Import taxes altos ou baixos?

Day 1,309, 08:44 Published in Portugal Portugal by Aronfly
(versão tl:dr no fim do artigo)

Não podemos responder a esta pergunta com base em comparações entre paises, ou pelo número de ofertas estrangeiras no nosso mercado. Também o factor preço é irrelevante e muito menos importa se o mercado x de qualidade y está superlotado ou tem défice de ofertas. Normalmente associa-se a descida das import taxes à entrada de produtos estrangeiros mais baratos e por isso o aumento de poder de compra. Trata-se de uma visão simplista de como resolver o problema, escondendo as razões principais que justificam a existência do problema em si.
Análises de miopila económica, ou mesmo por desconhecimento, não perspectivam sustentabilidade para o futuro, respondendo apenas a necessidades pontuais de mercado. Acção >> Reacção.
De facto não está completamente errado pensar que abrir as fronteiras económicas significa forçar a descida dos preços. O problema são as consequências que daí advêm e o prolongamento do problema central - há falta de empresas em Portugal.

Descer as import taxes não faz com que apareçam ofertas estrangeiras mais baratas de forma automática. Para import taxes baixas, o mercado tem de ser atractivo, com forte poder de compra e com uma moeda valorizada. Como todos sabem, Portugal não tem nenhuma destas qualidades. Pelo contrário, ao abrir o mercado iremos ter mais moeda a circular, levando à sua desvalorização, interesses estrangeiros nos nossos mercados, baixa de salários, redução de poder de compra e, mais grave do que as anteriores, o estrangulamento da iniciativa privada. Nós não podemos competir com o mercado externo. Se permitirmos a entrada desse mercado nos nossos domínios, estaremos a hipotecar a nossa evolução económica e a desprezar o investimento privado nacional.
Nenhum empresário, no seu perfeito juízo, irá empregar cidadãos para ter prejuízo imediato, ou terá de baixar os salários para valores mediocres, que levarão o poder de compra dos portugueses de novo ao patamar de empobrecimento social, levando muitos portugueses a procurar emprego no estrangeiro, contribuindo com os seus incomes para outros governos.

Aumentar as import taxes não resolve o problema imediato da grande procura de produtos, mas, a médio-longo prazo promove o investimento nacional na criação de industrias que satisfaçam a procura interna. Interessa ao país que sejam os portugueses a vender em Portugal. Isto só é possivel se o nosso mercado for protegido, incentivado e promovido. Protege-se com o bloqueio de produtos estrangeiros, incentiva-se com a criação de programas como o D.A.D. ou o Apoio à Criação de Empresas e pomove-se através de campanhas militares que levam ao consumo de produtos. Esta é a dinâmica que deve estar sempre presente nos nossos planos económicos. Portugal só consegue efervecer economicamente com a ajuda de todos os portugueses. Esta é uma visão a médio-longo prazo porque demora à consciencialização de que investir é garantir riqueza futura.

Se há falta de competitividade de venda, não vamos aniquilar a pouca que existe com a entrada de produtos estrangeiros. Ao invés disso, vamos proteger as nossas empresas e promover a criação de outras que venham a competir no nosso mercado.
A competitividade de preços é salutar quando dentro dos limites da economia nacional. Inviabilizar o nosso mercado é o mesmo que hipotecar o nosso futuro e corromper as nossas ambições e perspectivas no jogo.


versão tl:dr
Descer import taxes: plano a curto prazo, resolve problemas pontuais, entrada de produtos estrangeiros, aniquilação das empresas portuguesas, vulnerabilidade completa do mercado, baixa de poder de compra, desvalorização da moeda, prolongamento do problema estrutural da economia portuguesa, futuro económico hipotecado.
Aumentar as import taxes: plano a médio-longo prazo, resolve os problemas estruturais da economia nacional, promove a competitividade de preços, valoriza a moeda, torna o mercado mais sustentável e dinâmico, incentiva à continuação de portugueses no jogo, maior envolvimento, produtos tentendialmente mais baratos e mercado orientado para a sustentabilidade.

Considerações Finais
Se alterar as taxas para valores mínimos ou máximos poderia ter efeitos conclusivos na economia, já reduzir ou aumentar meia dúzia de pontos, não provoca implicações de maior em nenhum aspecto, logo seria irrelevante uma discussão por meras casas percentuais.
No meu último artigo, apresentei as vantagens e desvantagens dos vários modelos económicos, tendo a maioria preferido um modelo proteccionista. A presente mudança de atitude, porque o Helder Medeiros é polémico e por isso temos de negar tudo o que ele propõe, é imagem de um pensamento redutor e retrogado, onde obviamente cada proposta é discutida pela pessoa que apresenta ao invés do que realmente contribui ou não para o país. O que interessa não é "quem faz", mas "o que faz".
O artigo não se trata de uma defesa ou promoção de nenhuma individualidade, apenas a descrição da minha opinião completamente independente sobre este assunto.

Obrigado!
Aronfly