18 de junho:Dia Nacional da Imigração Japonesa no Brasil #diade #2

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A imigração japonesa no Brasil começou no início do século XX, por meio de um acordo entre o governo japonês e o brasileiro. Atualmente, o Brasil abriga a maior população japonesa fora do Japão, com cerca de 1,5 milhão de nikkeis (日系?) (termo usado para denominar os japoneses e seus descendentes).[16] Um nipo-brasileiro (em japonês 日系ブラジル人, nikkei burajiru-jin) é um cidadão brasileiro com ascendentes japoneses. Também são consideradas nipo-brasileiras as pessoas nascidas no Japão radicadas no Brasil.

A imigração japonesa no Brasil teve início oficialmente em 18 de junho de 1908, quando o navio Kasato Maru aportou em São Paulo, trazendo 781 lavradores para as fazendas do interior paulista. O fluxo cessou quase que totalmente em 1973, com a vinda do último navio de imigração Nippon Maru,[17] contando-se quase 200 mil japoneses estabelecidos no país.

Atualmente, estima-se que haja mais de um milhão de nipo-brasileiros, cuja maioria reside nos estados de São Paulo e do Paraná.

Os descendentes de japoneses chamam-se nikkei, sendo os filhos nissei, os netos sansei, os bisnetos yonsei e assim por diante. Os nipo-brasileiros que foram ao Japão trabalhar a partir do fim dos anos 80 são denominados dekassegui.

O Japão estava superpovoado no início século XX. O país tinha ficado isolado do Mundo durante os 265 anos do período Edo (Xogunato Tokugawa), sem guerras, epidemias trazidas do exterior ou emigração. Com as técnicas agrícolas da época, o Japão produzia apenas o alimento que consumia, sem praticamente formação de estoques para períodos difíceis. Qualquer quebra de safra agrícola causava fome generalizada.

O fim do Xogunato Tokugawa deu espaço para um intenso projeto de modernização e abertura para o exterior durante a era Meiji. Apesar da reforma agrária, a mecanização da agricultura desempregou milhares de camponeses. Outros milhares de pequenos camponeses ficaram endividados ou perderam suas terras por não poder pagar os altos impostos, que, na era Meiji, passaram a ser cobrados em dinheiro, enquanto antes eram cobrados em espécie (parte da produção agrícola).

No campo, os lavradores que não tinham tido suas terras confiscadas por falta de pagamento de impostos mal conseguiam sustentar a família. Os camponeses sem terra foram para as principais cidades, que ficaram saturadas. As oportunidades de emprego tornaram-se cada vez mais raras, formando uma massa de trabalhadores miseráveis.

A política emigratória colocada em prática pelo governo japonês tinha como principal objetivo aliviar as tensões sociais devido à escassez de terras cultiváveis e endividamento dos trabalhadores rurais, permitindo assim a implementação de projetos de modernização.
A partir da década de 1880, o Japão incentivou a emigração de seus habitantes por meio de contratos com outros governos. Antes do Brasil, já havia emigração de japoneses para os Estados Unidos (principalmente Havaí), Peru e México. No início do século XX, também houve grandes fluxos de emigração japonesa para colonizar os territórios recém-conquistados da Coreia e Taiwan. Somente no Brasil, Estados Unidos e Peru se formaram grandes colônias de descendentes de japoneses. Praticamente todos os imigrantes que formaram grandes colônias na Coreia e Taiwan retornaram ao Japão depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

Em abril de 1905, chegou ao Brasil o Ministro Fukashi Sugimura, que visitou diversas localidades no Brasil, sendo bem recebido tanto pelas autoridades locais como pelo povo, parte desse tratamento se deve a vitória japonesa na Guerra Russo-Japonesa, frente ao grande Império Russo. O relatório produzido por Sugimura, onde foi descrito a receptividade dos brasileiros, aumentou o interesse do Japão pelo Brasil. Influenciados por este relatório e também pelas palestras proferidas pelo secretário Kumaichi Horiguchi, começaram a surgir japoneses decididos a viajar individualmente para o Brasil.

Com a expansão das plantações de café, faltava mão-de-obra na zona rural paulista no final do século XIX e no início do século XX. A economia cafeeira foi o grande motor da economia brasileira desde a segunda metade do século XIX até a década de 1920.

A primeira visita oficial para se tentar buscar um acordo diplomático e comercial, com o Japão, ocorreu em 1880. No dia 16 de novembro daquele ano, o vice-almirante Artur Silveira de Mota iniciou, em Tóquio, as conversações para o estabelecimento de um Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre os dois países. Mota foi recebido pelo vice-ministro de Negócios Estrangeiros, Kagenori Ueno. O esforço nesse sentido prosseguiu em 1882, com o ministro plenipotenciário Eduardo Calado, que acompanhou Mota, em 1880. Mas o tratado só seria assinado três anos mais tarde.

O Japão, que só tinha se aberto para o comércio mundial em 1846, até então era considerado muito distante física e politicamente do Brasil. O primeiro Tratado da Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão foi assinado apenas em 5 de novembro de 1895. A assinatura desse tratado marcou o início das relações que persistem até os dias de hoje, com exceção dos anos da Segunda Guerra Mundial.

Além disto, a política de imigração brasileira era executada não só como um meio de colonizar e desenvolver o Brasil, mas também de "civilizar" e "branquear" o país com população europeia.A imigração de asiáticos foi praticamente proibida em 1890. Neste ano, o decreto nº 528 assinado pelo presidente Deodoro da Fonseca e pelo ministro da Agricultura Francisco Glicério determinava que a entrada de imigrantes da África e da Ásia seria permitida apenas com autorização do Congresso Nacional. O mesmo decreto não restringia, até incentivava, a imigração de europeus. Somente em 1892, foi aprovada a lei nº 97 que permitia a entrada de imigrantes chineses e japoneses no Brasil e, assim, o decreto nº 528 de 1890 perdeu seu efeito.

Além disto, a política de imigração brasileira era executada não só como um meio de colonizar e desenvolver o Brasil, mas também de "civilizar" e "branquear" o país com população europeia.[23] A imigração de asiáticos foi praticamente proibida em 1890. Neste ano, o decreto nº 528 assinado pelo presidente Deodoro da Fonseca e pelo ministro da Agricultura Francisco Glicério determinava que a entrada de imigrantes da África e da Ásia seria permitida apenas com autorização do Congresso Nacional. O mesmo decreto não restringia, até incentivava, a imigração de europeus. Somente em 1892, foi aprovada a lei nº 97 que permitia a entrada de imigrantes chineses e japoneses no Brasil e, assim, o decreto nº 528 de 1890 perdeu seu efeito.[24]

O preconceito contra o recebimento de imigrantes asiáticos era muito forte. Todos os asiáticos eram considerados raças inferiores que prejudicariam o "branqueamento" que ocorria no Brasil com o recebimento de imigrantes europeus. Havia também o medo do "perigo amarelo", isto é, que as grandes populações de orientais se espalhassem étnica e culturalmente pelas Américas. O medo do "perigo amarelo" tinha sido exacerbado pelo expansionismo militarista do império nipônico que, buscando conquistar terras para colonizar, derrotou a China em 1895 e a Rússia, em 1905 (a terceira derrota de um país europeu em frente a um não-europeu nos tempos modernos, a primeira sendo a Invasão Mongol na Europa em 1241, a segunda a Itália perante a Etiópia em 1896). Finalmente, havia o sentimento de que o imigrante japonês era um "quisto inassimilável" devido a seus costumes e religião.

Francisco José de Oliveira Viana, autor do livro clássico "Populações Meridionais do Brasil" (publicado em 191😎, e Nina Rodrigues, criador da Medicina Legal no Brasil, foram os grandes ideólogos do "branqueamento" do Brasil.Oliveira Viana propagava o antiniponismo pois considerava que "o japonês [fosse] como enxofre: insolúvel".

Apesar do preconceito, a necessidade de mão-de-obra era muito grande e a vinda de um navio com imigrantes japoneses começou a ser planejada para 1897. Entretanto houve uma crise de superprodução cafeeira nesta época, os preços internacionais desabaram e a vinda de imigrantes foi então desestimulada.

Por volta de 1901, os preços internacionais do café haviam se recuperado e o governo do Brasil voltou a estudar o recebimento de imigrantes japoneses. O encarregado de negócios da primeira missão diplomática brasileira no Japão, Manuel de Oliveira Lima, foi consultado e deu parecer contrário ao projeto de recebimento de imigrantes japoneses. Escreveu então ao Ministério das Relações Exteriores alertando sobre o perigo de o brasileiro se misturar com "raças inferiores".
Em 1902, o governo da Itália proibiu a emigração subsidiada de italianos para o Brasil. As fazendas de café sentiram uma grande falta de trabalhadores com a diminuição da chegada de italianos e o governo brasileiro aceitou o recebimento de imigrantes japoneses. Em 1907, o Brasil criou a "Lei de Imigração e Colonização" que regularizou a entrada de todos imigrantes e acabou definitivamente com as restrições do decreto nº 528 de 1890.

Em 1906, Ryu Mizuno, presidente da Kokoku Shokumin Kaisha (Companhia Imperial de Emigração) visitou o Brasil, acompanhado de Teijiro Suzuki, que pretendia ir ao Peru e no Brasil trabalhou experimentalmente na Fazenda Tibiriçá. Em novembro de 1907, o empresário Ryu Mizuno firmou um acordo com o Estado de São Paulo. O documento foi assinado, em nome do governo do Estado, pelo secretário de Assuntos da Agricultura, Carlos José de Arruda Botelho.Pelo contrato seriam trazidos 3.000 imigrantes japoneses para trabalhar como agricultores.

A pré-imigração
Os primeiros japoneses que pisaram em solo brasileiro foram quatro tripulantes do barco Wakamiya Maru que naufragou na costa japonesa, em 1803, que foram salvos por um navio de guerra russo que levou-os em sua viagem. No retorno, a embarcação aportou, para conserto, em Porto de Desterro, atual Florianópolis, no dia 20 de dezembro, permanecendo até 4 de fevereiro de 1804. Ali, os quatro japoneses registraram da vida da população local e da produção agrícola da época.

Com a entrada em vigor da lei nº 97, o Japão enviou o deputado Tadashi Nemoto, em 1894, para uma visita aos estados da Bahia, do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O deputado ficou satisfeito com o que viu e fez um relatórios ao governo e também para as empresas de emigração japonesas, onde ele recomendava o Brasil para os imigrantes japoneses. A partida da primeira leva de japoneses para trabalhar nas lavouras de café em 1897, foi cancelada na véspera do embarque, por causa da crise que o preço do produto sofreu em todo o mundo, e que que se manteria até 1906.

Somente em 1907 chegou ao Brasil um grupo significativo disposto a estabelecer uma colônia. Liderados por Saburo Kumabe, que exercia a profissão de juiz em Kagoshima, o grupo situou-se em 1907 na fazenda Santo Antônio, no atual município de Conceição de Macabu, então distrito de Macaé, no estado do Rio de Janeiro. A colônia produziu leite e derivados, além de milho, feijão e arroz. O arroz plantado nas inúmeras várzeas da propriedade, chegando a duas colheitas por ano. Com o passar do tempo os imigrantes foram desistindo do projeto. Outros japoneses foram enviados ao local pela Companhia de Imigração, mas também abandonaram a propriedade. A colônia acabou em 1912, quando Saburo Kumabe e sua família partiram. Vários foram os motivos o fracasso da colônia, tais como a exaustão do solo, falta de investimentos, epidemias de malária e ataques de saúvas nas plantações, o principal problema foi que se tratava de um grupo heterogêneo de pessoas - advogado, professores, funcionários públicos - sem agricultores com experiência em cultivar a terra.

Primórdios da imigração oficial

O navio Kasato Maru atracado no Porto de Santos, 1908

Imigrantes japoneses no Kasato Maru, Porto de Santos, 1908
O Kasato Maru é considerado pela historiografia oficial como o primeiro navio a aportar no Brasil com imigrantes japoneses. A viagem de 52 dias começou no porto de Kobe e terminou no Porto de Santos em 18 de Junho de 1908. Vieram 781 pessoas, sendo 186 mulheres que compunham 165 famílias, havia poucas mulheres, pois, em sua grande maioria, os grupos tinham como núcleo marido e mulher e o restante era formado por parentes ou até mesmo conhecidos que não eram membros da família.Esses imigrantes foram trabalhar nos cafezais do oeste paulista. Naquela época, antes de embarcarem, todos eram obrigados a passar por um processo, no qual faziam exames médicos e tinham aulas básicas de português. Em condições normais, a viagem demorava dois meses.

O recebimento não foi especialmente caloroso. Apenas um jornalista elogiou os imigrantes dizendo que eles eram "limpos", coisa não muito comum entre os europeus naquela época. A revista carioca "O Malho" em sua edição de 5 de dezembro de 1908 publicou uma charge de imigrantes japoneses com a seguinte legenda: "O governo de São Paulo é teimoso. Após o insucesso da primeira imigração japonesa, contratou 3.000 amarelos. Teima pois em dotar o Brasil com uma raça diametralmente oposta à nossa".

Na primeira leva de imigrantes de 1908, poucos eram agricultores, e assim relatou o presidente do Estado de São Paulo Manuel Joaquim de Albuquerque Lins em sua mensagem ao Congresso do Estado de São Paulo em 1909:

"A imigração japonesa parece não produzir os resultados esperados. Os 781 primeiros imigrantes, introduzidos na vigência do contracto de 6 de Novembro de 1907, deram entrada na Hospedaria da Capital em junho do anno indo; mas, na maioria indivíduos solteiros e pouco habituados á lavoura, esquivaram-se a certos serviços agrícolas, que abandonaram aos poucos. Somente ficaram nas fazendas algumas familias constituidas por verdadeiros agricultores, que trabalham muito a contendo dos fazendeiros em cujas propriedades se localizaram."
Somente em 28 de junho de 1910, chegou a Santos outro navio, o Ryojun Maru, trazendo mais 906 imigrantes japoneses, que constituíam 247 famílias, divididas entre 518 homens e 391 mulheres, que foram enviados para trabalhar em 17 fazendas de café no Estado de São Paulo.

Apesar de tudo, a imigração de japoneses continuou em ascensão. Em 1914, quando o governo de São Paulo interrompeu a contratação de imigrantes, a população japonesa no Brasil era estimada em apenas 10 mil pessoas.[20] Até 1915, chegaram no Brasil mais 3.434 famílias (14.983 pessoas) de imigrantes japoneses.

Dificuldades dos primeiros tempos
Os imigrantes japoneses tiveram muita dificuldade em se adaptar ao Brasil. Idioma, hábitos alimentares, modo de vida e diferenças climáticas acarretaram um forte choque cultural.

A maior parte dos imigrantes japoneses tinha a pretensão de enriquecer no Brasil e retornar para o Japão após poucos anos. Uma parcela considerável nunca aprendeu a falar o idioma português.

Os japoneses tinham a expectativa de acumular dinheiro rapidamente, mas recebiam pouco, pois em seus primeiros pagamentos eram descontadas as parcelas da dívida da viagem, mais os gastos com alimentos e remédios, geralmente comprados na própria fazenda. O contrato previa que a estada dos imigrantes nas fazendas deveria ser de cinco anos, porém as más condições fizeram com que boa parte saísse das fazendas no mesmo ano.
Entretanto, através de um sistema chamado de "lavoura de parceria" em contrato com um proprietário de terras, no qual os trabalhadores se comprometiam a desmatar o terreno, semear o café, cuidar da plantação e devolver a área dali a sete anos, quando a segunda colheita estaria pronta. Em troca, ficavam com os lucros da primeira safra, levando em conta que a cultura do café é bianual e também ficavam com tudo o que plantassem além do café. Dessa forma muitos japoneses conseguiram economizar e comprar seus primeiros pedaços de terra. A primeira compra de terra por japoneses no interior de São Paulo ocorreu em 1911. Com a ascensão social e a vinda de parentes, a maioria dos imigrantes japoneses decidiu-se pela permanência definitiva no Brasil.

Outro fator que facilitou a permanência definitiva no Brasil foi que os contratos de imigração eram feitos com famílias. Japoneses solteiros não podiam imigrar sozinhos, como foi permitido com outras etnias. O padrão comum foi a imigração de famílias de japoneses com filhos pequenos ou de casais recém-casados.

A primeira geração nascida no Brasil viveu de forma semelhante a de seus pais imigrantes. Ainda pensando em regressar, os imigrantes educavam seus filhos em escolas japonesas fundadas pela comunidade. A predominância do meio rural facilitou tal isolamento. Cerca de 90% dos filhos de imigrantes japoneses falavam apenas o idioma japonês em casa. Muitos brasileiros de origem japonesa em zonas rurais ainda possuem dificuldades em falar o idioma português.

A partir de 1912, grupos de japoneses passaram a residir na ladeira Conde de Sarzedas em São Paulo. Em 1912, 92,6% dos japoneses dedicavam-se principalmente ao cultivo do café. O local era próximo do centro da cidade e alugar cômodos ou porões de sobrados era o melhor que os pobres imigrantes podiam pagar. Na década de 1920, a rua Conde de Sarzedas já era conhecida como o local preferido de residência dos japoneses que deixavam o campo. Com o crescimento da comunidade, o entorno do bairro da Liberdade tornou-se então um bairro japonês com lojas e restaurantes típicos.

A grande imigração nipônica
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o fluxo de imigrantes japoneses para o Brasil cresceu enormemente. Entre 1917 e 1940, vieram 164 mil japoneses para o Brasil. A maior parte dos imigrantes chegou no decênio 1920-1930. Destaque-se, a partir de 1930, a presença dos imigrantes chamados kôtakusei, formados pela Kokushikan Kôtô Takushoku Gakkô (Tóquio), instituição onde eles eram preparados, durante cerca de um ano, a fim de virem para o Brasil. Trata-se de um grupo diferente, que vinha com a intenção de se estabelecer permanentemente, com o objetivo não só de trabalhar mas também de pesquisar.

O crescimento da imigração para o Brasil foi estimulado quando os Estados Unidos baniram a entrada de imigrantes japoneses através da United States Immigration Act de 1924. Outros fatores para o crescimento da imigração eram as propagandas de enriquecimento rápido no Brasil divulgados pelo governo do Japão. Outros países, como Austrália e Canadá, também colocaram restrições a entrada de imigrantes japoneses. O Brasil tornou-se então um dos poucos países no mundo a aceitar imigrantes do Japão.

Também houve projetos de restrição de imigração de japoneses no Brasil. Em 22 de outubro de 1923, o deputado Fidélis Reis apresentou um projeto de lei de regulação da entrada de imigrantes com um artigo que dizia: É proibida a entrada de colonos da raça preta no Brasil e, quanto ao amarelo, será ela permitida, anualmente, em número correspondente a 5% dos indivíduos existentes no Brasil.

A imigração de japoneses, entretanto, cresceu durante a década de 1930. Cerca de 75% dos imigrantes japoneses foram para São Paulo, estado que tinha grande necessidade de mão-de-obra para trabalhar nos cafezais. Com a abertura de novas frentes de trabalho, os imigrantes japoneses iam trabalhar também no cultivo de morango, chá e arroz. Pequenas comunidades nipo-brasileiras surgiram no Pará com imigrantes japoneses atraídos pelo cultivo da pimenta do reino.

Na década de 1930, o Brasil já abrigava a maior população de japoneses fora do Japão. Muitos imigrantes japoneses continuaram a chegar neste período, muitos deles atraídos pelos parentes bem sucedidos que já tinham emigrado.

O nacionalismo da Era Vargas[editar | editar código-fonte]
A Assembleia Nacional Constituinte de 1933 foi local de discussões de "teses científicas" de eugenia racial que propunham a necessidade do "branqueamento" da população brasileira. O grande defensor destas idéias foi o médico Miguel Couto (eleito pelo Distrito Federal, hoje Rio de Janeiro) apoiado por outros deputados médicos como o sanitarista Artur Neiva, da Bahia e Antônio Xavier de Oliveira, do Ceará. Juntos, eles pediram o fim da imigração dos "aborígenes nipões".[28]

A consequência foi a aprovação por larga maioria de uma emenda constitucional que estabelecia cotas de imigração sem fazer menção a raça ou nacionalidade, e que proibia a concentração populacional de imigrantes. Segundo o texto constitucional, o Brasil só poderia receber, por ano, no máximo 2% do total de ingressantes da cada nacionalidade que fora recebido nos últimos 50 anos.[28] Apenas os portugueses foram excluídos dessa lei. Estas medidas não afetaram a imigração de europeus como italianos e espanhóis que já tinham ingressado em grande quantidade e cujo fluxo migratório era descendente. Entretanto, o regime de cotas, que irá vigorar até a década de 1980, restringiu a imigração de japoneses, assim como, futuramente, a de coreanos e chineses.

Na década de 1930 foi muito debatido a questão da imigração japonesa, sendo que o material escrito na época chegava a ser publicado das mais diversas formas sendo que havia milhares de páginas de artigos, anúncios e livros sobre a imigração japonesa. Os que se opunham à entrada de japoneses usavam argumentos essencialmente nacionalistas como: "ele [os japoneses] estão roubando nossos empregos e nossas terras", também havia as declarações racistas, eugenistas, do tipo, "eles irão poluir nossa raça". Os favoráveis a ela tendiam a enfocar os níveis de produção, sendo que em 1936, os agricultores japoneses produziam 46% do algodão, 57% da seda e 75% do chá brasileiros. Outros argumentos dados pelos defensores da imigração japonesa era quanto a necessidade de uma maior força de trabalho.[39] Um dos defensores da imigração japonesa, Alfredo Ellis Júnior, então deputado, propôs que as cotas fossem contornadas pelo uso das chamadas "cartas de chamada", sendo que o uso desses documentos lhes permitiriam que tantos cidadãos brasileiros quanto imigrantes com residência permanente no Brasil "chamassem" seus parentes e esses poderiam imigrar ao Brasil.[40] Num discurso proferido na Câmara dos Deputados do Estado de São Paulo, Bento de Abreu Sampaio Vidal, presidente da Sociedade Rural Brasileira, falou em defender a "raça" brasileira dos imigrantes indesejáveis, mas não colocava os japoneses nessa categoria. Em discurso proferiu:[41]

"Conheço como ninguém o valor dos japoneses. Marília, a minha querida cidade, é o maior centro de japoneses no Brasil. É a gente mais eficiente para o trabalho, educada, culta, sóbria... Durante a noite escura, em que os fazendeiros não podiam pagar regularmente seus colonos, não se viu um colono japonês impaciente ou reclamando. Quanto à raça, não sei se os grandes médicos (os médicos antijaponeses Neiva e Couto) terão razão, porque em Marília existem entre os colonos homens e mulheres bonitos e robustos."[41]

A ditadura do Estado Novo implantado por Getúlio Vargas em 1938 procurou ressaltar o nacionalismo brasileiro através da repressão à cultura de imigrantes que formavam comunidades fechadas como os japoneses e alemães. Também foi declarado o confisco dos bens dos imigrantes. Nas décadas seguintes após a Segunda Guerra Mundial, vários decretos foram editados determinando condições para a devolução do que foi confiscado, mas atualmente os bens e ações continuam sob a guarda do Banco do Brasil, sendo que a instituição e a Secretaria do Tesouro Nacional admitem a existência dessa riqueza, mas não se pronunciam oficialmente sobre o fato.[42]

O decreto nº 383 de 18 de abril de 1938 determinou várias proibições aos estrangeiros: não poderiam participar de atividades políticas, formar qualquer tipo de associação, falar línguas estrangeiras em público ou usá-las como língua de alfabetização de crianças;[43] para a maioria dos nipônicos no país, essa era a única forma de se comunicar.[28] No mesmo ano o governo ordenou o fechamento dos "nihongakus" que eram as escolas onde os filhos de imigrantes aprendiam não só a ler e escrever em japonês, mas a ser e agir como japoneses.[43]

A transmissão de programas de rádio em línguas estrangeiras foi proibida. As publicações impressas (jornais, revistas, livros) em língua estrangeira também foram proibidas, a não ser que fossem bilíngue, japonês-português, por exemplo. Como a publicação bilíngue era muito cara, jornais e revistas deixaram de circular. Em 1939, uma pesquisa da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, de São Paulo, mostrou que 87,7% dos nipo-brasileiros assinavam jornais em idioma japonês, um índice altíssimo para qualquer língua e qualquer época no Brasil.[28] O decreto nº 383 de 1938 praticamente acabou com a disseminação de informações na comunidade japonesa, pois boa parte desta sequer compreendia o idioma português.

A partir de então, a entrada de imigrantes japoneses ficou cada vez mais difícil. O ministro da Justiça Francisco Campos, em 1941, defendeu a proibição do ingresso de 400 imigrantes japoneses em São Paulo escrevendo: "seu padrão de vida desprezível representa uma concorrência brutal com o trabalhador do país; seu egoísmo, sua má-fé, seu caráter refratário, fazem deles um enorme quisto étnico e cultural localizado na mais rica das regiões do Brasil".[19]

Segunda Guerra Mundial

A segunda geração de japoneses no Brasil desistiu, definitivamente, de retornar ao Japão, principalmente quando a eclosão da Segunda Guerra Mundial tornou impossível sair do Brasil. Em 1941, o governo ordenou que os jornais da comunidade fossem fechados e, nesse momento, as notícias que os imigrantes tinham era a de que o Japão estava em vantagem na guerra. Nessa época os cidadãos de origem alemã, italiana e japonesa eram considerados "súditos do Eixo", sendo que, a partir de 1942, o governo de Getúlio Vargas apoiou oficialmente os Estados Unidos na guerra, fazendo com que esses habitantes fossem vistos como "inimigos" em território brasileiro.

Antes mesmo de entrar em guerra, o governo brasileiro tomou medidas que afetavam a comunidade nipo-brasileira. Quando houve os torpedeamentos de navios brasileiros por submarinos alemães, o bairro da Liberdade já concentrava a maior população de nipo-brasileiros na cidade de São Paulo. Alguns dias depois, na noite de 2 de fevereiro de 1942, agentes policiais do DEOPS - Departamento Estadual de Ordem Pública e Social, acordaram os nipo-brasileiros residentes nas ruas Conde de Sarzedas e da rua dos Estudantes e, sem qualquer ordem judicial, avisaram que eles teriam que abandonar a área em 12 horas. Sem ter para onde ir, a maioria ficou. Entretanto, o mesmo se repetiu na noite de 6 de setembro, quando se deu um prazo de dez dias para os nipo-brasileiros se mudarem definitivamente da região.

A comunidade nipo-brasileira foi duramente atingida por medidas restritivas quando o Brasil declarou guerra ao Japão em agosto de 1942. No mesmo ano, a percentagem dos nipo-brasileiros que se dedicavam ao cultivo do café diminuiu em comparação a 1912, sendo que passaram a representar 24,3%, havendo um aumento daqueles que se dedicavam ao cultivo do algodão, representando 39,2% do total de nipo-brasileiros e um aumento também das chamadas culturas suburbanas, tais como: verduras, legumes, frutas e da avicultura sendo 19,9%.

Nipo-brasileiros não podiam viajar pelo território nacional sem salvo-conduto expedido por autoridade policial; mais de 200 escolas da comunidade japonesa foram fechadas; os aparelhos de rádio foram apreendidos para que não se ouvissem transmissões em ondas curtas do Japão. Os nipo-brasileiros foram proibidos de dirigir veículos automotores, mesmo se fossem táxis, ônibus ou caminhões de sua propriedade. Os motoristas contratados pelos nipo-brasileiros tinham que ter uma autorização da polícia.

Os bens das empresas japonesas foram confiscados e várias empresas de nipo-brasileiros sofreram intervenções, entre as quais o recém-fundado Banco América do Sul, que teve um papel importante para os nikkeis, pois era onde boa parte dos imigrantes aplicavam o dinheiro das lavouras e do comércio nas cidades. Mas no período da guerra o Banco do Brasil enviou interventores para tomar o América do Sul das mãos dos japoneses, com a demissão dos funcionários de origem japonesa que foram substituídos por funcionários brasileiros sem qualquer ascendência nipônica e a maioria sem experiência bancária, por consequência o banco entrou em uma crise administrativa. A situação apenas voltou ao normal anos após a Segunda Guerra Mundial, com a compra do banco pelos seus antigos donos, pois a instituição estava nacionalizada.
Os imigrantes e descendentes de italianos e alemães sofreram diversas formas de discriminação oficial ou não durante a Segunda Guerra Mundial, porém o sentimento foi mais forte contra os nipo-brasileiros. Milhares de imigrantes japoneses foram presos ou expulsos do Brasil por suspeitas de espionagem. A delação anônima de atividades "contra a segurança nacional" surgia de desavenças entre vizinhos, cobrança de dívidas e até brigas de crianças.Nipo-brasileiros foram presos por atividades suspeitas quando se aglomeravam, por exemplo, em dezembro de 1942, o jornalista Hideo Onaga e alguns companheiros foram presos em um piquenique, pois , havia a suspeita que eles estavam construindo um submarino.

O medo de contatos entre imigrantes e submarinos inimigos exacerbou-se. No dia 10 de julho de 1943, cerca de 10 mil imigrantes japoneses e alemães que residiam em Santos foram obrigados, em 24 horas, a fechar suas casas e negócios e a se mudar para longe do litoral brasileiro. A polícia agiu sem qualquer aviso prévio. Cerca de 90% das pessoas deslocadas eram nipo-brasileiros. Restaram em Santos apenas nipo-brasileiros com cidadania brasileira, porém muitos também tiveram que se mudar para acompanhar seus pais ou cônjuges. Essa decisão foi tomada pelo governo devido a rumores infundados sobre imigrantes disfarçados de pescadores para, supostamente, fornecer informações aos submarinos alemães que infestavam a costa brasileira. Inclusive os doentes foram forçados a se mudar e foram carregados em redes. Após o despejo, as casas abandonadas foram invadidas por estranhos. O jornal de Santos denominado "A Tribuna", noticiou a situação dos que tentavam se desfazer de seus pertences: "no Marapé, na Ponta da Praia e em Santa Maria, houve verdadeira corrida para a venda de suínos, galináceos, muares, etc. Muitos proprietários de chácaras puseram à venda quase tudo que possuiam. Vendiam a qualquer preço, pois não havia tempo para regatear". Para residir na baixada Santista, os japoneses passaram a dever possuir um salvo-conduto concedido conforme a vontade das autoridades policiais.

Nunca foi confirmada qualquer suspeita de atividades de nipo-brasileiros contra a "segurança nacional". Apesar disto, em 1942, a colônia japonesa que introduziu o cultivo da pimenta em Tomé-Açu, no Pará, foi praticamente transformada em um "campo de concentração" (expressão da época) do qual nenhum nipo-brasileiro poderia sair.Nesta época, o embaixador brasileiro em Washington, Carlos Martins Pereira e Sousa, incentivava o governo do Brasil a transferir todos os nipo-brasileiros para "campos de internamento" sem necessidade de apoio jurídico, do mesmo modo como tinha sido feito com os nikkeis residentes nos Estados Unidos.
A irreverência popular foi incentivada com marchinhas de Carnaval que ironizavam o imperador Hiroito e a "terra do micado". Um nipo-brasileiro sentia-se muito mais ofendido quando troçavam do imperador Hiroito do que um teuto-brasileiro quando troçavam de Hitler ou um ítalo-brasileiro quando troçavam de Mussolini. Na época, o imperador Hiroito não era somente Chefe de Estado, mas também a figura central da religião oficial japonesa, o xintoísmo, sendo venerado em altares domésticos como descendente dos deuses.

Notícias degradantes sobre os japoneses foram comuns na imprensa brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1945, David Nasser e Jean Marzon, a dupla de jornalista-fotógrafo mais famosa do país, publicaram em "O Cruzeiro", a revista de maior tiragem da época, uma matéria ilustrada na qual pretendiam ensinar aos brasileiros a distinguir um japonês de um chinês. David Nasser escreveu, entre outras coisas, que o japonês podia ser distinguido pelo "aspecto repulsivo, míope, insignificante". Segundo o escritor Roney Cytrynowicz, "a opressão contra os imigrantes japoneses, diferente do que ocorreu com italianos e alemães em São Paulo, deixa claro que o Estado Novo moveu contra eles -a pretexto de acusação de sabotagem- uma campanha racista em larga escala".

Pós-guerra

Bairro da Liberdade.
Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, os imigrantes começaram a receber novamente as cartas de seus parentes que estavam no Japão e relatavam as dificuldades do país após a guerra. Para a maioria quase absoluta das famílias estabelecidas no Brasil, era o fim do sonho de retornar ao Japão. Os imigrantes se convenceram, então, da necessidade de preparar os filhos para ascender na sociedade brasileira. Para isso, boa parte dos nipo-brasileiros foram do campo para a cidade.

O forte antiniponismo continuou no Brasil além do final da Segunda Guerra Mundial.

Nesta época, surgiu a Shindo Renmei, uma organização terrorista formada por nipo-brasileiros que assassinava os nipo-brasileiros que acreditavam na derrota japonesa. Os assassinatos cometidos pela Shindo Renmei e o sentimento antinipônico da época causaram vários conflitos violentos entre brasileiros e nipo-brasileiros.

Os políticos brasileiros continuaram a valorizar o imigrante europeu como o mais desejado. O decreto-lei nº 7.967 de 1945 regulava a política imigratória e dizia que o ingresso de imigrantes dar-se-ia considerando a necessidade de preservar e desenvolver, na composição étnica da população, as características mais convenientes da sua ascendência européia.

Por causa de alguns acontecimentos ocorridos após o assassinato do caminhoneiro Pascoal de Oliveira, pelo caminhoneiro japonês Kababe Massame, após uma discussão, em julho de 1946, a população de Osvaldo Cruz, interior do estado de S. Paulo, que já estava irritada com os dois atentados da Shindo Renmei na cidade, saiu às ruas e invadiu casas disposta a maltratar os japoneses. O linchamento dos japoneses só foi totalmente controlado com a intervenção de um destacamento do Exército, vindo de Tupã.

Além de preferir o imigrante europeu, alguns políticos brasileiros propuseram medidas extremamente antinipônicas. Durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1946, foi colocada em votação a emenda no 3165 proposta pelo deputado carioca Miguel Couto Filho (filho do deputado constituinte de 1934) que dizia apenas: "É proibida a entrada no país de imigrantes japoneses de qualquer idade e de qualquer procedência". Frequentemente, o deputado Miguel Couto Filho discursava na tribuna da assembleia constituinte defendendo seu projeto de emenda constitucional citando um livro que tinha escrito, cujo título era: "Para o futuro da pátria – Evitemos a niponização do Brasil".O senador Luiz Carlos Prestes fez com que o Partido Comunista Brasileiro fechasse questão a favor da emenda no 3165 e deputados como Jorge Amado e João Amazonas votaram a seu favor. Noutro extremo, o deputado Aureliano Leite sustentou inflexivelmente a posição contrária. O deputado José Eduardo do Prado Kelly também opôs-se veementemente, discursou dizendo que a emenda a "amesquinharia a nossa obra" e propôs que, caso aprovada, ela fosse deslocada para as disposições transitórias. Na votação final, houve um empate com 99 votos contra e 99 a favor. O senador Fernando de Melo Viana, que presidia a sessão constituinte, exerceu então o voto de Minerva recusando a emenda. Por apenas um voto, a imigração de japoneses não foi proibida pela Constituição de 1946.

Nessa época os nipo-brasileiros começaram a ter um papel mais ativo na área política, um dos primeiros acontecimentos políticos aconteceu após uma medida imposta pelo governo do Estado de São Paulo, que tinha o objetivo de aumentar a popularidade entre os eleitores, para que fosse feito um tabelamento dos preços dos serviços das tinturarias, sendo que um dos resultados disso seria a redução do valor de lavagem de um terno que seria reduzido de 25 para 16 cruzeiros.[51] Nessa época, finais dos anos 40 e início da década de 50, apenas na cidade de São Paulo, havia em torno de 1,5 mil tinturarias e cerca de dois terços pertenciam aos japoneses e seus descendentes.[52] Após reuniões que aconteceram entre a comunidade foi tomada a decisão de eleger o primeiro representante nikkei na Assembléia Legislativa, para que defendesse os direitos dos japoneses e nipo-brasileiros, e escolheram Yukishige Tamura, que já havia sido eleito vereador em 1947 na Câmara Municipal de São Paulo. Como os japoneses não podiam votar, a campanha aconteceu para com os clientes das tinturarias, sendo que Tamura foi eleito deputado estadual em 1950. Após Tamura outros nipo-brasileiros tiveram suas passagens pela política, sendo que,[51] após a eleições de vários deputados estaduais e federais nipo-brasileiros, o primeiro nikkei a se tornar ministro foi Fábio Riodi Yassuda, em 1969, que foi ministro da Indústria e Comércio no governo Médici.[3]

Apesar de tudo, o fluxo de imigração japonesa recomeçou no início da década de 1950 e só cessou quase que totalmente em 1973. No total, quase 200 mil japoneses foram recebidos como imigrantes no país.

No início da década de 60, a população nipo-brasileira das cidades já superava a do campo. Como a grande maioria das famílias que se mudaram para São Paulo e para cidades do Paraná tinham poucos recursos e era chefiada por isseis e nisseis, era obrigatório que o negócio não exigisse grande investimento inicial nem conhecimentos avançados de português. Assim, boa parte dos colonos passou a se dedicar ao pequeno comércio ou à prestação de serviços básicos, onde se destacaram as tinturarias. Na década de 70, 80% dos 3 500 estabelecimentos que lavavam e passavam as roupas dos cidadãos de São Paulo pertenciam aos japoneses. Segundo a antropóloga Célia Sakurai: "O negócio era conveniente para as famílias, porque elas podiam morar nos fundos da tinturaria e fazer todo o serviço sem precisar contratar funcionários. Além disso, a comunicação exigida pela atividade era breve e simples".[53]

Após a Segunda Guerra Mundial, ocorreu um grande êxodo rural que levou a maior parte da comunidade nipo-brasileira do campo para as cidades, nas regiões metropolitanas ou interior, tornando-se principalmente comerciantes, sendo proprietários de lavanderias, mercearias, feiras, cabeleireiros, oficinas mecânicas, entre outros. Aumentando os cuidados com a educação dos filhos. Outras famílias decidem morar na zona suburbana, para se dedicar nas atividades horti-fruti-granjeiras, sendo que também visavam à proximidade de boas escolas para os filhos nas cidades maiores.[37] Sendo que em 1952, 34,1% dos imigrantes japoneses estavam voltados para as atividades horti-fruti-granjeiras, enquanto os que os cafeicultores japoneses tinham baixado para 27,5% e de algodão para 20,5%.[37] A cidade de São Paulo tornou-se, assim, a cidade com maior número de japoneses fora do Japão.

No ambiente urbano, os japoneses começaram a trabalhar principalmente em setores relacionados com a agricultura como feirantes ou donos de pequenos armazéns de frutas, legumes ou peixes. O trabalho com quitandas e barracas de feira era facilitado pelo contato que os japoneses urbanos tinham com os que haviam ficado no campo, pois, os fornecedores eram, geralmente, amigos ou parentes. Qualquer que fosse a atividade escolhida pela família, cabia aos primogênitos a tarefa de trabalhar junto com os pais. O costume era uma tradição japonesa de delegar ao filho mais velho a continuação da atividade familiar e também da necessidade de ajudar a custear os estudos dos irmãos mais novos. Sendo que enquanto os mais velhos trabalhavam, os irmãos mais jovens ingressavam em cursos técnicos, como o curso de contabilidade, principalmente, pois era mais fácil lidar com números do que com o português. Quanto às faculdades, as preferidas eram engenharia, medicina e direito, que garantiam dinheiro e prestígio social. Em 1958, os descendentes de japoneses já representavam 21% dos brasileiros com formação acima da secundária. Em 1977, eles, que eram 2,5% da população de São Paulo, somaram 13% dos aprovados na Universidade de São Paulo, 16% dos que passaram no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e 12% dos selecionados na Fundação Getulio Vargas (FGV).[53]

Inversão do fluxo migratório[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Dekasseguis brasileiros

Praça do Japão, Curitiba
A partir do fim dos anos 80, ocorreu uma inversão do fluxo migratório entre o Brasil e Japão, pois, com os reflexos da crise econômica da década de 80, além das consequências do Plano Collor e a demanda do Japão por mão-de-obra, fizeram com que, entre 1980 e 1990, cerca de 85 000 japoneses e descendentes residentes no Brasil decidissem tentar a vida no Japão.[53] Os nipo-descendentes e seus cônjuges, com ou sem ascendência japonesa, e seus filhos mestiços ou não, passaram a emigrar para o Japão à procura de melhores oportunidades de trabalho. Estes emigrantes brasileiros são conhecidos como dekasseguis (出稼ぎ?), embora a palavra no Japão inclua todos trabalhadores migrantes, até mesmo, japoneses de áreas rurais que vão trabalhar nos grandes centros urbanos.

Em 2008, viviam no Japão cerca de 300.000 brasileiros em condições legais, a grande maioria trabalhando como operários na indústria. As cidades com mais brasileiros são: Hamamatsu, Aichi, Shizuoka, Kanagawa, Saitama e Gunma.[54] .

Devido à grave crise financeira enfrentada pelo Japão, nos últimos anos milhares de brasileiros têm retornado ao Brasil. Em 2014, a comunidade brasileira no país havia diminuído para 177.953 pessoas.[55] Os brasileiros no Japão formam a quarta maior comunidade de trabalhadores estrangeiros residentes no país, depois de chineses, coreanos e filipinos.[56]

Aspectos sociais[editar | editar código-fonte]
Cultura[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Cultura nipo-brasileira
Uma das contribuições da colônia japonesa no desenvolvimento brasileiro é o campo das artes plásticas, onde a arte dos nipo-brasileiros chega a ser denominada de "escola nipo-brasileira".[57] A constância dos nipo-brasileiros em participar dos salões, exposições e eventos foi decisivo para chamar a atenção, manter contatos entre os artistas.[58] Com a chegada dos imigrantes japoneses pós-guerra, essas atividades tomaram novo impulso – ceramistas, artistas plásticos, artesões, fotógrafos chegaram no Brasil trazendo novidades nas concepções estéticas que ajudaram a "compor e dar novo formato as artes plásticas do Brasil", nas palavras de Antônio Henrique Bittencourt Cunha Bueno.[37]

No final da década de 70, os nipo-brasileiros tinham uma situação diferente no que se diz em matéria de interação, situação contrária se comparada aos tempos da Segunda Guerra Mundial, quando eram vistos com desconfiança pela população e pelo governo, logo, nesses novos tempos, após a guerra, as galerias adquiriam sistematicamente a produção dos abstratos, onde após as primeiras Bienais eram abertas as oportunidades de difusão de suas produções e conquistando a crítica. Havendo colecionadores interessados nesses artistas, tanto no Brasil como no exterior, havendo colecionadores na própria colônia.[59]

O bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo, representa um um exemplo da influência japonesa no Brasil, com vários pórticos vermelhos de templos xintoístas. Restaurantes de yakisoba, sushi e sashimi, estabelecimentos de karaokê e supermercados nos quais se pode comprar o nattō e vários tipos de molho de soja.[60] Até mesmo o drinque brasileiro mais famoso, a caipirinha, ganhou uma versão japonesa com saquê: a sakerinha.[61]

Demografia[editar | editar código-fonte]
Nikkei (日系?) é uma denominação em língua japonesa para os descendentes de japoneses nascidos fora do Japão ou para japoneses que vivem regularmente no exterior.[62]

Ver artigo principal: Nikkei
Distribuição dos nipo-brasileiros
por estados[13]
Estado População
nipo-brasileira
São Paulo 693.495
Paraná 143.588
Pernambuco 89.442
Outros estados 489.898
Total 1.405.685
De acordo com pesquisa do IBGE do ano 2000, havia 70.932 imigrantes nascidos no Japão vivendo no Brasil (em comparação com os 158.087 encontrados em 1970). Dos japoneses, 51.445 viviam em São Paulo. A maioria dos imigrantes tinham mais de 60 anos de idade, vez que a imigração para o Brasil praticamente terminou em meados do século XX.[63]

Em 2008, o IBGE publicou um livro sobre a diáspora japonesa e estimou que, em 2000, havia 1.405.685 pessoas de ascendência japonesa no Brasil. A imigração japonesa ficou concentrada em São Paulo e, ainda em 2000, 49,3% dos japoneses e descendentes viviam neste estado. Havia 693.495 pessoas de origem japonesa em São Paulo, seguido do Paraná com 143.588. Mais recentemente, os brasileiros descendentes de japoneses estão marcando presença em lugares que costumavam ter uma pequena população desse grupo. Por exemplo, em 1960, havia 532 japoneses ou descendentes na Bahia, enquanto que em 2000, havia 78.449, ou 0,6% da população do estado. O Norte do Brasil (excluindo o Pará) viu sua população japonesa aumentar de 2.341 em 1960 (0,2% da população total) para 54.161 (0,8😵 em 2000. Durante o mesmo período, no Centro-Oeste ela aumentou de 3.582 para 66.119 (0,7% da população).[64]

Por todo o Brasil, com mais de 1,4 milhão de pessoas de origem japonesa, os maiores percentuais foram encontrados nos estados de São Paulo (1,9% de descendentes de japoneses), Paraná (1,5😵 e Mato Grosso do Sul (1,4😵. Os menores percentuais foram encontrados em Roraima e Alagoas (com apenas 8 japoneses). O percentual de brasileiros com raízes japonesas aumentaram em grande parte entre as crianças e adolescentes. Em 1991, 0,6% dos brasileiros entre 0 e 14 anos eram de ascendência japonesa. Em 2000, eles eram 4%, como resultado do retorno dos dekasseguis (brasileiros descendentes de japoneses que trabalham no Japão) para o Brasil.[65]

A população de origem japonesa no Brasil é extremamente urbana. Se no início da imigração quase todos os japoneses estavam na zona rural, em 1958, 55,1% já se encontravam nos centros urbanos. Em 1988, já seriam 90% nos centros urbanos. Esse precoce êxodo rural teve influência direta no perfil ocupacional e no alto nível de escolarização desse grupo. Se em 1958, 56% da população nikkei se dedicava à agricultura, em 1988 esse número havia se reduzido para apenas 12%. Entrementes, aumentou as percentagens de trabalhadores de nível técnico (16😵 e administrativo (28😵, de setores secundário e terciário.[66]

A cidade de São Paulo tem a maior concentração de nipo-brasileiros - 326 mil segundo o censo de 1988.[67] O bairro da Liberdade, no centro da capital paulista, foi o bairro japonês da cidade, embora hoje só mantenha o comércio e restaurantes característicos, com influência cada vez maior de comunidades chinesas e coreanas. Os municípios paulistas com maior população de nipo-brasileiros são Mogi das Cruzes, Osvaldo Cruz e Bastos.

Outros focos importantes de presença nipo-brasileira são o Paraná, o Rio de Janeiro e Pernambuco. No Paraná, a maioria dos nipo-brasileiros vive na capital Curitiba e em municípios populosos do norte do estado como Maringá, Londrina e municípios de menor porte como Assaí e Uraí, mas com maior porcentagem de nikkeis em sua população.[68]

Em termos relativos, os municípios de Assaí no Paraná e de Bastos em São Paulo são os que possuem maior concentração de nipo-brasileiros – respectivamente, 15% e 11,4% de seus habitantes.

Em 1934, enquanto 10 828 japoneses viviam na cidade, 120 811 trabalhavam no campo.[69] Apesar da origem agrícola da maior parte dos imigrantes japoneses, atualmente cerca de 90% da comunidade nipo-brasileira vive nas cidades.

Economia[editar | editar código-fonte]
Os imigrantes japoneses aperfeiçoaram as técnicas agrícolas e de pesca dos brasileiros.[70] Ajudaram na difusão de técnicas de produção de alimentos através da hidroponia e da plasticultura.[37] É notável o seu trabalho na aclimatação ou desenvolvimento de vários tipos de frutas e vegetais antes desconhecidos no Brasil, no total trouxeram mais de 50 tipos de alimentos,[70] entre os quais o caqui, a maçã Fuji, mexerica poncã e o morango.[70] Como consequência os estados que receberam os imigrantes tiveram um aumento na renda e a elevação do PIB.[71] Com a oferta de novos alimentos eles mudaram os hábitos alimentares dos brasileiros, pois, introduziram vários produtos que não faziam parte da dieta nacional.[60]

Além das novas tecnologias na área agrícola desenvolvida pelos imigrantes japoneses, outra característica dos agricultores nipo-brasileiros foi a do cooperativismo. Em declaração dada pelo ex-ministro da agricultura do Brasil, João Roberto Rodrigues, resume o movimento cooperativista dos imigrantes japoneses: "Graças ao seu modo de produção, principalmente no segmento de hortifrutigranjeiros, foram instalados cinturões verdes próximos aos principais centros urbanos, garantindo a auto-suficiência em verduras, legumes, frutas e produtos animais como ovos e frangos. A mentalidade associativista, por outro lado, deu origem às grandes cooperativas agropecuárias que serviram de modelo para várias iniciativas de organização do mercado". Outra contribuição fundamental que os agricultores japoneses trouxeram para o país foi a técnica inovadora da agricultura intensiva, sendo isso um resultado de técnicas de plantio desenvolvidas no Japão, pois nesse país, devido à falta de espaço, produzia-se grande quantidade em áreas pequenas e isso não era feito no Brasil que dispunha de grandes áreas para plantio.[72] Em 17 de dezembro de 1956, foi fundada a Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Colonização, que se chamava Federação das Cooperativas de Imigração e Colonização, essa instituição surgiu com o intuito de dar apoio aos agricultores imigrantes japoneses e após isso ela passou a promover o intercâmbio entre esses pioneiros residentes no Brasil com o Japão. Desde 1994, o trabalho foi ampliado, com o treinamento pessoal e o aprimoramento de técnicas aos produtores nikkeis de toda a América Latina.[73]

A concentração de nikkeis em torno da cidade de São Paulo contribuiu para a formação do Cinturão Verde de São Paulo, os nipo-brasileiros se instalaram ao redor da capital pelo fato de que essa comunidade produzia uma quantidade considerável de hortaliças, que é um produto altamente perecível, o local de produção não podia ser muito distante de São Paulo.[74] Os japoneses escolheram produzir hortaliças na região, pois o clima local é ameno e é propício para essa cultura. Mogi das Cruzes se firmou como principal pólo do cinturão, sendo que o Instituto de Economia Agrícola, afirmou que os produtores nikkeis possuem 50% das propriedades rurais dessa região.[75] Atualmente, esse Cinturão Verde abastece toda a Região Metropolitana de São Paulo e do Rio de Janeiro.[76]

Outro cinturão verde criado por agricultores nipo-brasileiros é o Cinturão Verde de Brasília, esse cinturão foi criado com o objetivo de suprir as necessidades da população do Distrito Federal, pois em 1957, quando a futura capital do Brasil estava sendo construída, o solo da região era muito ácido, o que apresentava uma dificuldade extra para a produção de alimentos, que até então eram trazidos de outras regiões.[77] Foi então que o presidente Juscelino Kubitschek teve a ideia de "importar" famílias japonesas para a região, foi então que o diretor da Novacap, Israel Pinheiro, convidou as primeira famílias para a região. De acordo com a Federação das Associações Nipo-Brasileiras do Centro-Oeste, as principais colônias estão no Riacho Fundo, Incra e Vargem Bonita. Mas há também agricultores nikkeis nas áreas rurais de Taguatinga e Planaltina.[78] Sendo que só a região de Vargem Bonita é responsável por 40% do abastecimento do mercado do Distrito Federal e das 67 chácaras do local, 43 ainda pertencem aos colonos japoneses e seus descendentes.[77]

A fruticultura, anteriormente, restrita às propriedades próximas dos centros consumidores, com a influencia dos imigrantes expandiu-se para as diferentes cidades do interior do Estado de São Paulo e outros estados brasileiros, havendo o emprego das mais avançadas tecnologias a ponto de representar um importante item na balança comercial do país.[37] Trinta e oito municípios com forte influência japonesa de 6 estados brasileiros respondem por 28% do volume das frutas. Dependendo da cultura, a representabilidade chega a mais de 80%.[79] Quarenta e quatro municípios com forte influencia japonesa de quatro estados brasileiros, respondem por 21% do volume das hortaliças, chegando a mais de 90% em alguns produtos.[79] Em 1940, Superintendência dos Negócios do Café emitiu que os japoneses radicados em São Paulo não representavam nem 3,5% da população do estado, mas sua participação na aguicultura representava: 100% da produção do rami, seda, pêssego e morango; 99% da hortelã e do chá; 80% da batata e dos legumes; 70% dos ovos; 50% das bananas; 40% do algodão e 20% do café produzidos pelo Estado de São Paulo.[69]

Pelo fato do Brasil ser um país tropical, técnicos e agrônomos brasileiros não acreditavam que fosse possível produzir maçã no Brasil, sendo que o país importava a fruta da Argentina, até que o agrônomo japonês Kenshi Ushirozawa demonstrou ser possível produzir maçã em Santa Catarina com qualidade superior à importada da Argentina.[80] Com base na experiência catarinense a Cooperativa Agrícola de Cotia organizou e implantou um assentamento de produtores rurais no município de São Joaquim, onde seus associados passaram a produzir maçãs, principalmente da variedade Fuji, que logo substituíram as maçãs importadas, na década de 80. Atualmente o Brasil é um grande produtor e exportador de maçãs, sendo que o país exporta principalmente para a Europa. As cooperativas como a Sanjo e a Cooperserra que começaram com produtores japoneses de maçã são responsáveis por grandes marcas de maçã.[79]

Até a década de 70 a maior parte do melão consumido no Brasil era importado da Espanha e do Chile, mas isso mudou na década de 80, quando as importações foram substituídas pelos melões produzidos em território brasileiro, produzidos principalmente pelos agricultores japoneses, associados à Cooperativa Agrícola de Cotia, na região Oeste do Estado de São Paulo. Hoje o Brasil é um grande produtor e exportador de melão.[79]

Na área agrícola deve-se destacar a introdução da pimenta-do-reino na região de Tomé-Açu, no Pará, que viria a ser chamado de "diamante negro" da Amazônia. Através dos imigrantes japoneses Tomé-Açu tornou-se então o maior produtor mundial de pimenta-do-reino,[81] pois com esses imigrantes houve a introdução do cultivo da pimenta-do-reino na região, sendo que os imigrantes importaram as primeiras sementes de Singapura para o Brasil, com a prosperidade alavancada pelos japoneses a população do município mais que triplicou em vinte anos no município, chamando a atenção de muitas pessoas em busca de oportunidades de trabalho, na maioria, migrantes capixabas ou nordestinos.[82] Mesmo suas plantações sendo atacadas pela fusariose, os japoneses não desistiram da pimenta-do-reino, combateram a doença, mas isso abriu a oportunidade para os nipo-brasileiros começarem o cultivo de outras culturas tropicais, como a açaí, também chamado de "diamante negro",[81] onde o Pará se destaca como principal produtor da fruta. O crescimento das exportações do açaí foi de tal forma que chegou a despertar atenção de grandes jornais como o francês "Le Monde" e o norte-americano "The New York Times".[83]

Além dos alimentos trazidos pelos imigrantes japoneses no Brasil destaca-se também a grande expansão da avicultura brasileira que só cresceu de vez quando foram trazidas aves-matrizes do Japão e com a experiência dos imigrantes japoneses nas granjas.[70] A cidade paulista de Bastos foi fundada por colonos japoneses e sua principal atividade é a avicultura sendo que o município possuí o título de "capital do ovo" e o seu principal evento é a Festa do Ovo,[84] que é um evento de repercussão internacional e oficialmente reconhecido pelo governo do Estado de São Paulo e consta no calendário de eventos agropecuários da Secretaria de Agricultura e Abastecimento e também no Ministério da Agricultura.[85] A avicultura em Bastos, é uma atividade econômica presente desde a chegada dos imigrantes japoneses,[86] atualmente Bastos é a maior produtora ovos do Brasil[87] e da América Latina, sendo que são produzidos 14 milhões de ovos por dia, o que corresponde a 40% de toda a produção do estado e 20% do país.[85]

A contribuição dos japoneses no setor industrial a partir da década de 60 é ressaltada pelo fato de que muitas indústrias do Japão instalaram suas filiais no Brasil, muitas delas associando-se aos empreendimentos nipo-brasileiros. Sendo que não foram implementadas somente a tecnologia, mas também os novos sistemas administrativos que revolucionaram a produtividade de muitas fábricas brasileiras. Além disso, a partir da década de 70, o capital japonês voltou-se para a expansão da fronteira agrícola do país através da exploração da região do cerrado. Também, para a produção de matérias-primas, concentrando-se na exploração dos minérios.[37] A presença da comunidade japonesa também é apontada como motivo para a atração de empresas japonesas no Brasil.[88]

Produção de fibras[editar | editar código-fonte]
Embora já houvesse plantações de rami no Brasil desde o ano de 1884, a maior produção dessa cultura aconteceu na cidade paranaense de Uraí, como resultado do trabalho da Companhia de Terras Sul América, que após ser fundada fez a concessão do terreno à Companhia Nambei Toshi Kabushiki Kaisha, que deu início à colonização do que hoje é Uraí. Com o resultado do primeiro cultivo, a produção começou a ser expandida, tendo sido comercializada tanto no Brasil quanto no exterior. Na década de 70, a cidade se tornou a maior produtora de rami do mundo, ganhando o apelido de "Capital Mundial do Rami", sendo que a cultura chegou a ocupar 22% da área total do município e o nikkei Susumo Itimura chegou a ser conhecido como o "rei do rami". Com a concorrência da fibra sintética a produção do rami diminuiu e os produtores rurais da região procuraram a diversificação de culturas.[89]

Além do rami, outra cultura importante para a produção de fibras que teve os japoneses como principais cultivadores foi a juta, pois, os japoneses foram os introdutores da juticultura no Brasil. O pioneiro desse projeto foi o deputado Tsukasa Uyetsuka, que via o potencial da região amazônica como grande produtora de juta, pelo seu clima. A fibra era indispensável ao comércio internacional, usada nos sacos de café e outras mercadorias, por absorver umidade e preservar seus conteúdos, mas poucos países a produziam em larga escala.[90] Em 1930, Uyetsuka comprou 1.500 hectares em Parintins, atualmente denominada de Vila Amazônia, além disso o deputado também criou a Escola Superior de Colonização do Japão (Nihon Koto Takushoku Gakko) criada com o objetivo de formar especialistas no trabalho de colonização, esses estudantes eram conhecidos como koutakusseis,[91] que aprendiam noções de técnicas de cultivo, noções de construção civil e língua portuguesa.[90] No início a juticultura não deu bons resultados, pois a planta não se adaptou muito bem na região, mas com o trabalho de aclimatização feito por Riota Oyama[90] com a criação da "variedade Oyama",[92] fato esse que viabilizou a atividade da juta naquela região, além disso, em 1935, Uyetsuka conseguiu recursos junto a empresas como Mitsubishi, Mitsui e Sumitomo, e fundou a Companhia Industrial Amazonense, subsidiária no Brasil da Cia. Industrial da Amazônia, criada no Japão.[90] A lavoura de juta atingiu seu auge na década de 1960, com mais de 50 mil agricultores envolvidos no seu plantio e representou mais de um terço do Produto Interno Bruto do Estado do Amazonas, levando o Brasil a autossuficiência de fibra de juta em 1952.[93]

Embora a seda já fosse produzida no Brasil desde a época de D. Pedro I,[94] foi com os imigrantes japoneses que houve um melhoramento da seda produzida no Brasil, sendo esse imigrantes foram os responsáveis por produzirem o melhor fio de seda do mundo e os seus produtos ganhar