Portugal e Brasil: pelo reencontro

Day 2,429, 13:27 Published in Portugal Portugal by Langulho


Antes de mais quero deixar claro que esta é uma opinião pessoal, não vinculada de nenhuma maneira à minha posição como vMoFA deste Governo. Posição que até o momento foi apenas simbólica, pois estive de férias até hoje mesmo e só partilhei algumas opiniões com o MoFA, pelo qual nem sequer tenho toda a informação necessária que gostaria de ter sobre o agir deste Governo.





O motivo pelo qual escrevo este artigo está no assombro que me produz olhar para as reacções de uma parte importante da nossa comunidade perante alguns textos que foram publicados a respeito do Brasil.

Não me conto entre aqueles jogadores que padeceram a dor de sentir a traição de quem tinha sido o nosso irmão e, obviamente, entendo que este tipo de feridas são difíceis de curar. Mas, ainda não tendo sofrido os efeitos daquela viragem, não sinto que não possa ter uma opinião formada a este respeito. Opinião que é divergente da da maior parte da comunidade activa que expressa as suas opiniões nos comentários dos artigos.

Desde o desconhecimento e uma inclinação natural a olhar positivamente o único país que fala o nosso idioma neste jogo, via o Brasil com simpatias quando comecei no jogo, mas logo reconheci nele o que realmente era. Um inimigo. Um inimigo e um traidor, pelo qual estávamos nos lados opostos da barricada, sem lugar a dúvidas e por razões mais do que justificadas.

Mas este é um jogo de mudanças continuadas, mudanças que sempre têm motivações por trás. Após oito meses de wipe, o Brasil acabou por assumir a derrota perante a Argentina. E a Argentina conseguiu a maior das vitórias que poderia ter atingido: trazer para o seu lado o que fora inimigo.





Sou dos que penso que esta viragem foi e vai ser positiva para o Brasil. Mas assim como a comunidade brasileira concorda nisto comigo, também não ocultou que foi resultado do antedito: da constatação da sua incapacidade e da da pseudo-aliança à que pertencia para deter o poder de fogo da Argentina e os seus aliados, entre os quais se conta o nosso país. País, por certo, que se viu obrigado recentemente a repelir um ataque brasileiro à dessesperada aprovado pela única pessoa que o podia fazer na altura, o seu CP.

Não estamos pois perante uma potência orgulhosa que queira fazer valer o seu poder. Estamos perante um país que mastigou a derrota e humildemente renunciou aos seus velhos aliados para se juntar com os que tinham sido os seus inimigos. Com aqueles que os humilharam durante oito longos meses.

Não sou cristão, mas acho que a parábola do Filho Pródigo é ajeitada para exemplificar a minha perspectiva. Como hão saber, ou não, um jovem volta para casa depois de ter abandonado a sua família e de perder sua fortuna, mostrando arrependimento pelos seus actos. O irmão dele, que sempre tinha estado do lado dos seus, zanga-se porque o pai organiza uma festa e comemora com enorme alegria a volta do que tinha traído a família. Diz-lhe o pai a este para lhe explicar a razão de tal exultação: "Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu; entretanto cumpria regozijarmo-nos e alegrarmo-nos, porque este teu irmão era morto e reviveu, estava perdido e se achou".





O Brasil já pagou, e bem cara, a sua traição. O Brasil está a demonstrar, desde que tomou esta estratégica decisão, coragem e determinação para deixar claro que é um país que vale a pena para os seus novos (e em boa parte velhos) aliados. Uma lealdade que -acompanhada pelo seu poder de fogo- lhe abriu as portas da Asteria, uma integração pela qual me alegro.

E que acho que esta integração não deve ser utilizada como elemento de comparação com a frustração portuguesa vivida quando soubemos que não iríamos ser fundadores da Asteria no momento em que esta foi criada. Porque não são casos paralelos, pela própria matemática e até porque os destinos do nosso país vão ser os que a nossa comunidade queira seguir. Nem mais, nem menos. Ainda que haja quem decida se podemos estar em tal ou qual lugar, nós havemos decidir onde queremos ou não queremos estar.

Defendo que, como na parábola do Filho Pródigo, Portugal deve receber com alegria que a força brasileira contribua a alimentar a capacidade de dano do bloco de poder do que fazemos parte. Que aquele que nos traiu reconheça o seu erro voltando a estar lado a lado com argentinos, romenos, colombianos e/ou portugueses.

Pessoalmente sou partidário do MPP com o Brasil. Mas entendo que o reencontro entre as comunidades deve fazer-se da melhor das maneiras e se a nossa comunidade ou a deles não está preparada, aguardar será a melhor das acções. Mas aguardar mantendo canais de comunicação entre os governos abertos de maneira permanente. Cuidar as relações com quem, queiramos ou não, temos fronteira. Tomar a iniciativa para estabelecer pontes entre as comunidades, como julgo que acertadamente fez o Governo do mês passado.





Olhem como Espanha não se importou de que o Brasil tivesse participado num longo wipe sobre o território deles quando os abraçou como o seu aliado. Pensem nos efeitos disto e em como Espanha foi altamente beneficiada ao promover o divórcio entre quem tinha sido o nosso grande aliado de referência.

Obviamente não vou pedir-lhes que sejam um país interesseiro que guie unicamente as suas alianças por critérios utilitaristas, tal e como Espanha fez neste caso. Mas sim vou pedir-lhes que não assumam que algo deve ser eterno e definitivo como axioma, neste caso a nossa inimizade com o Brasil. Porque estivemos muito mais tempo juntos do que separados. Porque este é um jogo em contínua mudança e a comunidade brasileira também mudou. Porque -se é possível no jogo- o mais natural é que nos relacionemos cordialmente com aqueles com os quais tanto temos a ver historicamente no mundo real.





Podem partilhar a minha opinião ou não. Mas não por isso deixem de pensar se conduz a algum lugar o ódio irracional e vingativo que se percebe a partir de diferentes artigos e comentários. Pensem em se temos algo para ganhar ou mais bem para perder se nos empenhamos em manter como inimigo alguém que decidiu vir para o nosso lado depois de ser vencido e humilhado pelos nossos. Reflexionem sobre se pesa mais nos seus pensamentos o orgulho e o coração ou bem a inteligência e a visão estratégica.

E pensem também naqueles brasileiros que, contra vento e maré, mesmo contra as ordens do seu Governo, estiveram sempre connosco e contra os nossos inimigos. São eles, os nossos amigos de sempre, os vencedores nesta decisão estratégica do Brasil. E foram os nossos inimigos brasileiros os derrotados.