Encruzilhada

Day 1,938, 03:02 Published in Portugal Portugal by John Bokinski
Introdução

Numa época em que muita gente comenta sobre os possíveis caminhos que Portugal deve seguir em termos de política externa, eu gostaria de reflectir sobre alguns pontos importantes relativos à matriz original das alianças.

Há cerca de 12 meses existiam 4 alianças principais:

EDEN – Aliança à qual Portugal pertencia, e que tinha como elementos principais, a Croácia, Grécia, Roménia e Turquia.

Terra – Principais elementos USA, Brasil e Argentina

ONE – Principais elementos Sérvia, Hungria, Polonia, Espanha e Macedónia (aka Fyrom)

CoT – Principais elementos Bulgária e Chile

Estas 4 alianças estavam alinhadas em 2 blocos Terra+EDEN (aka TEDEN) e ONE+CoT. Sem perdermos muito tempo com detalhes é importante frisar que a aliança entre a Terra e a EDEN tinha sido forjado devido ao ataque da ONE a alguns dos principais países da Terra (USA, Brasil, Argentina e na altura desse ataque Portugal também estava na Terra). Quando a maior parte dos países Terra estavam wipados, a EDEN foi em defesa da Terra e aos poucos voltou a equilibrar as batalhas.

Por sua vez a CoT foi criada por dois países ex-TEDEN. O Chile foi expulso da Terra após terem entrado em conflito com a Argentina, e a Bulgária saiu da EDEN quando a aliança aceitou a entrada da Turquia na EDEN. A Bulgária e o Chile decidiram juntar um conjunto de países mais pequenos que eram neutros ou que estavam em conflito com países EDEN e estabeleceu alianças com a ONE.

No entanto, o primeiro ponto que eu queria fazer é que a EDEN e a ONE foram alianças criadas com base numa matriz muito diferente.

A Matriz das alianças

A EDEN foi criada com base no princípio da “irmandade”. Incluía inicialmente, a maior parte dos países Europeus da extinta Atlantis e desde o início incluiu entre os seus membros países de maior e menor dimensão e assumia-se essencialmente como uma aliança defensiva, centrada na defesa dos seus membros que se baseavam essencialmente na Europa.

A ONE, foi criada após a EDEN com base na saída de 2 países importantes da EDEN, Espanha e Polónia, que se foram juntar numa aliança à Sérvia, Hungria e Indonésia, as 3 maiores potências da extinta Phoenix. A ONE, ao contrário da EDEN, promovia a existência de uma aliança com poucos países de grande dimensão visando a criação de impérios para cada um desses países e não perder tempo com os múltiplos conflitos de interesses.

A CoT foi criada pela aliança de 2 países ex-TEDEN, que criaram uma aliança cuja base é serem anti-EDEN, mantendo uma mensagem de irmandade. No fundo, a CoT é o aproveitamento por parte da ONE de existirem países mais pequenos que não foram ocupados pela EDEN (especialmente na Ásia e América Latina) e podiam lutar por eles, chefiados por 2 países que nutriam um ódio profundo à TEDEN e estava a crescer, a Bulgária e o Chile

Evolução

Seguindo este principio a ONE manteve domínio nas guerras no centro da Europa e com base nesse sucesso invadiu os países Terra. Portugal foi dos primeiros a cair nesse avanço, que levou a que parte da América do Sul e os USA fossem ocupados pela ONE.

Da união entre a Terra e a EDEN contra a ONE encontrou-se equilíbrio e a ONE foi lentamente devolvida às suas fronteiras iniciais. Durante algum tempo a TEDEN pareceu ter alguma prevalência e foi durante esse período que Portugal conseguiu ter o seu império na Venezuela. Foi nesse período também que a TEDEN conseguiu wipar a Polónia e a Sérvia durante um período curto de tempo.

Na minha opinião, foi durante estes sucessos que a EDEN perdeu o seu propósito inicial, porque uma aliança que se diz defensiva quando passa ao ataque encontra um conjunto de dificuldades que inicialmente não tinha, nomeadamente, quais são os países que ocupam territórios (normalmente os mais fortes) e por vezes assegurar um ataque bem sucedido torna-se mais importante do que defender um aliado. Em muitos aspectos a EDEN tinha atingido o seu propósito e foi devido a este paradoxo que a PEACE no passado se dissolveu. No entanto, não foi isso que aconteceu à TEDEN.

O que aconteceu à TEDEN é que no auge do seu sucesso, 2 dos países mais importantes da Terra, os USA e o Brasil acharam que o jogo estava demasiado centrado nos Balcãs, e abandonaram a Terra juntando-se à Espanha e à Polónia, numa aliança que seguia exactamente os mesmo princípios da ONE, ou seja, criar o seus próprios impérios para 4 países de grande dimensão, a Control (CTRL).

A forma como a ONE e a EDEN reagiram à CTRL acaba por responder bem às matrizes com que foram criadas.

A CTRL para estabelecer os seus impérios tinha vários países EDEN mais pequenos para ocupar (Canadá, Portugal, França), e alguns ONE (como o Peru) e um que não era assim tão pequeno (Indonésia). A EDEN entrou imediatamente em guerra com a CTRL e defendeu os seus países mais pequenos.

A ONE apoiou a CTRL a controlar os países mais pequenos da EDEN e desfez a aliança para que não tivesse obrigações de defender os seus aliados na ONE (como a Indonésia). Basicamente desde que os impérios da Sérvia e da Hungria não fossem tocados, a criação da CTRL servia bem o propósito dos seus países centrais e criava a hipótese de acrescentar mais 2 países de grande dimensão à ONE. Na realidade a Espanha e a Polónia mantiveram sempre laços mais fortes com a Sérvia & Hungria do que com o Brasil e os USA, e quando a CTRL implodiu, voltaram a formar uma nova ONE com a Sérvia e a Hungria, a TwO.

A CTRL acabou por se desfazer, essencialmente devido ao facto dos USA quererem que a CTRL fosse um 3ºimpério independente da ONE e da EDEN, e a Polónia e a Espanha esperarem que a CTRL fosse completamente alinhada com a Sérvia e Hungria. Mas a guerra criada entre a CTRL e a EDEN foi suficiente para que os USA se posicionem como anti-EDEN e tenham escolhido entrar na CoT.

O Brasil depois da CTRL acabar, alinhou-se com a nova ONE, a TWO, mas preferiu manter-se neutral e não entrar na TwO para evitar hostilizar o aliado americano.

Com o dano dos blocos agora totalmente desequilibrado, a EDEN deixou de poder defender os seus aliados e foi aos poucos cedendo terreno. O último país EDEN que resiste é a China, um país que detêm grande parte dos centros de produção dos países EDEN. O falhanço da EDEN em defender os seus aliados mais pequenos permitiu à TwO ocupar esses países, enquanto que ficou a cargo da CoT as batalhas contra os países maiores da EDEN, que a TwO sabe não poder manter facilmente dominados e por isso não se encaixam nos impérios criados.

A questão Russa

Com a EDEN a ficar reduzida a um conjunto central de países, que não tem força de a desafiar, a TwO está numa posição muito confortável. Apesar de sozinha não deter mais do que 40% do dano, como a CoT mantêm como único objectivo fazer guerra à EDEN, e a EDEN sente que as únicas batalhas que tem verdadeiramente hipótese de ganhar é contra países CoT (porque os países TwO são muito mais bem defendidos), a sua posição dominante está assegurada.

Mais uma vez, pode-se ver a diferente matriz entre a TwO e a CoT na forma como lidam com a EDEN. A TwO ocupa os países mais pequenos da EDEN, porque sabe que tem capacidade de os manter sobre seu domínio. Nos países maiores, entra em conflito mas sabe que dificilmente os manterá subjugados, por isso aceita NAP’s com a Roménia, ou aceita que a Croácia crie capital na Ásia assegurando assim que deixa o seu espaço original à mercê da Sérvia.

A CoT enfrenta os maiores países da EDEN estando dependente da TwO para ganhar essas batalhas. A CoT sozinha não é capaz de derrotar a EDEN, mas quando a TwO quer, apoia a CoT e permite-lhe que esta domine as batalhas. Depois limitando o apoio deixa a EDEN recuperar. Desta forma a TwO mantêm o jogo num status quo que lhe interessa.

A CoT sentindo a fraqueza da EDEN, começou a promover acções de recrutamento de países ex-TEDEN que lhe permitisse batalhar de igual para igual com a EDEN sem precisar do apoio da TwO. Foi neste âmbito que os USA foram recrutados, houve uma aproximação à Bielorrússia e claramente uma aproximação à Rússia. A CoT só não abordou mais seriamente o Brasil porque sabe que o Brasil é território da TwO e a tentativa de recrutar o Brasil podia gerar reacções negativas na TwO (de resto as acções efectuadas pelos condutores da política externa brasileira, a chamada “panela”, no mês passado para acabar com a aproximação do novo governo à CoT foram bem claros).

A TwO interessa-lhe uma EDEN cada vez mais fraca, mas não lhe interessa uma CoT mais forte. Já houve países centrais que não gostaram do recrutamento dos USA, mas sabendo que não existem condições dos USA estarem na mesma aliança da Sérvia, acabaram por não se opor, mas os USA ainda só são um membro “em treino” da CoT. O recrutamento da Rússia que parecia eminente, e uma aproximação ao Brasil fez lembrar à TwO que não controla totalmente a CoT e por isso era preciso ensinar-lhes uma lição.
O ataque polaco à Rússia tem esse objectivo, entre alguns outros.

A CoT/TwO não precisava de passar pela Rússia para chegar à China, tem neste momento caminho aberto pela península arábica. Mas se achasse que era importante chegar à China por norte, podia pedir à Rússia para liderar o ataque e desta forma cimentar a Rússia como membro CoT. Mas a decisão da TwO é que devia ser a Polónia a entrar na Rússia contra a vontade desta, alienando um potencial membro da CoT e pondo à prova se a CoT continuava preparada para por de lado os seus interesses como aliança independente para se manter aliada à TwO.

Este foi um momento de verdade para a CoT à qual a aliança não foi capaz de responder como uma aliança independente. A imagem de “irmandade” que a CoT procurava vender aos seus aliados fica para sempre manchada uma vez que abandonam um país que mesmo dentro da TEDEN tinha desafiado as indicações dos HQ na questão Chilena e tinha forjado uma relação de apoio à Bulgária mesmo depois da saída desta da EDEN.

São os países líderes espirituais da CoT que dão o exemplo de abandonar a Rússia à sua mercê quando declaram neutralidade. A neutralidade, neste caso, é como o lavar de mãos de Pilatos, independentemente de existirem MU’s Búlgaras que lutaram pela Rússia. É claro que sem um apoio sério da CoT, a Rússia não tem qualquer hipótese.

É também uma posição que põe em perspectiva a independência da CoT. A CoT se quisesse ser uma 3ª força no jogo teria de ter a capacidade de negociar com a TwO e a EDEN, sem complexos. Se a CoT tivesse declarado apoio à Rússia, forçaria a TwO a repensar o ataque, provavelmente o ataque seria interrompido até ser encontrada uma solução. Com a subordinação às instruções da TwO, a CoT perdeu uma oportunidade de ouro para se mostrar independente, e depois destas acções muito dificilmente poderá alegar que é uma entidade independente da TwO, sem todos lhe relembrarem a questão Russa. A CoT como aliança independente morreu com esta decisão, e isso vai ter impacto no futuro.

O apoio dos USA à Rússia, mostra também que os USA se regem por ideias diferentes da CoT. Apesar de os USA se terem declarado anti-EDEN no mandato de Cerb, seguido por Israel Stevens e os seus descendentes, a realidade, é que o povo americano não quer uma aliança com a Sérvia. Não existindo uma terceira opção, fica claro que a manutenção na CoT não é mais que uma aliança indirecta com a Sérvia. De resto, não ficaria nada admirado que a TwO forçasse que os USA saíssem da CoT devido ao seu apoio à Rússia, podendo para isso opor-se à sua aprovação como membro efectivo com base num dos membros CoT controlados pela Sérvia, como a Nova Zelândia.

A questão Russa forçou alguns países que estavam na encruzilhada a escolherem o seu caminho, mas Portugal não foi um deles.

Portugal na encruzilhada

Portugal encontra-se na encruzilhada há bastante tempo, mais do que dúvidas sobre os caminhos, já analisámos várias vezes os caminhos que temos pela frente e nenhum nos agrada. E por isso mantemo-nos como estamos, mais ou menos fiéis ao que sempre fomos. De resto o imobilismo perante uma decisão difícil é uma característica da nossa sociedade actual RL. A questão russo é relevante apenas porque torna claro que a CoT não é uma opção diferente da TwO.

Se olharmos as opções disponíveis com base nas matrizes das alianças, parece óbvio que nos encaixaremos sempre melhor numa aliança defensiva, do que numa aliança de grandes potências. Até porque a aliança de grandes potências nunca quereria Portugal para ser um igual, apenas podemos ser úteis se face a um adversário que lhes faça frente precisem do nosso dano. E francamente, se existir um bloco de países mais pequenos que enfrente as grandes potências, eu claramente prefiro estar do lado deles.

No entanto, a morte da CoT como aliança independente deixa muito pouco espaço de manobra a Portugal. A saída da EDEN promovida pelo governo anterior empurra-nos para um único caminho, que é a negociação com Espanha, sem qualquer poder negocial que não seja aceitarmos alinhar os nossos interesses com os deles. E aceitarmos ser absorvidos por um bloco que não nos valoriza (nem respeita) é para mim um erro que poderá marcar na nossa comunidade divisões ainda maiores do que as que existem, e a perda de um objectivo comum pelo qual lutar.

Saliento que estarmos fora da EDEN em nada mudou a relação com Espanha, mas a nossa presença na EDEN também não permitiu influenciar a aliança a dirigir as suas acções para a criação das condições geopolíticas para ocorrerem mudanças, ao invés, de um seguir sempre as políticas seguidas no passado, esperando que estas funcionassem, quando o mundo mudou significativamente. No entanto, como muitos já tinham mencionado, é hoje claro que não é a saída da EDEN que resolve os nossos problemas, apenas nos afasta de aliados antigos.

No entanto, por vezes medidas de curto prazo são necessárias para resolver problemas. E um NAP com Espanha poderia ajudar a melhorar as nossas condições financeiras. Se o que precisarmos de pagar para ter algumas regiões for dinheiro, acho que devíamos fazer uma análise económica objectiva da situação. Se tivermos do que pagar mais do que benefícios económicos a Espanha, aconselho a que consultem a população.

Portugal tem de ter uma missão. Sem o conflito com Espanha qual será ?