lutar um contra o outro, nem mesmo que indiretamente (ou seja através de MPP) é suficiente para criar desequilíbrios muito relevantes. Relembro que nos tempos da ONE, foi necessário uma aliança de quase todas as restantes potências do mundo para que fosse possível, erguer uma força que apresentasse real oposição à ONE.

A TWO foi construída num contexto diferente, no qual, os países que potencialmente poderiam mover oposição à TWO, não confiavam uns nos outros, fazendo com que a TWO fosse dominante, até à sua implosão, muito provocado pelo conflito Espanha/Sérvia, que envolvia várias dimensões (sendo Portugal uma das dimensões menos relevantes).

Se olharmos para o mundo actual, a possibilidade de se erguer uma força contra a Sérvia/Polónia parece ainda menos possível que no tempo da TWO. A Polónia tem alguns países que lhe são fiéis (Espanha/Uk/Bálticos) mas uma aproximação à Sérvia afasta-os claramente de alguns dos países que se tinha aproximado no âmbito da Sirius. A Sérvia, emerge como a grande vencedora desta troca bélico/diplomática, mantêm os aliados que já tinha, tendo apenas que aceitar que a Grécia tenha agora uma aproximação à Polónia mais facilitada, como uma parte importante da sua comunidade desejava (neste contexto a Sérvia pouco se oporá a isto, na minha perspectiva).

O caminho para a Três

Será que é necessário formar uma “Three” para formalizar esta aproximação ? Na minha opinião – não…

Parece-me claro que existem incompatibilidades ainda em excesso para que seja “vantajoso” criar essa aliança. Ainda não tem vantagem encaixar a Argentina (CUAP) na mesma aliança que Espanha, ou Hungria e Roménia (já vimos o que aconteceu com a Asteria). Países com a dimensão da Polónia e da Sérvia podem viver tranquilamente sem aliança formal sabendo que os seus países aliados não os abandonam, se esse movimento começar a acontecer, eles criam um núcleo duro e reúnem uma aliança capaz de dominar o actual eMundo. Os países que estão de alguma forma alinhados hoje com a Polónia ou Sérvia, sabem que desalinhar-se pode ser extremamente mau para a saúde.

Os países desalinhados, como a Croácia, os USA e grande parte da Aurora, estão neste contexto, na minha opinião, muito fragilizados.

Se me parece que a Polónia e a Sérvia podem viver tranquilamente sem uma Three, isto é menos verdade para os aliados da Polónia que venham a sofrer com a desintegração da Sirius. A inexistência de guerra entre a Polónia e a Sérvia não limita a potencialidade de uma guerra entre a Argentina e a Espanha ou a Eslovénia e a Itália. É verdade que a Polónia e a Sérvia poderão arbitrar essas guerras à vontade, com base na intensidade do seu apoio aos países seus aliados, mas sendo os aliados da Polónia um bloco potencialmente bastante mais pequeno que a Asteria, é natural que procurem forçar a criação da Three mesmo que para isso tenham de fazer concessões importantes nos seus membros. Do bloco da Sérvia, apenas a Hungria me parece ter algo a ganhar com a Three. Os restantes creio estarem confortáveis com a Asteria e só passarão a lutar por um lugar na Three se esta se tornar inevitável.

Vencedores e perdedores

Creio que o grande vencedor desta evolução é a Sérvia. A Sirius foi criada em grande parte para ser uma aliança anti-Sérvia, o seu enfraquecimento e potencial desaparecimento reforçaria a posição da Sérvia como a potencia nº1 do jogo, não só por ter mais dano, mas por estar suportada por um grupo de aliados mais robustos que a Polónia.

O segundo vencedor será provavelmente a Argentina. A Argentina na fase final da TWO era um aliado de vários países da TWO, mas tinha a sua entrada na aliança barrada pela Espanha. As suas acções estavam largamente condicionadas pela necessidade de manter os membros TWO que a apoiavam satisfeitos. Hoje a Argentina, surge como um dos aliados mais relevantes da Sérvia e num patamar muito acima da Espanha. Caso a relação da Polónia e Sérvia evolua para uma aliança, a Espanha terá que engolir um sapo gigante se não quiser ficar fora da aliança. Mas os espanhóis são bem mais práticos que os portugueses, acho que já estão a fazer exercícios aos pescoço para o sapo passar mais facilmente.

Como principal perdedor vejo os países da Aurora. Com a Polónia e a Sérvia a protegerem os seus, a Aurora, os USA e a Croácia tornam-se os alvos. A Aurora, sendo uma nova incarnação da CoT, já conhece o contexto e pergunto-me porque volta a estar nesta posição…. Será que não aprendem com o passado ?

Existe um problema geo-estratégico particularmente grave na constituição da Aurora, incluí a Former Yogoslav Republique of Macedónia (aka Fyrom). FYROM tem como adversário eterno a Grécia (por questões RL) e tem também o azar de a Grécia ser apoiada actualmente, quer pela Polónia, quer pela Sérvia. No caso da Polónia o desagrado pelo FYROM está bem entranhado na comunidade e não tem apenas a ver com a Grécia.

Todas as configurações geo-políticas que existam que não seja, um bloco grande contra a Polónia/Sérvia parece que colocará sempre a CoT/Aurora em dificuldades, mas a realidade é que o comportamento dos países Aurora parece pouco direcionado para a criação desse bloco. Se no passado, eu já critiquei esses países por essa falta de perspectiva estratégica, concordo que no mundo actual é extremamente difícil convencer um bloco significativo de países a se oporem à Polónia/Sérvia.

Outro dos perdedores dos últimos meses, foi a Espanha. Apesar da constante insatisfação Espanhola perante a atitude TWO de apoiar a Argentina contra a CoT e o Brasil, a realidade é que Espanha sempre teve influentes jogadores nos HQ da TWO. Nos últimos meses da TWO vemos a Espanha a queimar as ligações à CoT, e sobretudo ao Chile, depois a incentivar a Polónia a embarcar na aventura Sirius que agora aparenta ser um falhanço e finalmente a perder o apoio do Brasil após 9 meses de wipe. A Espanha actual já não é o “elemento fundador da TWO” que reclamava direitos iguais à Polónia e Sérvia, e um país bastante dependente do apoio polaco, sem grandes aliados e criou alguns ódios de estimação à sua volta.

E o povo, pá ?

Por povo, leia-se Portugal.

Portugal aproveitou a implosão da TWO para poder respirar mais tranquilamente. O eclipse espanhol ajudou-nos, mas não podemos considerar que este eclipse foi por acaso, houve um trabalho muito sério dos nossos cidadãos e governantes na demonstração da mesquinhez de muitas das acções espanholas e na criação de novas relações com novos aliados.

Muitos cidadãos clamam por guerra, mas esquecem-se que a paz no nosso território foi fruto do trabalho de muita gente ao longo de 18 meses, para demonstrar à comunidade internacional que Portugal era uma comunidade credível, aliado de confiança e capaz de empreender em relações simbióticas com outras comunidades. A paz que durou meses é o melhor testemunho do sucesso desse trabalho, liderado pelos sucessivos MoFA’s portugueses.

Eu compreendo que a guerra é atractiva para uma parte relevante da nossa comunidade, mas a guerra tem custos económicos significativos, e pode ter custos políticos brutais quando é travada de forma incongruente. A ausência de guerra no nosso território não impede que Portugal esteja activo militarmente no apoio a outros países e é uma oportunidade de fortalecer relações com aliados (novos ou antigos). Quer queiramos, quer não, a guerra há de chegar ao nosso território e depois essas relações são fundamentais.

As mudanças que estão hoje a ocorrer devem ser seguidas por Portugal com cuidado. Perdemos tempo a discutir o Brasil, quando, gostando ou não, o Brasil está alinhado com os mesmos aliados que nós. A nossa irmandade (CUAP) é liderada pela Argentina, não tenhamos ilusões, e se a Argentina normalizou a sua relação com o Brasil ela espera o mesmo do seu irmão português. Quando falo de normalização, não estou a dizer que voltemos ao período antes de 2012 mas sejamos inteligentes e cientes da nossa dependência do apoio aliado.

Eu sei que o caso da Venezuela não ajuda a essa normalização, e não sei quem teve culpa da situação, mas numa altura ou outra há sempre um aliado que faz coisas que não gostamos, e não podemos só por isso entrar em rotura. Países como a Sérvia e a Polónia podem ter essas atitudes, Portugal não. A Espanha pensava que podia e vejam onde está hoje.

Em fases de transição tudo o que fazemos, tem particular importância, a credibilidade com que tratamos os assuntos com aliados é fundamental e precisará de congruência dentro da comunidade, por isso, utilizar posições mais extremas (na área diplomática) para atingir objectivos políticos de curto prazo, pode ter consequências graves.