[R.O.M.A] PRIMEIRO CAPÍTULO DA SAGA

Day 2,060, 19:58 Published in Brazil Brazil by Marco Pol0
Romanos de todo o mundo ,

Na data de hoje , lançaremos o primeiro capítulo de nossa Saga Romana ...




Cap 1 - A Doce Azeda Infância

A história começa em tempos longínquos. A Sicília ainda era um lugar pacato e humilde. Os pássaros cantavam, os cães ladravam, as crianças brincavam. Em meio a tanta paz, eu nasci, numa vila ao norte da Sicília, entre cabras, feno e morte. Minha mãe morreu ao meu nascer e nunca soube o que houve com meu pai. Meu senhor, Publius Cornelius Scipio me tinha como o filho que nunca teve. Sim, senhor. Nasci escravo e fui criado como um... ou quase. A afeição de Cornelius por mim me concedia privilégios impensáveis a outros escravos, como acesso aos livros. Ah, lembro-me bem de afogar-me naquele mar de letras, naquele tecido de palavras, esperando que, como num passe de mágica, aquelas incríveis aventuras fizessem parte da minha história. Devo muito a Cornelius. Ele foi como o pai e a mãe que nunca tive. Cornelius me fez homem. Às vezes, até esquecia que era um escravo. Infelizmente, sempre faziam questão de me lembrar...



O fato é que essa proximidade com o meu senhor não era bem vista pelos outros escravos. Como poderia? Enquanto eles davam suas vidas por cereais, eu era agraciado com prazeres que nenhum trabalhador sequer sonhava. Entretanto, nem a proteção do meu senhor me permitia dormir com os dois olhos fechados. O perigo era uma constante num lugar em que ninguém tem nada a perder. Vida? Liberdade? Direitos? Nada disso contava onde não se havia um lugar para se chamar de lar. A situação seria insuperável se não fosse por Iulia.



Ah, Iulia. Branca como as estrelas que iluminam o céu tão escuro quanto seus cabelos, tão misterioso quanto seu ser. Iulia vinha de terras distantes, onde diz-se que grandes generais temiam pisar. Nunca soube como ela chegou à Sicília, e acho que nunca quis, sinceramente. Não me atreveria a tirar dela todo o segredo que ela representava. Para minha jovem mente, ela era como um livro, pronto para ser aberto por aqueles dignos de receber suas histórias. Éramos grandes amigos, ainda que Cornelius involuntariamente me impedisse de descobri-la mais a fundo.

Muitas das minhas lembranças desse período são de tinta, papel e couro. Platão, Homero e Aristóteles não dariam uma história muito emocionante. Fato é que minha infância foi essa mistura de medo, aventuras e descobertas, até os meus 16 anos.



Lembro-me como se fosse ontem. Não me deixo esquecer. O dia em que, pela primeira vez, me encontrei sozinho, jogado à boa vontade dos lobos, foi o dia em que perdi tudo que a mim representava viver. Era uma noite de celebração. Era meu aniversário e Cornelius me convocou para uma comemoração. Ah, como meu coração acelerou quando me foi permitido levar Iulia junto. Estava naquela época da vida de todo homem, época em que viver significava vinhos e mulheres.



Sempre soube interpretar bem o papel de um aristocrata, talvez por ter vivido entre tantos. Nunca notaram minha condição de subjulgado, muito embora as roupas que eu secretamente pegava de Cornelius com certeza ajudavam. Sabia que poderia ter Iulia no momento em que eu quisesse. O que ninguém sabia era que um grupo de bárbaros vindos do Sul ouvira o barulho. Eles têm essa capacidade única de aproximarem-se sorrateiramente, como se rastejam feito vermes e insetos. E, tal como as pragas arrasam plantações, eles conseguiram arrasar minha festa, minha noite e minha vida. Arrombaram a porta e, vendo aquela fartura, fizeram sua própria festa. Julgo que estavam na estrada a algum tempo, dada a ferocidade com que avançavam às nossas mulheres e bebidas, mais selvagens do que o de costume. Agarrei Iulia e corri como quem corre de um leproso, para o primeiro lugar que me veio à cabeça. Não consigo entender o motivo de ter escolhido justo o lado dos meus companheiros escravos. Acho que nunca conseguirei. A visão que tive daquele lugar nunca me sairá da memória.



"Fogo!". Lembro de alguém gritando. Estrelas sumindo, céu escuro, homens correndo, mulheres levadas e uma grande fogueira. Os desgraçados haviam queimado a lavoura. Puxei Iulia para perto e, ao me virar, recordo-me vagamente de um homem balançando seu braço em minha direção enquanto ria. Devo admitir que o filho da mãe era forte. Me desmaiou com um soco e arrastou-me para algum lugar. O cabelo sendo puxado era a minha única referência de que eu ainda vivia. Sentia os fios torturados pelas grossas mãos daquele homem, sentia seu fedor, ouvia os gritos de Iulia... O que fazer?

Recordei vagamente os sentidos não muito longe de casa. Ainda enxergava o fogo ao longe. Estávamos no campo, eu e dois de homens que, juro perante os Deuses e o Grande César, fediam a merda de rato. O que faziam com Iulia é algo que jamais me esquecerei. Ainda um pouco tonto, senti uma corda apertando meu peito contra o tronco de árvore atrás de mim. Não conseguia me mexer. Conseguia ouvir Iulia gritando um pouco além do pedregulho. O seu vestido, rasgado aos meus pés, no entanto, não me deixara dúvidas do que ocorria por ali. Naquele momento, nada conseguia pensar, além de retirar aquelas cordas que me envolviam, tal como uma serpente envolve a sua presa. Procurava por pedras, gravetos, qualquer coisa capaz de jogar naquele sujeito que encarava o pedregulho com a luxúria em seus olhos. Sabia bem o que ele queria. Só não imaginava que ele seria tão estúpido a ponto de me deixar sozinho ali, tamanho seu desejo. De fato, eles são surpreendentes em muitas maneiras. Puxei uma pedra afiada com a ponta dos meus pés e, em questão de minuto estava livre.




O que aconteceu foi a maior vergonha da minha trágica vida. Sem pensar duas vezes, esquecendo-me completamente de Iulia e Cornelius, fugi. Como sou covarde. Fugi pelo campo, abandonei as únicas pessoas que algum dia me deram alegria. Cheguei a uma estrada, desorientado pela série de eventos que experimentara. Como se obra do destino, um senhor passava com sua mula naquele exato momento, puxando uma carroça. Nunca perguntei seu nome. Gentilmente, ele me emprestou um cobertor, deitou-me em sua carroça, e levou-me. Sem forças para fazer qualquer coisa, adormeci com a suave brisa da noite batendo em meu rosto. Ainda sentia o cheiro de fogo, ouvia os lamentos dos pobres homens que tudo perderam, os gritos de Iulia. Impossível! Estava com um senhor, numa estrada rumo a algum lugar que sequer imaginava qual seria, sendo puxado por uma mula, não estava? Não sei. Sei apenas que adormeci, para acordar somente no dia seguinte.

Continua no próximo episódio ...



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